Do Outro Lado do Oceano escrita por Laura Machado


Capítulo 45
Capítulo 45: POV Alaric Harrison


Notas iniciais do capítulo

Escrevi ouvindo "Roman Holiday", da Nicki Minaj. Uma música que eu amo tanto, que nem quero mudar para poder começar a escrever o próximo capítulo. Haha.



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Obrigada por me perguntar, me fez lembrar de uma coisa que eu gostaria muito de saber de cada um de vocês," a princesa virou seu rosto para Dylan, me fazendo outra vez achar que olharia para mim. "Quero que cada um responda, na ordem. Newcastle, você já teve relacionamentos anteriores?"
"Sérios?" Ele perguntou, fazendo uma careta. Eu revirei os olhos para mim mesmo. Depois de ela concordar com a cabeça, ele respondeu. "Não."
Thor balançou a cabeça. E Alex fez questão de nos informar que ele considerava todo e qualquer relacionamento como sério, mas que não conseguia segurar uma menina por muito tempo.
Lola moveu seus olhos dele para Will, logo do meu lado. Ela nem parecia prestar atenção nele, eu tinha certeza de que só conseguia pensar em como seria obrigada a me olhar. Depois de passar a entrevista toda fingindo que eu era invisível, ela finalmente teria que reconhecer que eu estava ali.
Uma eterndade pareceu se estender do momento em que ela percebeu Will balançando a cabeça até quando seus olhos encontraram os meus.
Eu ia responder. Eu ia, de verdade. Mas quando ela finalmente estava olhando para mim e eu a vi engolir a seco, tudo que eu senti foi raiva. E, de certo modo, traição.
"Tem uma coisa que eu gostaria de perguntar à princesa," falei, antes que pudesse me parar.
Ela estufou o peito discretamente e levantou o queixo para mim, me fazendo bufar baixinho para não me deixar perder minha raiva. Eu mesmo quis olhar para outro lado, só para não deixar que ela me quebrasse. Mas desviar o olhar estava fora de cogitação.
"Eu preferia que você se ativesse ao que eu gostaria de saber," ela disse, na cara de pau.
"Não, eu primeiro," insisti rapidamente, me inclinando o máximo que conseguia em sua direção. Ela estava quase diretamente na minha frente e aquilo funcionava muito em meu favor. "Por que você está me evitando? Por que insiste em fazer perguntas a todos e menos para mim?"
"Claramente, você não quer responder as perguntas que eu faço," ela cruzou os braços à sua frente e me observou, mantendo seu rosto sempre levantado.
Eu quis respirar fundo. Repeti na minha cabeça que eu estava ali por ela. Que eu que deveria ganhá-la. E que aquele realmente não era o jeito de fazê-lo.
Mas ela me tratava como se eu não fosse nada, como se tudo que tinha acontecido ontem não valesse por nada. O que a fazia querer esquecer? Eu sabia que não tinha errado, sabia que era ela que tinha passado a festa inteira comigo. E eu sabia que a noite tinha sido ótima! O que eu poderia ter feito que a tinha virado contra mim? O que eu a tinha feito que lhe causava tanta repulsa que ela não podia nem olhar pra mim?
"Se você quer que eu vá embora, é só me falar agora," eu disse, me levantando o mais rápido que podia.
Sua expressão passou de séria a confusa. E depois a serena.
Ela olhou para todos os outros à sua volta e eu tive medo de ela falar que, realmente, eu teria que ir embora. Por que eu tinha oferecido? Não era verdade, eu não queria ir.
"Na Sala de Jantar, o café da manhã de vocês os esperava," ela falou, se levantando. "A entrevista coletiva acaba aqui. Se vocês puderem nos deixar a sós," até quando esticou o braço para me indicar, ela evitou de me olhar, "nós nos juntaremos a vocês em alguns instantes."
Eu odiava toda aquela formalidade. Não com eles, mas comigo. E enquanto eles se levantavam e ela falava com Marlee Woodwork, eu esperava de pé em meu lugar, de punhos cerrados.
Repassei na minha cabeça a noite anterior, procurando algum sinal de que eu tinha passado de algum limite. Mas não conseguia encontrar nada. Não tinha uma única razão que parecia o suficiente para ela estar me tratando daquele jeito. Relembrei de como a tinha deixado. Será que era o chá? Ela realmente acreditava que eu não a conhecia?
Eles demoraram tempo demais para sairem de lá e nos deixarem sozinhos. E quando finalmente eu ouvi fecharem a porta atrás de mim, já não tinha mais tanta raiva assim dentro de mim.
Me deixei sentar de volta na cadeira e ela fez o mesmo, me observando.
"Manchester," ela começou.
"Alaric," a cortei sem pensar. Ela não estava realmente pensando que aquele tipo de conversa aconteceria com ela me chamando de Manchester, não é?
"É isso que você não entende," ela falou, como se pudesse ler minha mente. "Aqui, você é o Manchester. A Seleção não está ganha, não importa o que você pense."
"Eu nunca pensei que estivesse ganha," menti. Tinha passado a madrugada toda me convencendo de que não faltava muito para ela me escolher.
"O que eu quis dizer," ela continuou, "é que eu não queria lhe passar a impressão de que a Seleção está ganha."
"O que te fez mudar de ideia?" Perguntei, fazendo-a respirar fundo. "Não que ontem estivesse pensando já em acabar com tudo-"
"A festa foi um erro," ela me cortou. "Foi divertido, melhor ainda que tivesse acontecido antes da Seleção começar. Mas eu preciso da cabeça limpa para conseguir tomar uma decisão. E é impossível quando eu passo a noite inteira com você. Eu errei."
"Em estar comigo?" Perguntei, me levantando de novo. "Passar algum tempo comigo é um erro?"
"Passar o tempo todo, sim," ela também se levantou. "Você não é o único selecionado aqui. Não sei se percebeu, mas tinha outros nove à sua volta agora há pouco. E todos eles estão participando."
"Todos eles," repeti, bufando uma risada.
Mas ela não achou engraçado. "Todos eles," ela confirmou. "Se eu achasse que um deles não pertence a essa competição, já o teria eliminado. Mas não é o caso. Eu escolhi cada um de vocês a dedo. Eu quero conhecê-los. Todos. Não só o primeiro que vier até mim."
"Nunca achei que fosse me escolher só por ser o primeiro," rebati. "Eu realmente pensava que a gente tivesse se dado bem!"
"A gente se deu, você não precisa da minha confirmação para isso!"
"E por que então você esquecer o que aconteceu?" Eu tinha levantado minha voz tanto, que ela levou as mãos ao rosto e esfregou a testa.
Ela respirou fundo, indo até a janela, pensando no que diria.
"Não foi nada que você fez," quando ela voltou a falar, sua voz estava bem mais calma. "Eu só acho que me deixei levar. E que passei tempo demais com uma pessoa só," se virou para me olhar. "Não faz diferença se foi com você ou outro. Qualquer um que fosse, era tempo demais para um só. Eu preciso conhecer a todos. E não é assim que eu vou fazer." Ela andou até mim devagar, mas meus olhos estavam presos nos dela, que me miravam como se pedisse que eu lhe entendesse. "Não esqueci de nada que aconteceu, só não quero que pensem que estava te dando vantagem. Por isso, e só por isso, eu quero começar do zero. Só por isso, eu quis evitar de te fazer muitas perguntas."
Ela estava quase bem na minha frente e meu instinto foi dar um passo em sua direção. Mas ela deu outro para trás.
"Como eu disse, começar do zero," ela falou. "E eu realmente preciso dar prioridade para os outros."
Eu concordei com a cabeça, deixando meu olhar cair no chão, apesar de não estar nem um pouco feliz com tudo aquilo. Se não tinha sido nada que eu tinha feito, ficava mais tranquilo. Eu não tinha cometido nenhum erro, ela não me odiava. Por mais que repetisse que a Seleção não estava ganha, eu ainda sentia que tinha uma posição bem avançada. Se ela precisava começar do zero só porque achava que tinha me dado muita prioridade, era bom sinal.
Quando voltei a olhar para ela, já sorria.
"Nós ainda temos nosso chá?" Perguntei, e ela arregalou os olhos discretamente.
Ela tinha esquecido. Ela realmente tinha esquecido?
"Claro," respondeu, se recompondo. "Mas ainda acho que possa esperar. Pelo menos até amanhã, se der."
Ela franzia as sobrancelhas para mim, bem mais frágil do que eu já a tinha visto. Era seu jeito de tentar me covencer.
Porque ela não podia dizer não, eu entendi de repente. Se eu quisesse encontrá-la daqui cinco minutos, ela teria que aceitar.
"Amanhã cedo, então," decidi. "Não tome café da manhã na Sala de Jantar, tome comigo."
Ela respirou fundo, mas concordou. Eu já estava bem mais satisfeito. Dei um passo à frente e lhe ofereci meu braço. "Por hoje," disse, "me contento em lhe acompanhar até lá."
Ela levantou as mãos no ar, sem me aceitar. "Pode ir primeiro," falou. "Logo eu apareço por lá."
Eu hesitei. O que mais ela tinha para fazer ali que não podia ir comigo?
Na hora, nos imaginei entrando. Ela devia ter medo de parecer estar me favorecendo. Podia chutar que todos os outros selecionados já estavam achando que nós tínhamos segredos entre nós. Gostava de saber que eles deviam pensar que o que quer que tinha acontecido na festa tinha a ver comigo.
Apesar de que exatamente agora eles deviam estar achando que eu estava sendo eliminado. Só de aparecer na Sala de Jantar já seria uma pequena vitória.
Mesmo com ela se enrijecendo embaixo de mim, eu me aproximei de Lola e lhe dei um beijo na bochecha. Ela pareceu surpresa, mas eu não tinha feito nada de errado. E queria conseguir afetá-la por mais alguns segundos antes de deixá-la sozinha.


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