Do Outro Lado do Oceano escrita por Laura Machado


Capítulo 41
Capítulo 41: POV Madison Hunter


Notas iniciais do capítulo

Escrevi ouvindo "Dramatic" da Britney Spears.
Segundo presente de natal!



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Senti meu corpo começando a despertar e lutei contra isso. Fechei os olhos mais forte, tentando evitar de pensar muito no que eu tinha que fazer naquele dia. Se continuasse na ignorância, quem sabe fosse perdoada por chegar um pouco mais atrasada no trabalho.
Uma respiração alta e profunda invadiu meus ouvidos. Abri os olhos, como se aquilo fosse me ajudar a descobrir se tinha sido eu mesma. Tudo que eu via era meu quarto, a porta para o banheiro e algumas roupas jogadas pelo chão.
Tudo normal.
Ouvi a respiração outra vez. Vinha de trás de mim. Olhei discretamente por cima do ombro, não querendo fazer movimento nenhum.
Assim que meus olhos caíram sobre o cara estirado do meu lado, lembrei de tudo que tinha acontecido na noite anterior. Ele achando que eu era a princesa. Eu explicando que não era. Ele não se importando. Nem. Um. Pouco.
Voltei a fechar meus olhos, segurando com as duas mãos a coberta que me cobria até o peito. Se eu ficasse ali, imóvel, talvez pudesse declarar de novo ignorância e fingir que nada tinha acontecido.
Assim que pensei nisso, várias outras lembranças daquela noite inundaram a minha cabeça. Está bem, talvez eu não quisesse esquecer do que tinha acontecido. Eu não queria esquecer nada.
Dylan respirou fundo mais uma vez, me fazendo achar que tinha acordado. Fiquei parada, rezando para ele não acordar. O que eu iria falar? O que eu iria falar para a princesa se ela descobrisse? Que eu tinha simplesmente me esquecido de que ele era um selecionado? Que eu não me importava? E, ah, será que ela poderia usar todos os vestidos que eu criasse e sair falando pelo mundo que eu era a melhor estilista do universo?
Ele respirou mais uma vez e um alarme soou na minha cabeça. E na minha cabiceira. Não o deixei tocar por nem um segundo a mais, já o desliguei. Olhei de novo por cima do ombro para Dylan, que não pareceu se incomodar nem um pouco. E então eu vi que horas eram.
Sete e meia. Pelas minhas contas, a entrevista dele com a princesa seria em meia hora. E ao invés de estar em seu quarto, sendo vestido pelas suas criadas pelo terno que eu tão cuidadosamente tinha desenhado, ele estava dormindo profundamente na minha cama.
Ele precisava sair dali, disso eu tinha certeza.
Me deslizei para o chão, puxando a coberta comigo e a enrolando em volta do corpo o melhor que podia. Fiz menção de me inclinar e o chacoalhar, mas não consegui não parar para olhá-lo.
Tava ali a grande razão de eu ter escolhido ignorar que ele já tinha dona. A respiração profunda mexia seu peito para cima e para baixo, fazendo ser impossível olhar para outro lugar. Até que ele mexeu um pouco a cabeça, e eu tive que olhar para seu rosto. Ele era lindo. Completamente lindo. Ele era perfeito, eu tinha certeza. Alto, forte, tão forte! E lindo. Não conseguiria achar um defeito sequer em seu rosto. No seu corpo inteiro. Só de olhá-lo, minha vontade era ir deitar junto com ele. E mesmo que eu não pudesse contar daquela noite para ninguém no universo, poderia guardá-la na minha cabeça para momentos de baixa auto-estima que me esperavam no futuro.
Ele respirou fundo mais uma vez e eu bufei. Poderia olhar para ele para sempre. Mas cada segundo dele ali aumentava o risco daquela noite acabar com as chances dele naquela seleção e - mais importante - as minhas de conseguir minha marca no resto do mundo.
"Dylan," eu chamei, bem baixo. Teria sido ótimo se aquilo fosse o suficiente para ele acordar. Mas não. No máximo ele coçou a barriga, resmungando de ter sido incomodado.
Droga. Se ele não parecesse ter saído de um anúncio da Calvin Klein, seria bem mais fácil me convencer de que ele precisava sair dali. Mas eu estava quase feliz de ele não ter me ouvido.
Respirei fundo. Ele precisa ir, Madison, repeti para mim mesma e tentei focar naquilo. Quando abri os olhos, avistei as roupas dele perto do meu pé. Peguei sua calça e sua camisa e as joguei em cima dele.
"Acorda!" Falei, dessa vez bem mais alto.
Não sabia se era pela minha voz ou o fato de que ele estava sendo atacado pelas suas roupas, mas ele acordou, assustado. Assim que me avistou, sua expressão mudou. Ele abriu um sorriso, semi-cerrando seus olhos novamente e voltando a apoiar a cabeça no travesseiro.
"Bom dia..." ele disse, parando para pensar logo depois. Foi só quando levantou a cabeça e me olhou mordendo o lábio que eu entendi o que ele queria.
"Madison," eu disse, esfregando o rosto com a mão. Ainda sentia o suor da noite anterior melando a pele do meu corpo inteiro e podia imaginar como a minha maquiagem estava.
Nada soava melhor do que um banho naquela hora. Bom, ele, talvez. Se eu pudesse combinar os dois...
Balancei minha cabeça para afastar aquele pensamento.
"Você precisa ir para o seu quarto," eu disse, pegando o blazer dele da minha cadeira e jogando nele. "Você tem a entrevista com a princesa em meia hora."
Ele não pareceu se importar, só me observava encantado. Aquilo me fez revirar os olhos.
"Eu vou tomar banho," disse, soltando da coberta com uma mão para apontar para a porta do banheiro. "Quando eu sair, você não vai estar mais aqui," ele levantou as duas sobrancelhas juntas, e tive que desviar meu olhar. Ele era bonito demais, mas eu precisava focar na minha missão de fazê-lo sair dali. "É sério."
"Se você insiste," ele disse, se levantando com um salto e dando a volta na minha cama. Em menos de dois segundos ele estava na minha frente.
Droga, pensei. Era difícil resistir quando ele estava longe. Ali, super alcançável era praticamente impossível.
"Se você insiste," ele repetiu, "eu vou embora," a última palavra foi como um sussurro, que ele depositou bem na minha clavícula.
Eu apertava a coberta mais forte. Ele tinha que sair dali. A minha melhor desculpa era o álcool. Mas eu estava sóbria agora. O que eu diria se a princesa perguntasse? Desculpa, mas ele era bonito demais para resistir?
Ele foi subindo com os lábios pelo meu pescoço e a cada beijo, a culpa dentro de mim pesava mais. Logo seu rosto estava alinhado com o meu e eu podia sentir seus lábios nos meus mesmo a um centímetro de distância. Eu sabia o que aconteceria. E minhas pernas resolveram pensar por mim.
Elas derem um passo atrás. Depois outro, deixando-o no vácuo.
"O que quer que tenha acontecido ontem," comecei, "já acabou. Não se engane, não tem nada entre nós. Você está aqui pela princesa. E eu não sou ela. Eu sugiro que você pegue tudo que lhe pertence aqui e comece seu caminho para a sua entrevista. Eu vou tomar banho. E se você não tiver desaparecido quando eu sair, juro que vou mandar te retirarem."
Não fiquei para ver a última das suas expressões. Sabia que só conseguiria chegar até o banheiro e não queria abusar da minha força de vontade. Não comecei meu banho naquela hora, fiquei esperando ouvi-lo sair. E assim que ouvi a porta fechando, quis ir atrás dele para pedir que a gente terminasse pelo menos aquele beijo do qual eu tinha fugido.


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