Fluxo - JuGil escrita por HJ


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura, pessoal!



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(Pov Gil)

– Esses sintomas estão associados a uma doença chamada toxoplasmose, e ela se confirma quando esses exames são analisados. Você pode ter contraído essa doença caso tenha ingerido carne mal passada contaminada, por exemplo. - olhei para a Ju, que estava assentindo com a cabeça, um pouco assustada. Eu ainda estava tentando assimilar as coisas mas estava tudo meio confuso.

– E a gestação? A doença interfere alguma coisa? - a Ju tentou clarear um pouco a situação.

– Se o cisto ultrapassar a placenta e o feto for infectado, poderá sim, trazer malefícios a esse bebê. - nesse momento, eu gelei. Eu já estava tão envolvido com essa criança que eu nem sabia o que fazer caso acontecesse alguma coisa com ela. O Dr. Sérgio prosseguiu: - O que mais acontece são os partos natimortos, ou seja, quando o bebê já nasce sem os batimentos cardíacos. Caso bebê sobreviva, as lesões podem ser várias, como hidrocefalia, cegueira, surdez, convulsões e atraso mental e no desenvolvimento, entre várias outras. - o médico tentava ser o mais claro possível.

Olhei novamente para a Ju e a vi com os olhos marejados. Ela segurou a minha mão e eu percebi que ela não teria condições de falar mais nada, por isso tentei me manter o mais calmo possível e perguntei:

– E qual o tratamento?

– Primeiramente quando há apenas uma suspeita de infecção do feto, nós utilizamos a espiramicina, porém se comprovada a infecção, nós trocamos o tratamento para sulfadiazina com pirimetamina após a 21º semana. - eu entendi pouca coisa daquele discurso, mas pelo que eu deduzi é que não seria nada barato. - A princípio, vocês devem fazer o exame para constatar a infecção do bebê e logo após iniciar o tratamento.

Voltamos para casa desolados. A Ju apenas se sentou em minha cama e chorou, e eu nem preciso comentar que isso me deu vontade de fazer o mesmo, mas eu devia me manter forte, passar para ela a confiança no melhor. Depois de um bom tempo, ela falou:

– Desculpa. Se eu não tivesse comido a droga de uma carne mal passada nada disso estaria acontecendo...

Ela se sentia culpada, e isso me deu pena. Envolvi ela em meus braços e disse, procurando acalmá-la:

– Eu sei que você não quis nada disso, então a culpa não é sua. Fica tranquila, o nosso bebê não vai contrair essa doença aí.

Eu, infelizmente, estava errado. Depois do resultado do exame sair, nós voltamos para o médico e ele passou as suas orientações para Ju:

– Tome esses remédios, procure fazer o mínimo esforço possível, de preferência fique em repouso. Caso sentir alguma dor ou tiver algum sangramento, por favor, não demore em me avisar. Vai dar tudo certo, fiquem tranquilos.

(Fim do Pov Gil)

(Pov Ju)

O médico ainda sugeriu que ficássemos calmos, mas obviamente isso aconteceu nem em sonho. Eu estava seguindo as orientações médicas conforme o combinado, mas isso não aliviava o meu nervosismo. O Gil não estava melhor do que eu, pois ele vinha carregando consigo olheiras profundas e pálpebras caídas de cansaço, porque agora, além de continuar seu curso pré-vestibular do qual ele tinha conseguido um desconto maravilhoso, ele também tinha começado a trabalhar como garçom no Misturama. Acho que o Nando ficou com pena dele, que estava procurando a tanto tempo um emprego e não conseguia. Ainda para completar o caso, ele havia cedido a sua cama para mim, e como ele não queria, nem por acaso, machucar a minha barriga já maiorzinha durante a noite, agora dormia em um colchão ao lado da cama, no chão.

Minha mãe nunca mais me procurou, mas em compensação a Lia, a Fatinha, a Raquel e a dona Paulina estavam me mimando ao máximo. Até haviam comprado uma roupinha branca, linda. Eu só saia da cama para ir às consultas e ao banheiro, o resto todo do mundo vinha até mim.

Falando em consultas, na outra ultrassonografia eu e o Gil já conseguimos identificar o nosso "feijãozinho" e até ouvimos o coraçãozinho batendo. Eu poderia jurar que vi algumas lágrimas nos olhos do Gil, mas ele nega. Aliás, o Gil estava conseguindo se superar como namorado, e eu tinha medo de não conseguir corresponder.

(Fim do Pov Ju)

(Pov Gil)

Algum dia desses, quando eu cheguei da aula, que eu havia transferido para o turno da noite, flagrei a Ju chorando. Quando me aproximei e perguntei o motivo, ela respondeu:

– Ah, Gil, é que você tá aí, tendo que se virar para conseguir dinheiro. Chega cansado e eu não posso nem te fazer um carinho...- percebi onde ela estava querendo chegar. Uma vez insegura, sempre insegura. - E aí eu fico com medo que outra possa conseguir te dar o que eu não consigo. Afinal, faz quanto tempo que a gente não namora? E olha pra mim, Gil! Eu tô horrível!

– Ju, presta atenção - olhei bem em seus olhos, porque queria que ela visse a verdade nos meus - Você tá me dando uma coisa que nenhuma das outras garotas do mundo conseguiria agora: um filho. Sem falar que você pensa que eu sou o que? Um tarado? Eu consigo ficar quietinho um tempo. - ela sorriu. Um sorriso meio fraco, mas já era alguma coisa - E você não está horrível! Tá até mais charmosa!

Ela colocou seu braços em volta do meu pescoço e moveu-se um pouco para frente, encostando a sua testa na minha e em seguida me beijando. Era um beijo calmo, sem grandes urgências, mas mesmo assim me assustei quando ela o interrompeu, apavorada, dizendo:

– Gil!- sua voz estava embargada e seu tom mais alto - Gil! Eu tô... - levou a mão até a coxa, exposta por seu short, e quando ela me mostrou, eu não acreditei - Eu tô sangrando!


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Notas finais do capítulo

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