- Oi, sou o Bill!

- Err, prazer Bill! Sou Mariana, mas pode me chamar de Mari.

- E eu sou o Tom! – Disse mexendo em seu piercing me olhando de baixo em cima.

- Oi, Tom!

Tom era bem atraente mas era safado, pude perceber isso da primeira vez que falou comigo, ele tinha um piercing no lábio inferior no mesmo lugar que o meu, a diferença é que ele usava uma argola aberta e eu fechada. Mas ele era bem sedutor, diga-se de passagem! Fomos jantar e a comida estava como sempre deliciosa. Sentei-me na frente de Bill e ficava com vontade de rir, pois sempre me lembrava de Laura, mas claro que me controlei. Estávamos todos comendo e conversando, uma conversa agradável, ninguém gritava como reuniões em famílias brasileiras, era um costume diferente mas eu ainda preferia reunião de família brasileira, era sempre mais divertido e tudo acabava em churrasco! Ei que meu celular começa a tocar uma música alta chamando atenção, tocava ‘’ The world behind my wall’’ e era Laura, a maldita havia pegado meu celular e colocado essa música ridícula como toque de celular quando ela ligava, eu havia esquecido de colocar no silencioso e a família de Dona Clara me olhava com cara de interrogação enquanto Bill e Tom sorriam para mim, com olhar de aprovação. Achei estranho mas não disse nada, só pedi licença e fui atender na varanda.

- Porra Laura, você come cocô? Não é possível! Você coloca esse toque ridículo pra mim e me faz passar vergonha no jantar. Os gêmeos netos da minha vizinha riram da minha cara, mas eles fizeram cara de quem gostou!

- Ta vendo, todo mundo ama Tokio Hotel, menos você!

- Graças a deus que não sou todo mundo, e você ia gostar do neto dela, ele tem cara de bicha e usa maquiagem!

- Ahh sério? Amanhã quando a gente for ensaiar, chame eles!

- Claro Laura, tenho super intimidade com eles pra fazer isso, são meus melhores amigos! – Disse ironicamente.

- Ah sua chata, faça sua amiga feliz!

- Aham, quem sabe um dia, agora vou lá, minha comida vai esfriar, beijo.

- Beijos, até amanhã!

 Voltei à mesa de jantar e me desculpei com todos.

- Olha, me desculpem pela música alta é que eu não sabia que estava este toque, minha amiga é viciada nesta porcaria de banda horrível Tokio Hotel e pior, o vocalista parece uma bicha cantando, mas enfim, não é culpa minha. Desculpem-me mesmo.

Todos me olharam muito estranho, Bill e Tom me olharam desta vez com um olhar de reprovação. Eu olhei para eles e falei:

- Ah desculpa, vocês parecem gostar da banda, mas gosto não se discute, não gosto e pronto. Mas eles deram um sorriso amarelo e continuaram a comer.

Pensei:

- Não pode ser, entendi agora a cara feia! Ele é gay, e eu falando que o cara é uma bicha, mas que gafe CARA, que vergonha, acho que vou embora depois dessa.

Comi a sobremesa e me mandei logo depois, não ficaria ali sem fazer nada, as amigas de Dona Clara já iam embora também, então aproveitei e fui.

- Já vai embora, querida? – Perguntou Dona Clara.

- Sim, amanhã tenho ensaio da banda, estou cansada.

- Meus filhos também tem uma banda, são ótimos.- Disse Simone.

- É mesmo? Que ótimo!

- Venha aqui amanhã conversar com eles, eles te contam sobre a banda! – disse Simone sempre sorrindo.

- Ta bom, pode deixar, eu vejo, se tiver tempo.- disse pensando: ‘’ Mas eu nunca vou fazer isso, depois de ter me mostrado uma homofóbica na frente de um gay assumido eu nem olho mais para a cara deles.’’

Fui para casa, e tentei dormir, mas fiquei rolando na cama, já era 1 da manhã então peguei meu violão, fui para o quintal e fiquei dedilhando uma música que eu estava terminando de fazer, como a cerca de minha casa para a casa de Dona Clara era viva, vários pinheiros altos, conseguia-se ver nitidamente os fundos da casa, onde ficava a porta da cozinha, ali tinha uma cadeira de balanço e havia uma linda visão para as estrelas do céu. Como era verão, o céu estava estrelado, muito bonito com uma brisa leve no meu rosto.

Estava tocando violão quando Tom que também estava sem sono, foi para o lado de fora, seguindo o som dos acordes bem feitos.