Fluxo - JuGil escrita por HJ


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Boa noite! O capítulo de hoje está bem especial, por isso tem até trilha sonora. A música é One - Ed Sheeran. Achei que a tradução fechou direitinho. Ta aí o link: www.vagalume.com.br/ed-sheeran/one-traducao.html



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/543426/chapter/7

(Pov Gil)

– No dia em que você foi chamado, a Ju chegou no Misturama com uma cara que dava até pena. Por dias ela não saia de casa, quando a gente chamava para as festas, ela sempre dizia que não estava no clima, deixou o Dicas de Ju de lado, e não prestava atenção nas aulas, tanto que resolveu parar e prestar só o próximo vestibular. Ela pode até ter te dito que não ia parar a vida dela, mas foi isso que ela fez. E ela nunca deu moral pra nenhum garoto. - dava para ver que a Lia estava sendo sincera, que ela não estava falando aquilo só para tentar defender a Ju. Mas eu ainda tinha minhas dúvidas, e aquele era o momento de tirá-las:

– E aquele beijo ontem? E aquela ação do C.R.A.U? Pelo visto era um rolo antigo...

– Para de ser idiota, Gil! - ela não estava me xingando de verdade, estava só me dando um conselho mesmo - Se você reparar bem naquela foto, vai ver que a Ju estava vendada. Ela nem sabia o que estava acontecendo, e se aquela imagem tivesse continuação, você iria ver que depois daquele selinho, a Ju deu um escândalo gigante, que até chegou a interromper o evento. E ontem? Você ainda pergunta? Olha o estado que o Nélio estava, e olha o tamanho dele. A Ju não tinha como reagir, ela não tem tanta força. Ela gosta muito de você, e você devia saber disso. Ela só queria isso, Gil, uma conversa, uma chance de se explicar. Mas ao invés de fazer isso você preferiu ir para farra, né? - eu estava envergonhado demais para dizer alguma coisa, então ela prosseguiu: - Falando em farra, quando ela soube que você tinha sumido, chegou aqui dois minutos depois, praticamente te arrastando, porque você tava horrível. Então, cara, eu acho melhor que você tomar uma dose de juízo no lugar de uma de tequila, pra ver que se você continuar desse jeito, ela pode se cansar, porque ela te esperou durante um ano, ela abriu mão de muita coisa, Gilberto, por você, e você está fazendo a proeza de jogar tudo isso fora. - é, a Lia havia entrado na fila da sinceridade muitas vezes.

Quando eu tinha tomado aquelas decisões, elas pareciam certas, mas agora tinha ficado claro o quanto eu havia sido infantil, bobo e egoísta. Como eu podia ter duvidado da Ju? Eu tinha que ter visto que o culpado era o Nélio. E se eu a perdesse?

– O que eu faço, Lia? Que horas são? - eu percebi que o meu desespero era evidente na minha voz.

– Agora? Nada. Já é mais de meia-noite, e não adianta você se afobar. Vai ter que reconquistar a Ju, meu amigo. E isso só você pode saber como.

– E eu já sei. - falei, esperando que eu soubesse mesmo.

(Fim do Pov Gil)

(Pov Ju)

Passava um pouco do meio-dia quando a Lia me ligou dizendo que precisava urgentemente ir ao shopping, e que tinha que ser no início da tarde. Achei estranho, afinal fazer compras não era o passatempo favorito da minha amiga, e já que isso era tão raro, eu não podia negar.

Chegamos nas lojas e ficamos um bom tempo observando as vitrines. Eu nunca tinha visto a Lia tão indecisa. Experimentou muitas e muitas combinações, e no fim comprou apenas uma. Fomos comer alguma coisa, e enquanto a Lia mastigava, aproveitei a brecha para perguntar uma coisa que me atormentava desde que tínhamos saído de casa:

– Lia, me diz sinceramente,você acha que o Gil tá em outra?

– Por que você acha isso?

– Porque ele não me procurou, não ligou, não mandou mensagem e nem mandou recado por você. - tentei não parecer nervosa, mas desconfio de que não havia dado certo.

– Sinceramente? Eu não sei. Acho que não faz muito o tipo do Gil ser assim tão... galinha. Mas também ele comentou que tinha uma leve lembrança de ter ficado com uma garota naquela noite que ele sumiu. - ela falou com uma frieza impressionante - Então eu acho que você devia estar preparada pra todo tipo de reação.

Quando eu absorvi tudo o que ela havia me dito, comecei a sentir raiva. Então era assim? Eu passava 12 meses esperando aquele garoto e ele não podia parar alguns minutos para conversar comigo, tinha que sair ficando com a primeira vadia que passasse pela frente? Como ele tinha mudado. O meu Gil pelo menos me daria uma chance de me explicar. Acho que a Lia não viu o efeito do seu comentário sobre mim, pois logo mudou de assunto:

– Me deu vontade de assistir uma filme? Vamos?

– Acho melhor a gente ir para casa, sabe, o Bruno já deve estar preocupado - e era verdade, já estava quase noite. Mas a Lia nem deu importância, e brincou:

– Eu vou te apresentar a uma das invenções mais úteis do homem nos últimos tempos. O nome é celular. - deu uma risada - Vamos Ju, liga aí. Tenho certeza que o Bruno vai deixar.

Ela estava inacreditavelmente certa, porque o Bruno deixou e ainda disse que eu aproveitasse bem e aquilo não era nem um pouco a cara dele. Seguimos para o cinema e lá a Lia escolheu o filme mais longo em cartaz. Infelizmente, eu não consegui prestar atenção no enredo, pois a minha vida já estava bem enredada, então saí do cinema duas horas e alguns minutos depois sem ter entendido nada daquela história de ficção científica. Finalmente fomos para casa. Tinha mandado uma mensagem pro Bruno avisando que já estava chegando, mas ainda sim acreditava que ele poderia me dar uma bronca.

Quando saí do elevador, ouvi alguns acordes de guitarra, mas não dei importância, uma vez que sempre ouvia o Nando dali. Porém eu comecei a ficar nervosa,pois quanto mais eu chegava perto do apartamento, mais o som aumentava.

Abri a porta e vi a casa com as luzes apagadas, porém iluminada pela luz das velas, postas aleatoriamente pela sala. Observei melhor e finalmente o vi, em uma canto do sofá. Ele estava com a guitarra em punho, dedilhando algumas notas. Assim que me viu, deu um sorriso tímido. Eu estava completamente... surpresa. O que ele estava fazendo ali? Por que ele estava ali? Como não esbocei nenhuma reação, ele começou a tocar uma melodia, lentamente. Depois da pequena introdução, começou a cantar, fazendo com que eu começasse a entender alguma coisa a partir da letra da música:

Tell me that you turned down the man
Who asked for your hand
'Cause you're waiting for me

And I know you're gonna be away a while
But I've got no plans at all to leave

Foi como se eu tivesse voltado mais de um ano no meio, e estivesse vendo ali na minha frente o meu Gil, tocando com o Nando no Misturama. Aquele garoto travado, quieto, que tinha encontrado na música uma maneira de se expressar e pelo qual eu era completamente apaixonada. E se aquele era o jeito dele de conversar, e eu já o havia aceitado uma vez, aceitava de novo.

And would you take away my hopes and dreams
And just stay with me

All my senses come to life
While I'm stumbling home as drunk as I
Have ever been, and I'll never leave again
'Cause you are the only one

And all my friends have come to find
Another place to let their hearts collide
Just promise me you'll always be a friend
'Cause you are the only one

Em meio aos versos, ele me olhava. E todo aquele brilho nos olhos que eu pensei que ele tivesse perdido, havia voltado. Notei que realmente por fora ele havia mudado, estava mais forte, mas por dentro, continuava o mesmo. Acho que ele esperava alguma reação minha, mas eu não conseguia. Sabia que se eu resolvesse falar qualquer coisa, as lágrimas que eu estava segurando me impediriam. Por isso continuei só ouvindo.

Take my hand and my heart and soul
I will only have these eyes for you

And you know, everything changes
But we'll be strangers
If we see this through

You can stay within these walls with him
But just stay with me

All my senses come to life
While I'm stumbling home as drunk as I
Have ever been, and I'll never leave again
'Cause you are the only one

Ele, naquele momento, tinha todo controle sobre mim, sobre os meus sentimentos. Na verdade, sempre teve. Quando ele perdeu a Marcela, eu o consolei também um pouco por mim. A minha felicidade dependia da dele, e isso é até um pouco doentio, eu sei, mas eu não posso evitar de me sentir assim.

And all my friends have come to find
Another place to let their hearts collide
Just promise me you'll always be a friend
'Cause you are the only one

I'm stumbling off drunk
Getting myself lost
I am so gone

So tell me the way home
I'm listening sad songs
Singing about love
Where it goes wrong

Eu continuava parada, em pé, ouvindo-o. Mas eu sabia que a música estava acabando, e que eu devia lhe mostrar tudo o que estava sentindo. Mostrar-lhe que eu não deixaria a nossa história dar errado. Eu o amava, e não o deixaria sair dali sem saber disso. Mas eu ainda tinha algum tempo para pensar na coisa certa para dizer.

All my senses come to life
While I'm stumbling home as drunk as I
Have ever been, and I'll never leave again
'Cause you are the only one

And all my friends have come to find
Another place to let their hearts collide
Just promise me you'll always be a friend
'Cause you are the only one


– Gil, eu...

– Espera - ele me interrompeu - Eu tenho muita coisa para te dizer e se eu não falar agora eu posso perder a coragem. Ju, primeiro eu tenho que te pedir desculpas. Por tudo: por ter agido feito um canalha, por não ter te ouvido, e principalmente por não ter dado um soco naquele Nélio por ele ter ousado tocar em você - ele riu, meio nervoso, e eu não pude evitar de sorrir também. Ele estava se aproximando, e nesse momento estava perto o suficiente para que nós nos encostássemos assim que quiséssemos - E agora, eu vou te contar toda a história pelo meu ponto de vista. Desde que eu sai da praça aquele dia, a única pessoa que povoa os meus pensamentos é você, sempre. E você é tão linda, e os homens são tão cafajestes, que eu imaginei mil coisas que poderiam estar acontecendo enquanto eu estava servindo. E sim, eu confiava em você, e não podia ter deixado de fazer isso nem por um segundo, mas é que... - ele parecia nervoso, e sua voz se embargou - É que quando eu desembarquei, e todos tinham suas famílias por perto, menos eu, eu me senti... sozinho, esquecido. Aí eu cheguei na praça e vi o Nélio te beijando... - antes que eu pudesse protestar, ele completou: - E eu sei que você não teve culpa de nada, a Lia já me contou tudo. Mas na hora, eu fiquei com muita raiva e falei tudo aquilo. Eu tava errado. Então eu fui para casa, liguei o computador e me deparei com uma foto sua e do Nélio, de novo, se beijando, e sim, eu já sei também que você não teve culpa. Aí eu sai de casa, enchi a cara, fiz muita bobagem, acho que te tratei mal, mas eu não me lembro direito. Agora eu quero me redimir. Ju, eu estou com saudade da minha amiga, da minha companheira, da minha cúmplice, da minha namorada, do amor da minha vida. Ju eu estou com saudade de você, e não quero mais perder tempo.

Ele pegou a minha mão, beijou-a e aquele pequeno ato fez com que eu me arrepiasse inteira. Em seguida puxou de seu bolso uma caixinha aveludada. Abrindo-a, expôs um par de alianças pratas. Simples, porém lindas. Continuou, meio nostálgico, mas firme:

– Eram dos meus pais. Parece que minha mãe previu o que iria acontecer, pois me deu elas um pouco antes de partir. Ela me disse para não me apressar, que eu saberia quando chegasse a hora certa, a menina certa. Eu acho que chegou. E se você ainda me quiser, e aceitar essa aliança de compromisso em prova do meu sentimento, eu vou ser o cara mais feliz do mundo. - ainda segurando minha mão, ele abriu um sorriso sincero, livre de armadura. O sorriso do qual eu sentia tanta falta.

Estava acontecendo o que eu tinha sonhado tantas vezes. Ele estava ali, de volta. E mesmo depois de todos os acontecimentos, queria retomar de onde havíamos parado. As lágrimas que estavam embaçando minha visão rolaram pelo meu rosto. Ele soltou a minha mão e enxugou-as, sussurrando ao meu ouvido logo após:

– Não chora não... - ele se afastou subitamente e disse, triste: - Se você não quiser aceitar, não me quiser de volta, tudo bem eu vou embora e te deixo se...

– Shh... - eu o interrompi. Ele estava entendendo tudo errado de novo, mas agora eu não deixaria ele ir - Você não vai me deixar coisa nenhuma. Eu te quero aqui, bem perto de mim. Eu te amo!

Dizendo isso, puxei-o para perto, peguei um das alianças e a coloquei em seu dedo. Ele fez o mesmo, e assim que terminamos, ele confidenciou, sussurrando ao meu ouvido:

– Eu te amo! - então ele sorriu como antes. Me olhou nos olhos, fixamente, fazendo com que o meu coração batesse em um descompasso acelerado e perigoso. Mas eu não queria me afastar, por isso envolvi seu pescoço em meus braços, me aproximando ainda mais. E finalmente ele me beijou. E é claro que eu gostaria de dizer a ele mais algumas coisas, e sim, eu sabia que o Bruno poderia chegar a qualquer momento, mas ambas as coisas não tinham mais importância. Nada mais importava. Ele estava ali. Aquele momento era só nosso, e o mundo... bom, o mundo podia esperar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Finalmente, certo? hahaha Críticas? Elogios? Sugestões? Comentem!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Fluxo - JuGil" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.