Acordei no dia seguinte antes deles como sempre, queria contar a todos sobre a novidade,mas não disse nada pois Bill estava meio bêbado. Vai que ele tenha se esquecido, né. Já fazia três dias que eu estava lá, faltavam 4 dias para voltar a vida de antes e pior, longe de Bill. Não queria pensar mais nisso, mas como será minha vida sem Bill por perto para conversar, antes de tudo ele era meu amigo, como iríamos nos falar, será que namorar era o certo? Tive uma bela idéia, e se eu tentasse um intercâmbio pela própria faculdade? Lá tinha convênio! Só precisava de uma entrevista, se eu passasse para alguma universidade em Hamburgo poderia ficar ao lado de Bill pois tenho certeza que ele sim é o grande amor da minha vida. Nunca tive tanta certeza de algo como estou tendo. Enquanto eu pensava nisso na mesa de café da manhã, todos conversavam e Gordon coitado que falava comigo, desistiu porque eu estava em outro mundo.

- Está apaixonada é? Está tão aérea! – perguntou Gordon

- Eu não, só estava pensando em um trabalho da faculdade.

Ficamos conversando sobre a faculdade e Gordon parecia ter lido meus pensamentos, disse que em Hamburgo tinha uma ótima faculdade de história e me deu a idéia de tentar estudar lá. Neste instante, Bill chegou na sala e deu um selinho em mim, me deixando com uma vergonha sem tamanho.

- Ahh então vocês estão namorando e resolveram esconder da gente? – disse Dona Clara

- É que começamos a namorar ontem vó!

- Eu disse para Mari que ela ia gostar de você e seu irmão e parece que gostou demais mesmo! Adorei a notícia, você Mari, é alguém que eu sempre sonhei para meu neto! Agora só falta o Tom.

- O que vocês estavam falando de mim? – disse Tom sonolento.

- Sua avó estava dizendo que você precisa arrumar uma namorada tão boa moça quanto a de Bill. – disse seu Frank, me deixando lisonjeada.

- Ihhh vô, essas paradas de namoro não é comigo não! Sou cara de uma noite só, tenho muitas, não me contento só com uma!- e todos riram com o comentário de Tom.

Esses quatro dias passaram voando, eu ficava cada vez mais aflita conversei com Bill sobre como levaríamos o nosso namoro a distancia e resolvemos no falar por telefone ao menos três vezes por semana, além de conversar por skype e MSN, ele falou que faria um twitter e postaria o dia inteiro tipo esses artistas que postam o tempo todo e ele não falaria nada sobre mim em entrevistas para não expor minha imagem, já que seriam capazes de vir atrás de mim aqui no Brasil para perguntar sobre nosso relacionamento. Não combinamos de nos ver de novo por enquanto, ir para a Europa era algo muito difícil e cedo para mim, eu tinha minha vida aqui no Brasil, mas prometi a ele que ia começar a ver o negócio do intercâmbio, mas acho que só poderia no 3° período, então provavelmente vamos ficar sem nos ver até o ano que vem, mas nos prometemos que passaríamos Ano Novo juntos.

Chegamos em casa à noite, o vôo de Bill seria na manhã seguinte e eu iria com dona Clara e Seu Frank levá-los no aeroporto.

- Filha, dona Clara disse que vocês vão ao aeroporto levá-los, eu acho que você deveria ficar em casa, já está muito tempo longe de seus pais!

- Mãe, eu preciso ir amanhã... – Não consegui falar mais nada, abracei a minha mãe e chorei como criança.

- Mãe, eu estou namorando o Bill, e não sei como será minha vida sem ele aqui, eu o amo tanto!

- Filha, não querendo ser pessimista, como vocês vão manter um namoro assim, tão distante, filha ele é um menino famoso!

- Eu sei, eu sei, vamos tentar até eu conseguir um intercambio pela faculdade!

- Intercâmbio?

- Sim, mãe depois conversamos sobre isso.

Fui dormir, não queria pensar no dia seguinte, seria o pior dia da minha vida, perderia o único cara que amei de verdade em toda minha vida, depois de praticamente 19 anos à espera. No dia seguinte acordei as seis, me arrumei e não consegui comer nada, fui direto ao encontro de Bill que não escondia sua tristeza. Fomos para o aeroporto e passamos toda a viagem calados, eu estava com a cabeça encostada nele e brincava com suas delicadas mãos, acariciava o rosto dele, aquele silencio todo já mostrava nossa tristeza. Chegamos com 1 hora de antecedência e ficamos em pé abraçados por praticamente meia hora, quando anunciaram o vôo, chamando os passageiros para entrarem no avião. Me despedi de Simone e Gordon, logo depois de Tom.

- Tom, muito obrigada por tudo, mesmo sendo um cachorro, se mostrou um ótimo amigo e uma pessoa extremamente engraçada, conseguia me fazer rir mesmo quando eu chorava, essas duas semanas com você foram ótimas! Laura que diga. Amou você! Nunca me esqueci daquela noite, você foi especial para mim em um momento.

- Só um?

- Estou dizendo especial em outro sentido, não no sentido de amizade!

Dei-lhe um abraço e um beijo no rosto e ele caminhou para a parte do embarque, onde só os passageiros ficavam. Fui me despedir de Bill, não conseguia dizer nada, apenas chorava, pensei que ia desidratar de tanto que eu chorava.

- Olha, não sei como começar, essas duas semanas foram as mais importantes para mim, depois que te conheci tudo começou a ser diferente. Coisas que eu nunca havia sentido, como coração bater acelerado, a boca ficar seca, as pernas ficarem bambas, o estômago revirar e chorar por um homem, senti depois que te conheci, você não tem noção do que fez na minha vida, o quanto fiquei mais feliz com você por perto... Droga não consigo falar nada, porque por mais que eu tente só saem lágrimas, me desculpa. – eu disse enquanto as lágrimas rolavam sem parar pelo meu rosto.

- Olha não vou dizer nada, está tudo aqui, acho que já chorei tanto escrevendo essa carta, que não tenho mais lágrimas... é acho que ainda tenho, porque elas teimam cair, estou chorando de novo. Acho que você deveria lê-la só quando estiver em casa, no quintal à noite, olhando para as estrelas. – disse chorando tanto quanto eu.

Não tinha mais o que dizer nos abraçamos como se fossemos nos ver pela última vez, um abraço forte, desesperador e nos beijamos, seria a última vez que sentiria seu gosto talvez neste ano. Foi um beijo quente, doído, um beijo de adeus.

- Eu te amo, Mari.

- Eu também te amo muito, Bill.

Ele me entregou a carta e foi, antes de entrar no embarque voltou e me deu outro beijo com vontade e apaixonado que durou uns 5 minutos, estava me deixando sem fôlego já. Ele se fora, agora só depois de muito tempo nos veríamos de novo. Eu ainda chorava e dona Clara me abraçou com pena.

- Vocês ainda vão ficar juntos algum dia, eu acredito.

- Eu espero, dona Clara, nunca amei a ninguém como amo seu neto! – disse chorando.

Voltamos para casa e eu fui direto para meu quarto, não queria comer nem ver ninguém. Laura me ligou a manhã inteira mas eu simplesmente não queria falar com ninguém, não tinha a mínima vontade, depois de algumas tentativas desistiu e foi almoçar na minha casa, já que minha mãe disse a ela que eu não queria comer.

- Mari, você precisa voltar a vida, o que você acha, que Bill vai ficar chorando? Não, ele vai trabalhar, tentar ocupar a cabeça com outras coisas, para nos fazer felizes.

- Para fazer vocês fãs felizes, eu vou tentar, não posso parar de viver porque meu namorado está longe.

- E existe, telefone e Internet vocês vão continuar se falando, se você realmente amá-lo, nada vai te fazer querer outra pessoa e a distancia vai fazer vocês se amarem mais.

- É você tem razão, amanhã voltarei á faculdade e voltarei a procurar apartamento no Rio para eu morar, morar aqui e estudar lá está sendo difícil agora que eu vou começar como voluntária em projetos de pesquisa na faculdade. Eu amo o Bill e por ele vou continuar sendo feliz!

- Com certeza ele quer te ver assim, feliz!

- Vamos almoçar, sua mãe fez lasanha e a lasanha dela é a mais perfeita EVER!

No meio do almoço, o celular de Laura toca e começa a tocar ‘’Dogs unleashed’’ e eu claro, ouvi e logo as lágrimas caíram.

- Hahaha que engraçado, antes quando tocava Tokio Hotel no meu celular, você fazia cara de desprezo, agora quando toca Tokio Hotel, você chora! Pra você não ficar tão triste, todo dia passa na Tv clipe deles Automatic e você mata a saudade.

- Claro, até porque o Bill da Tv não é o meu namorado, meu namorado é o Bill de verdade.

- Ah Mari, deixa de ser chata!

Continuamos a almoçar e Laura ficou em casa até a noite, vimos Madagascar 2, comemos pipoca, esses programas de índio que são os melhores. Fui dormir porque teria que sair as 6:30 já que voltaria a faculdade, mas quando me deitei, me lembrei da carta e fui lê-la.