Uma Nova Vida - Peeta e Katniss escrita por MaryG


Capítulo 28
Capítulo 28


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Vim postar mais um capítulo para vocês. Eu planejava postar antes, mas terminei optando por mudar alguns detalhes e a postagem atrasou. Espero que entendam.

Agradeço a todos que comentaram do último capítulo para cá e, em especial, à leitora ThaiGomes, que recomendou a história. Obrigada, Thai!

Espero que gostem do capítulo.

Boa leitura!



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— Peeta, ela mamou agora há pouco, mas caso ela tenha fome, você pode dar a ela o leite que eu tirei ontem, certo? Já tá na geladeira. É só você despejar no copinho.

Ele ri pelo nariz.

— Katniss, é a milionésima vez que você diz isso. Eu entendi na primeira, sabe.

— Eu sei... é que eu estou com receio de deixá-la – admito, ligeiramente envergonhada.

Ontem à noite, Peeta insistiu que eu fosse caçar, com o argumento de que eu estou há quase um ano sem ir à floresta e de que eu mal vi a rua desde que Lily nasceu. Sei que ele está certo, tanto que concordei em ir e me preparei para tal, mas não posso evitar o sentimento de insegurança que a perspectiva de deixar minha filha está causando em mim.

Nos três meses desde que ela nasceu, eu nunca fiquei longe dela. Estive por perto em todos os momentos, sempre pronta para lhe fornecer alimento, colo e cuidados de mãe. Sei que Peeta é totalmente capaz de cuidar dela por conta própria, mas eu tenho receio de que ela não fique bem sem mim. De que ela se sinta abandonada ou algo do tipo.

— Katniss – começa Peeta, tirando-me dos meus pensamentos –, ela vai ficar bem. Quando eu fui à padaria ontem, você ficou aqui, com ela. Agora é a minha vez de ficar com ela para você ir fazer suas atividades. Nossas obrigações são compartilhadas.

Não digo nada em resposta, pois sei que ele tem toda razão. Simplesmente assinto com a cabeça e em seguida tiro Lily de sua cadeirinha e a seguro em meus braços.

— Meu amorzinho, a mamãe vai sair, mas ela volta logo, viu? – digo para a minha filhinha, olhando bem em seus olhos azuis.

Em resposta, ela me dá um sorrisinho desdentado que derrete o meu coração. Quase desisto de ir caçar, mas ao me lembrar do que Peeta disse, eu simplesmente beijo a cabecinha dela e a coloco de volta em sua cadeirinha.

— Bem, acho que agora eu vou indo – digo.

Peeta parece notar a tensão nos meus olhos, pois logo diz:

— Meu amor, não se preocupe. Ela vai ficar bem.

— É, você tá certo. Eu volto logo.

Eu me aproximo dele e lhe dou um beijinho nos lábios. Depois eu visto minha jaqueta, pego a bolsa de caça, a aljava de flechas e o arco e me encaminho para a floresta.

No meio do caminho, eu posso sentir os olhares curiosos de algumas pessoas em mim. Sei que elas provavelmente estão pensando como eu estou, onde está o meu bebê e coisas do tipo. Mas eu simplesmente ignoro isso e continuo o meu percurso.

Quando eu atravesso a cerca e finalmente estou dentro da floresta, um suspiro de prazer me escapa dos lábios. É maravilhoso estar aqui novamente, entre as árvores, com a brisa fria de início de inverno tocando meu rosto e o cheiro de flores, plantas e terra invadindo minhas narinas. Eu me sinto feliz, leve e em paz, e por um momento, eu esqueço tudo o que está lá fora.

Devido ao tempo frio, eu não acho muitos animais, mas consigo abater dois perus selvagens. Depois, eu decido me dedicar a colher flores e frutas que eu sei que são abundantes nesta época do ano.

Quando estou terminando de colher uns belos morangos que eu achei, a sensação de algo molhado no meu seio esquerdo atrai a minha atenção. Eu fico confusa por um momento, mas logo me dou conta de que deve ter vazado leite do meu peito porque passou da hora de Lily mamar.

Sei que deixei leite para ela em casa e que Peeta está lá para cuidar dela, mas mesmo assim eu paro o que estou fazendo, pego meu arco e minha pesada bolsa de caça e rumo para a cerca às pressas.

Quando chego em casa, tudo está silencioso e não há nem sinal dos dois. Intrigada, eu coloco o arco e a aljava no chão da sala e me encaminho para a cozinha para deixar as coisas que eu trouxe da floresta. Assim que entro lá, eu vejo Peeta em frente ao fogão, preparando alguma comida.

— Ah, aí está você – digo, me encaminhando para a mesa.

— Ué, já voltou? – pergunta ele, franzindo o cenho.

— Eu já peguei tudo o que eu queria – digo, mas pela cara de Peeta, eu sei que ele não acreditou no que eu disse.

— Katniss... – diz ele numa voz cantada, com a expressão de quem está segurando o riso.

— Tá bem! Eu admito. Meu peito estourou, okay? – digo, ligeiramente aborrecida por ele me conhecer tão bem.

Ele dá uma risada, o que me aborrece ainda mais.

— Katniss, você deixou leite pra ela! Qual a necessidade...

— Eu não queria deixar a coitadinha sem o peito – explico, e as feições de Peeta se relaxam numa expressão de compreensão.

— Eu entendo. É coisa de mãe, mesmo. Mas você deveria se cobrar menos.

— Onde Lily está? – pergunto, ignorando a afirmação anterior de Peeta.

— Lá em cima, tirando uma soneca – responde ele, mexendo na panela. – Eu trouxe a extensão da babá eletrônica aqui pra baixo, mas não ouvi nada até agora. Ela ainda não acordou.

— Bem, então eu vou deixar isso aqui – aponto para a bolsa de caça – e vou tomar um banho. Quando ela acordar, eu dou o peito a ela.

— Tá certo, mamãe – diz ele, rindo.

Mais tarde, enquanto estou dando de mamar a Lily na poltrona do quartinho dela, eu ouço batidinhas no umbral da porta. Ergo a cabeça e vejo Peeta parado à porta, uma expressão de satisfação em seu rosto.

— Tenho uma boa notícia – diz ele, aproximando-se de mim.

— O que é? – pergunto, curiosa.

— Hazelle acaba de ligar. O filho de Gale nasceu.

Uma sensação genuína de felicidade me preenche o peito e um sorriso se forma em meus lábios. Sim, isso definitivamente é uma boa notícia.

— Que coisa boa! – digo com sinceridade.

— Sim, é mesmo! – concorda Peeta. – Ela disse que ele é um garotinho muito forte e saudável. E bonito, também.

— Como ele se chama, Peeta? – pergunto.

— Noah.

— Bonito nome.

— Também achei.

Ele se volta para Lily e em seguida diz:

— Filha, acho que você ganhou um amiguinho.

Ao ouvir isso, imediatamente eu me lembro daquela última conversa que tive com Gale.

— É, talvez sim – digo, sorrindo.

***

O tempo vai passando, e com ele, Lily vai crescendo. Ela descobre suas mãozinhas e seus pezinhos, começa a balbuciar alguns sons e a rir, aprende a se sentar praticamente sozinha, começa a entender melhor as nossas brincadeiras e passa cada vez mais tempo acordada. E eu e Peeta acompanhamos de perto o seu desenvolvimento, felizes por ver que nossa filhinha fica cada vez maior, mais linda e mais esperta.

Quando ela chega aos seis meses de idade, eu sinto uma enorme gratificação por ter conseguido lhe dar amamentação exclusiva pelo prazo recomendado pela pediatra. Algumas pessoas disseram que seria muito difícil, que eu provavelmente não conseguiria, mas eu me mantive firme no meu objetivo e consegui alcançá-lo, o que me deixa muito feliz.

O período de transição alimentar de Lily não é fácil. As frutas ela até aceita comer um pouco, mas a sopinha de legumes com carne se mostra um verdadeiro problema. Na primeira vez que eu a dou a Lily, ela faz careta, chora, esperneia e se suja a cada colherada, o que me deixa bem nervosa. Mas aos poucos, com muita insistência minha e de Peeta, ela vai se acostumando com a sopinha e com todos os outros alimentos adequados para sua idade.

Um mês depois, ela já está comendo de tudo, mas ainda mama. Eu determinei a mim mesma que iria amamentá-la até quando ela quisesse, pois além de o meu leite ser ótimo para a saúde dela, o processo da amamentação nos une de um jeito muito especial. Sei que ela se sente amada e acolhida quando está ao meu seio.

Quando ela começa a querer engatinhar, eu fico receosa, mas Peeta me garante que ela vai ficar bem e que nós precisamos apenas manter o piso limpo e ficar de olho nela. Eu acato o que ele disse, e depois de um tempo, eu começo até a gostar da visão dela se movimentando pelo chão com suas perninhas e seus bracinhos gorduchos.

— Ela fica tão fofa engatinhando, não é? – comento certa vez.

— Fica mesmo – concorda Peeta, e então se volta para Lily. – Você fica muito linda, princesinha!

Ao ouvir o pai falando com ela, ela abre um enorme sorriso banguela e engatinha na direção dele. Quando ela chega à frente dele, ele a ergue em seus braços e a enche de beijos.

Tudo parece estar indo perfeitamente bem. Até que algo mostra que isso não é verdade: O primeiro dentinho nascendo.

Ela chora, fica sem dormir e chega até a ter febre. Como pais de primeira viagem, eu e Peeta ficamos bem nervosos ao vê-la assim, mas a pediatra nos assegura de que isso é perfeitamente normal e nos dá as recomendações de como cuidar dela e lhe aliviar a dor.

O processo não é fácil, e eu sinto meu coração se apertar a cada vez que a vejo sofrer. Mas eu e Peeta seguimos as recomendações da médica e, aos poucos, Lily vai ficando melhor. Quando mais dentinhos nascem, nós já sabemos o que fazer e então ficamos mais calmos.

Mais um desafio superado.

***

Com suas mãozinhas firmemente seguradas pelas minhas, Lily treina seus passinhos no solo verde da Campina. Hoje é domingo e eu e Peeta a trouxemos aqui para passear um pouco. Durante a semana, nossa rotina é apertada e nós nem sempre temos tempo de dar um passeio com a nossa pequena. Mas nos fins de semana, nós fazemos questão de dedicar uma parte do nosso tempo a isso.

Não é a primeira vez que ela dá passinhos com a nossa ajuda, mas é a primeira vez que ela o faz na Campina. Aqui, ela parece bem mais livre do que dentro de casa ou em nosso jardim. Ela anda com passos mais largos e emite risadinhas de bebê que indicam o quanto ela está satisfeita.

— Você tá gostando de andar aqui, princesinha? – Peeta diz a ela, com a doçura que ele sempre usa para se dirigir a ela.

Eu lanço meu olhar para ele e vejo uma expressão de orgulho em seu rosto, o mesmo orgulho que eu estou sentindo neste momento. Mas também vejo que ele parece abatido, algo que eu não havia notado até agora. Sua pele está pálida e seus olhos estão levemente vermelhos.

Eu paro minha “caminhada compartilhada” com Lily, o que a faz resmungar, e pergunto a ele:

— Peeta, você está bem?

— Hã? – indaga ele, confuso.

Lily continua resmungando e eu decido pegá-la no colo para lhe acalmar. Quando ela já está devidamente aconchegada em meus braços, eu retorno minha atenção para Peeta.

— Você tá abatido. Tem certeza de que tá se sentindo bem?

Ele fica um tempo calado, como se estivesse considerando algo, e então diz:

— Eu estou me sentindo meio mole, mas não deve ser nada de mais.

— Peeta, por que você não falou nada? – digo, indignada. – Nós poderíamos ter ficado em casa.

— Ah, eu queria aproveitar o meu dia livre para passear com a nossa filha – ele explica, e isso me faz compreendê-lo perfeitamente.

— Eu entendo... Mas vamos pra casa agora, então. Você precisa descansar.

— Certo. Vamos.

Quando chega em casa, Peeta vai direto para a cama. A princípio, eu não consigo parar para lhe dar atenção, pois Lily, como todo bebê de 10 meses, exige muito da mãe. Mas assim que eu consigo colocá-la para dar um cochilo rápido, eu corro até o meu quarto, ansiosa para checar como meu marido está.

Eu me sento ao lado dele na cama e começo:

— Peeta, como você está se sentindo?

— Eu estou meio enjoado e indisposto... E com frio, também.

É aí que eu percebo que ele está tremendo. Minha primeira ideia é levantar da cama para pegar um cobertor para ele, mas antes de fazer isso, eu me lembro de checar sua temperatura. Delicadamente, eu coloco minha mão sobre sua testa. Meu estômago se contrai de nervosismo quando sinto que ele está ardendo em febre.

— Peeta, você está com febre – digo, me controlando ao máximo para não transparecer o meu nervosismo. Não quero que ele fique nervoso.

— Deve ser. Eu estou com muito frio. Por favor, traga um cobertor para mim – diz ele, seu queixo batendo de frio.

Meu coração se aperta ao vê-lo assim, sofrendo. Mas disposta a lhe passar segurança, eu digo:

— Tudo bem. Eu vou pegar o seu cobertor. Mas também vou pegar um antitérmico. Essa febre precisa abaixar.

Ele assente com a cabeça.

***

Depois do antitérmico, a febre de Peeta abaixa um pouco, mas ele continua enjoado e indisposto. Eu lhe ofereço comida, mas ele não aceita nada além de uns poucos goles de água.

Quando estamos no meio da noite, a febre dele volta a subir, parecendo ficar ainda mais alta do que antes. Depois de alimentar Lily, lhe dar banho e colocá-la para dormir, eu volto toda a minha atenção para Peeta, disposta a fazer sua febre abaixar.

Eu lhe dou outra dose de antitérmico e peço que ele aceite tomar um banho com a minha ajuda. Depois de muita insistência da minha parte, ele termina aceitando, mas assim que se levanta da cama, ele vomita no chão do quarto, colocando para fora o remédio, a água e qualquer outra coisa que houvesse em seu estômago.

O nervosismo de antes volta a me preencher. Eu já vi Peeta doente algumas vezes desde que ficamos juntos, mas nada desse jeito. A única vez que eu o vi tão mal assim foi na primeira arena, quando ele estava com uma infecção devido ao corte que Cato havia feito em sua perna.

O que será que ele tem dessa vez? Será que é grave? Bem, não vai adiantar eu ficar pensando nisso agora. Eu preciso, antes de tudo, ajudá-lo. Com isso em mente, eu passo meu braço por suas costas, para apoiá-lo, e o conduzo até o banheiro.

Quando ele já está devidamente limpo, eu o ajudo a se vestir e o conduzo de volta à cama. Depois eu fico lá, sentada ao seu lado, tentando forçar minha mente apreensiva a pensar no que fazer com ele.

Eu costumava chamar algum médico domiciliar, mas o problema de Peeta parece ser mais sério do que uma simples virose. E se algum exame for necessário? E se ele precisar tomar soro?

Quando chego a essa conclusão, sei que preciso levá-lo até o hospital na cidade. Mas como irei fazer isso, se não sei dirigir? E com quem irei deixar Lily?

O nervosismo começa a crescer dentro de mim, mas antes que ele me domine por completo, uma boa ideia surge em minha cabeça.

— Peeta, eu vou levar você até o hospital – informo a ele.

— Eu não quero ir – geme ele.

— Você não tem que querer – digo com severidade. – É uma questão de ser necessário. Eu já tenho tudo em mente. Vou pedir para Annie e Finn ficarem com Lily. Se eles puderem, eu vou chamar um táxi noturno e te levar ao hospital.

Peeta diz algo ininteligível em protesto, mas eu o ignoro e vou até o escritório para telefonar para a casa dos nossos amigos. Para meu alívio, Finn prontamente aceita vir tomar conta de Lily, e Annie também. Com isso resolvido, eu telefono para o táxi noturno e dou o meu endereço.

Enquanto o táxi não chega, eu volto ao meu quarto, troco de roupa (e ajudo Peeta a trocar a dele) e preparo uma pequena mala com alguns pertences meus e de Peeta, para o caso de nós termos que virar a noite lá.

Quando o táxi chega, eu o conduzo até a parte externa de nossa casa e nós entramos no carro, partindo para o hospital em seguida.

***

No hospital, Peeta é atendido rapidamente, o que me deixa bastante aliviada. Depois de examiná-lo, o médico diz que ele deve estar com pneumonia, o que me deixa nervosa em cinco níveis diferentes.

— Pneumonia? – exclamo. – Mas ele nem está tossindo!

— Nem toda pneumonia dá tosse – explica o médico. – O senhor Mellark tem todos os outros sintomas, incluindo o de pulmão com secreção. Eu vou passar exame de sangue e raio-X, para que possamos fechar o diagnóstico de forma mais precisa, mas é bem provável que seja isso mesmo.

Olho para Peeta, tentando buscar algum indício de nervosismo no rosto dele, mas vejo apenas a expressão abatida de alguém que está doente e cansado.

— Podemos fazer esses exames logo, doutor? Ele precisa deitar.

— Claro – responde o médico. – Eu já vou solicitar.

Depois de os exames serem realizados, Peeta fica deitado numa cama na sala de observação, tomando soro com antitérmico na veia enquanto nós aguardamos os resultados. E eu fico sentada ao seu lado, segurando sua mão na minha.

— Você vai ficar bem, viu? – digo a ele, e em seguida levo sua mão esquerda aos meus lábios e deposito um beijo no dorso.

Apesar de todo o seu mal estar, ele dá um sorrisinho doce que é bem próprio dele.

— Eu agradeço pelo seu cuidado, meu amor, mas acho que você deveria ficar longe de mim.

— Eu jamais poderia ficar longe de você – digo a ele, sorrindo.

Ele sorri de volta e depois fecha os olhos.

— Isso. Vá descansar – eu solto sua mão e subo um pouco o seu lençol, para que ele fique mais confortável.

Depois de um tempo que não sei exatamente precisar, o médico aparece com os exames. Peeta continua cochilando, então ele me pede que o acompanhe até o corredor para que ele possa falar comigo.

— Então, ele está com pneumonia  bacteriana – diz o médico. – Os pulmões estão alterados e os leucócitos também.

— Isso é muito sério? – pergunto, preocupada.

— Eu não diria que isso é sério, apenas que é delicado. Por enquanto, não há nada alarmante, mas o seu marido precisará de muitos cuidados para que o quadro dele não se agrave.

— Entendo. O que eu preciso fazer?

— Eu prescrevi antibiótico para ele – ele me entrega o papel com a receita e eu seguro –, e você terá que garantir que ele tomará a medicação religiosamente no horário.

— Pode deixar – digo, assentindo com a cabeça.

— Você também terá que garantir que ele se alimente e se hidrate. Com o antibiótico, o enjoo provavelmente irá ceder gradualmente, então ele vai começar a tolerar um pouco de comida e água. Dê a ele o que ele tiver vontade de comer.

— Certo.

— Ah, e só mais uma coisa: Fique atenta ao estado de saúde dele. Vocês podem ir pra casa agora, mas se ele não começar a apresentar nenhuma melhora em até dois dias, traga-o aqui novamente.

— Certo. Obrigada, doutor.

— Não há de quê – ele sorri. – Agora eu vou indo. Lembre-se das minhas recomendações. Boa noite.

— Boa noite.

Depois que o médico se retira, eu retorno à sala de repouso para acordar Peeta.

— Peeta? – chamo-o suavemente, tocando no seu rosto.

Na mesma hora, ele abre os seus olhos azuis, parecendo assustado.

— Ei, calma – digo, rindo. – Só vim te acordar para irmos para casa.

— O médico deixou, então? – pergunta ele, satisfeito.

— Sim. Vou chamar a enfermeira para tirar seu soro e nós iremos.

— Ótimo – ele sorri.

***

Quando saio do hospital, eu passo na farmácia para comprar o remédio de Peeta, e lhe dou a primeira dose logo que chegamos em casa. Nos dois dias que se seguem, eu faço tudo o que o médico recomendou. Com Annie e Finn me ajudando com os cuidados com Lily, eu consigo me dedicar a cuidar bem do meu marido. Eu lhe dou a medicação nas horas certas, faço as comidinhas que ele mais gosta para estimulá-lo a comer e fico sempre por perto, avaliando sua saúde.

Mas a verdade é que ele não parece estar melhorando. Ele continua enjoado e com febre e não come praticamente nada. A princípio, eu tento me convencer de que ele vai ficar bem, de que o antibiótico ainda vai agir. Mas ao fim do prazo de dois dias, quando ele vomita o jantar e reclama de dores no peito, sei que não posso mais me enganar. Eu preciso levá-lo ao hospital.

Contendo o meu nervosismo e a minha vontade de chorar, eu deixo Lily com Annie e Finn novamente e vou com Peeta até o hospital.

Mais uma vez, ele passa por exames e é colocado no soro. Quando o médico chega com os resultados, porém, eu sinto que dessa vez a notícia não será boa.

— E então, doutor? – pergunto, nervosa.

Ele dá um suspiro profundo e começa.

— Bem, o exame de sangue demonstrou que o número de células de defesa do senhor Mellark não cedeu. Pelo contrário, ele aumentou ainda mais. E isso significa que o organismo dele não está reagindo ao antibiótico que eu prescrevi. Por isso ele não só não apresentou nenhuma melhora como também piorou.

— E o que pode ser feito? – pergunto, sentindo um nó crescente em minha garganta. Sei que estou prestes a chorar.

— Nós vamos ter que interná-lo.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Vejam bem, ameaça de morte é crime! Haha!

Brincadeira à parte, eu peço que vocês não se desesperem e confiem em mim. Logo mais vocês vão entender o que eu pretendo com essa doença do Peeta. ;)

Beijos e até a próxima.