Do Outro Lado do Oceano escrita por Laura Machado


Capítulo 59
Capítulo 59: POV Thor Boursheid


Notas iniciais do capítulo

Escrevi ouvindo "My Place" do Nelly. Haha, juro! Amo essa música.



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"Larga isso daí!" A voz da Alicia perfurou meus ouvidos na mesma hora em que ela puxou o diário das minhas mãos. "Você tem o resto da vida para ler esses diários, agora você precisa se arrumar!"
"Eu não tenho o resto da vida para ler," disse, a seguindo até a minha mesa, onde ela o deixou. Eu fiz menção de pegá-lo, mas, mesmo de costas para mim, ela percebeu a tempo de empurrá-lo um pouco mais longe. "Vai, eu posso ser eliminado hoje e aí vou ter que voltar a esperar a Sra. Dulland perceber que eu preciso disso para viver e guardar para mim, se é que ele pelo menos existe lá na faculdade..," falei como se pensasse alto, esfregando minha nuca.
Alicia se virou para me olhar como se eu fosse louco.
"É uma longa história," expliquei, antes que ela tivesse tempo de perguntar.
"Se você for eliminado hoje, eu tiro algumas cópias para você," ela disse, indo de volta até a minha cama. "Ou então te conto tudo que tem escrito. Praticamente sei de cor."
"Você já leu?" Perguntei, me juntando até ela, que ajeitava cinco camisas.
"Algumas vezes," disse, dando de ombros. "Normalmente prefiro ficção, mas esse Gregory passou por tanta coisa que eu acho difícil a vida de algum personagem ser mais emocionante. Claro que é como ler a história pelos olhos do vilão, que, como todo mundo sabe, se deu muito bem no final. Faz a gente questionar se finais felizes são realmente o melhor jeito de terminar uma história."
"Mas é por isso que esse diário bom," falei, me sentando por dois segundos na cama. Ela entrou em pânico e me fez levantar quando percebeu que eu tinha amassado uma das camisas. Quando ela foi até o ferro de passar, eu a segui. "É legal entender o que faz uma pessoa ter os planos que ele tinha. Se ele era cego à quantidade de danos que estava causando, ou aceitou deliberadamente causá-los."
"Se você diz," ela falou, se ocupando do ferro. "Eu ainda preferia vê-lo morrendo em uma luta épica com algum mocinho. E que alguém escrevesse um outro diário, do ponto de vista do cara bom."
"Não é literatura," falei, me apoiando na parede do lado da tábua.
Ela soltou o ferro e cruzou os braços. "Tá falando que mais ninguém naquela época escreveu um diário? Eu, se fosse o Rei Maxon, sairia buscando diários de todos que tivessem tido algum contato com o Gregory nos tempo dele. Imagina, seria como montar um quebra-cabeça histórico," ela soltou os braços e fingiu pegar peças invisíveis no ar, montando-as. Quando percebeu que eu a observava, parou. "Que seja. A gente tem coisas mais importantes agora."
"Mais importantes? O que poderia ser mais importante?" Perguntei, só para fazê-la arregalar os olhos para mim.
Infalível. Ela praticamente gritava quando me respondeu com seus braços frenéticos no ar. "Seu encontro!" Ela os balançou. "Com a princesa!" Ela levou as mãos à cabeça, colocando uma coroa invisível. "Daqui uma hora!" Terminou, apontando para o relógio na parede.
"Ah!" Fingi me lembrar, deixando-a ainda mais inconformada. "Verdade, tinha me esquecido!"
"Agora que você se lembrou," ela deu a volta na tábua, deixando minha camisa e o ferro para trás, e veio até mim. "Vamos nos concentrar," ela me pegou pelos ombros e me levou até uma cadeira, onde eu me sentei. "Pelo começo. O que você chamou a princesa para fazer?"
"Hãn, dar um passeio?" Respondi, esfregando a nuca. Alicia só continuou me olhando, esperando o resto da resposta que eu não tinha. "Olha, eu só escrevi para ela me encontrar no hall de entrada."
"Como assim, escreveu?"
Engoli a seco. "Eu mandei um bilhete para o quarto dela," falei.
Vi o exato momento em que Alicia se deixou cair na minha cama do lado dela, praticamente se jogando. E depois passou mais alguns segundos com a cara enterrada no colchão.
"Tá viva?" Perguntei.
"Infelizmente!" Ela respondeu, se recompondo e se levantando. "Bilhete, Thor Strömung Boursheid?"
"Como você sabe meu nome inteiro?"
Ela nem pareceu pensar em me responder. "A princesa não vai escolher alguém que manda bilhetes! Tem que ir na cara e coragem!"
"Eu não tinha muita coragem de pedir pessoalmente," dei de ombros para mim mesmo. "E se ela recusasse?"
"Ela não pode recusar, é regra!"
"Mas e se ela quisesse? Ela me achou criança!"
Alicia fez uma careta, bufando só com o canto da boca e olhando para o teto. Depois voltou a mirar os olhos em mim. "O bilhete não prova nada muito diferente, não é?" Me perguntou.
Eu revirei os olhos. "Eu nem sei pra que eu estou nisso aqui! Ela nunca vai me escolher!"
"Você não sabe disso! Ela te trouxe por uma razão, não precisa entrar em pânico agora," ela andou até mim e se abaixou até que os seus olhos azuis estivessem na direção dos meus. "E se depender de mim, você vai virar o rei dela."
Revirei os olhos de novo. "Desde quando você faz mágica?"
"Com makeovers?" Ela perguntou, se endireitando e cruzando os braços. "Faz tempo," respondeu.
Eu só me deixei bufar uma risada, enquanto ela andava de volta até a cama.
"Eu sou ótima nisso, acredite," ela falava. "Vamos começar a mudar a sua imagem agora. Você precisa parecer mais adulto. Eu cuido da sua aparência, mas você precisa cuidar dos assuntos. Use seu ponto forte."
"Grécia?" Perguntei, debochando, mas ela levou a sério.
"Exato!" Ela se virou para me olhar. "Leve-a para a biblioteca. Fale sobre mitologia grega. Ninguém sabe nada sobre isso a não ser o que vemos no Hércules-"
"Como se aquele filme tivesse alguma informação certa," falei, cruzando os braços.
Mas isso só pareceu animar a Alicia ainda mais.
"Perfeito!" Ela disse, trazendo duas camisas até mim. "Explica o que tem de errado. Conta o certo. E, se não souber, inventa," ela colocou uma camisa na minha frente e fechou um olho, depois trocou pela que estava na sua outra mão. "Sério, ninguém tem tempo para aprender sobre mitologia grega. É tudo muito complicado."
"Nem é tanto assim-" parei de falar na hora que ela empurrou a camisa pra cima de mim. "O que é isso?"
"Veste," ela ordenou. "Preciso ver como fica."
Ela me indicou o banheiro, mas eu preferi não perder muito tempo. Me levantei e puxei a camiseta que usava pela gola até ela estar na cadeira. Alicia desviou o olhar pelo quarto, tentando se distrair com qualquer outra coisa. Só voltou mesmo a me olhar quando eu já estava terminando o último botão da camisa.
"Não," foi o que ela falou, indo até a cama, deixando a que segurava lá.
"Não?"
"Não, não ficou bom," ela voltou até mim, segurando a próxima.
"Outch," eu soltei.
"Vai, essa vai ser melhor," disse, segurando a camisa no ar. "Faz você parecer menos rosa."
"Eu sou rosa?" Perguntei, mas ela só fez um gesto com a mão para me apressar.
Comecei a desabotoar a que vestia, e ela voltou a vagar seu olhar pelo teto do quarto. Quando peguei a camisa da mão dela, uma batida veio à porta, seguida de Valerie, minha outra criada, entrando.
"Como vão os preparativos?" Ela perguntou, vindo até mim. Em seu braço, pendiam algumas gravatas.
"Ah, ótimo!" Alicia disse, seguindo meu olhar até elas. "Ainda bem que você conseguiu terminar a tempo!" Disse, pegando uma roxo escuro. "Meu deus, elas estão lindas! Por que alguém usaria alguma gravata que não fosse de tricô? Deveria ser proibido!"
Eu ainda estava terminando de abotoar a camisa, mas ela a colocou em volta do meu pescoço e começou a ajeitar. Eu ia reclamar que nem tinha fechado o último botão, mas ela tirou a gravata antes que eu tivesse tempo.
"Precisamos de uma mais clara," nos informou, indo até Valerie, que estava do lado da cama, onde tinha deixado todas as outras.
"Eu achei que talvez a mais escura desse um ar mais sério para ele," Valerie falou. "Não era isso que queríamos?"
"Talvez," Alicia deu de ombros, mais como se fosse uma boneca de pano e se balançasse. "Mas ele vai ficar falando sobre assuntos chatos já pra princesa. A gravata clara daria um equilíbrio."
"Quem, no mundo, acha que mitologia grega é chato?" Quis saber, mas elas só viraram o rosto para mim durante um segundo, depois voltaram a discutir minha aparência.


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Notas finais do capítulo

Desculpa a demora! Quem participa do grupo no Facebook deve saber porque estive um tempo fora. Mas para quem não participa, eu tive que ficar sem escrever porque tive uma inflamação no ombro. Nos primeiros dias, eu não sabia o que era. Mas não conseguia ficar sentada, nem respirar direito sem doer. Então fiquei sem escrever. E depois acabei indo no médico (sabe como é, cinco dias com a mesma dor, uma hora eu entrei em pânico). E ele me mandou ficar de repouso por mais uns dias. Eu tinha planos de voltar na sexta, mas estava sem inspiração. Quando passo um tempo longe, é difícil entrar de volta ao clima e escrever direito. Mas agora acho que estou bem!

Estava planejando escrever mil capítulos num dia só, mas hoje não vai dar. A partir das seis da tarde tem futebol americano, e são os playoffs. Não tem como eu perder. Mas vou tentar compensar amanhã! Obrigada por entenderem!



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