Mestiça escrita por Tayná Milene


Capítulo 6
Capitulo 6 - A Caçada


Notas iniciais do capítulo

(Reescrita)! Um capítulo curtinho porque eu quero explicar toda a história dela em um capítulo só. Espero que gostem, obrigado a todos que comentaram o capítulo anterior, esse é para vocês , beijoss.



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Ponto de vista de Isabella

  Chego em casa e vou direto a meu quarto, me jogo na cama e lá fico por um tempo, o dia na escola não foi dos melhores. E o pior é que dei muitas dicas aos Cullens de que não sou humana. O que não é nada bom, eu deveria me conter mais, eles estão desconfiados de alguma coisa de anormal comigo.  O conselho não vai gostar nada de saber que fui tão descuidada.

  Lembro-me novamente dos acontecimentos na escola, a sede volta com tudo, minha garganta arde. Nem lembro mais quanto tempo faz desde a ultima vez que cacei, talvez um mês, talvez mais, aguardo sempre até o último segundo para caçar e este fato cobrou seu preço hoje, me fazendo quase matar uma sala inteira por miseras gotas de sangue. Odeio ter que me alimentar de sangue, mas na hora me sinto tão bem, tão livre e depois fico me sentindo o monstro que sou.

  Tento nunca demonstrar o quanto estou faminta para os Quileutes, mesmo sendo minha família e estando sempre do meu lado, essa minha parte não é muito confortável para eles.

  Decido que tenho que ir caçar o mais rápido possível, antes que o monstro dentro de mim desperte com força total. O fim de tarde seria ótimo, quando começasse a escurecer, o que indica caçadores e qualquer humano fora das florestas.

  Me levanto da cama e coloco uma roupa mais leve, uma legging preta, uma blusa cinza claro e um tênis de corrida. Saio de casa e começo a correr em direção da floresta. Corro por um bom tempo até que estou longe o suficiente de Forks e de La Push. Sigo o caminho já tão conhecido por mim, a trilhameio demarcada me é muito familiar, costumo vir a este lugar para pensar, um campo aberto, com um pequeno rio correndo ao longo de sua margem.

  Subo na ultima árvore antes do longo campo, sento-me em um de seus últimos galhos, me dando uma visão perfeita do céu, o sol ainda pino, mas aos poucos vai se pondo. Costumo vir a este lugar para pensar, ficar só, pois somente eu o conheço e ninguém viria me incomodar ali. Fico ali por horas, observando o por do sol e perdida em pensamentos.

  Até que um ruído me chama a atenção, aparentemente um bando de cervos se aproxima. Decido que já é hora de começar a caçar e aguço todos os meus sentidos. Vejo o primeiro cervo adentrar o campo, pequeno, mas a essa altura minha garganta já está me matando. Eu salto da árvore e começo a correr em direção do cervo, que ao ver minha aproximação sai correndo.

  O sigo floresta a dentro, com o monstro solto dentro de mim, rindo ao ver que a presa, tão fácil, acha realmente que pode escapar. Salto sobre ele e cravo meus dentes em seu pescoço, o gosto doce e delicioso de seu sangue passa pela minha garganta, aquietando o monstro, mas não o satisfazendo. Fiquei realmente muito tempo sem caçar.

   De repente meus sentidos captam um cheiro muito melhor, mais parecido com o dos humanos. Lembro com alegria que estamos na temporada de leões da montanha, o meu preferido, sendo que carnívoros tem um gosto muito melhor.

  Começo a seguir o cheiro e pulo em direção a copa das árvores, já armando uma emboscada , e sigo o cheiro por cima dos galhos, pulando de árvore em árvore com maestria e muita velocidade. Leões são muito mais difíceis de se pegar e o monstro dentro de mim se alegra com alguma luta.

  Diminuo a velocidade quando me aproximo o suficiente, salto mais uma árvore e consigo vê-lo no chão, em busca de sua própria presa. O monstro ruge furiosamente dentro de mim e eu foco todos os sentidos em minha presa, espero apenas um segundo, armando o ataque, e salto na direção do leão.

  Mas antes que eu chegue ao meu objetivo esbarro em algo em pleno ar e caio no chão, com toda a força. Capto imediatamente o cheiro de vampiro, mas antes que eu possa fazer qualquer coisa estou prensada com o rosto em uma árvore, minhas mãos imobilizadas contra minhas costas, não consigo ver o rosto do vampiro atrás de mim.

  Num movimento brusco, mas preciso, me solto de meu oponente, forçando meus pés contra a árvore à minha frente e dando um mortal para trás, segurando uma de suas mãos e o jogando contra a árvore que estava à minha frente, quebrando-a ao meio. Ele levanta-se tão ligeiro que nem tenho tempo de pensar no próximo passo, ele segura novamente um de meus braços, mas consegue apenas rasgar uma parte de minha camisa.

  Me preparo para o próximo ataque, e consigo desferir um chute em seu abdômen, que não faz muito efeito, pulo para cima de um galho de árvore, e não consigo mais vê-lo. Olho ao redor, mas então ele pula no mesmo galho que eu estava e que por ser muito fino não suporta o peso de nós dois, ele prende os braços ao redor dos meus, para que eu não fuja e nós dois acabamos sem equilíbrio, caímos no chão, deitados,  eu por cima e ele por baixo. Finalmente consigo olhar seu rosto.

   Fico imobilizada temporariamente, não era qualquer vampiro, era Edward, que ao notar quem eu era arregala os olhos de surpresa. Nenhum de nós dois se mexe, ele não move nem um centímetro as mãos que prendem meus braços. Eu nem respiro.

   Nossos olhos se encontram e por um momento eu me perco neles, esquecendo completamente o lugar e a situação em que nos encontrávamos. Algo dentro de meu peito se aquece.

—você é...

   Ele começa, mas não termina o pensamento, apesar da situação quero me aproximar um pouco mais, apenas alguns centímetros separam nossos lábios e posso sentir a respiração dele em meu rosto. O monstro ruge por algo que não é sede. Ele afrouxa um pouco o aperto de seus braços e eu quero me aproximar...

—aconteceu alguma coisa Edw... – começa a dizer Alice se aproximando e quando nos vê fica surpresa e não termina a frase.

  Logo atrás dela esta toda a família Cullen. Me ergo num salto, trazendo Edward comigo, me olho e vejo que metade de minha blusa está rasgada, há terra a folhas por toda minha roupa, passo a mão sobre meu rosto e sinto um liquido espesso sobre meus lábios, sangue. Então eu corro, corro o mais rápido que posso, para o mais longe dos Cullens que eu consiga ir, ninguém me segue.

  Corro tanto que nem sei para onde vou, mas percebo que mesmo sem pensar vou a La Push, para casa, encontro Jacob sentado na varanda, mas não consigo encará-lo, antes que ele me veja vou em direção da praia, entro no mar, lavando o sangue, o monstro e minha própria alma. Saio de lá e me sento na areia.

  Eu fui muito descuidada, agora os Cullens sabem o que eu sou, ou acham que sabem, e provavelmente irão querer explicações, e eu queria dar essas explicações a eles, o que ia contra tudo ao que sempre fui ensinada, mas a tentação de ter alguém que realmente te entendesse era grande. O medo batia na porta novamente. Não sei se os Cullens são confiáveis, não sei o que deu em mim, não sei também o que Edward fez comigo na floresta, só sei que algo mudou, sinto isso dentro de mim, mas não sei o que fazer com essa informação.

  Meu lado racional gritava “não confie em vampiros, você sabe o que acontece quando você confia” mas meu lado emocional pedia para confiar nos Cullens e botar todas as cartas na mesa. Não sabia o que fazer, estava dividida e não podia pedir a opinião de ninguém da minha família, pois sabia exatamente o que iriam dizer.

  Passei a noite vagueando pelas florestas, sem um rumo de verdade, notei que estava já em Forks quando o dia raiou, um sol forte, então não poderei ir a escola, senti cheiro de vampiros imediatamente, acho que são os Cullens. Parei onde estava e fiquei esperando eles se aproximarem, mas quando entraram em meu campo de visão notei que não eram os Cullens e sim Kara e Felix Volturi.

—como me encontraram? –pergunto dando um passo para trás aterrorizada.

—seguimos suas pistas. –fala Kara.

—Aro sabe que vocês estão aqui? –pergunto, vendo se teria que ir que fugir novamente.

—ele mandou procurá-la. –fala Felix, cometendo o deslize que eu necessitava.

  Avancei sobre ele, com as mãos cravadas em seu pescoço, tendo a certeza de que se os matasse Aro não teria como saber minha localização precisa. Kara me atirou para longe de Felix, fui parar na rodovia que ficava ao lado. Corri para dentro da floresta novamente, Kara me alcançou fácilmente e me atacou me segurando pelo pescoço, enquanto Felix me golpeava pela frente, Kara mordeu meu pescoço. Tomada por uma fúria descomunal arranquei um dos braços de Kara, que me soltou, mas Felix continuava insistente desferindo socos em meu estômago, consegui chutar suas costelas e ele caiu, quando fui para cima dele Kara me alcançou novamente e bateu meu rosto com toda força contra uma grande pedra que havia no local.

  A pedra se partiu ao meio com o impacto e um talho se formou em meu cílio direito, sangue saiu dele. Eu não consegui controlar meu organismo a tempo de me tornar mais resistente. Felix veio em minha direção, me levantei rapidamente e me joguei contra Kara, que caiu, joguei ela contra Felix, o som do impacto parecia um trovão.

  Fui até eles e peguei Kara pelo pescoço, ela enfiou as unhas em meu braço, fazendo um grande corte, mas logo arranquei sua cabeça. O veneno dela em meu corpo começou a fazer efeito e minhas veias queimavam. Felix se aproveitou de minha distração e tentou me atacar, mas agora que só tinha que lutar contra um, e enfim consegui me concentrar o suficiente para usar meus poderes, quando encostei nele ele caiu no chão, já inconsciente. Arranquei sua cabeça também, depois coloquei fogo nos dois corpos, quase caindo sem forças, mas apagando qualquer rastro de que alguma vez eles estiveram aqui.

  Eu estava fraca por não ter me alimentado suficientemente e havia perdido sangue, o veneno de vampiro ainda ardia em minhas veias. Eu precisava sair dali, logo os caçadores começariam a ocupar as florestas e eu não podia ser vista naquele estado.

  Lembrei do penhasco que ficava ali perto, completamente deserto, pois era muito frio para humanos.  Comecei a cambalear naquela direção, demorou um pouco mas consegui chegar ao local, quando cheguei perto do penhasco senti alguém atrás de mim, um vampiro, totalmente desesperada pensando ser mais Volturis, me atirei do enorme paredão sem pensar duas vezes. A queda foi rápida e água estava gelada, mas não me causava nada.

  Logo escutei alguém caindo ao meu lado, ainda de baixo da água usei meus últimos esforços para começar a nadar em direção à praia. A pessoa que havia pulado demorou um pouco, mas começou a nadar atrás de mim, quando consegui encostar os pés no fundo as forças me faltaram, e eu iria me deixar ser deixada levar pelas ondas, mas dois braços me ampararam e me ajudaram a sair da água.

  Quando cheguei a margem me deixei cair no chão, cansada e olhei para meu salvador, que com surpresa vejo ser Edward, suspiro aliviada, mas minha garganta arde de sede. Eu havia passado muito tempo mesmo sem caçar e estava fraca demais.

  Olho para o céu e vejo que não há nenhuma nuvem, o sol toca minha pele e ela reflete em milhões de pedacinhos.  Edward me olha preocupado, e toca as feridas em meu corpo. Chama alguém, mas eu não escuto direito. Logo vejo o restante dos Cullens se aproximando. Carlisle vem na frente e me analisa.

—eu... –não consigo juntar forças para terminar a frase.

  Eles falam algo, mas também não escuto, minha visão começa a ficar borrada, “isso não pode acontecer de novo!” minha mente grita.

—sangue... Eu preciso de sangue! –reúno todas as minhas forçar para pronunciar as palavras.

  Apago completamente, não sei ao certo quanto tempo, mas desperto com um gosto doce em meus lábios, meus instintos me fazer beber até a ultima gota. Quando abro os olhos vejo um par de olhos dourados me encarando, me levanto e vejo que não estou em casa, nem em nenhum lugar que eu conheça.

—tudo bem? –pergunta Edward.

—sim. –falo.

—esta sentindo alguma coisa? –pergunta Carlisle, me viro e vejo ele e os outros me observando também.

—não. –falo.

  Vejo que há um espelho à minha frente, vou até lá em velocidade vampiresca, o que vejo me faz recuar um passo. Meus olhos estão vermelhos como sangue. Não há mais machucado em minha testa e a mordida que levei no pescoço é uma simples cicatriz quase imperceptível, os aranhões no braço não existem mais.

—obrigado, mas não precisava ter me dado sangue de humanos. –falo e o monstro dentro de mim sorri.

—peguei uma bolsa do hospital. Não matamos ninguém. –explica Carlisle.

—imaginei, mas não gosto de me ver assim. –digo.

—você se curou extremamente rápido. Nunca vi uma coisa assim, exceto em vampiros. –medita Carlisle.

—não era nem para eu ter me machucado. –eu falo.

—você é uma vampira? –pergunta Edward.

—não. –murmuro.

—você brilha no sol. –constata Carlisle.

—eu sei.

—a mordida que você levou deveria ter te transformado se você fosse humana. –diz Alice.

—também não sou humana. –falo indo até uma das janelas.

—o que você é? –pergunta Edward.

—quem foi que trocou minhas roupas? –pergunto ignorando a pergunta de Edward.

—fui eu. –diz Alice. –espero que não se importe. As suas estavam todas rasgadas e sujas.

—não, obrigada por isso. –falo calmamente.

—mesmo com você me pedindo sangue e brilhando no sol achei que havia algo errado. –fala Carlisle. –como você tem sangue em seu corpo achei que você se referia a ter perdido muito sangue, tentei lhe aplicar sangue nas veias, mas quebrei todas as minhas agulhas. Edward então lhe deu o próprio saco que sangue para beber, o que funcionou no mesmo segundo, suas feridas cicatrizaram imediatamente e você até ganhou um pouco de cor, logo acordou e tomou o resto por si só.

—agradeço muito por terem me ajudado. –falo e vejo os equipamentos médicos que ele tentara usar em mim todos quebrados.

—por que você se jogou do penhasco? –pergunta Edward.

—achei que alguém estava atrás de mim. –falo olhando para ele.

—a pessoa que te machucou? –pergunta Esme verdadeiramente preocupada.

—não, as pessoas que me machucaram estão mortas, se é que posso chamá-los de pessoas, achei que haviam mais pessoas com eles e estava muito fraca, não conseguiria fugir para outro local. –falo e estremeço um pouco.

—quem estava atrás de você? E por que? –pergunta Jasper, sentindo minhas emoções.

  Olho para todos eles, realmente olho, não vejo nenhum vestígio de maldade, todos, sem exceções estavam verdadeiramente preocupados e curiosos com relação a mim, mas nenhum representava hostilidade, apenas gentileza.

 Os dois lados da minha mente entram em batalha de novo, mas eu já sabia qual seria o campeão. O lado de minhas emoções vence e eu decido que eles valem a pena, decido que eles são confiáveis e que merecem explicações, principalmente por terem me ajudado, meus olhos se enchem de lágrimas, meu medo transborda por meus poros.

—é uma longa história. –falo sem exitações, antes que eu mudasse de ideia.

—felizmente temos todo o tempo do mundo. –fala Edward.

—o que você é Isabella? –pergunta Carlisle agora com a certeza de que vai ser respondido.

—por onde eu começo? -murmuro, perdida em pensamentos.

—vamos até a sala, assim todos ficamos mais confortáveis. -fala Carlisle.

  Eu concordo e todos vamos para lá. Sento-me no sofá de dois lugares e Edward vem sentar ao meu lado. Fico de frente para todos e eles me encaram curiosos.

—eu não sou exatamente uma vampira, mas também não sou humana...


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Notas finais do capítulo

Logo tem o próximo: "Minha história"



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