Projeto Cartas - SIREM escrita por Kaline Bogard, Ainda bem


Capítulo 4
Pergaminho 04 - de Remus Lupin para Sirius Black


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :3



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"Caro Sirius,

Devo começar essa carta confessando que me envergonho ao lembrar de minha resposta anterior. Você já carrega um fardo pesado demais, para ser obrigado a suportar reclamações de um velho lobisomem. Vou tentar manter o tom mais animado, porque é o que você fez em Azkaban. Você tinha todos os motivos para desistir da luta, você foi a vítima de nosso mundo injusto. E ainda assim permaneceu forte, como eu sempre soube que seria. Fico feliz que tenha pesadelos em Azkaban. Hum, admito que essa última frase ficou estranha. Eu quero dizer que fico feliz que saiba a diferença do que é pesadelo e do que é realidade. Porque se fosse eu em seu lugar... já teria perdido a sanidade muito antes. E essa sua fortaleza é o norte em minha vida até hoje, Padfoot, a fortaleza que eu preciso. Quando você sabe que está tendo um sonho ruim, sabe que vai acordar. Mas quando sua vida é um sonho ruim... quando você é um lobisomem... o alívio temporário que vem ao nascer do sol nunca será suficiente. E eis me aqui despejando lamentações sobre seus ombros. Perdão. Ler sobre Peter me fez pensar em James e Lily. E no filho deles... Padfoot, seu afilhado é um grande garoto. Para você ter uma ideia: é como olhar uma versão de Prongs (uma versão melhorada, claro) com os olhos de Lily. Harry vai se tornar um grande homem, com grandes amigos. Como eu pensei que aconteceria com todos os Marauders. É difícil prender o suspiro. Tanto pelas lembranças quanto por estar mergulhando novamente em melancolia. E obrigando você a suportar isso. Me atreverei a isso apenas mais uma vez nessa carta. Compreendo sua hesitação em revelar sobre as formas animagas. Porque isso é algo que pertencia a você, algo que Azkaban jamais poderia tomar. Você não correria esse risco, não é? Seria estupidez. E eu confesso que invejei profundamente essa habilidade, Sirius. Não por ver meus amigos se transformando em animais, tal pretensão não pode nascer no coração de um lobisomem. O que sempre invejei foi a capacidade de controlar essas transformações. Meus amigos dominavam a fera. Eu fui dominado por ela. Uma fera ciumenta e egoísta, que não gosta de me compartilhar com ninguém mais. Ela me mantém afastado das pessoas, da normalidade. A fera me afastou de Hogwarts. É, velho amigo. Voltar para a estrada é mais doloroso depois de passar um tempo sob um teto acolhedor. Permanecer vivo soava como um bom plano, Padfoot. Mas dia após dia me pergunto se o preço de sobreviver não é caro demais... você elegeu a vingança como o objetivo que manteria sua sanidade preservada. Viver o bastante para saciá-la não deixa de ser tão bom quanto qualquer outro motivo para continuar vivo. Mas quando se chega aonde eu cheguei... quando eu olho para o futuro e não vejo nada. Nada, Sirus. Nem mesmo vingança me motiva. Por que eu dou mais um passo? Por que eu sigo em frente? Perdão, querido amigo. É impossível não debulhar minhas tristezas sobre você. Sinto que é o único que pode me entender nesse momento. Então é melhor parar por aqui. Pois eu tenho que levantar e dar mais um passo. Ou me afundarei nesse sentimento devastador, sobrecarregado por todas as culpas que carrego, por todos os meus erros, por todas as palavras não pronunciadas. As palavras... chega, é demais para mim. Até mais, Padfoot.

Com saudades,

Moony.

PS: Esqueci de falar: você está brincando comigo, Sirius? Quer falar de bizarrice com um lobisomem? Ah, nem comece...

PS2: Sinto sua falta."


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Notas finais do capítulo

Logo posto a próxima.