Fluxo - JuGil escrita por HJ
Notas iniciais do capítulo
Boa noite,pessoal! Hoje tem especial Brutinha! Boa leitura!
(Pov Gil)
Acordei-me na manhã seguinte um pouco antes da Ju e fiquei observando-a. Ela tinha mudado pouco, apenas o cabelo estava em um corte mais curto e eu tinha visto em sua cômoda óculos, provavelmente de descanso. Ela continuava a Ju que eu lembrava: os mesmos olhos castanhos esverdeados de brilho intenso, os mesmos lábios que eu havia grafitado no meu quarto, e que quando se abriam, exibiam os dentes mais brancos que eu já tinha visto. Sua cabeça repousava em meu peito, e isso me instigou a acariciar seus cabelos. Ainda tinham o cheiro que eu havia sentido pela última vez quando fora chamado. Devo ter feito um movimento brusco, pois ela se acordou.
– Desculpa, é que eu não estou acostumada a lidar com meninas frágeis e delicadas.
– Gil, depois de tudo que aconteceu na minha vida, hoje parece que eu nunca fui desse jeito aí. - ela sorriu, porém pareceu ter lembrado de algo que a deixava triste e perguntou: - A Lia comentou que você se lembrava de ter ficado com uma garota naquela noite que voltou bêbado. É verdade?
– Como eu te disse ontem, Ju, - comecei a me explicar: - Naquela noite eu estava furioso, sai e fiz bobagem. Eu me lembro de ter ficado com uma garota, mas pelo que eu me lembro também, assim que eu pensei em uma certa morena, eu acabei... - ri ao me lembrar da cena - Eu acabei vomitando em cima da coitada.
A Ju acabou rindo também, mas de repente levantou-se, sobressaltada, perguntando:
– Meu Deus, que horas são?
– Tá no meio da manhã. Por quê?
– Porque o Bruno já deve ter chegado, e se não chegou ainda, vai chegar a qualquer minuto. - disse ela, apavorada.
– Relaxa Ju. Eu acho que ele prefere continuar lá no hostel com a Fatinha do que vir aqui nos atrapalhar.
– Seu bobo! - divertiu-se. Eu tinha ela de novo.
(Fim do Pov Gil)
(Pov Bruno)
Acordamos mais cedo cedo do que o previsto, por isso resolvemos assistir um filme para passar o tempo. Observei enquanto a Fatinha colocava o DVD no computador. Ela tinha a capacidade de estar linda mesmo de manhã cedo. Assistimos só os dez minutos iniciais. Não porque o filme era ruim ou qualquer coisa do tipo, e sim porque estar com ela e não beijá-la estava além das minhas forças. Porém a última cena me chamou a atenção: um casamento. Automaticamente pensei na Fatinha desfilando até o altar vestida de branco. Pensei em nós dois ninando nossos filhos, em nós dois sofrendo por eles estarem na balada. Pensei em nós dois bem velhinhos programando o nosso 50º aniversário de casamento. Eu queria aquela vida. Eu queria aquela mulher. Mas eu não demonstraria assim tão fácil os meus anseios, por isso, falei casualmente:
– A gente podia casar né? - esperei alguns segundos pela resposta e como ela não veio, pensei que ela não tinha me escutado. Estava prestes a repetir quando ela reagiu:
– Isso foi um pedido? - seu sorriso estava maior que a boca. Ela estava radiante.
– Foi. - falei meio nervoso.
– Ah não! - O que? Ela disse não? Antes que eu protestasse, ela continou: - Eu esperei tanto tempo por esse momento que agora que ele chegou, tem que ser com direito a tudo.
Respirei aliviado. Consegui até brincar:
– Logo você, Fatinha, toda metida a moderna, quer um pedido formal? Não acha brega? A gente precisa disso mesmo? - testei-a.
– Você eu não sei, mas eu preciso. E vamos logo com isso aí, Brunito! - levantou-se. Ela estava mesmo ansiosa.
Ela queria um pedido a moda antiga? Pois eu então ela teria. Ajoelhei-me aos seus pés,peguei suas mãos e comecei:
– Maria de Fátima dos Prazeres, Fatinha, você aceita dormir e acordar todos os seus próximos dias ao lado desse careta certinho? Você aceita lutar comigo pra construirmos uma vida juntos? Você aceita ter e criar os nossos filhos ao meu lado? Você aceita me fazer o homem mais feliz do mundo por me dar a sorte de te ter como minha mulher? Você aceita se casar comigo?
Percebi que ela segurava mais forte minhas mãos e que lágrimas corriam em seu rosto. Ela disse calmamente:
– É claro que eu aceito, meu moreno! - puxei-a para um beijo, e só quando já nos faltava o oxigênio é que eu soltei-a. Notei que havia me esquecido de um pequeno detalhe:
– Fatinha, eu preciso te contar uma coisa, mas promete que não vai mudar de ideia por causa disso - ela assentiu com a cabeça - Como eu decidi me casar com você a poucos minutos, não deu tempo de compras as alianças e...
– Alianças de noivado? Fala sério Bruno! Coisa mais brega! - Fatinha sendo Fatinha. Imprevisível.
Marcamos o casamento para três meses e meio a partir dali.
(Fim do Pov Bruno)
(Pov Ju)
Já tinha alguns dias que eu estava me sentindo meio inchada, mas no dia do casamento de Bruno e da Fatinha eu acordei pior. Olhei-me no espelho e vi uma garota pálida. Usei um pouco de maquiagem para tentar disfarçar, mas acho que não deu muito certo, pois assim que sai do quarto o Bruno veio ao meu encontro, assustado:
– O que houve, Ju? Você tá bem?
– Tá, tá tudo bem, só to com um pouco de saudade antecipada, afinal, não é todo dia que se casa um irmão, certo? Imagina o vazio que vai ficar essa casa sem você? - e isso não era mentira, eu estava mesmo com saudade.
– Relaxa Ju! Eu saio mas a mãe e o pai vem hoje pro casório e já ficam pra morar. Nem vai dar tempo de se sentir sozinha.
– Ta bem, agora eu vou indo. Eu ainda tenho uma certa noiva pra arrumar!
(Fim do Pov Ju)
(Pov Fatinha)
A Ju fez milagre: melhorou o que já era perfeito. Mesmo não estando 100%, e por mais que negasse, era visível que não estava, ela tinha arrasado.
Assim que eu terminei de me arrumar partimos para a Igreja. O meu pai tinha vindo para o casamento junto com a minha mãe e já me esperava na porta para entrarmos.
A marcha soou assim que demos os primeiros passos. Durante a caminhada até o altar, comecei a pensar sobre nós dois. O moreno estava lá, me esperando. O mesmo que já havia me chamado de erro, furada, bobagem, maluca. O mesmo que já havia me negado, me aceitado, se declarado. Ele me esperava. Eu, que já tinha mentido, armado, brigado, e muito. Eu já tinha até mudado por ele. E ele já tinha mudado por mim. Todas as faíscas que tinham saído de nós dois tinham valido a pena,porque talvez se não fosse por elas, eu não estaria vivendo aquele momento inesquecível.
Consegui desviar o meu olhar dele por alguns minutos e observei nossos padrinhos: Lia e Vitor, Nando e Tizinha, Pilha e Rosa eram os meus. Nélio e Ana, Rasta e Rita, Ju e Gil eram os do Bruno. A Ju aliás, estava se apoiando no braço do Gil, com as pálpebras um pouco caídas. Notei através dos movimentos labiais que o Gil até perguntou se estava tudo bem e ela respondeu que sim.
Cheguei ao altar e o padre começou o benção. O Bruno rapidamente disse o "sim", porém eu resolvi dar um pouco de emoção naquela cerimônia:
– Maria de Fátima dos Prazeres, você aceita Bruno Menezes como seu legítimo esposo, prometendo amá-lo e respeitá-lo na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até o último dia de suas vidas?
– Não... - fiz uma pausa e o Bruno me olhou apavorado. Eu estava adorando aquilo. Continuei: - Não acredito que isso finalmente está acontecendo. Claro que aceito, seu padre!
Senti o suspiro aliviado de todos na minha volta. O meu casamento não podia acabar sem eu ter causado, certo?
(Fim do Pov Fatinha)
(Pov Ju)
Eu não sabia o que estava acontecendo comigo, parecia que eu não tinha forças nem de me manter em pé. Após a cerimônia religiosa, fomos para o Misturama, que estava muito bem decorado aliás. Lá eu fiquei sentada a maior parte do tempo, pois estava me sentindo meio tonta, mas quando a Rosa passou com um suco verde eu senti ânsia de vômito e fui correndo para o banheiro.
Assim que sai, dei de cara com a Fatinha. Ela me puxou para dentro de novo, trancou a porta começou a falar:
– Olha só cunhadinha, o que que tá acontecendo? O que você tem? - ela estava bem preocupada.
– Eu tô bem, Fatinha, relaxa! - eu não ia estragar o casamento deles.
– Ah mas você não está bem mesmo! Faz dias que eu estou te observando e você anda bem... diferente. Além do mais, você tá pálida, e não pense que eu não vi você quase desmaiando lá na Igreja! - ela olhou bem pra mim e falou: - Eu sei que você tava vomitando agora. Pode me dizer o que você tá sentindo.
Decidi que era melhor falar mesmo, vai que a Fatinha me ajudava a descobrir o que eu tinha, né?
– Eu ando meio inchada e com dor de cabeça e nas costas, principalmente. Mas hoje eu acordei pálida, e agora eu vi um suco verde e me deu vontade de vomitar. Eu não sei o que está acontecendo comigo.
– Faz quanto tempo que você está atrasada? - a Fatinha me perguntou, deixando-me confusa com o rumo da conversa.
– O meu ciclo sempre foi desregulado, Fatinha. - foi a melhor resposta que eu achei.
– Você não me respondeu. - ela estava séria.
– Faz uns... - me assustei com o tempo que estava prestes a dizer: - Quatro meses.
A Fatinha ficou apavorada. Eu logo a tranquilizei:
– Não tem como eu estar grávida. Tipo, mínima condição mesmo. A gente sempre se cuida.
– Não teve nem um deslize?
Eu gelei. Não me lembrava direito da noite em que a gente tinha voltado. Mas isso não podia estar acontecendo. Será?
Como não obteve nenhuma resposta minha, ela mandou:
– Corre lá na farmácia e compra uns testes! Vai garota! - assim que eu consegui me mexer, fui e comprei três testes.
Quando voltei, ela ainda estava me esperando. Fiz o teste, porém entreguei-o para ela ver o resultado:
– Negativo. - e uma onda de alívio tomou conta de mim, mas ela me controlou: - Não anima não, ainda faltam dois!
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