Arrumei minha mala muito feliz e liguei para Laura para contar a novidade. Ela ficou com vontade de ir, percebi por sua voz, mas não disse nada por medo de machucá-la. Conversei com ela sobre Tom e ela já estava preparada para tudo o que viesse, sabia o quanto ele era galinha e não iria se abalar por isso, Laura era do tipo que se apaixonava na hora pela pessoa, sendo isso um grande problema. Bill já havia chegado em casa:

- Bill tenho uma notícia!!!

- Você vai com a gente!?

- Ah seu sem graça, estragou minha surpresa!

Bill me abraçou e disse o quanto estava feliz, Bill era um fofo, eu amava a amizade dele, era tão verdadeiro. Claro, era egoísta gostava das coisas do seu jeito, mas era um ótimo amigo. No dia seguinte, acordei às 4:30, me arrumei e tomei café. Fiquei impressionada com a pontualidade deles, as 5:05 estávamos saindo de casa. Fomos em um carro com sete lugares, Gordon e Simone na frente, atrás Tom, dona Clara e Seu Frank e atrás deles eu e Bill. Fomos ouvindo seu Ipod porque Bill queria me convencer que Tokio Hotel e Green Day eram ótimos, mesmo não querendo dizer, gostei de algumas músicas do Humanoid, mesmo sendo meio eletrônico demais. Eles alugaram uma casa de frente para praia que tinha três quartos, um para Gordon e Simone, outro para Dona Clara e Seu Frank e outro para mim, Tom e Bill. A casa era ótima e tinham um vizinhos muito gatos, mas não tinha com quem falar isso, se falasse com Tom ele falaria ‘’Sou bem mais gostoso e bonito que eles e ainda pego mais mulher’’, do jeito que ele se achava. E Bill anda era uma incógnita para mim, não sabia o que falar em relação a sexualidade. Eu tinha quase certeza que ele gostava de meninos mas não poderia jogar um verde tão escancarado assim, mesmo estando aflita para saber sobre sua sexualidade.

Chegamos lá as 9 da manhã pois havíamos parado no caminho para tomar café da manhã. Chegamos nos acomodamos em nossos quartos e fui com Simone e Gordon fazer compras. Bill e Tom estavam com preguiça de ir ao mercado e dona Clara ficou dando uma geral na casa, tipo varrendo. Fomos fazer compras e eu conversava sobre guitarras com Gordon, ele era muito divertido e fazia piada de tudo, parecia até o Tom, quando voltávamos Gordon falou algo que me fez pensar, não gosto de pensar, isso me deixa depressiva.

- Sabe fazer compras direitinho hein! Você é a melhor namorada que Bill nos apresentou...

- Hahaha, não sou namorada de Bill, só amiga! Ele costuma apresentar muitas namoradas?

- Não, não, faz um tempo que não nos apresenta, mas já apresentou umas três não foi Simone?

- Sim, se não me engano, foram três mesmo.

- Ah ta!

Fiquei pensando todo o caminho na possibilidade de Bill não ser gay, e logo pensei ele com alguma garota. Não sei porque mas isso me doeu de alguma forma, eu não poderia estar apaixonada, ele é meu amigo gay!

Fomos almoçar em um restaurante um pouco longe da praia, mas eu estava meio aérea ainda pensando no Bill, ‘’ não podia estar me apaixonando por ele, era impossível ele ficar comigo devia me enxergar como uma amiga, mesmo que não fosse gay, eu não devia ter começado uma amizade tão grande. Ah meu deus o que eu estou dizendo, Bill é meu melhor amigo!’’

- Mari, você ta bem? – perguntou Bill preocupado.

- Oi? Eu? Por que não estaria?

- Você ta um pouco estranha desde quando voltou do mercado!

- Eu estava pensando nos meus amigos, só isso!

Voltamos para a praia e passamos a tarde lá, eu parei de ficar pensando demais e voltei ao normal, não poderia perder minhas férias pensando em algo que não me traria nada de bom. Estava andando junto de Bill e Tom quando apareceu um grupo de meninas.

- Olá, vocês estão passando uma temporada naquela casa grande aqui logo ali não é? – perguntou uma menina simpática e linda, que me deixou com uma pontinha de inveja. Ela era alta, devia ter 1,75, tinha o cabelo loiro enorme, estava bronzeada destacando assim seus grandes olhos azuis claros, da cor do céu. Até eu me espantei com tamanha beleza e reparei que Bill estava olhando para ela fixamente com seus belos olhos que estavam verdes pois normalmente os olhos ficam mais claros quando se está na praia, ela olhou para Bill também fixamente parecia que se perdeu em sua beleza andrógina, olhava nos olhos de Bill tão intensamente que eu senti uma pontada no coração, mas não aceitava de jeito algum que aquele sentimento me dominasse.

- Desculpe, ele não fala português!

- Fala inglês?

- Sim, falo. – disse com uma expressão tímida.

- Então, nós faremos um lual aqui na praia hoje à noite e vocês três estão convidados, é só levar algo para beber e se puder um violão, quanto mais música tivermos melhor.

- Eu trouxe meu violão. –disse Tom que por perceber que seu irmão estava encantado com a garota e vice-versa, não deu em cima dela.

- Estaremos lá!

À noite, Gordon, Simone, dona Clara e Seu Frank foram jantar enquanto eu, Tom e Bill comemos qualquer coisa, pegamos bebida e fomos para o lual. O céu estava lindo, todo estrelado e o mar agitado, com um vento refrescante em uma noite quente, o cenário perfeito junto com a pessoa perfeita, que infelizmente não estava comigo. Acabei admitindo, eu estava apaixonada por Bill e me imaginava com ele, pensava nele, a primeira vez que sentia isso, completando o vazio que existia em mim. O lual estava rolando e Bill estava conversando com a menina que se chamava Andressa, acabei ouvindo alguém chamá-la e descobri seu nome, ela tentava ser simpática comigo, mas eu não sentia nada além de antipatia por ela. Estávamos felizes cantando algumas músicas em português pois eu catei o violão de Tom quando eu observei Andressa e Bill indo para um lugar mais reservado ali no lual mesmo, eu comecei a sentir meu estômago revirar e eu larguei o violão dando a desculpa que tinha tendinite e minha mão estava doendo e Tom pegou o violão e começou a tocar outras músicas que eram em inglês e o pessoal que sabia cantar, cantou junto, queria me isolar, não queria ver se os dois se beijassem mas precisava ver se ia dar em alguma coisa, peguei uma garrafa de vodka e dei um gole puro, nunca havia bebido aquilo, era a pior coisa, mas me deixou tonta depois de três goles, porém o meu estômago revirado não parou. Olhei disfarçadamente e vi o que menos queria ver, Bill começou a beijá-la. Senti pontadas no meu coração e não conseguia impedir as lágrimas que caiam sem permissão. Nunca havia chorado por homem algum, mas pelo menos tive a certeza que ele não era gay. Antes que alguém me visse chorando peguei o celular, fiz um sinal para Tom como se fosse atender e fui em direção ao mar. Olhei para trás e vi Bill dando selinhos nela e sorrindo partindo depois para outro beijo. Minha cabeça rodava, não sabia se era por culpa da vodka ou culpa do meu coração, só sabia que não queria mais ver aquela cena. Peguei o celular e liguei para quem me confortava mais, Laura.

- Laura por favor me ajuda! – disse aos prantos

- Mari, pelo amor de deus, aconteceu alguma coisa?

- Sim, ele, ele ta com outra, beijando na minha frente, não pode ser!

- Ahh não acredito, você sofrendo por amor? Ta apaixonada pelo Bill?

- Eu amo o Bill, mas ele ta beijando outra neste momento!

- Nossa! Que fofoca pra postar no fórum da comunidade de orkut!

- Finge que você não sabe de nada!Eu to aqui chorando, bêbada e você

preocupada com fofoquinha, Laura?

-Ai Mari não tenho o que dizer, o Tom ta com alguém?

- Não por enquanto!

- Merda Laura, to gastando crédito pra falar besteira, tchau!

- Se cuida amiga!