Mestiça escrita por Tayná Milene


Capítulo 4
Capítulo 4 - Primeiro Dia de Aula


Notas iniciais do capítulo

(Reescrito)
Esse capítulo é em especial para Amando que me deu inspiração :) e claro, para todos que leram e gostaram



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/544160/chapter/4

Passei o resto do sábado em minha casa, preparando-me psicologicamente para estudar com humanos pela primeira vez. Arrumei a casa, de modo a parecer mais uma “casa”, fui ao supermercado e enchi os armários e a geladeira de comida, visando manter as aparências, caso alguém viesse aqui.

No domingo, já não aguentava mais ficar em casa, sozinha, mesmo que ocupada, então resolvi ir ao shopping. Me arrumei rapidamente, peguei minha Mercedes SLC AMG e saí, por onde eu passava pescoços viravam para acompanhar meu carro passar, não que tivessem muito tempo, pois ter um sistema localizador de radares embutido na própria cabeça facilitava um pouco as coisas e o acelerador ia no máximo.

Cheguei ao shopping de Seattle em poucos minutos, logo me dirigi para uma loja de roupas, comprei algumas peças mais sofisticadas, pois agora eu teria que pelo menos estar apresentável, pois teria uma vida social.

Depois de entrar em uma loja de sapatos e comprar alguns pares, e comprar o restante do material escolar, levei tudo para o caro e fui a livraria, precisava de novos livros, não dormir fazia com que eu tivesse muitas horas livres para gastar com esse passatempo, o que não ajudava muito, pois sempre necessitava de novidades.

Fui para o setor de ficção, meu preferido. Vi um lançamento, com o tema do momento ‘’vampiros’’, logo fui conferir, peguei um exemplar. Encontrei mais um de meu agrado e continuei folheando as páginas para ver se o livro pareceria bom.

—muito bom esse livro. –ouvi uma voz feminina dizer, me tirando de meus devaneios.

—estou pensando em levar. –falei sorrindo e me virando para a voz.

Era uma garota de no máximo 17 anos, de cabelos loiros e ondulados, olhos verdes escuros, pele muito pálida, vestida dos pés a cabeça de preto, com o capuz do casaco sobre a cabeça, ocultando um pouco seu rosto. Parecia meio deslocada. Mesmo sem querer, senti certa afeição pela garota.

—li semana passada, história muito legal e o livro foi muito bem escrito. –falou, ficando vermelha pela atenção, mostrando que sua intenção não era falar realmente comigo.

—parece mesmo ser bom. –comento, fechando o livro.

—leve, não vai se arrepender, a autora é ótima. –fala ela e olha para a estante próxima.

—vou levar sim, obrigado pela dica, a propósito, sou Isabella. –falo estendendo a mão.

—Sarah. –fala ela.

Ela estende sua mão meio hesitante, mas acaba apertando a minha, parece ficar surpresa e depois me olha intrigada. Acho estranho, mas não comento nada, nem tento descobrir o que pensou, provavelmente nunca mais nos encontremos novamente. Mas seu nome corta meu peito, pois é o nome de minha mãe.

—bem, vou indo, talvez nos vemos por ai. –digo.

—é, talvez... –diz ela e eu me afasto.

Vou até o caixa, compro os três livros, o vendedor, velho conhecido meu, apenas sorri e me entrega a sacola com os livros. Fico um pouco na praça de alimentação do shopping, observando em volta.

Me pergunto internamente como é ser normal, andar pelas ruas, bares, shoppings e praças sem preocupações realmente sérias, sem segredos e um peso sobre as costas. Sem maiores estresses do que arrumar um namorado e me divertir. Por alguns instantes me vejo como uma adolescente, sorrindo, indo a boates, bares e restaurantes, saindo com meus amigos.

Me vejo dançando num baile de escola, falando no telefone até altas horas sobre garotos e fofocando sobre a vida dos outros. Me pergunto como seria acordar de manhã e ir para a escola normalmente. Me pergunto como é ser normal.

Mas normal não é para pessoas como eu. Pessoas como eu não se aproximam de muita gente, sempre com aquele desconforto na garganta, mesmo que muitas vezes esquecidos, mas que está sempre lá, para me lembrar do monstro.

Foi assim que fui criada, ensinada que há um monstro dentro de mim, enjaulado, mas que sempre espera uma brecha para fugir. Me ensinaram a me controlar, a ter humanidade, me ensinaram que este monstro é perigoso, e que nunca pode ser libertado.

Muitas vezes foi difícil, principalmente quando mais nova, a fera sempre tentava se libertar, quando chegava muito perto demais de minhas irmãs, ou quando abraçava mamãe, mas o amor que sentia sempre foi maior, ele que segurava a fera. Eu me condenava por pensar em alimentar a fera, mas muitas vezes era preciso, mas nunca perto de humanos.

Queria ser como os vampiros, que foram transformaram, que chegaram a ser humanos. Eu muitas vezes os invejava, porque eles já foram normais, já tivera vidas felizes e sem preocupações, mas eu não.

Sempre foi difícil.

Escutei algo caindo e vi que alguém havia derrubado uma bandeja. Logo me lembrei que precisava ir para casa. Voltei para o carro e dirigi sem rumo por alguns minutos, depois rumei para casa.

Guardei tudo o que comprei, coloquei os livros na prateleira e depois fui me deitar, escolhendo o livro que a menina Sarah me indicou. A noite passou rapidamente, quase terminei o livro e como ela disse, a autora era muito boa e a história foi muito bem escrita.

Fui tomar um banho assim que o sol nasceu, ficando de molho algum tempo na banheira. Como na escola não havia uniforme, pude escolher minha roupa. Coloquei uma bota de cano alta preta, de salto alto, com uma calça jeans preta, uma camisa branca com escritos e um casaco college por cima.

Peguei as chaves do meu Porsche Cayman, meu material e fui para a garagem. Peguei o carro a sai, rapidamente chegando na escola, logo percebi olhares sobre meu carro, todos curiosos, dei uma conferida nos pensamentos das pessoas e logo vi que pensavam que os Cullens tinham mudado de carro. Meus vidros escuros impediam de olharem quem estava dentro do carro.

Quando sai recebi olhares de inveja das meninas e olhares de cobiça e admiração dos meninos, me arrependi de olhar seus pensamentos nesse momento, pois todos pensavam sobre mim, muitas vezes coisas não muito agradáveis a meus ouvidos.

Fui em direção da secretaria, no meio do caminho Mike veio até meu lado, comecei a andar mais rápido, mas não funcionou.

—oi linda. –fala ele colocando a mão em meu ombro e olhando para trás.

—oi Mike. –falo meio a contragosto.

—minha mãe me falou que você disse que ia estudar comigo, estava esperando você chegar, nenhum dos caras acreditou em mim. –disse Mike empolgado.

—bem, agora eles acreditam. –eu falo. –vou pegar meus horários, depois nos falamos?

—claro. –fala ele e finalmente chegamos a secretaria, eu fecho a porta na cara de Mike antes que ele possa dizer mais alguma coisa.

A secretária, Sra.Coop, olhou por cima de seus óculos quando entrei, logo começou a revirar pilhas de papéis a sua frente.

—você deve ser Isabella.

—sim, vim pegar meus horários.

—aqui estão. –fala ela depois de um tempo procurando. –tenha uma boa aula, espero que goste daqui.

—obrigado. –digo e saio da pequena sala.

Assim que saio da secretaria vejo um volvo prata entrando no estacionamento, parando ao lado de meu carro, numa das únicas vagas vazias.

—Wow, olha esse carro. –fala Emmet analisando meu carro.

—qual dos caipiras ganhou na loteria? –pergunta Rosalie ironicamente.

—o carro é meu loirinha. –falo baixo, mas sei que ela ouviu.

Logo percebo a burrada que fiz, pois estava longe demais dos Cullens para um humano ouvir o que eles falaram. Eles olharam intrigados para mim, meio surpresos por me verem no colégio.

Me virei rapidamente e fui a direção de Angela, que estava com Mike, Ben, Tyler e Jéssica. Quando cheguei todos pararam de conversar e me encararam.

—oi Angela, pode me mostrar a sala de história? –pergunto sorrindo.

—oi, claro, vem comigo? É minha primeira aula também. –fala ela, super prestativa.

Conversamos sobre amenidades enquanto a acompanho até a sala. Chegando lá sento na cadeira ao lado da dela. Vejo que o professor já esta em sala, sentado em sua mesa, lendo um jornal.

—se mudou pra cá porque? Não querendo me intrometer, só se você quiser falar claro. –fala Angela sorrindo e corando de vergonha.

—não, tudo bem, eu falo. Me mudei porque estou querendo ser mais independente, estava incomodando meu pai adotivo já. –falo em tom de brincadeira.

Não temos tempo para muita conversa, pois o sinal bate e o professor se levanta e pede silencio. Me apresenta a turma e depois segue sua aula normalmente. O sinal bate e sigo para minha segunda aula, de Artes.

Angela me mostra o caminho e depois vou sozinha até a sala, que ficava do outro lado da escola. A sala de aula é grande, com várias pinturas nas paredes, 20 cavaletes se espalhavam pela sala, organizavam-se em cinco filas de quatro cavaletes cada.

Sentei-me na ultima fila, quase ninguém tinha chegado a sala ainda. Logo o resto da turma começou a entrar. O professor começou a falar e disse que daria nota para a pintura que faríamos, poderia ser sobre qualquer tema, uma pintura livre.

Comecei a pintar, primeiramente não sabia ao certo o que pintava, mas depois as linhas se juntaram, os traços se formaram, e a pintura foi ganhando forma. Acabei pintando um penhasco, uma praia logo abaixo. Não sabia o porque havia pintado isso, mas estava lindo.

Enquanto pintava senti uma pessoa se sentando no cavalete ao meu lado, mas não dei muita atenção, continuei pintando. Ao fim da aula minha pintura estava quase pronta, então resolvi deixar o resto para a próxima aula.

Olhei o desenho que a pessoa ao meu lado fez, estava maravilhoso, era uma floresta ao fundo e na frente a cabeça de um lobo, enorme, por um momento percebo que reconheço o lobo, idêntico a Jacob transformado, desde a cor do pelo ao formato dos olhos. Me assusto, será que essa pessoa já o viu?

Olho para o lado e vejo Sarah, a garota da livraria, a dona da pintura, estranho. Ela esta vestida com um casaco cinza, novamente cobrindo a cabeça,calça jeans e all star.

—Oie. –falei, querendo puxar assunto.

—ah, oi. –fala ela olhando assustada para o lado.

—lembra de mim? –pergunto com curiosidade.

—a garota do livro, não? –pergunta ela timidamente.

—uhumm. Parece que vamos estudar juntas. Muito bonito o lobo que você pintou. –comento.

—O-obrigada. –fala ela corando e olhando para sua pintura.

—de onde tirou inspiração? –pergunto erguendo uma sobrancelha.

—acho que de um sonho que tive. –fala ela.

—muito bom mesmo. –digo.

—o seu também esta muito bom, é um lugar real? –pergunta ela.

—sim, perto de minha cidade natal. –falo.

O sinal bate e nos despedimos. Vou para minha aula de Biologia. Como já havia passado pela sala antes, sabia onde ficava. Paro em meu armário para pegar o livro, que constava ser obrigatório no horário. O numero da senha e o numero do armário foram dados juntos com os horários e lá também informava que meus livros estariam dentro deste.

Fui a ultima a chegar na sala. O professor me fez apresentar para a turma e me mandou sentar na terceira carteira, ao lado de ninguém mais que Edward Cullen. O professor começou a explicar o que faríamos hoje. Nem olhei para meu colega de mesa.

—Hoje iremos ver o tipo sanguíneo de cada um, além de analisarmos esse sangue. –fala o professor. –faremos assim.

O professor pega um equipamento pequeno, com uma agulha em sua ponta, ele leva a agulha até seu dedo e espeta. Edward se retesa a meu lado. Eu fico um pouco tensa, mas consigo me controlar bem.

O professor começa a passar de mesa em mesa, espetando o dedo de cada aluno e pegando uma gota de sangue de cada, deixando ela pingar em um papel e entregando para cada aluno.

—droga. -Edward fala e aperta a mesa, ao ponto de amassar a borda.

Quando o professor espeta a sexta pessoa o monstro dentro de mim ruge, faminto, tantos aromas, tão perto, tão fáceis. Começo a pensar em como seria fácil matá-los. Talvez só um, para matar a vontade. Imagino meus dentes em seu pescoço, o sangue correndo por minha garganta.

Começo a pensar claramente novamente quando uma rajada de vento entra na sala. Olho para Edward, que não parece em melhor situação que eu.

—vou dar um jeito nisso. –falo e Edward me olha, mas vejo que não entende o que digo, seus pensamentos estão focados no sangue.

Finjo que desmaio, fecho os olhos e me jogo para o lado. Edward me ampara antes de eu cair, abro os olhos e pisco para ele rapidamente, ele assente, entendendo meu plano.

—professor, ela desmaiou, acho que por causa da sangue. –fala Edward rapidamente demonstrando preocupação.

—leve ela para a enfermaria, rápido. –fala o professor.

Edward me pega no colo e me leva para fora da sala, mantenho os olhos fechados, por precaução, até que acho que já estamos longe o suficiente da sala. Me jogo do colo dele, caindo no chão de pé.

—obrigado. –fala ele. –você atua bem.

—não ache que foi por você. –falo e caminho em direção do estacionamento.

—hey, onde você vai? –pergunta Edward.

—ao meu caro, para todo efeito estou passando mal, não posso ser vista nos corredores.

Ando em direção a meu carro, com Edward a meu lado. Abro a porta e me sento no banco do motorista. Edward abre a porta do passageiro e se senta a meu lado.

—eu autorizei você entrar no meu caro? –pergunto erguendo uma sobrancelha.

—não perguntei, mas entrei mesmo assim. –fala Edward dando de ombros.

Bufo e encosto a testa no volante. Respiro profundamente, grata por minha garganta voltar ao normal.

—você salvou aquelas pessoas. Não sei se ia conseguir me controlar. –fala ele como um desabafo.

—tenho certeza que iria. -“eu é que não conseguiria” completo mentalmente, mas não digo nada.

A culpa me corrói, eu teria matado aquelas pessoas, sem pensar duas vezes, fazia tempo que não tinha acontecido uma coisa dessas. Eu precisava treinar mais meu autocontrole. Passar muito tempo com os lobos fez com que eu esquecesse de me preocupar com o sangue humano.

—porque esta assim? –pergunta Edward.

—você não consegue ficar quieto nem por um segundo? –pergunto irritada.

—desculpe. –fala ele, olhando meio preocupado.

—desculpe eu, estou meio nervosa. –falo, me sentindo culpada pelo que falei a ele.

Ele assente com a cabeça. Eu corro os olhos pelo resto do estacionamento, que esta completamente vazio.

—posso? –pergunta Edward apontando para o som.

—claro. –falo e ergo a mão ao mesmo tempo que ele para liga-lo.

Nossos dedos se chocam, e eu juro, posso sentir uma corrente elétrica passando por nossas mãos. Retiro a mão rapidamente e me pergunto se ele sentiu também. Ele liga o som e a seleciona uma rádio.

—por que você veio até aqui comigo? –pergunto, relaxando no banco.

—eu teria que me esconder, você teria que se esconder, porque não nos escondemos juntos? –fala ele em tom de brincadeira.

—vou fingir que acredito. –murmuro.

—okay, só estou curioso. Seu cheiro não me atrai, mas você parece ser humana e você tem uma forte ligação com os Quileutes, mas não é um metamorfo. Você é um mistério para mim. –fala Edward.

—só vocês vampiros podem ter segredos? –pergunto, erguendo uma sobrancelha.

—nosso segredo não é segredo para você. –comenta Edward.

—você acha realmente que eu vou falar alguma coisa para você? –questiono rindo.

—talvez. –fala Edward,

—eu nem te conheço direito, e você é um vampiro! –exclamo.

Ficamos em silencio por um tempo. Não sabia o que dizer e parece que ele também não. Olho a hora e ainda tenho muito tempo aqui.

—não consigo ler sua mente. Me perturba não saber o que você esta pensando. –fala Edward sinceramente.

—você não gostaria de estar em meus pensamentos. –digo.

—por que não?

—não é o lugar mais tranqüilo no mundo. –falo e dou uma risada sem humor.

—eu correria o risco. –diz ele e sorri.

Por um instante me perco em seus olhos, que me encaram, tentando ver minha alma, seu sorriso torto me fascina. Mas então lembro que ele não é humano, é um animal, um demônio, movido a sangue. “não muito diferente de você mesma” minha mente grita.

Me vejo por um instante tendo alguém que me entendesse, não me temesse, conversando com alguém que não me julgaria, que fosse igual a mim, me aceitando como eu sou. Ele bebe sangue de animal, não é um monstro, ele é como eu.

Mas então me vejo novamente aos 2 anos, com aparência de 5 anos, em frente ao conselho, em frente à meu pai. Todos me olhavam com cara de reprovação, e eu me sentia culpada, não sabia ao certo o que tinha feito.

Me lembro de estar caçando, um cervo, mas então o vento mudou, e tudo o que pude fazer foi correr em direção ao cheiro. A ultima coisa que me lembro é de ver um homem e depois do gosto doce de sangue, mas eu consegui parar, eu o deixei vivo, sem seqüelas, mas eles não entendiam. Ouvi Billy falando que me controlaria, que eu não deveria ser eliminada por um pequeno deslize.

“você não pode deixar o monstro sair Isabella, você tem que se controlar” lembro que Billy falou naquela noite.

“Vampiros são monstros sem alma, eles vão te enganar, vão te matar” falou Harry

“você não pode ser como Os Frios Isabella, você tem que aprisionar o mostro” falou meu pai.

Voltei para o presente, mas a frase de Harry ficou se repetindo em minha mente, destruindo todos os meus planos de ser compreendida. Eu não era um monstro, Edward não era como eu.

—tudo bem com você? –pergunta ele.

—sim. –falo.

—você parecia meio perdida. –diz Edward e toca minha mão que estava sobre meu colo. O choque acontece de novo. Eu me levanto bruscamente e saio do carro, Edward faz o mesmo, meio confuso.

—o que foi? Onde você vai? –pergunta Edward, acelerando o passo para me acompanhar.

O ignoro e na metade do caminho ele desiste de me seguir, vou em direção ao refeitório, sento-me na última mesa, a mais distante de todas, não há ninguém no refeitório ainda. Depois de uns 15 minutos sentada sozinha, o sinal bate.

O refeitório se enche de gente e eu coloco meus fones de ouvido, impedindo qualquer barulho, a não ser a musica que toca. Sinto a cadeira perto de mim ser puxada, olho para lá e vejo Sarah novamente. Ela coloca sua bandeja de comida na mesa, sem nem prestar muita atenção em mim.

—acho que invadi sua mesa. –falo.

—não faz mal. –diz ela e sorri gentilmente.

—seus amigos não vão se incomodar por eu me sentar aqui? –pergunto.

—não tenho muitos amigos, costumo sentar sozinha. –comenta ela tristemente.

—você parece muito legal para não ter amigos.

—prefiro ficar sozinha, evito multidões.

—somos duas então. –eu falo e sorrio.

—você parece ser do tipo popular, sabe? Rica, linda, legal... –comenta ela.

—até parece, sou mais na minha.

O refeitório todo fica em silencio, o logo vejo o porque, os Cullens acabam de entrar no refeitório e todos os encaram, como se fossem algum tipo de divindade.

—os Cullens também são bem reclusos, nunca falam com ninguém, a não ser os membros da própria família. –comenta Sarah, sem segundas intenções com a fala.

—melhor assim. –digo.

—por que?

—intuição. –é tudo o que falo.

O assunto toma outros rumos, sobre livros que já lemos e gostamos, o que parecia incrível é que tínhamos muito em comum. Foi mais fácil que o imaginado fazer uma amiga, me aproximar de alguém.

Olho para a mesa dos Cullens, a cerca de 4 metros de distancia, Edwrad me encara. Ergo uma sobrancelha e ele apenas sorri. Reviro os olhos e seu sorriso se alarga mais ainda.

—o que ta sorrindo que nem idiota Edward? –pergunta Emmet.

—nada. –fala ele e olha para Emmet.

Eu dou uma pequena risada e me concentro novamente na conversa com Sarah. Quando o sinal bate nos despedimos e cada uma vai para sua aula. Eu vou em direção do ginásio, troco de roupa no vestiário, colocando o uniforme de educação física e entro em quadra com as outras garotas.

Como há duas turmas ocupando o ginásio, temos que escolher apenas um esporte. As garotas escolhem vôlei e os garotos vão praticar corrida em volta a escola, do lado de fora dos portões.

A outra turma é a do 3º ano, Emmet está nela, jogando na quadra de basquete ao lado da quadra de vôlei. Começamos a jogar, eu me esforçando muito para controlar minha força. Meu time estava ganhando.

De repente sinto uma bola vindo em minha direção, meus reflexos automaticamente me fazem virar e parar a bola a poucos centímetros da cabeça. Todos me olham com cara de “como ela pegou a bola tão rápido?”.

Miro a bola na cesta de basquete e acerto, dou uma piscada em direção do time que estava jogando e volto a prestar atenção em vôlei. Logo o sinal bate e voltamos ao vestiário, colocamos novamente as roupas que estávamos e eu saio em direção a minha próxima aula. Emmet me alcança e começa a falar.

—como você fez aquilo? Você não tinha como ver que a bola estava vindo em sua direção. –diz Emmet curioso.

—tenho reflexos bons. –falo andando mais rapidamente.

—não sei porque, mas não acredito em você, posso ser meio burro mas nem tanto. –fala Emmet.

Com esse tive que rir, Emmet parecia uma criança com seus comentários. Era fácil falar com ele, me lembrava Seth.

—se você diz. –falo rindo.

—e você tem mira boa ein? Você estava longe da cesta e acertou certinho. –diz Emmet.

—foi sorte, olha, tenho que ir, até mais. –falo e entro no corredor que leva a minha próxima sala.

—até. –fala Emmet.

Vou para minha próxima aula, encontro Angela no corredor e ela vai comigo, temos aula juntas. O professor de química passou um documentário, o qual não prestei atenção, fiquei conversando baixinho com Angela ou perdida em meus próprios pensamentos.

Quando saio da sala vejo que já começou a chover, uma garoa fininha, mas que até o fim da próxima aula aumentaria. Vou para a outra sala, nem olho que matéria é, me sento em um canto afastado na ultima carteira da sala e o professor começa a falar, mas não faço questão em prestar atenção, mais ao fim da aula ele passa questões como atividade e todos se empenham em fazê-la.

Em 5 minutos estou pronta e entrego as questões para o professor, todos me olham espantados pela minha rapidez. Reviro o olhos e o professor diz que já posso ir para casa, arrumo minhas coisas, saio da carteira e vou embora. Chego no estacionamento rapidamente, ele já esta começando a encher, mas ainda há pouco movimento de carros, a maioria das pessoas esta em grupinhos conversando.

Nesse momento sinto falta de ter amigos, não tenho ninguém com quem ficar conversando agora. Entro no carro e fico escutando musica até os portões se abrirem depois que o sinal bate. Saio tão rapidamente do colégio que os portões quase não se abrem a tempo.

Chego em casa e vou direto a meu quarto, me jogo na cama e lá fico por um tempo, o dia na escola não foi dos melhores. E o pior é que não consigo frear minhas habilidades perto dos olhos e ouvidos atentos dos Cullens. O que não é nada bom, eu deveria me conter mais, eles estão desconfiados de alguma coisa de anormal comigo. O conselho não vai gostar nada de saber que fui tão descuidada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quero a opinião de vocês, não sei se escrevo sobre A Praia ou A Caçada primeiro, deem o voto de vocês por favor, estou muito indecisa.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Mestiça" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.