Do Outro Lado do Oceano escrita por Laura Machado


Capítulo 60
Capítulo 60: POV Dylan Stroud


Notas iniciais do capítulo

Escrevi ouvindo 'Soldier' do Destiny's Child



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Segundo dia seguido que nós passávamos a tarde enfiados no Salão dos Homens e já era demais para mim. O video game que eles tinham colocado lá pra gente era da hora. Os jogos principalmente. Mas eu já estava sentindo falta de uma certa interação feminina.
Eu sabia que a princesa estava ocupada com o Thor naquela hora e de noite ela sairia com o tenente lá. Então nem me pensava muito em vê-la. Na verdade, mal tinha pensado nela quando decidi que precisávamos de companhia do sexo oposto. Foi só quando uma câmera no corredor me viu e veio me perguntar se eu já tinha marcado um encontro com ela que me lembrei dela.
Mas como ela estava ocupada, eu me preocuparia com isso depois.
O câmera se contentou comigo falando que a competição estava acirrada e que eu estava só esperando a minha chance. Assim que ele se afastou, eu me virei para o lado contrário e comecei a andar. Eu não tinha lugar nenhum em mente, só queria explorar o castelo, ver quem mais trabalhava ali. Eles tinham escolhido as criadas mais velhas para mim e até então eu não tinha tido muita sorte com as que tinha encontrado no meu caminho.
Menos uma. Mas eu ainda não sabia aonde ela estava. Não que eu tivesse procurado desde o dia em que ela tinha me expulsado do quarto dela.
Estava andando em direção ao jardim, quando avistei a família real do lado de fora. Passei reto. Ainda queria falar com o rei, mas não tinha decidido sobre o quê.
Continuei andando. Sem contar pelos guardas que ficavam na entrada de cada corredor, o castelo estava vazio. Cheguei finalmente ao hall de entrada e resolvi continuar por um lado que nunca tinha ido antes. Fui testando caminhos, querendo quem sabe encontrar o caminho das criadas ou talvez as meninas que Alex insistia que viviam no castelo, mas que ninguém tinha visto ainda.
Em certo ponto, tive que parar de andar. Todos os corredores pareciam o mesmo e, sem a ajuda de outra pessoa, ficava difícil saber aonde eu estava. Estava para dar virar e voltar por onde tinha vindo, quando o barulho de duas portas sendo abertas chamou minha atenção.
Era ela. Madison, se não me enganava. Ela não me viu, andava rápido na direção contrária a mim, carregando uma pasta de papel e lendo o que estava nela. Com a confiança renovada, eu voltei a caminhar, rápido o suficiente para alcançá-la, mas ainda fingir que era pura coincidência eu estar ali.
E era. Não?
"Quem te vê frazindo assim não sabe como você fica bonita sorrindo," falei alto.
Ela olhou por cima do ombro como quem não iria parar de fazer o que fazia. Mas quando me viu, brecou. E, por um tempo aí, ela pareceu não saber como reagir.
Mas depois só balançou a cabeça um pouco e voltou a andar.
"O quê? Vai dizer que não lembra de mim?" Perguntei, apressando um pouco mais para chegar ao seu lado. "Vai mentir e dizer que não lembra de mim?"
"Quem dera eu não lembrar," ela disse, quase pra ela mesma, passando algumas páginas na sua pasta.
Eu ri para mim mesmo. Ela se lembrava de mim.
Espera aí.
"Como assim, quem dera?" Perguntei, mas ela pareceu me ignorar. "Por que você iria querer se esquecer de mim?" Quando ela não me respondeu de novo, eu me coloquei na sua frente para bloquear seu caminho. "Eu estava lá naquela noite também. Não adianta vir me falar que você não gostou do que aconteceu."
Dessa vez ela bufou e revirou os olhos. "Não tem nada a ver com gostar do que aconteceu," disse e, logo depois, deu a volta em mim e continuou andando.
"Ainda bem," falei, voltando a segui-la.
"Muito sua cara se preocupar com isso."
"Ei, você não me conhece," na hora em que eu falei isso, ela se virou para me olhar por cima do ombro, diminuindo o passo.
Ela pareceu observar cada centímetro do meu rosto, enquanto eu me fazia de ofendido. A verdade era que não me importava muito. Qual o problema de eu me preocupar com ela ter gostado de ficar comigo? Só tinha protestado para criar uma certa tensão entre nós.
Mas falhei.
"É verdade," ela acabou falando, ao invés de brigar comigo. "Desculpe. Eu ando meio estressada."
Ela apressou seu passo, mas eu não fiquei para trás.
"Eu sei como te fazer relaxar, se você quiser," respondi, quase não conseguindo controlar minha vontade de rir.
Ela parou de andar na hora e se virou para mim. "Escuta bem," disse, praticamente apontando um dedo para mim. "Isso nunca vai se repetir. Nunca, ouviu bem? E o que quer que tenha acontecido precisa ficar entre nós!"
Eu até inclinei a cabeça um pouco para trás, por reflexo mesmo.
"Por quê?" Assim que perguntei, ela arregalou os olhos e me fez me arrepender.
"Por quê? Como assim, por quê?!" Ela olhou por cima do ombro para o guarda que esperava na esquina do corredor. Ele fazia cara de paisagem, mas ela baixou a voz quando voltou a me mirar. "Porque foi errado. E se a princesa descobrir, pode te expulsar. Ou, pior, me demitir."
Ela continuou me olhando por mais alguns segundos antes de se virar para a frente e voltar a andar.
"Desde quando você ser demitida é pior do que eu ser expulso?"
Ela não me respondeu, mas virou a cabeça de um jeito que me fez pensar que acompanhava os olhos que ela devia estar revirando.
Eu mesmo corri para chegar do lado dela. Nós passamos pelo guarda em silêncio e eu lhe fiz um aceno com a cabeça. Mas assim que estávamos a uma distância segura, eu voltei a falar.
"Você não precisa se preocupar," comecei. "Segundo a própria princesa, o que tiver acontecido na festa não importa. Não conta."
Madison parou de andar de novo para me mirar. "Do que você tá falando?"
Dei de ombros. "Ela que veio com esse papo na nossa entrevista. Disse que não está nem aí se os selecionados pegaram alguém na festa ou não."
"Ela falou isso?" Madison apertou os olhos para mim, duvidando.
"Bom, não com essas palavras," assim que falei, ela bufou uma risada. "Mas não importa, não conta de qualquer jeito. Então não tem o que contar. É como se não tivesse acontecido."
Depois de pensar por um tempo, Madison deixou seu olhar cair no chão e concordou com a cabeça. E então, como se tirasse uma nova dose de energia do ar, ela se virou com tudo e entrou na primeira porta que viu.
Eu precisei de alguns segundos para ter certeza de que aquilo tinha acontecido. Mas acabei a seguindo.
Ela nem pareceu se importar quando eu entrei no que parecia ser uma sala de aula gigante.
"Você é professora?" Perguntei, olhando para a lousa que estava atrás da mesa aonde ela se apoiava.
Ou o que eu achava que era uma lousa. Quando cheguei mais perto, vi mil desenhos colados, coisas escritas, realmente uma bagunça que ninguém entenderia.
Ela riu sozinha. "Professora," pensou alto, balançando a cabeça.
"Vai saber," falei, entrando mais um pouco e colocando as mãos no bolso. "Então, o que você faz?"
"Cometo erros," ela disse, soltando o que estava fazendo e vindo até mim.
Eu achei que ela fosse cometer mais um e me animei, tirando as mãos do bolso, pronto para acompanhá-la. Mas ela colocou as suas nos meus ombros e me girou, até que eu estivesse olhando para a porta. Nos primeiros metros, eu a deixei me empurrar, mas acabei parando antes que ela pudesse me fechar para fora da porta.
"Pelo amor de deus, Dylan, você precisa sair daqui," ela disse, tentando me empurrar de novo.
"Como você sabe meu nome?" Quis saber, me virando para ela.
"Uma coisa é a princesa limpar sua ficha no primeiro dia," ela continuou, sem me ouvir. "Outra bem diferente é você ficar errando constantemente!"
Me segurei no batente da porta com as duas mãos, me inclinando pra frente em sua direção.
"Não te considero um erro," falei, olhando tão fundo nos seus olhos que ela tirou as mãos do meu peito para cruzar os braços. Depois deu um passo atrás. "Andou perguntando por aí sobre mim, é?"
Eu também dei um passo em sua direção, entrando inteiro de volta na sala. Ela me olhava como se eu fosse louco, mas antes que tivesse chance de falar alguma coisa, uma outra porta se abriu.
E uma menina mais nova entrou, nos observando. Madison não ficou nem mais um segundo na minha frente, foi até uma arara perto da mesa, tirou um casaco e levou pra menina.
"Maggie, eu preciso que você entregue esse blazer para o Dane Lewis," ela disse, soltando o cabide na mão da menina.
"Eu?" Foi o que a menina perguntou.
Eu aproveitei para me apoiar na parede do lado da porta e cruzar os braços, as observando. A menina olhou de Madison para mim, mas assim que encontrou meus olhos, voltou a mirá-la.
"Sim, você," Madison respondeu. Depois a pegou pelos ombros e arrastou até a porta como tinha tentado fazer comigo. "Agora, vai," terminou dizendo e fechou a porta atrás dela. "Ah, você ainda está aí," foi o que falou quando encontrou meus olhos.
"Finge que não quer me ver, mas fica perguntando por aí de mim," falei, enquanto ela andava de volta à maior mesa que tinha ali.
"Do que você tá falando?" Ela perguntou, mexendo em alguns papéis, sem querer se mostrar interessada.
Eu desencostei da parede e andei até ela sem fazer muito barulho, chegando perto dela por trás.
"Você agora sabe meu nome," falei, bem perto do seu ouvido. "Eu nunca te disse meu nome."
Ela demorou um segundo para responder. Mas acabou se afastando de mim e se virando para me olhar.
"Eu sei o nome de absolutamente todos os selecionados, Dylan," disse, colocando as mãos na cintura. "E sei que você tem 149 centímetros e meio da circunferência do seu peito."
"Como é?"
"Eu sou a estilista oficial do castelo, Dylan," ela continuou, abrindo os braços. "Eu sei todas as medidas de todos os selecionados. Já tinha desenhado três ternos para você bem antes de você chegar ao castelo. Eu não fui atrás de descobrir coisas sobre você. Eu não estou nem um pouco interessada em você." Assim que ela falou isso, fez um gesto para me indicar de corpo inteiro. E seus olhos se perderam em mim por alguns segundos, até ela perceber e voltar a me olhar nos olhos como se colocasse um ponto final no que tinha falado.
"Claro," foi o que eu respondi, mas isso só a fez respirar fundo e voltar marchando até mim.
Ela colocou suas mãos nos meus ombros mais uma vez, me girando e eu a deixei me empurrar até a porta.
"Te vejo mais tarde então, Madison," enfatizei o nome dela, mas ela não fez nada além de bufar mais uma risada.
Dessa vez, eu cheguei a sair pela porta e ela a fechou atrás de mim. Contei até dois e a abri de novo. Madison ainda estava perto, o que era exatamente o que eu queria. De uma só vez, segurei em seu braço e a puxei para mim, só parando quando minha outra mão segurava sua nuca e eu tinha seus lábios nos meus.
Ela não tentou se afastar, mas não retribuiu muito. Também, não lhe dei muito tempo para reagir Logo já tinha me afastado e sorria de lado, antes de me virar e começar meu caminho de volta para o Salão dos Homens.


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Notas finais do capítulo

Só demorei para postar porque estava focando na minha história original! Por causa da fanfic, eu só consegui escrever três capítulos desde julho! Então daqui pra frente os capítulos aqui podem vir menos frequentes porque vou estar compensando um pouco!



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