Uma Nova Vida - Peeta e Katniss escrita por MaryG


Capítulo 30
Capítulo 30


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Esse é o primeiro capítulo que posto esse ano, então eu gostaria de desejar um feliz 2017 para todos vocês!

Eu gostaria também de agradecer a todos que comentaram no último capítulo. Eu recebi mais comentários do que eu andava recebendo, e isso me deixou bem satisfeita. Sei que as coisas por aqui não vão mais ser tão movimentadas quanto no início, pois sempre que uma série acaba, alguns fãs perdem o interesse. Mas eu fico feliz de poder contar com vocês, que continuam aqui me incentivando. Muito obrigada por isso. :D

Eu escrevi esse capítulo com muito carinho e espero que vocês gostem.

Boa leitura!



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Após um tempo que não sei precisar, eu acordo sobressaltada com o som da campainha. Eu fico confusa por um momento, mas logo consigo me situar do que está acontecendo.

Com cuidado para não acordar Lily, que continua dormindo em meus braços, eu me levanto do sofá e vou até a porta. Quando a abro, é Haymitch quem vejo à minha frente. Instantaneamente, meu coração começa a acelerar de ansiedade.

— Docinho, eu não pretendia vir aqui de novo hoje, mas vi a luz acesa e decidi vir te contar uma coisa.

— O quê? – pergunto, a ansiedade em meu corpo beirando o insuportável.

Ele dá um suspiro profundo e começa:

— Bem, eu não sei se deveria te contar isso, porque ainda tá um pouco cedo e...

— Fala logo, Haymitch! – peço impaciente.

Ele dá um sorriso e diz:

— O garoto teve uma melhora.

Uma melhora.

Peeta teve uma melhora.

Após passar um dia inteiro sofrendo por antecipação, isso certamente não era o que eu acreditava que fosse ouvir.

Um misto de sentimentos me invade. Eu sinto esperança e alívio, mas também sinto medo de criar algum tipo de expectativa e depois sofrer ainda mais. Cada sentimento compete por espaço em meu peito, o que me deixa num estado de completa confusão.

— Docinho, você tá bem? – pergunta Haymitch, me tirando do meu transe.

— Eu... Você disse que Peeta teve uma melhora?

— Sim – confirma ele. – Ele está se sentindo melhor do que hoje de manhã, e já está sem febre. Os médicos estão testando um antibiótico novo da Capital nele, e ao que tudo indica, está fazendo efeito. Amanhã, eles vão fazer uns exames para confirmar.

— Tudo bem – digo, sem saber se devo ignorar o meu sentimento de esperança ou me agarrar a ele.

— Eu sei que ainda é cedo para saber como vão ser as coisas, mas o cenário de agora está muito melhor que o de hoje cedo – diz ele com sinceridade.

— Sim, você tem razão. Eu só tenho medo de...

— De criar expectativas e se decepcionar – Haymitch completa por mim. – Eu entendo. Mas vamos dar tempo ao tempo e ver o que vem por aí.

— É, você tá certo. De qualquer maneira, obrigada pela notícia.

— Por nada, Docinho. Bem, agora eu preciso ir. Vamos ao hospital amanhã?

Eu fico calada, sem saber o que responder. Não sei se estou pronta para ver meu marido naquela situação novamente, embora saiba que esse seja o mais certo a fazer. Além disso, eu não quero ficar longe de Lily. Não depois do que aconteceu hoje.

— Tudo bem. Se você não for, eu trago notícias – diz Haymitch, percebendo minha hesitação.

Eu assinto com a cabeça.

— Obrigada, Haymitch.

— Por nada. Boa noite, docinho.

— Boa noite.

Ele se vira e vai embora, me deixando novamente a sós com a minha filha.

Uns minutos mais tarde, quando estou deitada com Lily em minha cama, meus pensamentos vagam para a situação de Peeta. Será que ele vai mesmo se recuperar? Será que ele vai voltar para mim, como antes?

É possível que sim, mas também é possível que essa melhora seja apenas uma daquelas melhoras que antecedem o pior. Essa última possibilidade me deixa tão perturbada que eu simplesmente decido esvaziar a minha mente e me entregar ao sono (para meu alívio, sem pesadelos).

No dia seguinte, eu opto por ficar com Lily em vez de ir ao hospital, como era de se esperar. Eu passo o dia tentando focar em outras coisas, e não me permito nem pensar no pior nem me encher de expectativas.

À noite, Haymitch mais uma vez traz boas notícias: Peeta continua sem febre e seus exames mostraram que a infecção está regredindo. E se ele continuar assim, logo, logo sairá da UTI.

Eu fico esperançosa, mas não deixo esse sentimento crescer, com medo de me decepcionar. Mais uma vez.

No outro dia, eu decido ir ao hospital. Não por estar realmente confiante de que tudo vai dar certo, mas sim pela consciência de que não posso deixar que meu medo de sofrer fale mais alto que o que eu sinto por Peeta. Eu preciso estar do lado dele. Não importa o que aconteça.

Quando chego lá, no final da tarde, sou surpreendida com a notícia de que ele está bem melhor. E que conseguiu se alimentar. E que foi liberado da UTI. E que perguntou por mim.

Eu me sinto feliz, aliviada e também um pouco culpada, mas eu ignoro todos esses sentimentos e corro até o quarto de Peeta.

E então eu o vejo, deitado na cama do hospital. Ele ainda está um pouco abatido, mas é visível que ele está muito melhor que antes.

— Katniss! – ele exclama quando me vê, abrindo um sorriso.

Sem me importar com nada, vou até a cama dele e praticamente me jogo em cima dele, abraçando-o forte e enterrando minha cabeça em seu pescoço.

Eu posso sentir a pele dele na minha, o calor que emana de seu corpo, o seu cheiro. E assim eu percebo que o pior já passou. Peeta está aqui, vivo e se recuperando. Ele está comigo, como prometeu que sempre estaria.

Depois de um tempo que não sei precisar, eu sinto as mãos de Peeta me levantando delicadamente pelos ombros, afastando-me dele. Quando olho para o rosto dele, vejo uma expressão de preocupação.

— Meu amor, eu não sei se é seguro você me abraçar. Eu ainda estou doente.

— Eu não me importo – digo com firmeza. – Eu precisava sentir que você está mesmo aqui. Eu tive tanto medo de te perder...

E então eu choro. Não de tristeza, mas de alívio. Alívio esse que agora eu finalmente estou me permitindo sentir.

— Oh, meu amor. Eu prometi que você nunca ia me perder, lembra? – diz ele com ternura.

Eu assinto com a cabeça e enxugo minhas lágrimas.

— Pois bem, eu sempre cumpro o que prometo. Você não vai me perder. Logo mais, eu estarei em casa.

Ele diz isso com tanta convicção que eu acredito. E alguns dias depois, ele me prova que estava certo. Os médicos lhe dão alta e eu posso, enfim, levá-lo para casa.

Quando atravesso a porta de entrada do hospital, de mãos dadas com Peeta, eu sinto uma felicidade tão grande que parece que eu vou explodir. Isso é real. Nós realmente estamos voltando para casa.

Ele ainda está se recuperando, mas os médicos me garantiram que ele está totalmente fora de perigo. A infecção que ele teve foi resistente, mas já cedeu.  Eu realmente não irei perdê-lo. E tudo há de ficar bem.

— Eu não prometi que ia voltar pra casa logo? – diz ele, como se lesse os meus pensamentos.

— Sim – digo, apertando a mão dele afetuosamente. – E você cumpriu sua promessa.

Ele sorri para mim.

— Bem, agora vamos lá. Eu estou louco para ver a minha princesinha.

— Ela também deve estar louca para ver você – digo, sorrindo.

***

Quando chegamos em casa, Annie, Finn e Haymitch estão à nossa espera, juntamente com Lily.

Ela está sentadinha no chão da sala, brincando distraidamente com os seus brinquedinhos. Peeta corre até ela, ansioso por vê-la.

— Princesinha? – ele chama por ela, e na mesma hora ela levanta a cabecinha na direção dele.

— Pa-pai – diz ela, estendendo os bracinhos para ele.

— Você falou “papai”, princesinha? – indaga ele, claramente emocionado. – Venha cá.

Ele a pega nos braços e a abraça forte, enchendo-a de beijos. Não existe mais a possibilidade de ele transmitir a infecção a outra pessoa, então ele pode ficar com a nossa filha o tanto quanto quiser.

E eu fico lá, assistindo à cena enquanto lágrimas me escorrem pelos olhos. Eu tive tanto medo de o pior acontecer. Tanto medo de que Peeta nos deixasse. E agora tudo está bem. Ele está aqui, conosco. E a partir de agora, o que aconteceu ficará no passado e servirá apenas de experiência para mim.

Hoje, eu julgo menos a minha mãe. Hoje, eu sei que sou mais forte do que pensava e que sempre posso tentar reagir. Hoje, a noção de que coisas boas podem me acontecer está mais forte em mim.

E tudo isso há de fazer diferença na minha vida.

***

 O tempo vai passando, e com ele, Peeta vai ficando cada vez melhor. Quando chega o tão esperado dia em que Lily completa um aninho, ele já está totalmente recuperado e cheio de disposição para comemorar o primeiro aniversário dela.

Quando eu acordo, bem cedinho da manhã, ele já está sentado na cama, me olhando com uma expressão de alegria em seu rosto inchado pelo sono.

— Eu já ia te acordar – diz ele, animado. – Hoje o é aniversário de Lily!

— Eu sei. Bom dia pra você, também – digo, rindo.

— Ah, bom dia. Desculpe, é que eu estou muito animado – diz ele, também rindo.

— Percebi – digo num bocejo, sentando na cama para me espreguiçar.

— Vamos logo dar o presente dela? – pede ele, ansioso. – Está quase na hora de ela acordar.

Eu rio novamente.

— Sim. Mas primeiro, nós vamos escovar os dentes e lavar o rosto. Temos que estar apresentáveis para ela.

— Sim, claro – ele ri.

Depois de fazermos nossa higiene matinal, nós rumamos para o quarto de Lily. Quando chegamos lá, somos surpreendidos pela visão dela em pé no berço, segurando as grades com suas mãozinhas gorduchas. Ela já está bem acordada, como se sentisse que hoje o dia é especial.

— Pa-pai! Ma-mãe! – diz ela ao nos ver, dando um enorme sorriso. E eu sinto algo se derreter em meu coração, como em todas as vezes que ela nos chama assim.

— Cadê a princesinha do papai que está completando um aninho hoje?! – diz Peeta em tom de animação, fazendo Lily dar risadinhas.

Ele a tira do berço e a pega no colo.

— Feliz aniversário, princesinha – diz ele a ela, beijando sua cabecinha. – Você foi a melhor coisa que já aconteceu na minha vida e na vida da sua mamãe.

Quando eu o ouço dizer isso, meus olhos se enchem de lágrimas quase que instantaneamente. Isso é a mais pura verdade. Lily foi, sem dúvidas, a melhor coisa que já aconteceu na nossa vida. Eu já tive muitas dúvidas quanto a ter filhos, mas hoje, não existe nenhum tipo de arrependimento. Escolher tê-la foi a melhor decisão que eu tomei na minha vida, e agora, um ano depois, essa certeza é ainda maior.

Com lágrimas descendo pelo rosto, eu coloco o presente de Lily em cima da cômoda e me volto para ela e o pai. Eu a envolvo em meus braços, ela entre mim e Peeta como um sanduíche.

— Feliz aniversário, meu amorzinho – digo, também beijando sua cabecinha. – A mamãe te ama muito.

— E o papai também – diz Peeta.

Eu olho para ele e percebo que seus olhos azuis estão marejados. Mas antes que a gente se entregue de vez ao clima emocional, Lily começa a espichar o pescoço para ver a caixa colorida que está em cima da cômoda, o que atrai nossa atenção.

— Você quer o seu presente, não é? – digo, rindo.

— Não sei quem está mais ansioso: Ela para ganhar o presente ou eu para dar – diz Peeta, rindo.

— É um páreo duro – digo, e em seguida me afasto dos dois e vou até a cômoda para pegar o presente.

Quando eu chego perto de Lily com a caixa, seus olhinhos azuis parecem faiscar de curiosidade.

— Olha que caixa mais linda, filha! – exclama Peeta. – O que será que tem dentro?

Ela começa a erguer as mãozinhas na direção da caixa, extremamente curiosa.

— Calma, filha – digo, rindo. – A mamãe já vai abrir.

Eu abro a caixa e tiro de dentro o presente. É um lindo ursinho de pelúcia, um pouco menor do que ela. Peeta o viu para vender numa loja de brinquedos lá na cidade alguns meses atrás e ficou louco para dá-lo a Lily, certo de que ela ia adorar. Mas como ela era menor que o ursinho na época, ele decidiu comprá-lo e guardá-lo até que ela completasse um ano. O que explica a ansiedade dele.

Assim que vê o ursinho, ela arregala os olhos de surpresa e depois dá risadinhas.

— Olha que ursinho mais lindo, filha! – exclama Peeta.

Eu coloco o ursinho nos braços de Lily e ela o abraça bem forte.

— Eu não disse que ela ia adorar? – diz Peeta, satisfeito.

— Acho que alguém achou um amiguinho inseparável – digo, rindo.

— Tá parecendo mesmo – ele ri.

Pelo resto do dia, nós nos dividimos entre brincar com Lily e preparar as coisas para a pequena festinha em comemoração ao aniversário dela. No final da tarde, iremos receber amigos próximos e servi-los de bolo e salgadinhos.

Porém, quando estamos no começo da tarde, brincando no chão da sala com Lily, a campainha toca.

— Ué, quem será? – indaga Peeta, confuso. – O pessoal não vinha só mais tarde?

— Sim – confirmo. – Não sei quem pode ser. Deixa eu ir lá ver.

Eu me levanto e vou até a porta. Quando abro, fico bastante surpresa com o que vejo à minha frente.

— Olá, Catnip – diz Gale, segurando nos braços um lindo bebê que parece bastante com ele.

— Gale?!  – exclamo. – Esse aí é o...

— Noah – ele completa por mim. – Isso mesmo. Eu vim visitar minha mãe e achei que vocês iam querer conhecê-lo, assim como eu quero conhecer a filha de vocês.

— Sim, claro! – digo, sorrindo. – Eu não estava esperando, mas foi ótimo você ter vindo. Venha aqui.

Eu o seguro pelo cotovelo e o conduzo para dentro da minha casa.

— Gale?! – exclama Peeta assim que o vê à sua frente.

— Olá, Peeta – diz Gale, parecendo um pouco constrangido.

Peeta levanta do chão, pega Lily nos braços e vem até nós.

— Eu não tinha ideia que você estava por aqui. Mas que bom que você veio nos visitar – ele olha para o bebê. – E que trouxe esse rapazinho junto.

Peeta diz isso com tanta simpatia que eu posso ver as feições de Gale se relaxarem.

— É, eu vim visitar minha mãe e decidi vir aqui para vocês conhecerem o Noah. E também para eu conhecer a Felicity – ele olha para Lily. – A propósito, ela é muito linda.

— O seu filho também é muito lindo – diz Peeta com doçura. – Com quanto tempo ele está?

— Vai fazer 9 meses – responde Gale, orgulhoso. – E ela?

— Está completando um aninho hoje – digo, me sentindo orgulhosa.

— Nossa! – exclama ele. – Isso tudo? Parece que foi ontem que eu fui avisado de que ela nasceu.

— Passou muito rápido, realmente – comenta Peeta.

— Neném! – diz Lily, atraindo nossa atenção. Ela ergue sua mãozinha na direção de Noah, como se quisesse tocar nele.

E ele parece entender o interesse dela por ele, pois fica olhando na direção dela e balbucia uns sons ininteligíveis.

— Acho que eles querem brincar – digo, rindo.

— Tá parecendo mesmo – diz Gale, também rindo.

— Vamos colocá-los juntos no chão – sugere Peeta. – Tem vários brinquedinhos ali atrás. Acho que eles vão gostar.

— Boa ideia – concorda Gale.

Peeta e Gale colocam os bebês no chão e na mesma hora eles começam a brincar, como se se conhecessem há tempos.

— Parece que eles gostaram mesmo um do outro – comenta Gale, sorrindo.

— Sim – concorda Peeta. – Acho que vão ser amiguinhos.

— Isso seria ótimo – digo. 

E então nós três ficamos lá parados, assistindo aos nossos filhos brincando. Mas em determinado momento, uma ideia me ocorre: Será que eu deveria chamar Gale para a comemoração do aniversário de Lily? Nós não temos a mesma amizade de antes, mas está claro que Lily está adorando ter uma companhia da idade dela.

Como se pudesse ler os meus pensamentos, Peeta decide o meu impasse por mim:

— Gale, mais tarde nós iremos fazer uma comemoração pelo aniversário de Lily. Você gostaria de vir com o Noah?

— Er, não vai ser um incômodo? Digo, vocês nem mesmo sabiam que eu ia estar aqui no 12.

— Não vai ser incômodo nenhum, Gale – digo. – Você pode vir.

— Isso mesmo – concorda Peeta.

— Bem, se é assim, eu venho com ele.

— Ah, e você pode trazer sua esposa também, se quiser – diz Peeta.

— Tudo bem – ele sorri.

Conforme o combinado, ele vem para a festinha de Lily, trazendo consigo Noah e também sua esposa.

Eles ficam pouco tempo, mas a estadia deles é bem agradável. A esposa de Gale é muito simpática, e é visível que Gale se sente mais à vontade conosco com ela por perto. E Noah fica novamente brincando com Lily, deixando-a bem contente.

E ao ver esse cenário, mais uma vez eu fico pensando se minha filha e o filho de Gale irão nos ligar um ao outro novamente.

E ao que parece, a resposta é sim.


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Notas finais do capítulo

É isso, pessoal. Lembrem-se de dizer nos comentários o que estão achando, e também de recomendar a história, caso a achem boa. ;)

Beijos e até a próxima.

Ps: Do próximo capítulo em diante, a história entrará numa nova fase. Preparem-se. :D