Fluxo - JuGil escrita por HJ


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, pessoal! Boa leitura!



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(Pov Gil)

Eu não deixaria que a Ju escutasse mais alguma coisa da boca daqueles dois, por isso a peguei pela mão e fui com ela até o seu quarto. Chegando lá, peguei a mochila dela e comecei a colocar algumas de suas roupas. Enquanto arrumava as peças, eu falava:

– Vai dar tudo certo, Ju. Você vai ver, a gente vai criar o nosso filho muito bem, e não vai precisar da ajuda deles. E quando ele estiver nos dando muitas alegrias, os seus pais vão se arrepender, e muito, do que disseram agora!

Como não houve resposta, virei-me na direção da minha namorada e vi que ela chorava. Perguntei:

– Você quer continuar aqui?

– Depois de tudo o que eu ouvi? Eu quero mais é sair dessa casa e fazer a minha mãe engolir cada palavra que ela disse. Eu vou provar pra tudo mundo que eu posso ser a melhor mãe que essa criança poderia ter. - ela ainda chorava, mas pareceu segura do que queria.

Fechei a mochila e coloquei-a no meu ombro. Fui com a Ju para a sala onde a Marta e o Olavo estavam. A mãe da Ju tinha os olhos de quem também estava chorando, mas mesmo assim não retirou nada do que havia dito. Eu não deixaria a Ju sair dali humilhada, como quem não dava valor ao que tinha ou não se importava com os sentimentos da família, então olhei bem para a Marta e falei:

– Você não sabe a garota incrível que a sua filha é porque foi uma mãe ausente. E agora, preste atenção, a gente pode até não ter as melhores condições de criar uma criança agora, como vocês tinham quando a Ju veio, mas pode ter certeza de que a gente vai dar muito amor para ela, ela nunca vai se sentir trocada pelo nosso trabalho ou qualquer coisa do tipo. Nós seremos pais muito melhores que alguns que se acham no direito de nos julgar.

Eles não retrucaram. Ou talvez até retrucaram, mas eu já estava longe junto com a Ju. O caminho até a minha casa ocorreu em silêncio e ele permaneceu quando chegamos ao meu quarto. Ela alegou dor de cabeça e deitou-se em minha cama. Me aconcheguei ao seu lado e ela repousou sua cabeça em meu peito. Continuamos quietos até que ela comentou, ainda chorosa:

– E agora, Gil? Como que a gente faz? Você já parou para pensar que, em questão de meses, a gente vai ter um bebê, frágil e indefeso, dependendo de nós dois? E você também já parou para pensar que a gente mal cuida de nós mesmos? E que agora a gente não tem ajuda de ninguém? - ela estava mesmo preocupada, mas eu estava tanto quanto, então o meio consolo foi também desabafar:

– Já. Já pensei em tudo isso, e quer saber? Não cheguei a conclusão nenhuma. Mas a sua primeira consulta já está marcada pra amanhã. - ela me lançou um olhar perplexo, logo, tratei de me explicar: - Eu contei tudo para a Raquel e ela conseguiu uma consulta para nós com um amigo dela, por um plano de saúde, que graças a Deus, cobre a maioria das coisas de um pré-natal digno. E eu posso conseguir um emprego também. - torcia para que ela se contentasse com aquelas medidas que já haviam sido tomadas. Ela se contentou, mas deu uma sugestão que eu não gostei nem um pouco:

– E eu posso tentar alguma coisa de emprego também, pelo menos até a licença e ...

– Não mesmo. Olha só Ju, a gente tá junto nessa e nas próximas, mas você não precisa fazer isso. Você precisa ficar de boa, sem stress, esperando o nosso anjo chegar. Eu vou dar um jeito de não faltar dinheiro, fica tranquila.

Ela se aninhou mais ainda em meu peito, e aos poucos as lágrimas que molharam a minha camiseta deixaram de cair e ela adormeceu. Devia estar mesmo cansada, depois de tudo que ouvira. Mesmo sabendo que ela não escutaria, confessei ao seu ouvido:

– Eu te amo, minha pequena. E eu vou fazer o impossível para que tudo dê certo.

Fiquei ali, apenas a observando dormir. Ela estava pálida de novo, e um pouco inchada. Achei estranho ela estar tremendo, e quando encostei minha mão em sua testa, percebi que estava quente demais. Eu a acordei para medirmos a temperatura, e ela estava realmente com febre, porém decidiu apenas tomar um remédio que já tinha usado antes e disse que estava bem. E eu acreditei.

(Fim do Pov Gil)

(Pov Ju)

No dia seguinte aos fatos acontecidos, fui a tal consulta. O médico se chamava Sérgio e era muito legal. Fez a ultrassonografia e então eu e o Gil deveríamos ter tido a primeira noção de como estava o nosso filhote, mas nós não entendemos nada daquilo. Por falar em Gil, ele estava super empolgado com a ideia de ser papai. Até mais empolgado do que assustado.

Quase no final da consulta, o Dr. Sérgio perguntou:

– O que você está sentindo? Como o seu organismo está reagindo a essa gravidez?

– No início eu não senti quase nada de diferente, além dos enjoos e das tontura, mas de alguns dias para cá eu tenho sentido muita dor de cabeça, dor nas costas que eu penso até que pode ser alguma coisa muscular, não sei. Também venho sentindo um pouco de dor de garganta. - quando terminei a lista, percebi que ela era um pouquinho maior do que o "comum".

Ele pareceu mudar um pouco de semblante, porém se manteve sério e comentou:

– Certo, eu vou lhe pedir alguns exames, e quando eles ficarem prontos, vocês voltam aqui para que eu possa examiná-los. Apenas um não está incluído no plano de saúde. Tenham um bom-dia.

Peguei a solicitação em mãos e olhei o nome dos exames. Biópsia do cérebro. Tomografia computadorizada do crânio. Ressonância magnética da cabeça. Títulos de anticorpos para a toxoplasmose. Não pareciam exames de uma grávida.

Demorou algum tempo para saírem os resultados, e assim que saíram nós voltamos para o médico. Ele os analisou por alguns instantes e começou a falar:

– As tonturas, os enjoos e até mesmo a palidez são frutos da gravidez, como nós havíamos comentado na outra consulta que vocês tiveram. Porém em relação as fortes dores de cabeça, as dores musculares, a dor de garganta e a febre, bom, quanto a isso eu não tenho boas notícias.


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Notas finais do capítulo

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