Fluxo - JuGil escrita por HJ


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Boa noite meus fantasminhas hahah! Só esclarecendo que o Olavo e principalmente a Marta não serão tão legais quanto na novela, pelo menos não agora no início. Boa leitura!



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(Pov Ju)

– Positivo. - a Fatinha disse, alguns instantes depois que eu ter entregado a ela o segundo teste. Eu fiquei novamente nervosa:

– Meu Deus! - senti meus olhos enxerem-se de lágrimas - Isso não pode estar acontecendo!

– Ju, escuta - a Fatinha estava assustadoramente calma - ainda tem outro teste pra fazer, e vai depender do resultado dele. Você sente dores, certo?

– Sinto dor de cabeça, nas costas, mas pode ser alguma coisa muscular e alguns dias atrás eu senti dor de garganta também. Pensei que fosse porque eu tinha tomado um sorvete e o dia acabou esfriando depois, mas agora eu já nem sei mais. Eu tô toda confusa. - eu estava tão nervosa que comecei a tremer.

– Se acalma, Ju. Aí não tem sintomas só de gravidez, pode ser alguma doença, então fica tranquila. Vai lá, fica um pouco com o Gil, bebe alguma coisa e depois vem aqui fazer o último teste. E não esquece de me chamar.

Ela tinha razão, ficar com o Gil me acalmava, portanto era isso que eu iria fazer. Quando voltei para onde a festa acontecia, vi o Gil tocando guitarra com o Nando e com a Lia, e isso o deixara com um sorriso enorme no rosto, e eu não pude evitar de sorrir também. Ele tinha começado um curso pré-vestibular a pouco tempo, e pretendia cursar desing gráfico, e agora era sustentado pelo aluguel da casa que dividia com a Raquel, a Lia e a Tatá, mas como não tinha grandes despesas aquilo era o suficiente. Não consegui evitar de pensar que um filho viraria nossas vidas de cabeça para baixo. Como a gente sustentaria um bebê se a gente nem se sustentava ainda?

Fiquei algum tempo observando eles tocarem e então voltei ao banheiro com a Fatinha. Fiz o último teste e entreguei-o para a Fatinha, que depois de alguns segundos que pareceram uma eternidade ela disse:

– Ju, eu acho que... - meu coração estava na boca e eu tremia - Eu acho que você tá grávida. - ela falou finalmente.

Eu fiquei extasiada. As lágrimas que a tempos ameaçavam cair enfim o fizeram. Eu comecei a me desesperar:

– Como assim? Fatinha, isso tá errado! Você viu isso aí errado!

– Pode até estar, mas eu acho difícil. Por que você está tão desesperada? - a Fatinha não tinha nem noção do que eu estava sentindo.

– Por que eu estou tão desesperada? Fatinha, acorda! Eu tenho dezoito anos, moro com meus pais, acabei de começar uma faculdade de Moda que a tanto tempo eu sonhava e eu não me sustento! Como que eu vou sustentar uma criança? - percebi que o meu tom de voz estava meio alterado, então resolvi parar para me acalmar um pouco. Nesse meio tempo, a Fatinha indagou:

– Mas e o Gil? Eu tenho certeza que ele vai te apoiar nessa.

– Eu também tenho, mas a quentão não é apoiar ou não. A questão é que o Gil está na mesma situação que eu, se não pior, porque nem na faculdade ele está ainda e o dinheiro que entra do aluguel da casa é o suficiente só para ele. Como que eu vou contar pros meus pais que eu engravidei? - na medida que eu falava, me dava de conta que a situação ficava cada vez pior.

– Eu acho que você deve contar primeiro pro Gil, e depois, junto com ele, contar para os meus sogrinhos.

Eu estava completamente atordoada. Eu precisava dividir aquilo com o Gil o quanto antes.

(Fim do Pov Ju)

(Pov Gil)

A Ju não estava bem a dias e eu havia percebido isso, mas estava esperando que ela falasse para mim o que estava sentindo por vontade própria, sem que eu perguntasse. Deduzi que fosse isso que ela queria fazer quando pediu para ir comigo para minha casa pouco depois do início da festa no Misturama, por isso aceitei.

Chegamos no meu quarto e eu fiquei esperando que ela falasse alguma coisa, mas ela não o fez. Nós dois, geralmente, não éramos do tipo que se incomoda com o silêncio, mas daquela fez isso estava me incomodando, ainda mais quando percebi que ela tremia.

– Você quer me falar alguma coisa, Ju? - perguntei, me aproximando e fazendo carinho no seu rosto.

– Quero - ela falou, simplesmente. Depois, sentou-se em minha cama, apoiou o cotovelo nos joelhos e colocou a cabeça entre as mãos, continuando - Mas não tenho coragem.

Comecei a ficar preocupado. Será que ela estava realmente doente? Sentei-me ao lado dela e a abracei, encorajando-a:

– Pode falar, Ju, eu vou ficar do teu lado.

– Eu sei, é que... - ela falava com a voz embargada. Aquela pausa pareceu pausar junto os meus batimentos - É que eu tô...

– Fala Ju, você tá me deixando angustiado!

– Eu tô grávida, Gil! - ela disse enfim, e começou a chorar. Eu levantei-me, fui lentamente até a parede e lá encostei minha cabeça, procurando colocar meus pensamentos em ordem. Ela me olhava como se esperasse uma resposta e eu, embora assustado com a ideia de um bebê depender de mim, falei, meio gaguejando:

– Eu... eu vou ter um filho? - me aproximei dela e coloquei minha mão sobre a sua barriga - Você sabe o que isso significa? - percebi que a Ju não estava entendendo a minha reação, então me expliquei: - Significa que você, ou o destino, ou Deus, ou quem quer que seja, está me dando uma chance de recomeçar, de ter uma família - não pude evitar que algumas lágrimas caíssem também - A nossa família. - e eu abri um sorriso. Eu estava feliz e queria que a Ju percebesse isso.

Ela acariciou meus cabelos recém-crescidos e comentou, ainda chorando:

– Gil, eu fiz três testes de farmácia, e dois deles deram positivo. Mas eu não estou com sintomas apenas de gravidez, por isso eu preciso o quanto antes marcar uma consulta. - a medida que falava, ela ia se acalmando.

– Alguém mais sabe? - perguntei, querendo logo espalhar a novidade por aí.

– Só a Fatinha por enquanto - vendo a minha cara de quem não tinha entendido nada, ela explicou - Eu fiquei sabendo que estava grávida a poucos minutos, e a Fatinha foi quem estava comigo na hora em que eu fiz os testes. Mas Gil, eu queria contar primeiro para os meus pais e...

– Amanhã eu vou com você, pode deixar - eu não queria que ela se sentisse sozinha nem por um minuto. Ela abriu um sorriso, porém segundos depois voltou a ficar séria por causa da pergunta que faria em seguida:

– Gil, você não tá preocupado? Como que a gente vai cuidar de um bebê se nem eu, nem você trabalhamos? A gente ainda é tão novo - realmente, eu não tinha pensado por esse lado, mas nada iria acabar com a minha felicidade, por isso respondi com convicção:

– A gente vai dar um jeito. E a gente vai ser muito feliz. - quando terminei de falar, puxei-a para um beijo. Queria que ela se sentisse amada na mesma intensidade em que eu estava eufórico: incondicionalmente.

(Fim do Pov Gil)

(Pov Ju)

Voltei para casa ainda um pouco tonta e enjoada, porém muito mais calma. Graças ao Gil, agora eu tinha um conforto. Ele tinha sido perfeito, agindo exatamente como eu precisava que ele agisse. Marcamos para o outro dia pela manhã contarmos para a dona Marta e para o senhor Olavo. Eu estava ciente que ouviria, e muito, mas eu não me importava. Eu teria aquele filho.

Dormi um sono agitado, sentindo frio, o que era estranho se contarmos o fato que estávamos em pleno verão do Rio de Janeiro. Acordei-me ainda sem apetite, com dor de cabeça e pálida, mas essa última eu resolvi com um pouco de maquiagem.

Lá pelo meio da manhã, o Gil apareceu. Eu abri a porta e ele me deu um sorriso que fez parecer que ter que enfrentar os meus pais não era grande coisa, pois tínhamos um ao outro. Ele me deu um rápido selinho e cochichou ao meu ouvido:

– Bom dia, mamãe do dia! - ele estava até bobo, de tão feliz. Esse lance de família era importante para mim, mas parece que era bem mais para ele.

Meus pais já haviam tomado café e naquele momento estavam desfazendo as malas. Estava novamente nervosa, por isso segurei mais firme na mão do Gil. Chamei-os:

– Mãe! Pai! Eu e o Gil... a gente precisa falar com vocês.

Eles apareceram rapidamente e cumprimentaram o Gil. Eu estava apavorada, mas mesmo assim comecei:

– Antes de tudo, queria que vocês soubessem que foi sem que a gente... desejasse agora - minha voz começou a vacilar, então olhei em direção ao Gil, que acenou me encorajando a continuar: - Mas aconteceu. Eu e o Gil... A gente vai... Vai.. A gente vai ter um filho. - falei de uma vez. Como eu deduzia, minha mãe foi a primeira a se manifestar, só não esperava que ela fosse tão dura:

– Filho? Você está grávida, Juliana? - ela não esperou a minha resposta - Grávida? Meu Deus! Onde vocês estavam com a cabeça? Logo você, Juliana? Primeiro você teve a oportunidade de construir uma carreira de sucesso como modelo, mas não, você foi burra o suficiente para recusar! Depois você quase entrou em depressão por causa desse garotinho aí. - olhou para o Gil - Sinceramente, poderia ter escolhido um namorado melhor, né? Ainda mais se já estava pensando em engravidar...

– Como assim, dona Marta? - o Gil deu um passo a frente - A senhora está insinuando que eu não sou bom o bastante para a sua filha?

– Ser bom ou não, agora não importa. Mas o que eu sei de você é o seguinte, meu rapaz: você era apaixonado pela Lia, foi traído, se aproximou a Ju, conquistou a minha filha e ainda engravidou a coitada. Sem levar em conta o fato que você grafita, ou grafitava, de madrugada, e isso dá cadeia, então ainda por cima é marginal, certo? E pobre, porque nem pais você tem para te sustentar. Aliás, como vocês pretendem cuidar dessa criança?

Antes que o Gil falasse alguma coisa, eu intervi:

– A gente vai dar um jeito. - tentei parecer segura disso, mas não sei se consegui.

Minha mãe deu uma risada e disse:

– Pois vocês vão dar esse jeito aí sem a minha ajuda. Olha o que você fez com a sua vida, minha filha! Eu te criei com tanto amor e você desperdiçou tudo isso com uma gravidez? Você queria o que com isso? Segurar o Gil?

– Eu não estou desperdiçando a minha vida com essa gravidez, entende isso - explodi - Eu amo o Gil e confio nele, por isso eu não preciso de artimanhas para segurar ele. E se você não quer participar da vida do seu neto, ótimo, não se envolva. Vai ser até melhor para ele crescer sem ter alguém como você, que fica dizendo o tempo todo o que ele tem ou não que escolher, apenas para realizar os sonhos que você não conseguiu realizar!

Ela me olhou bem nos olhos e disse, friamente:

– Você foi a minha maior decepção, Juliana. Pois agora crie esse filho longe da minha casa!

Ela estava me expulsando de casa por eu estar grávida? Que tipo de mãe eu tinha? Olhei para o meu pai em busca de respostas, mas ele apenas complementou:

– Agora!


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Notas finais do capítulo

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