Uma Tragédia Grega — Com Mortos-Vivos escrita por SirOlavo


Capítulo 2
Chifre de Touro e Policiais Mortos


Notas iniciais do capítulo

Oque acharam da historia até aqui?
Se gostaram, espero que continuem gostando.
Se não, me digam o que não gostaram e eu faço vocês gostarem ^-^



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Acordei em uma casa. Não conseguia acreditar em nada que acontecera antes de desmaiar. Primeiro o Minotauro já parecia fora do comum, mas meus companheiros!? Eles estavam mortos a muito tempo… Eu vi seus corpos caindo pálidos e sem vida de encontro ao chão…

Abri meus olhos lentamente, mas mantive minha respiração calma enquanto observava o quarto em que me haviam colocado. Estaria eu sonhando? Parecia muito real…

Haviam quatro colchões, contando com o meu. A sala dispunha também de um sofá semi destruído e um saco de dormir verde.

Não era exatamente pequena, parecia uma garagem, e dava a ideia de ter havido moveis colocados ali previamente, mas que foram retirados para transformar a sala em um bunker de sobreviventes. Continuei olhando o máximo que podia com o meu angulo de observação limitado — devido ao fato de estar deitado.

Reconheci duas pessoas sussurrando

— Quanto tempo elas irão demorar? — Disse uma voz masculina.

— Não é tão fácil localizar um deus, gui… — Respondeu uma voz feminina.

Ao ouvir o nome “Gui” soube com um choque quem eram as pessoas que conversavam.

— É fácil ser localizado pelos mortos hoje em dia — Rebateu Guilherme.

— Sinto falta de quando eles se restringiam aos cemitérios — Disse Yasmin, triste.

Eu não estava sonhando. Deuses, eu não estava sonhando.

— Eu tenho algumas perguntas sobre pessoas que deveriam estar mortas… — Eu disse enquanto me levantava, tentando ignorar a crescente dor nas costas.

Os dois se viraram estupefatos ao ouvir minha voz, como se fossem eles que estavam vendo fantasmas.

Minha irmã foi a primeira capaz de reagir. Ela correu até mim, me abraçou e sorrindo, sussurrou:

— Temos muita historia para te contar, maninho. Por ora, basta saber que estamos todos bem.

Ela me soltou, e eu ainda estava estupefato demais para conseguir dizer qualquer coisa. Agua subiu até meus olhos, mas me recusei a permitir que ela saísse.

Gui me cumprimentou com um bom e velho “tapinha soquinho”, finalizando o cumprimento com um movimento de explosão e um sorriso sarcástico, que não me permitiu permanecer serio.

Depois de algumas risadas, comecei a encarar eles. Eles pareciam saber o que eu estava pensando. Só precisei verbalizar o pensamento.

— Como estão vivos? Aquele dia… As balas deveriam ter te matado Gui! E você irmã, não existe cura para um corte daquela profundidade…

— Não existe cura conhecida pelo homem. Mas o deus da medicina costuma ceder alguns favores se você pedir com jeitinho, e o ajudar um pouco.

— Apolo? — Os dois assentiram com a cabeça — Então a Grace e a Giselle estão atrás dele…

Eles concordaram juntos novamente. Pareciam um belo casal… Talvez devesse pensar nisso mais tarde. Existiam assuntos mais importantes agora.

— Tem alguem ferido? O Minotauro machucou um de vocês?

Eles não precisaram responder. O jeito como me olharam… Me lembro dele até hoje. Um olhar incrédulo, como se estivessem encarando um cadáver que falasse. Um olhar que me acordou e me fez perceber a grande mancha de sangue em minha barriga. Levantei a camisa e vi que minha barriga estava toda enfaixada, e o sangue aparecia tanto em minha barriga quanto em minhas costas. O lugar onde se fixou o chifre do touro, quando ele caiu em cima de mim.

Me sentei no chão, subitamente tomado pela dor. Não teria muito tempo de vida. Nem os deuses poderiam mudar seu destino.

— Nós vamos te ajudar. Não importa oque aconteça Stoll, você não vai morrer — Disse Gui, antes de perceber que minha irmã queria ficar a sós comigo e sair da sala, por uma escada ao lado de uma porta lacrada com tabuas.

Olho para Yasmin e afirmo:

— Não tenho muito tempo.

Ela acena com a cabeça.

— Mas não vamos desistir. Apolo vai te ajudar! Não irei te perder de novo, não importa oque aconteça.

Ela estava tentando parecer confiante, mas não estava. Nem um pouco na verdade. Mas ela balançou a cabeça para afastar maus pensamentos, e continuou a falar. Me impressionei, comportamento digno de uma grande líder. Pena que eu não viveria para ver ela liderando qualquer coisa.

— Precisamos sair daqui. Nós te esperamos aqui já tem muito tempo, você sabe oque acontece se ficar muito tempo parado… Gui vai te arranjar uma arma, já que não conseguirá usar as suas proprias nesse estado.

Ela me ofereceu a mão para levantar, mas eu me levantei sozinho. Se eu precisasse de ajuda para levantar, como correria?

Segui ela pela mesma escada que Gui usou para sair do quarto.

A escada levava ao telhado do prédio, onde Gui colocava munição em armas e arrumava mochilas. Ele me jogou uma mochila e entregou uma outra para minha irmã. Yasmin pegou um arco de madeira decima de um balcão, com algumas flechas.

Eu não era bom com armas de fogo, mas o garoto me entregou um revolver (mais especificamente, uma Taurus 7.65mm) e pegou para si uma pistola (uma magnum, mas não pude ver o calibre).

Yasmin jogou uma corda para a rua, e desceu apoiando nela. Gui simplesmente pulou, fazendo um rolamento ao atingir o solo.

Olhei para baixo.

Uma casa de um andar, mas que poderia um dia ser considerada grande horizontalmente. Atualmente só restavam destroços, paredes destruídas, buracos causados por explosões no chão…

Segurei a corda e desci de rapel.

Acompanhei os dois, enquanto nos esgueirávamos lentamente pela cidade.

Analizando o sol, eram prováveis duas horas da tarde, e não haviam muitos zumbis nas ruas.

Sempre que um eventual hostil nos detectava, ele era recebido por uma flecha entre os olhos, diretamente do arco de minha irmã. Eu fui instruído a não disparar a menos que estritamente necessário. Como se eu não soubesse quão alto era o som de uma arma, e os riscos que isso traria a minha sobrevivencia. Gosto de sobreviver.

Chegamos a uma casa que aparentava ser uma delegacia. Portas de ferro, janelas negras…

Yasmin puxou uma chave do bolso, que abria a porta. Gui me explicou que haviam marcado com Giselle e Grace de se encontrar ali, e que haviam feito duas copias da chave. O modelo da chave fora um presente… Dado pelo corpo semi-morto de um policial.

Entramos na delegacia, sem dizer uma palavra. Minha irmã se moveu apressadamente pela estrutura, procurando medicações e sussurando algo sobre morfina. Gui procurou a cozinha, e eu me movi até o segundo andar — onde encontrei um quarto, joguei minha mochila e me deitei no chão, apagando com a exaustão.


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Notas finais do capítulo

Me digam oque acharam :D



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