Uma Nova Vida - Peeta e Katniss escrita por MaryG


Capítulo 29
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Vim postar mais um capítulo para vocês. Sei que demorei mais do que o comum dessa vez, mas não foi por má vontade. Eu tive alguns problemas que me impediram de vir postar antes.

Mas agora eu estou aqui com um capítulo novinho, e espero que a espera tenha valido a pena para vocês. ;)

Boa leitura!



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Contendo o meu nervosismo e a minha vontade de chorar, eu deixo Lily com Annie e Finn novamente e vou com Peeta até o hospital.

Mais uma vez, ele passa por exames e é colocado no soro. Quando o médico chega com os resultados, porém, eu sinto que dessa vez a notícia não será boa.

— E então, doutor? – pergunto, nervosa.

Ele dá um suspiro profundo e começa.

— Bem, o exame de sangue demonstrou que o número de células de defesa do senhor Mellark não cedeu. Pelo contrário, ele aumentou ainda mais. E isso significa que o organismo dele não está reagindo ao antibiótico que eu prescrevi. Por isso ele não só não apresentou nenhuma melhora como também piorou.

— E o que pode ser feito? – pergunto, sentindo um nó crescente em minha garganta. Sei que estou prestes a chorar.

— Nós vamos ter que interná-lo.

E então eu choro. Lágrimas escorrem pelo meu rosto ao mesmo tempo em que uma sensação horrível de desespero se espalha por todo o meu ser.

— Senhora Mellark, fique calma – diz o médico. – Nós vamos cuidar do seu marido.

Eu tento dizer algo em resposta, mas a única coisa que sai da minha garganta é um daqueles soluços horríveis. Eu coloco minha mão sobre a minha boca, tentando manter a compostura. Mas não sei se vou conseguir.

Mais uma vez, eu estou vivenciando o medo horrível e paralisante de perder Peeta. Mas dessa vez, tudo parece ainda pior. Nós estamos juntos há mais de 15 anos e agora somos uma família. Não, eu jamais conseguiria viver sem ele ao meu lado. Se ele se for, não restará nada de mim.

Os soluços começam a sacudir o meu corpo, o que torna impossível controlá-los. Então eu simplesmente tiro a mão da boca e choro descontroladamente.

O médico coloca a mão no meu ombro, tentando me consolar, mas o que parece é que nada pode me consolar nesse momento.

— Senhora Mellark, está tudo bem – ele diz novamente. – Aqui no hospital, nós temos todos os recursos para cuidar do seu marido. Vai dar tudo certo. Tente ficar calma.

Sempre que eu estou desesperada com algo, Peeta me diz palavras de consolo e eu tento absorvê-las para me acalmar, e quase sempre dá certo. Dessa vez, as palavras de consolo não vêm dele, mas eu tento fazer o mesmo.

Eu tento pensar que os médicos vão cuidar dele da melhor forma possível, que ele vai ficar bom e que logo mais vai voltar para casa. Fico concentrada nesse pensamento e tento fazer o exercício de respiração que o doutor Aurelius me ensinou. Depois de algumas tentativas, eu começo a me acalmar. O medo ainda está aqui, em meu peito, mas pelo menos agora eu não sinto mais que estou prestes a ter um colapso nervoso.

Eu enxugo meu rosto com a manga da minha camisa e volto a encarar o médico. O que vejo no rosto dele é uma expressão de preocupação.

— A senhora está se sentindo melhor? – pergunta ele.

— Sim – digo com a voz anasalada pelo choro. – Desculpe, eu...

— Tudo bem – diz ele, me interrompendo. – Bem, agora temos que dar início ao processo de internação do Senhor Mellark. Por que a senhora não toma uma água e senta um pouco? Quando ele já estiver instalado no quarto, a senhora poderá vê-lo.

— Certo.

— Se precisar de algo, é só chamar – ele diz isso e em seguida se retira.

Seguindo o conselho do médico, eu tomo um pouco de água e me sento na recepção. Enquanto espero ele me chamar para ver Peeta, o medo de antes mais uma vez se transforma em lágrimas. Mas eu tento me controlar, forçando em minha mente traumatizada a ideia de que vai ficar tudo bem.

Quando o médico finalmente reaparece, eu vou com ele até o quarto onde meu marido está. Ele está deitado na cama, com uma máscara respiratória sobre o rosto. Meu coração se aperta de angústia ao vê-lo assim, mas eu tento me manter forte para lhe passar segurança.

Eu me aproximo da cama e ele me olha com os olhos semicerrados, como se estivesse meio grogue. Ele dá um sorrisinho fraco e então fecha os olhos.

— Peeta?! – chamo por ele, uma sensação de pânico crescendo em mim.

— Ei, está tudo bem – diz o médico, e eu me viro para olhá-lo. – Ele só está meio grogue por causa das medicações.

— Certo – digo, me sentindo aliviada. – E essa máscara? Por que ele tá usando isso?

— Ele estava com cansaço respiratório, e também estava começando a ficar com tosse. Então eu optei por fazer uma nebulização nele. Mas está tudo bem. Nós já iniciamos um novo antibiótico, e iremos ficar acompanhando os resultados.

— Por favor, me prometa que ele ficará bem – peço, e minha voz soa embargada.

— Eu prometo que farei tudo o que estiver ao meu alcance – diz o médico. – Agora, por que a senhora não vai pra casa e descansa um pouco?

— Não! – eu me oponho na mesma hora. – Eu quero ficar aqui, com ele.

— Bem, se é assim, a senhora pode ficar. Mas nós só temos uma poltrona a oferecer. Não vai ser muito confortável.

— Eu não me importo – digo com veemência.

— Tudo bem. Daqui a pouco a enfermeira vai vir para tirar a nebulização dele e trocar o soro. Fique atenta.

— Pode deixar.

— Tenha uma boa noite, senhora Mellark. Qualquer coisa, é só chamar.

Eu assinto com a cabeça e o médico então se retira, me deixando a sós com Peeta.

Eu me sento na poltrona ao lado da cama dele e fico a vigiá-lo por toda a noite, para garantir que ele ficará bem. Mas ele não acorda em nenhum momento. Nem mesmo quando a enfermeira aparece para tirar a máscara dele e trocar o soro.

Quando os primeiros raios solares do dia começam a penetrar o quarto através da janela de vidro, eu me levanto para fechar a cortina, para que o ambiente continue escuro e confortável para Peeta. É aí que percebo que estou tonta de sono. Não preguei o olho a noite inteira, com receio de que algo acontecesse com meu marido e eu não estivesse alerta para ajudá-lo.

Com cuidado para não cair, eu fecho a cortina e então volto para a minha poltrona, disposta a continuar minha vigília. Mas depois do que parecem poucos minutos, Peeta abre os olhos.

— Katniss? – diz ele com a voz fraca.

— Peeta! – exclamo, me levantando da poltrona e colocando as mãos no rosto dele. – Como você está se sentindo?

— Não muito bem, mas eu vou melhorar.

— Sim, você vai – digo, tentando lhe passar segurança, embora eu mesma não esteja segura.

— Você não dormiu nada, não foi? – pergunta ele.

— Não tem problema. Eu estou cuidando de você.

— Você precisa descansar, meu amor. Vá pra casa.

— Não! – digo com veemência. – Eu vou ficar aqui, com você.

Ele tosse um pouco e em seguida fala:

— Katniss, você tá muito cansada. E Lily precisa de você. Por favor, vá pra casa. Depois você pode vir me ver novamente.

Quando ele fala em Lily, minha convicção de permanecer aqui fica bastante abalada. Embora ela esteja bem cuidada nas mãos de Annie e Finn, sei que ela precisa de mim.

— Tudo bem, eu vou – digo. – Mas depois eu volto.

— Certo.

Eu me aproximo para dar um beijo de despedida nos lábios de Peeta, mas ele vira o rosto. Antes que eu me sinta rejeitada, ele fala:

— Eu não quero passar essa doença pra você.

— É, você tá certo.

— Mas depois que eu ficar bom, prometo tirar todo o atraso de beijos com juros e correção.

Uma risada me escapa dos lábios.

— Nem doente você para de fazer gracinhas? – digo, ainda rindo.

— Para isso, eu teria que estar morto – diz ele, e um arrepio me sobe pela espinha diante de suas palavras.

Mas eu escondo meu desconforto e beijo sua mão para me despedir.

***

À noite, depois de descansar e de passar umas horas com minha filhinha, eu volto ao hospital para ver Peeta. Ele não me parece nem um pouco melhor do que de manhã, mas quando eu questiono isso ao médico, ele diz que ainda é cedo para ele apresentar uma melhora em seu quadro. Uma sensação desagradável de dúvida misturada a medo me atinge, mas eu ignoro isso e decido confiar nas palavras do médico.

Durante a noite, Peeta diz que eu posso tentar dormir um pouco, mas eu simplesmente não consigo. Quero estar alerta para o caso de algo acontecer. Porém, mais uma vez nada acontece. No dia seguinte, eu novamente deixo o hospital pela manhã e vou para casa descansar e cuidar de Lily.

Quando chega a hora de eu voltar ao hospital, Haymitch se oferece para ir no meu lugar. A princípio, eu recuso, mas termino cedendo porque estou exausta e porque o meu bebê tem sentido muito a minha falta. Ele diz que vai cuidar bem de Peeta e que vai mandar notícias.

Nessa noite, eu não durmo tão bem, preocupada com meu marido. Mas ainda assim eu durmo melhor do que teria dormido no hospital. E ainda tenho a vantagem de ter minha filhinha ao meu lado na cama.

No dia seguinte, enquanto estou tomando meu café da manhã, o telefone toca. Quando eu atendo e ouço a voz de Haymitch, meu coração dá um salto de ansiedade.

— Haymitch, como Peeta está? – pergunto.

Ele dá uma tossidinha e começa:

— Os médicos estão aqui, cuidando dele. Sabe, esse hospital é mesmo muito bom. Tem tudo que ele precisa.

— Haymitch, fale logo como Peeta está! – disparo. Por experiência, eu já sei que ele fica enfatizando o lado bom das coisas quando algo ruim aconteceu.

— Bem, eu não queria ter que falar isso, mas ele piorou durante a noite.

— O que ele teve? – pergunto, com uma sensação de desespero já ganhando espaço dentro de mim.

— Ele estava com febre e dificuldade para respirar. Os médicos fizeram alguns exames e agora nós estamos aguardando os resultados.

— Eu vou praí! – digo, resoluta.

— Docinho, não precisa. Eu estou aqui.

— Já tá decidido. Vou só trocar de roupa levar Lily para a casa de Annie. Até já.

Com isso, eu corto a ligação.

***

Ao chegar ao hospital, eu corro para a sala de espera, à procura de Haymitch. Ele está lá sentado, lendo uma revista para passar o tempo. Ao sentir minha presença, ele ergue a cabeça.

— Você é mesmo muito teimosa, hein, docinho? – diz ele com cara de reprovação.

— Eu não podia ficar lá parada sabendo que o meu marido piorou – eu me justifico. – Onde está o médico?

— Ele deve vir para trazer notícias daqui a pouco. Sente aqui comigo.

Eu assinto com a cabeça e me sento ao lado dele.

Minutos angustiantes se arrastam até o médico aparecer. Quando levanto a cabeça e olho para a expressão no rosto dele, meu coração se aperta diante da certeza de que as coisas realmente não vão bem.

— E então, doutor? – diz Haymitch.

— Bem, nós realizamos alguns exames e concluímos que o senhor Mellark não está reagindo ao novo medicamento que administramos nele. Ao que parece, esse é um tipo de bactéria muito resistente.

— O que vocês vão fazer agora, então? – pergunto, desesperada.

— Nós vamos tentar outra medicação enquanto investigamos que bactéria é essa. Mas até lá, nós vamos manter o senhor Mellark sob cuidados especiais, pois ele não está se alimentando direito, está com febre e sua respiração está difícil.

— O que você quer dizer com cuidados especiais? – Haymitch faz a pergunta que está na minha cabeça.

— Bem, nós o transferimos para a UTI.

UTI.

Unidade de Terapia Intensiva.

Sei que esse nome não quer dizer boa coisa. Quem vai para lá sempre está numa situação bem grave.

Meu coração se aperta e lágrimas me sobem aos olhos. Mas eu sinto os braços de Haymitch envolvendo os meus ombros, me confortando.

— Nós podemos ir vê-lo? – pergunta Haymitch.

— Sim – responde o médico. – Mas por enquanto, somente através do vidro.

— Vamos lá, docinho – diz Haymitch carinhosamente, me encorajando a levantar.

Eu enxugo minhas lágrimas com as costas da minha mão e os acompanho até a UTI.

Através do vidro, eu posso ver Peeta deitado na cama, envolto por um emaranhado de tubos e fios. Ao seu redor, há vários aparelhos, incluindo o balão de oxigênio que está ajudando-o a respirar.

Ao vê-lo assim, tão debilitado, eu sinto um desespero horrível me invadir. Mas dessa vez, não é um desespero associado ao medo de perdê-lo. Mas sim um desespero associado à certeza de que irei perdê-lo.

Eu vou perder Peeta.

O meu amigo. O meu amor. O meu confidente. O meu dente de leão na primavera.

O meu tudo.

E assim eu sei que não tenho condições de ficar aqui e ver a vida se esvair de seu corpo. Eu preciso me isolar de tudo e de todos. Preciso de espaço para vivenciar a minha dor.

Sentindo o meu coração retumbando dentro do meu peito, eu saio correndo do corredor do CTI. Posso ouvir Haymitch e o médico chamando por mim, mas eu não paro de correr até estar do lado de fora do hospital e entrar no primeiro táxi que aparece à minha frente.

***

Ao chegar em casa, eu rumo às pressas para o meu quarto e tranco a porta, para evitar que alguém venha me importunar. Depois eu me jogo na cama e me agarro ao travesseiro de Peeta, inalando seu cheiro. É aí que a dor horrível que está comprimindo o meu peito se transforma em lágrimas.

Choro pelo que parecem horas. Choro até meus olhos não terem mais lágrimas e os músculos do meu tórax estarem doloridos pelos meus soluços desesperados. Com meu corpo exaurido pela dor, eu me entrego a um sono inquieto e repleto de pesadelos em que perco Peeta para sempre.

Mas não encontro alívio nenhum ao acordar. Pois sei que irei perdê-lo.

Agarrada ao travesseiro dele, eu choro mais uma vez, o que me faz concluir que ainda tenho, sim, lágrimas.

Muitas lágrimas.

E assim eu passo o resto do meu dia. Num limbo de choro, cochilos perturbados e tristeza profunda. Algumas vezes, eu ouço batidas na porta e vozes preocupadas chamando o meu nome, mas nada disso me faz reagir.

Somente à noite, quando minha bexiga está insuportavelmente cheia, eu decido levantar. Eu me arrasto pela escuridão do meu quarto e adentro o banheiro.

Ao acender a luz, a primeira coisa que eu vejo é o meu rosto refletido no espelho do banheiro. Quando eu reparo nas minhas feições, sinto meu coração dar um salto em meu peito.

Eu conheço esse olhar vazio. Essa expressão de apatia. Esse semblante pesado de quem está preso em alguma dimensão de tristeza.

Eu conheço porque já vi tudo isso no rosto de outra pessoa.

Minha mãe, depois da morte do meu pai.

Ela se isolou do mundo e se fechou em sua dor, exatamente como eu estou fazendo agora.

Ela não lembrou que suas filhas precisavam dela, assim como eu não lembrei que minha filha precisa de mim.

E assim eu sei que apesar de todos os julgamentos que eu já fiz à minha mãe, eu não sou tão diferente assim dela.

No reflexo do espelho, eu vejo meus olhos vermelhos se encherem de lágrimas mais uma vez. Dessa vez, não só de tristeza, mas também de vergonha.

Vergonha por estar sendo o que eu prometi a mim mesma que jamais seria: Uma mãe negligente.

Mas do que adianta eu ficar aqui chorando? Se eu desejo ser diferente da minha mãe, eu preciso fazer diferente do que ela fez. Preciso reagir o quanto antes, por mais profunda que seja a minha dor. Com esse pensamento, eu tiro toda a minha roupa, esvazio minha bexiga e em seguida entro no box para tomar banho.

Quando já estou limpa e vestida, eu finalmente saio do meu quarto. A casa está escura e não há sinal de ninguém por perto. Ao que parece, meus amigos desistiram de chamar por mim e decidiram me dar espaço.

Ignorando o estranho sentimento de solidão que me atinge, eu acendo as luzes da casa e rumo para a cozinha. Depois de comer uma coisa qualquer que eu achei na geladeira, eu saio às pressas na direção da casa de Annie e Finn. O que eu mais quero nesse momento é ver a minha filhinha.

***

Eu toco a campainha e em poucos segundos Finn atende a porta.

— Tia Katniss... – diz ele, sorrindo de forma simpática.

Mas eu mal olho na cara dele. Simplesmente invado a sala, procurando por Lily. Rapidamente eu a encontro, sentada no chão com brinquedinhos à sua volta. Ela parece sentir minha presença, pois quase imediatamente levanta seu olhar na minha direção. Ao me ver, ela abre um sorriso e diz:

— Ma-mãe.

E eu mal posso acreditar no que ouvi.

Ela já havia balbuciado vários sons, mas é a primeira vez que ela se dirige a mim com esse nome.

Mamãe.

Eu fico estática por um momento, sentindo um misto de emoções me invadir. Apenas quando ela diz “mamãe” pela segunda vez, eu saio do meu transe.

— Você me chamou de mamãe? – digo, com lágrimas de emoção nublando meus olhos.

Ela dá um sorrisinho simpático e estende os bracinhos para que eu pegue no colo. Eu não perco tempo e logo me abaixo para pegá-la em meus braços.

Eu a aperto contra o meu peito e beijo sua cabecinha.

— A mamãe ama tanto você – digo, molhando a cabecinha dela com as minhas lágrimas. – Tanto. Me desculpe por hoje, meu amorzinho. Isso não vai se repetir. Eu prometo.

Eu passei apenas um dia longe de Lily, mas ainda assim eu senti a necessidade de me desculpar e de mostrar a ela o quanto eu a amo. Eu sei como é ruim se sentir abandonada pela própria mãe, e não quero que ela experimente isso nem por algumas horas.

A dor que estou sentindo é horrível, e agora eu posso compreender a minha mãe muito melhor do que antes. Mas eu quero e vou fazer diferente. Independentemente do que aconteça, eu me esforçarei o máximo possível para estar aqui para a minha filha.

Depois de algum tempo agarrada a mim, Lily se cansa da posição e afasta a cabeça. Eu sinto um aperto no peito ao ver seus olhinhos azuis me encarando de perto, mas ignoro esse sentimento. Preciso estar firme e forte, por ela.

— Tia Katniss? – diz Finn, me fazendo lembrar de sua presença.

Eu me viro para ele e digo:

— Finn, me desculpe. Eu nem falei direito com você.

— Tudo bem, tia. Eu só queria saber como você está. Nós ficamos preocupados.

— Eu vou ficar bem – digo, embora por dentro eu esteja quebrada.

— Sim. E o tio Peeta também vai. Acredite.

Ele diz isso e sorri exatamente como Finnick.

— Espero que sim – tento sorrir. – Falando nisso, você tem notícias dele?

— Ainda não. Mas o tio Haymitch voltou pro hospital agora à noite. Ele deve ter notícias em breve.

— Certo – digo, com uma sensação de medo me subindo pela espinha. – Bem, eu vou indo. Obrigada por ter cuidado da minha filha.

— Imagina. Foi um prazer.

Finn recolhe os brinquedos de Lily e então me entrega a bolsinha dela. Depois eu volto para casa com minha filhinha nos braços.

***

Quando chego em casa, a primeira coisa que faço é me sentar no sofá com Lily no colo e lhe dar o meu peito, ao que ela aceita com entusiasmo. Apesar de toda essa dificuldade pela qual estou passando, eu não deixo de sentir a satisfação que eu sempre sinto ao amamentá-la. Após um dia inteiro longe dela, não há nada melhor que poder acalentá-la dessa forma.

Depois, quando ela já está cochilando com a cabeça sobre o ponto onde fica o meu coração, eu apoio minha cabeça no encosto do sofá e termino cochilando também.

Após um tempo que não sei precisar, eu acordo sobressaltada com o som da campainha. Eu fico confusa por um momento, mas logo consigo me situar do que está acontecendo.

Com cuidado para não acordar Lily, que continua dormindo em meus braços, eu me levanto do sofá e vou até a porta. Quando a abro, é Haymitch quem vejo à minha frente. Instantaneamente, meu coração começa a acelerar de ansiedade.

— Docinho, eu não pretendia vir aqui de novo hoje, mas vi a luz acesa e decidi vir te contar uma coisa.

— O quê? – pergunto, a ansiedade em meu corpo beirando o insuportável.

Ele dá um suspiro profundo e começa:

— Bem, eu não sei se deveria te contar isso, porque ainda tá um pouco cedo e...

— Fala logo, Haymitch! – peço impaciente.

Ele dá um sorriso e diz:

— O garoto teve uma melhora.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Tenham calma! Eu farei o possível para postar a continuação logo. Haha.

Bem, como vocês sabem, a Katniss sempre teve problemas com a mãe dela, por ter sido abandonada na infância. Então eu decidi abordar como seria se ela passasse por uma situação semelhante à que a mãe dela passou (mas sem matar o Peeta, óbvio. Haha.), para poder compreendê-la melhor a também para a ter a oportunidade de fazer diferente. Eu pedi que vocês confiassem em mim, então espero que essa narrativa que eu tenho construído esteja fazendo sentido para vocês. ;)

Lembrem-se de dizer o que estão achando nos comentários. Infelizmente, ainda tem muita gente lendo sem comentar, e isso é desestimulante para qualquer escritor. Então, por favor, deixem de vergonha e de preguiça e digam o que estão achando. A opinião de vocês é muito importante para mim. :)

Beijos e até a próxima.