Íroda: As Crônicas Dos Oito Reinos escrita por Dracul Lothbrok


Capítulo 9
Capitulo VIII - Um Sinal


Notas iniciais do capítulo

Agora sim! Aqui está o capítulo novo pra vocês



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O navio estava ancorado próximo ao porto da Floresta de Cerunnos, muito perto da fronteira com Ivrea. A baía de Brees costumava ser calma com poucas ou quase nenhuma onda nem corais ou pedras. Era uma noite gélida, o inverno estava mostrando sua face naquela época, os pássaros começavam a voar para o norte em busca de calor e alimento e aqueles que ficavam estavam se preparando para a fria jornada. Niall precisou de um pequeno barco para alcançar a majestosa fragata carna. Havia combinado com Oddshark de se encontrarem em um local extremamente discreto e que ninguém os visse ou soubesse o que se passava.

Ao se aproximar Niall teve de subir por uma escada de cordas grossas e ásperas. Achara melhor não suspender o barco para que pudesse sair mais rápido quando terminasse. Um de seus homens esperava por ele no barco e outros dois o acompanhavam. Não para que o protegessem, mas para que carregassem os pertences que Niall receberia naquele navio.

Assim que subiu ao convés Oddshark o esperava na companhia de três homens. Ao seu lado estavam dispostos grandes baús de madeira marrom fosca e uma enorme espada em sua bainha de couro. Niall então pudera ver que a palavra de Gybbra foi verídica, pelo menos um homem naquele reino e em Íroda ele poderia esperar lealdade.

– Como combinado, aqui estou lorde Eresil. – disse Gybbra pomposo.

– Sim, posso ver com meus olhos meu caro. – respondeu Niall esfregando as mãos fitando os baús robustos – Não me arrependo por um segundo de ter negociado com você. Sabia que cumpriria nosso acordo, é um homem de honra e palavra.

– Estes baús estão repletos de Élazars de ouro e prata. São todos seus, assim como combinamos.

Os homens que acompanhavam Gybbra ergueram os baús e os levaram até o pequeno barco de Niall. O mestiço encarava Oddshark como se ainda faltasse algo, não parecia se importar com os baús, ouro e prata não era o problema, Eresil era um dos homens mais ricos de Íroda, mas poucos sabiam disso.

– Não, ainda falta algo. – disse ele apontando para a longa espada que Gybbra carregava em suas costas.

– Por que quer tanto isto? É apenas uma velha relíquia, meu irmão deixara para mim e dissera para que a mantivesse por perto. Por que a desejas tanto?

– Eyrian era um grande homem, um grande guerreiro e um grande rei. Está não é apenas uma velha relíquia, é uma raridade, a arma de um filho de Dagda. – bradava ele – Dissera que me daria à espada de seu irmão, prometera! Terá de me dá-la.

Os olhos de Niall faiscavam enquanto falava sobre a espada. De fato não era uma velha relíquia para ele. Eresil entendia o significado por trás daquela espada, diferentemente de Gybbra.

– Fique com ela então. Provavelmente irá vendê-la, sei que já fizeram ofertas altíssimas por ela, mas estava guardando-a para um momento de necessidade. – ele retirou com dificuldade a espada de suas costas e a entregou com receio.

Niall deixou um sorriso escapar no canto da boca, estava estupendamente satisfeito. Finalmente conseguira a espada do grande herói Eyrian Oddshark. Para ele a espada era mais do que uma lembrança de antigos homens grandiosos, ele sabia o que poderia fazer através dela, e faria sem dúvida. Ao ver que os baús já estavam em seu barco ele desceu pela fraca escada de cordas, o peso da espada parecia nulo a ele.

– Gybbra, esta não é uma velha relíquia! Nunca será! – gritou ele de seu pequeno barco enquanto seu homem remava de volta a terra.

***

Lugh estava ofegante, o ar que respirava fazia seu peito arder. Quando tentava descansar para respirar Arminan disferia um novo golpe, cada vez com mais força e brutalidade. Estava terrivelmente frio, pequenos flocos de neve salpicavam o chão, mas ainda sim estava completamente ensopado de suor.

– Vamos filho de Éothain, levante este machado! – berrava Arminan lançando sua pesada espada contra o escudo de Lugh.

– Eu tenho que respirar! Acalme-se, é só... – Lugh foi interrompido por um golpe que partira seu escudo em dois. A lâmina penetrara milímetros em seu peito, fazendo-o arder de dor e frio.

– Acha que os soldados de Truim deixarão você descansar! – o homem estava rubro e furioso, era realmente eloquente quando lutava – Eu poderia lhe matar agora! Vá se juntar á Cian no submundo, jovem rei!

Lugh jogou o escuro estraçalhado no chão, sua outra mão agora estava livre para segurar o machado com as duas mãos. Aquelas palavras o enfureceram. ''Vá se juntar á Cian no submundo jovem rei!''. Estava sem a mínima vontade de treinar aquele dia, na verdade não gostava de espadas nem de machados. O pouco que treinou durante sua vida era por que o pai o obrigava. Na verdade Lugh nunca havia matado um homem.

– Não fale assim Arminan! – sua voz havia se tornado seca e rude, de alguma forma ele sentira vontade de atacar – Nunca fale assim! Irei vinga-lo!

– Não irá! – gargalhou alto – Terá perdido a cabeça antes que sangre um turiano! Você é fraco Lugh, nunca será como seu pai, nunca será como Cian!

A face de Lugh se transformara na personificação do mal. Seus olhos eram furiosos e obscuros. Havia se libertado do peso do escudo e da falta de interesse, Arminan conseguira o deixar furioso e terrivelmente possesso. Agora ele pulava em cima do oponente, seu machado soltava faíscas cada vez que se encontrava com a espada. Ainda sim, Arminan ainda conseguia repeli-lo sem muita dificuldade.

– Nunca serei como Cian! – berrava eloquentemente, lágrimas começaram a invadir seu rosto involuntariamente.

Arminan se desviava e segurava todos os golpes disferidos do alto. A lateral do corpo de Lugh estava totalmente vulnerável, sua raiva tirava toda a sua atenção. Era insensato lutar naquele estado. Se ele estivesse na vanguarda de uma batalha, ou assustaria os inimigos com seu frenesi, ou morreria rapidamente. Teria que ensinar o jovem rei a se defender, uma guerra sem um rei era uma guerra perdida. Não podia deixar que Lugh decaísse tão facilmente.

– Você tem que se controlar! – Arminan desviou do golpe de machado e rodopiou atingindo com a espada o tórax de Lugh.

O jovem elfo caiu no chão duro e gelado. Um ardor tomava conta de seu corpo, ele não entendia o porquê de Arminan o ter atingido. Seu rosto estava banhado de gotas de seu sangue, seus olhos estavam encharcados e ardendo.

– Levante-se jovem rei, não pretendia machuca-lo tanto. – desculpou-se Arminan ajudando Lugh a se erguer.

– Foi necessário. Acho que meu corpo esta com tanta raiva que minha mente resolveu se acalmar.

– Perdoe-me, mas até que no final se saiu bem! Sinceramente, você deveria usar um martelo já que gosta de ficar saltando.

– Arminan, você está... – Lugh olhava com os olhos semicerrados e apontava para a pequena floresta ao lado dele – Você está vendo aquilo?

Entre as árvores secas estava uma figura disforme, estática o observando. Tudo era negro, o cavalo, a armadura e a capa esvoaçante. A única coisa que quebrava a escuridão era a pele pálida totalmente contrastada com o negro.

– O que? Árvores? – ele procurava algo dentre a vegetação, mas não via nada.

– Se foi. – lamentou Lugh – Merda, isso dói muito! – gemeu ele se lembrando do ferimento.

– O que vira Lugh? – indagou Arminan curioso.

– Eu não sei. – ele esfregava os olhos procurando enxergar melhor, mas nada havia a não ser as árvores – É um sinal!

– Um sinal de quem meu rei?

– Dos deuses!


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