Bridge Of Light escrita por Emna Ai


Capítulo 2
Cáp I - Inicío do Fim


Notas iniciais do capítulo

Não me aguentei. Então está ai um cap para vocês, e já estou na metade do segundo espero que gostem



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Bridge Of Light

Capítulo I

Início do Fim

o.O.o.O.o.O.o.O

—Está na hora, Sakura-sama. — A governanta avisou com uma voz desprovida de emoções,a visão da garota, claro.

—Avise que já estou descendo. — Aquela ordem saiu de seus lábios sem o costumeiro “por favor” que ela geralmente utilizava.

A jovem garota olhou uma última vez para a imagem que o espelho daquele imenso quarto refletia. Ela não reconhecia aquelas feições tristes. Não se lembrava daqueles olhos esverdeados com manchas avermelhadas devido ao choro. Não se recordava daquela figura esguia e frágil que usava um vestido demasiadamente negro.

Sakura Haruno não se recordava de quem era naquele momento. Não que não soubesse o próprio nome, ou quem eram seus pais, ou de onde vinha, o problema estava em ela se lembrar perfeitamente de tudo.

Aquele era o pior momento para recordar de onde havia vindo, de como sua vida toda parecera um conta de fadas e que naquele momento como se por um passe de mágica tudo houvesse desaparecido. Era como se fosse a própria Alice, caindo em um poço que não parecia ter fundo.

Fazia quando tempo mesmo que havia entrado naquela sala? Cinco... seis minutos... Ou seriam horas? Havia pedido a noção do que ocorria ao seu redor. Ela podia ouvir o barulho do motor da limusine que a aguardava no lado de fora da casa. Não se importou com aquilo. Nada mais a importava.

—Sakura-sama... — A mesma voz gélida alcançou seus ouvidos. A garota fechou seus olhos e respirou demoradamente. Não disse uma única palavra quando se virou e andou até a saída daquele lugar.

Chyio, a governanta, se espantou com tamanho sofrimento que viu refletido nas piscinas esmeraldinas que eram os olhos daquela garota que havia visto crescer. A vida era mesmo uma caixinha de surpresa, ela nunca poderia imaginar que uma garota tão doce como Sakura seria obrigada a passar por uma provação daquela. Às vezes o destino era injusto.

Não parou para observar as belas pinturas que estavam expostas no corredor daquela mansão. Daquela vez o costume que adquirira desde criança de parar e observar cada figura exposta foram deixados de lado. Ela não tinha mais o luxo de acreditar que a vida ainda seria como ela se acostumara a viver.

Passou pelo hall central sem se importar de olhar para lareira e ver o belo quadro com o retrato de todos que moravam ali. Realmente... Eles moravam. Não estava pronta para encarar aquela foto e se lembrar do doce sorriso de seus pais e sua irmã eternizada naquele objeto.

Ela queria sofrer sozinha, por isso não permitiu que ninguém a acompanhasse dentro da limusine, e tinha deixado ordens expressas que quando chegasse ao seu destino ninguém deveria estar lá. Prestaria as últimas homenagens a sua família sozinha, do jeito que seria dali para frente.

Não respondeu e nem se quer olhou para o velho motorista da família quando este lhe prestou condolências. Ela não queria a pena e nem a compaixão de ninguém. Ao entrar no automóvel fechou a divisória que separava o lugar dos passageiros do motorista. Os óculos escuros esconderam suas lágrimas que rolaram no momento em que o carro foi posto em movimento.

Sua mente ainda não havia assimilado o que realmente acontecera. Na noite anterior jantara com toda sua família, comemorando com eles a sua tão sonhada admissão para a universidade. Ainda podia se lembrar do enorme sorriso de seu pai quando todos ao redor da mesa do escritório viram o nome dela na lista dos aprovados.

Sakura Haruno – Medicina - Aprovado

Agora ser aprovada ou reprovada não tinha importância alguma. Não tinha ninguém para poder dividir aquele momento de felicidade, que agora terminara com uma tragédia, para deixar a história mais dramática, como ela mesma dizia ao ler algum livro que no fim um acontecimento ruim aconteceria.

Só que ela não estava lendo nenhum livro com final triste, se algum livro estivesse relacionado aos últimos acontecimentos, ela estava vivendo e não simplesmente lendo. Aquela era sua vida, e no lugar das ficções aquela era a realidade.

Ela limpou as lágrimas com seu lenço quando o carro parou. O velho motorista abriu a porta e ela saiu, os óculos escuros impediram que os raios solares machucassem os olhos claros.

— Por aqui, senhorita. — Uma senhora vestida polidamente em um conjunto de saia e blusa escuras indicou a ela um caminho discreto utilizado por pessoas que queriam manter o anonimato.

Ela seguiu a senhora sem se importar com os detalhes do caminho que percorria, sua maior vontade era de terminar com aquilo o mais rápido possível, a dor seria menor daquela maneira, e ela sentia que a qualquer momento desabaria em lágrimas. Não demonstraria a ninguém o quanto era fraca.

Entrou no pequeno prédio e seguiu a mesma pessoa por vários corredores. Eram corredores frios, sem vida. Mas o que poderia esperar de um corredor que ficava dentro da enorme capela de um cemitério? Nada que passasse muita esperança, com certeza.

Por um momento observou as pequenas estatuetas que estavam dispostas em cada canto do local. Era deprimente olhar para aqueles rostos sem faces entalhados em pedra-sabão. Por que aquelas pequenas esculturas de anjos haviam deixado de parecerem anjos e se tornaram uma espécie de demônio quando ela os olhava?

A senhora sua frente parou frente a uma porta de madeira maciça. Era uma porta bem pesada, na opinião de Sakura. Ela parou junto.

— A senhorita irá entrar sozinha?

— Sim. — Foi a resposta monossilábica que ela deu.

Apoiando as mãos na maçaneta ela empurrou a porta onde estava sua maior tragédia. No centro da sala gélida e escura estavam três caixões perfeitamente dispostos, um ao lado do outro, como se até na hora da morte seus pais e sua irmã estivessem unidos.

A porta se fechou com um baque surdo. Ela se viu presa naquele mundo totalmente novo. Um mundo sem o abraço caloroso de seu querido pai Akio. Um mundo sem o sorriso acolhedor da mão mais perfeita do mundo, Kotomi. Um mundo sem olhos brilhantes por novas aventuras de sua irmã, Sasame.

Ela estava só com seus medos e incertezas. A base de toda sua vida tinha partido e ela sentia como se o chão houvesse sumido de baixo de seus pés. Sakura não sabia como havia chegado tão perto do primeiro caixão fechado. Seu pai.

Passou a mão direita sobre a madeira brilhante enquanto a outra era erguida até os lábios onde depositou um beijo para em seguida colocá-la sobre o caixão do pai.

— Otou-san... —Ela ainda podia se lembrar do abraço que recebia toda vez que se encontrava com o pai, independentemente se aquela fosse a quarta ou a quinta vez no dia que o encontrava. Ele sempre estava de braços abertos.

Como sobreviveria sem tê-lo presente em sua vida? Como conseguiria encontrar forças para continuar?

As mãos deixarão o caixão de seu pai e ela se posicionou entre sua mãe e sua irmã. Sua tua amada mãe que sabia fazer a melhor torta de maça de todo mundo e sua idolatrada irmã que tinha o poder de tirar um sorriso dela em qualquer situação. Como queria que sua querida Sasame estivesse ali para fazê-la sorrir, mesmo achando impossível.

Ela partiu tão cedo, foi o que pensou. Cedo para tudo. Ainda se lembrava da euforia de Sasame ao preparar os últimos detalhes para sua festa de dezesseis anos. Tudo ficaria parado no tempo, não havia mais aniversariante. Não havia mais pais e nem alegria para festejar. Agora só havia um ser oco chamado Sakura Haruno, alguém que havia perdido toda a sua essência ao entrar na sala de casa e encontrar os corpos de sua família.

“Cortesia Uchiha”

A tira de papel em sua bolsa parecia pesar uma tonelada. Ela não conseguia entender o que sua família cometera de tão grave para ter recebido aquele tipo de cortesia da parte dos Uchihas.

Há algumas horas ela se quer sabia de qualquer envolvimento de sua família com a máfia (como os sensacionalistas classificam os Uchihas). Até onde sabia a família Uchiha era uma poderosa organização que era dona da maioria dos bancos de Tóquio, até que essas informações foram totalmente anuladas pelo inspetor da polícia que fora até a sua casa.

— A família Uchiha reside nessa cidade há séculos. São o que podemos chamar de ancestrais de Tóquio. — Aquelas haviam sido as palavras do inspetor Idate. — Fumio Uchiha fundou essa cidade juntamente com a família Hyuga. Deste então Uchihas e Hyugas, como o Senhor mesmo deve saber — Ele disse a Hiashi que havia vindo dar apoio a sua afilhada —vivem aqui em Tóquio. Mas de acordo com minhas últimas descobertas, e quero deixar claro que são apenas suposições minhas, a palavra certa a ser usada não é vivido e sim reinado. Para mim os negócios dos Uchihas abrangem mais do que serviço interno de bancos.

— Se isso for mesmo verdade, o que duvido muito, qual motivo teria levado os Uchihas a fazerem isso com a família de Akio Haruno? — A pergunta foi feita por Hiashi que estava dando todo o apoio possível a Sakura que até o presente momento não pronunciara uma única palavra.

—Senhor... — Idate suspirou brincando com uma caneta entre seus dedos — Isto é o que estou tentando descobrir. A pequena tira de papel que encontramos nos levam a crer que os Uchihas estão envolvidos, mas essa é a única evidência que temos contra eles.

A única evidência. Era o que Sakura repassava mentalmente enquanto andava pela sala da capela. Em menos de meia hora viriam tirar sua família dali para os colocarem a sete palmos do chão. A única evidência. Ela se agarraria aquilo.

Os Uchihas escolheram a família errada para destruir. Nunca soube de nenhum envolvimento de seu pai com qualquer Uchiha, mas independentemente disto sua visão estava totalmente clara. Os Uchihas haviam destruído sua vida e ela faria questão der ver a deles destroçadas da mesma forma em que ela se encontrava.

—Está na hora. — Ela nem havia percebido que a senhora que a atendera havia voltado a sala tamanha a concentração que tinha em seus próprios pensamentos. — A família Hyuga está lhe aguardando.

Família. Doía tanto ouvir aquela palavra. Seguiu em silêncio até fora da sala, olhando uma última vez para os três esquifes que um dia foi sua família.

Ao sair encontrou Hiashi acompanhado de Hinata e Neji. Era tão difícil ver compaixão refletida nos olhos das três pessoas que a esperavam. Os olhos pálidos dos Hyugas mostravam a ela uma coisa que ela não queria ver dirigido a si. Pena.

Mais uma vez não disse nada quando se sentiu abraçada por Hinata. Eles eram os únicos que estavam autorizados a ver seu sofrimento. Ali, no aconchego dos braços de sua melhor amiga, permitiu-se sofrer um pouco como uma filha que havia acabado de perder seus pais e uma irmã.

— Vai terminar tudo bem, Sakura-chan. — Hinata falou confortando-a, mas Sakura sabia que só acabaria tudo bem quando os responsáveis pela destruição da sua felicidade fossem destruídos.

Cada um a confortou de sua maneira. Neji e Hiashi como homens de poucas palavras e muitas ações a abraçaram como Hinata havia feito, mas como a única Hyuga mulher que estava presente foi papel de Hinata não deixar Sakura sozinha um segundo se quer sempre a tocando de alguma forma, tentando mostrar que ela não estava sozinha naquilo. Hinata sabia o quão doloroso era perder um ente querido, mesmo depois de quinze anos ela ainda sentia o vazio de ter perdido sua mãe com apenas cinco anos de idade.

Sakura não sabia dizer se o torpor que sentia era efeito colateral dos três analgésicos que havia tomado antes de sair da sua casa, ou era apenas mais uma das sensações que ela seria obrigada a conhecer naquele dia. Haviam tantos sentimentos misturados dentro de si, coisas que ela nunca imaginara que um dia fosse sentir

Havia o medo. Como seriam as coisas dali para frente? Como poderia sobreviver sabendo que a vida da sua família fora tirado com um ato banal? Sem sentido algum. Aquele medo sufocava seus pensamentos, retirava todas as esperanças escassas que restavam se é que ainda existiam.

Havia a solidão. Agora era só existia uma Haruno no mundo. E quem o destino havia escolhido para ser? Justamente ela, ela que se sentia a mais incapacitada por não ter sido capaz de ao menos perceber o que estava por vim. Ela devia ter percebido. Quem sabe alguma fala de seus pais que passou despercebida ou uma simples mudança da atmosfera.

Havia o vazio. Nada mais que isso. No espaço ocupado pelo vazio não havia lugar para outros sentimentos. Não existiam quaisquer outras sensações, era como se sua essência estivesse sendo enterradas no mesmo momento em que as últimas camadas de terra cobriram os túmulos de seus pais.

Ela ficou ali até ver a última lápide ser fixada em seu lugar. Hiashi, Neji e Hinata aguardavam em silêncio parados as costas dela.

Akio Haruno

Marido-Pai-Amigo

Kotomi Haruno

Esposa-Mãe-Amiga

Sasame Haruno

Irmã-Anjo-Amiga

Sakura havia escolhido os dizeres entalhados na pedra fria das lápides. Cada palavra ali retratava um pouco de cada um de seus familiares. Eram palavras comuns que talvez não estivessem à altura de quem realmente elas foram, mas era o que ela via em cada um deles, pessoas simples que em sua simplicidade se tornavam muito mais que especiais.

As datas que sempre acompanhavam as costumeiras lápides foram retiradas por pedido dela. Não haveria escrito a data da morte deles, pois sua família sempre estaria viva dentro de si. Ela carregava em seu interior um pouco da força de seu pai, uma pontinha de esperança de sua mãe e um resquício da personalidade forte de sua irmã.

—Adeus… — Aquela palavra saiu como um sussurro de seus lábios pálidos.

As lágrimas que outrora escorriam como rios de seus olhos haviam cessado. Não sabia explicar como não havia tombado ao chão. Sentia-se oca. Sem preenchimento algum. Sua vida terminara no momento em que sua família havia dado seu último suspiro.

Se os assassinos que tinham acabado com a existência de sua família estivessem pensando que por descuido havia deixando a vida dela intacta estavam enganados. Eles a haviam matado no momento em que tiraram a vida daquelas pessoas tão especiais para ela.

—Eu prometo... — Outro sussurro, incompleto.

Diante dos túmulos de seus pais e de sua irmã ela prometeu. Iria destruir a vida de quem fora o responsável por aquilo. A família Uchiha sofreria uma dor que nunca imaginaram. Ela amassou novamente o papel que estava em seu bolso: Cortesia Uchiha.

Haviam sido inescrupulosos o suficiente para deixarem aquele bilhete sujo na cena do crime, como o policial mesmo havia dito.

A Sakura gentil e sensível estava sendo enterrada ali, juntamente com sua família. Naquele momento nascia uma nova Haruno.

Os Uchihas deviam se preparar. Escolheram a família errada para destruir.

— Podemos ir. — Finalmente pronunciou palavras para as três pessoas que se mantiveram em silêncio atrás dela. Hinata no segundo seguinte estava ao seu lado enquanto os quatro saíam daquele lugar que na visão de muitos era de paz, só que na visão de Sakura era apenas e simplesmente um lugar onde sonhos e felicidades eram destruídos.

o.O.o.O.o.O.o.O

— Não há necessidade. — Aquela era realmente sua voz? Não se lembrava desde quando sua voz saía tão cansada de seus lábios. Ela ainda podia sentir o torpor tomando conta de si.— Não quero incomodar mais do que já estou incomodando.

Os presentes se entreolharam. Duvidavam muito da resposta que Sakura havia dado. Eles podiam ver os olhos verdes perdidos em algum ponto interessante no carpete da sala. O que eles não podiam imaginar é que naquele momento ela ainda conseguia ver pai sentado na poltrona que agora era ocupada por Neji.

— Sakura-chan... — Hinata sussurrou — Você sabe que não é incomodo nenhum passar meu tempo ao seu lado.

— Obrigada, Hinata-chan, mas eu realmente prefiro passar essa primeira noite sozinha. — Ela tinha convicção que seria mais fácil aceitar como aquela casa se tornaria vazia se ela estivesse só naquela noite.

Depois de meia hora de mais tentativas de convencimentos os Hyugas finalmente se retiraram. Após dispensar todos os empregados ela subiu as escadas centrais que a levariam para seu quarto.

Todas as pessoas que passavam por uma experiência traumática sentiam aquilo? Como se os próprios pés não tocassem o chão, e o corpo se movesse involuntariamente? Sakura percorreu aqueles corredores agora vazios como se estivesse flutuando, como se estivesse presa em um eterno pesadelo.

Após trocar o vestido que usara por todo o dia e se sentir um pouco confortável em sua costumeira roupa de dormir ela se deitou. Não existiam mais lágrimas para serem derramadas. Só existia o vazio e o torpor.

Até o medo havia perdido o sentido. Ela não sentia mais medo, ela não podia sentir. Prometera diante dos túmulos de sua família que quem quer que tenha feito aquilo pagaria com a pior dor já existira.

Revirou-se em sua cama por quase duas horas. O sono não chegava de jeito nenhum. Ela começava se perguntar o motivo de ainda não ter sucumbido ao desespero e gritado todos os gritos presos em sua garganta. Será que ela era insensível ao ponto de não conseguir gritar por seus familiares mortos?

Não, não era aquilo. A dor que sentia era dilaceradora. Mas ela seria forte por eles. E quando finalmente tudo estivesse acabado ela si daria o oportunidade de sofrer, enquanto os culpados não tivessem o castigo que merecia ela não descansaria, ela não se permitiria fraquejar.

Com um salto foi até a mesa onde seu laptop costumava ficar. Ligando-o rapidamente acessou uma página de busca onde digitou sete letras; U-C-H-I-H-A-S. Vasculhou link por link até encontrar o que queria. Um artigo numa revista de fofocas qualquer que trazia uma bela foto da residência da família Uchiha. Logo abaixo da imagem estava o endereço que ela tanto queria.

Se sem se importar de que o relógio logo marcaria vinte duas horas e que o frio lá fora estava de congelar ela foi até seu armário e pegou uma calça jeans muito grossa, uma blusa escura de lã e um casaco de veludo muito pesado. Antes de sair do quarto, após calçar suas botas, ela pegou uma toca que havia sido tricotado por sua mãe e ajeitou seus cabelos róseos sobre a lã.

Não se importou com os gritos que o vigia de sua casa deu ao vê-la saindo tão tarde naquela noite, ela não se importava em parecer gentil para ninguém, sua gentileza havia ido embora juntamente com sua família.

Parou o primeiro táxi que encontrou e disse ao motorista o endereço que havia conseguido no artigo da internet. Desde que vira aquela mansão suntuosa um desejo de ver com seus próprios olhos encheu a mente dela. Ela queria ver onde é que as pessoas responsáveis por sua tragédia estavam reunidas.

Vinte minutos depois o táxi parou. Ela reconheceu aquele bairro assim que suas botas tocaram a calçada. Era o mesmo lugar da residência dos Hyugas e de todas as famílias importantes de Tóquio, sua casa só não ficava ali por que sua mãe gostava de morar próximo ao campo e o pai de Sakura havia encontrado uma espécie de chácara afastada da movimentação constante da cidade.

Andou com seu coração aos pulos dentro do peito. Sentia sua pulsação acelerada. Queria ver o que a família Uchiha fazia depois de ordenar um assassinato. Ela sabia que era meio impossível vê-los com aqueles portões tão altos, mas ela tinha esperanças.

Aproximou-se lentamente do alto portão de ferro dourado. E esgueirou seu olhar por entre o gramado e a casa que se erguia no fim do terreno.

— Sakura-sama? — Por pouco Sakura não soltara um grito ao ouvir aquela voz perto de si.

— Lola? — Ela não conseguia acreditar que estava vendo uma antiga empregada de sua família. — Está trabalhando aqui?

— Sim. — A moça respondeu assumindo um tom sério. — Sinto muito, fiquei sabendo por sua família.

Sakura nada respondeu, não sentia nenhuma vontade de sentir aquele vazio e o temível torpor novamente.

— Eu estou morando aqui agora. A família Uchiha precisa de alguém em tempo integral. Quer ir até minha casinha? Fica nos fundos da propriedade, posso preparar um chocolate quente, está muito frio. — Lola não fazia ideia de o porquê de Sakura está caminhando àquela hora da noite justamente perto do seu local de trabalho.

— Eu gostaria muito. — Se animou com a possibilidade de se aproximar mais, queria ver o rosto, guardar as expressões e tudo que podia dos causadores de sua tragédia.

Sakura seguiu Lola por uma estradinha que cortava o gramado úmido pelo orvalho. Procurava encontrar qualquer sinal dos patrões de Lola, mas seus olhos não captaram nada, então ela seguiu a moça em silêncio.

A casa de Lola era aconchegante com todo aquele calor que emanava da pequena lareira que ficava num dos cantos do cômodo. Retirou seu casaco para poder absorver um pouco mais do calor do fogo e bebeu lentamente o líquido escuro que Lola a ofereceu. O chocolate estava realmente bom.

Durante todo tempo que ficou ouviu Lola divagando sobre sua vida e de como sentiria falta dos pais de Sakura, e o quanto sentia falta da própria Sakura, já que quando ela trabalhava na casa dos Harunos as duas haviam desenvolvido uma espécie de amizade.

Quase uma hora depois ela se decidiu de que já estava na hora de ir. Não havia conseguido cumprir seu objetivo de ver a face dos famosos Uchihas, mas pelo menos pudera ver aquela casa e perceber a que tipo de vida os Uchihas eram acostumados.

Seguiu Lola por um caminho diferente do de quando estava chegando. Distraída, observou uma janela de vidro que tinha as cortinas abertas. Dentro do cômodo onde a janela estava ela viu uma mesa com quatro pessoas ao redor.

Suas pernas pararam de mover automaticamente, sua respiração foi suspensa por ela própria. Ela já tinha visto fotos suficientes para identificar que os ocupantes da mesa era a família Uchiha.

O homem mais velho ocupava a cadeira na ponta da mesa. Ele sorria levemente observando a mulher sentada ao seu lado. Ele tinha uma aparência aristocrática. Parece um nobre, a garota pensou, um nobre inescrupuloso.

A única mulher da mesa era belíssima. Os cabelos negros dela vinham até metade das costas magra. Os olhos demonstravam uma coisa que ela só havia enxergado uma vez nos olhos de sua mãe. Balançou sua cabeça espanto seus pensamentos, ninguém daquela família tinha algo parecido com a sua.

Um rapaz estava sentado ao lado esquerdo do homem da cabeceira. Ele tinha o cabelo um pouco longo e duas linhas de expressão ao lado do rosto. Sorria para mulher a sua frente enquanto bebia um pouco do suco em seu copo.

Ao lado desse rapaz estava outro. Ele parecia ser o mais jovem e diferentemente das outras pessoas a mesa não trazia um largo sorriso, mas apenas um pequeno abrir de lábios. Ele sorria, mas não como os outros. E ela ficou feliz com aquilo, ao menos alguém daquela família não estava tão feliz. Aquele rapaz tinha a pele extremamente branca como os outros ocupantes da mesa. Seu cabelo era mais curto e repicado atrás. E então os olhos deles se encontraram.

Ela sustentou o olhar sobre ele que a encarava da mesma forma. Sem acreditar no que via. Sakura sustentou o olhar, estava olhando para um dos responsáveis da morte de sua família. A surpresa do rapaz havia sido tão grande que ele parara com um copo a centímetro de seus finos lábios. Ela não sabia quanto tempo havia passado quando finalmente conseguiu desviar seu olhar dele e voltar a acompanhar Lola que estava já muito à frente dela.

Olhou uma ultima vez para aquela cena que a deprimia e seguiu. Em breve cenas como aquela não existiriam na família Uchiha, ela se encarregaria daquilo.

o.O.o.O.o.O.o.O

— Quero uma reunião amanhã, ou assim que o senhor poder me receber. — Desde quando sua voz era tão fria? A garota de cabelos rosados não se reconhecia.

— Como quiser, Sakura-sama. — Kaeto Noaki suspirou pesadamente, e Sakura pode ouvir aquele barulho através da linha telefônica — Estarei em sua casa amanhã as dez.

—Ótimo. Estarei a sua espera. — Sem mas nenhuma palavra a ligação foi desligada.

Kaeto já ouvira aquele tom de voz em vários de sues clientes. Geralmente significava problemas, ainda mais vindo de uma pessoa que era de uma família tão importante quanto a Haruno. Ele só não fazia idéia de o porque uma garota que acabara de perder a família de maneira tão trágica queria abrir o testamento do pai tão rápido.

Era de praxe esperar cerca de quinze dias após o sepultamento para poderem abrir o testamento, mal havia se passado vinte e quatro horas do enterro de Akio Haruno e sua filha já ligara. Ele só torcia para que aqueles problemas que ele reconheceu no tom de voz dela não o afetassem.


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Notas finais do capítulo

E ai pessoal?? Posso esperar por rewies? Beijokas , até o próximo



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