Do Outro Lado do Oceano escrita por Laura Machado


Capítulo 32
Capítulo 32: POV Carolyne Muñoz


Notas iniciais do capítulo

Escrevi ouvindo "Chandelier", mas no cover do The Wind And The Wave. SUPER aconselho procurarem a música para ler.



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"Eu ainda não entendo porque nós não podíamos ter trazido só uma garrafa de tequila," Will reclamava pela vigésima vez atrás de mim.
"Porque você vai precisar estar sóbrio," eu repeti, como tinha feito todas as outras dezenove vezes. "Confia em mim."
Nós já andávamos pelos corredores há muito tempo e aquela era a quarta porta que eu tentava. Respirei fundo antes de abri-la e me deparar com outro depósito que eu podia jurar estar do outro lado do castelo.
"Você está tentando ver se em algum momento algo mágico transforma essas salas em um lugar melhor do que o bar?"
Eu bufei, mais frustrada comigo mesma do que com ele.
"Você não está me deixando pensar!" Falei.
"Então a culpa é minha?" Ele levantou uma sobrancelha, me mirando profundamente.
Eu desviei o olhar, tentando checar de novo na minha cabeça o mapa do castelo. Não era um lugar onde eu ia muito, mas como eu poderia não conseguir chegar lá quando queria?
Se ali era o depósito dos produtos de limpeza, isso significava que o nosso dormitório devia estar por perto. Mas qual depósito era aquele? Se fosse o de armamento, seria um ótimo sinal, eu poderia simplesmente ir testando todas as portas em volta. Mas não era. E eu não era do comitê de limpeza. Eu não sabia para onde eles mudavam cada depósito quando queriam. E eu mal sabia onde nós estávamos.
"Não quer simplesmente voltar pra festa?" Will me perguntou.
"Não," eu respondi sem hesitar. "Mas nós vamos ter que fazer um desvio," informei.
Ele não parou de me seguir, apesar de andar bem mais devagar. Fui procurando pelo corredor a porta que nos levaria ao dormitório e não demorei a encontrá-la. Sempre em dupla, elas eram de metal e destacavam entre as outras.
"Que lugar é esse?" Ele perguntou, entrando comigo.
"Um atalho," respondi.
Só parei de andar quando cheguei à porta do meu quarto. Will não perguntou mais nada, só observava tudo à nossa volta. Saindo de onde eu sempre saía, sabia bem qual caminho tomar. E em menos de cinco minutos, eu tinha encontrado a sala que tanto buscava.
Respirei fundo, me preparando emocionalmente para ver a cara dele quando entendesse o que eu queria dizer quando falei que o lugar era melhor do que um bar.
E foi quando a dúvida me bateu. E se ele não gostasse tanto do lugar quanto eu tinha imaginado? E se ele ficasse decepcionado? E se suas expectativas tivessem aumentado durante toda nossa jornada ali?
"Nós chegamos?" Ele perguntou, mas eu não respondi. "O que você está esperando?"
Me virei para ele. "Quando eu falei que o lugar era melhor do que o bar, eu disse para mim. Não sei se você vai achar também."
Ele me olhou como se fosse louca, mas depois sorriu de lado, um sorriso torto e convencido.
"Só tem um jeito de descobrir, não?" Perguntou, se esticando do meu lado até que sua mão estivesse na maçaneta e seu rosto a pouco centímetros do meu.
Olhei para o chão na hora em que nossos olhos se encontraram e me virei para a porta.
Ele girou a maçaneta e abriu só o suficiente para eu terminar de empurrar a porta. O salão estava escuro e a luz do corredor era baixa demais para denunciar o que nos esperava ali.
Então eu me estiquei até alcançar o interruptor. Logo antes de acender o salão, me virei para ver o rosto de Will.
Eu não sabia se eram as luzes, ou se era simplesmente estar ali, mas seu rosto se iluminou tanto que até eu quis me virar para ver o que ele via.
Estava bem como eu me lembrava. Fileiras com bancadas de madeira separadas por vidros e caminhos longos até chegarem aos alvos. E o armário de arco e flechas ainda mais cheio do que eu já tinha visto. Tudo parecia mais brilhante, mais limpo. Não colecionava poeira e eu me perguntei quem poderia estar cuidando daquele lugar, até mesmo usando-o. Eu definitivamente não era.
"Você é bem mais radical do que eu pensava," Will disse, passando por mim para entrar. Ele sorria, olhando para todos os lados. Eu fechei a porta atrás dele. "Você tinha razão, isso daqui é bem melhor do que um bar."
Eu fiquei satisfeita com aquilo. "Se você quiser, nós até podemos colar a foto do rosto de alguém no centro dos alvos," sugeri.
Ele virou para mim, o começo de uma risada estampado em seu rosto. "Só se fosse do meu próprio," disse, sem parecer sentir nem um pouco o quanto aquilo era deprimente.
"Por que tanto ódio mesmo?"
Ele continuou me mirando por mais alguns segundos, mas acabou desviando o olhar sem responder e só deu de ombros.
"Bom, se você não quer me falar, talvez tenha alguém que consiga te ouvir melhor," eu falei, apontando o armário na parte de arcos e depois indo até lá.
Coloquei o segredo e rezei para não estar errado. Seria terrível simplesmente ter que me virar pra ele e dizer que depois de tudo, nós teríamos que voltar para a festa de mãos vazias.
Mas estava certo. E eu respirei aliviada quando o vidro se soltou do outro e se abriu. Eu o escancarei, lendo rapidamente os nomes dos arcos, procurando o único que eu já tinha segurado na minha vida.
"Você entende alguma coisa de arco e flecha?" Eu o perguntei.
"Nada," ele admitiu.
"Somos dois," eu disse, finalmente encontrando alguns para principiantes e pegando dois.
"Tá brincando?"
"Não," andei até ele e lhe entreguei o seu. "Por quê?"
"Você me traz para uma sala de arco e flechas e nem sabe atirar? Quais as chances de nós acabarmos nos matando?"
Eu fingi pensar, levando uma mão à boca. "Enormes," acabei dizendo. "Mas, pelo que eu ouvi até agora, isso seria lucro pra você," completei, levantando uma sobrancelha.
Ele me mirou mais profundo, tanto por como eu tinha falado, quanto pela possibilidade de eu estar certa.
Aquilo me deixou encabulada. Eu gostei de tentar lhe alcançar em questão de confiança, mas a verdade era que eu não conseguia muito ser como ele. Nem na parte de admitir que estava perdido. Nem em conseguir ainda assim parecer bem seguro de si. E só aquela levantada de sobrancelha tinha acabado com meu estoque de confiança por alguns minutos.
Então coloquei o arco em volta de mim, como se fosse profissional, e fui até a porta dos armário das flechas.
Com o mesmo segredo, eu a abri e puxei algumas dez flechas simples. Hora do amadorismo, pensei. Deveria tê-lo levado ao estábulo. Pelo menos cavalgar eu sabia.
"Aqui," disse indo até uma das estações e deixando cinco flechas para ele, depois fui para a do lado. "Dizem que o segredo é deixar o braço alinhado com a flecha. E trazê-lo para perto do rosto."
"Dizem," ele repetiu, se posicionando na sua estação e pegando uma flecha. Ele olhou dela para o arco como se nem soubesse começar.
E eu não sabia como ajudar.
"Posso simplesmente jogar a flecha com a mão?" Me perguntou.
"Como uma lança?"
"Exato."
Eu mesma peguei uma e tentei colocá-la no meu arco. Estiquei até que pudesse sentir o cheiro da flecha perto de mim e meus dedos na minha bochecha. "Como quiser," disse, logo antes de soltá-la.
Ela fez seu caminho até cair a alguns metros de mim. Quando me virei para pegar a próxima, Will estava sorrindo para mim.
"Quer que eu traga o alvo mais para perto?" Perguntou.
"Não precisa," disse, apertando um único botão no teclado na minha bancada. E então o alvo se aproximou de mim.
Ele me olhou como se pedisse desculpas por ter oferecido. E então pegou seu arco e tentou atirar no seu próprio alvo.
Depois de sua flecha cair do lado da minha, ele se virou pra mim.
"Dos botões amarelos, o debaixo," eu o informei antes que ele me perguntasse.
E ele fez seu alvo chegar mais perto dele.
"Em minha defesa," ele disse, posicionando sua próxima flecha, "eu nunca segurei um arco na minha vida."
"Alinhe seu braço," disse, soltando junto com ele e quase acertando o meu alvo. Meu conselho passou batido. "O que você fez durante sua vida então?"
"Li," ele respondeu, pegando e soltando a próxima. Ele tinha duas flechas no chão e uma no alvo.
Eu peguei outra. "Leu?"
"Sim. Livros. Textos. Leis. Coisas assim," ele soltou a próxima, conseguindo pela primeira vez acertar perto do centro. "Há, acho que eu tenho um talento nato."
"Parece que tem," concordei. Só tinha atirado três flechas até então, mas já sentia meu braço doendo como se tivesse feito mil flexões. "E você trabalha com livros?" Perguntei.
"Mais ou menos," ele respondeu, respirando mal.
"Dizem que você tem que soltar o ar," eu falei. "Logo antes de atirar a flecha. Parece que estabiliza, não sei."
Ele forçou todo o ar a sair do seu peito e soltou a flecha que tinha encostado em seu rosto. E ela chegou ainda mais perto do centro.
"Uau," eu falei. "Você realmente deve ter algum talento nato."
"O que eu não tenho," ele disse, deixando o arco na bancada e agachando ali mesmo, "é preparo físico."
"Uma vida inteira de livros faz isso," falei, e ele se virou para me olhar.
Sem pensar direito, eu passei por baixo da bancada, segurando a saia do meu vestido. Fui até seu alvo e tirei flecha por flecha, até peguei as que estavam no chão. Fiz o mesmo com as minhas.
"Por que você fez isso?" Ele perguntou, quando deixei as dele na sua frente.
"Isso o quê?"
"Por que você pegou as flechas para mim?"
Dei de ombros. "Desculpa, eu só queria ajudar."
Ele me observou por alguns segundos, mais sério do que tinha estado até então. O que tinha de errado em eu tentar ajudar? Por que ele tinha que me olhar como se eu tivesse lhe ofendido?
Passei de volta por baixo da minha bancada e voltei a olhar para o meu alvo, ignorando-o ali do meu lado, agora de pé e ainda me observando.
Queria mais alguns minutos de descanso, mas com ele me olhando, achei que era melhor pegar a próxima flecha e a posicionar.
"E a sua maré de azar?" Perguntei. "Está com você faz tempo?" Soltei e assisti minha flecha cair na minha frente.
Ele bufou do meu lado, também pegando uma flecha e seu arco. "Alguns meses," disse.
"Alguma coisa em especial a provocando?"
Ele soltou a flecha, que acertou em cheio no meio do alvo, fazendo um caminho perfeito, direto e rápido.
"Alguém," ele me corrigindo, pegando a próxima.
Eu ainda estava tentando me recuperar do susto da outra, mas ele a atirou, fazendo-a atingir o alvo logo do lado dela, ainda mais rápido, mais forte.
"Nossa," soltei, meus olhos vidrados nas pontas que se encontravam enterradas juntas. "Alguém especial, posso ver."
Ele bufou de novo, dessa vez, uma risada escondida no meio de seu desprezo.
"Você é escritor?"
Ele se virou para mim na hora. "O que te faz pensar que sou?"
"Você disse que trabalha com livros."
"Não, eu disse que eu trabalhava mais ou menos com livros," me corrigiu. "E todos os livros com que eu trabalho são técnicos. Nada de ficção."
"Dá para você ser escritor de livros técnicos," lhe garanti.
Ele deu de ombros. "Não sou escritor. Quem dera," pegou mais uma flecha e a mirou, fechando um olho. Vendo de fora, não parecia nem de longe que ele nunca tinha feito aquilo antes. "Eu segui a carreira dos meus pais," me informou. "Sou diplomata," e então soltou a flecha, que mal conseguiu acertar o alvo.
Mas não era como se tivesse muito espaço sobrando para ele acertar o centro.
"Diplomata?"
"Sim. Tenho cidadania italiana e passei metade da minha vida em Florença," ele não me mirava, olhava para o chão como se estivesse pensando naquilo, como se fizesse bastante tempo que ele não pensava na própria história.
Meu silêncio o fez levantar os olhos para mim. "Deve ser por isso que estou aqui," disse.
"Como?"
"A princesa. Ela deve ter me escolhido por isso. Dois países, um selecionado só."
Concordei com a cabeça. "Mas e você? Por que você escolheu estar aqui? Se tem alguém especial já na sua vida?"
Ele me olhou como se eu estivesse mirando minha flecha na cara dele. Mas depois engoliu a seco e deixou seus olhos caírem no chão. E então deu de ombros, respirando fundo.
"Ah," eu soltei. "É por causa desse alguém que você está aqui."
Ele não me respondeu, pegou a próxima flecha e mirou o alvo.
"Isso não é ruim," falei, bem quando ele a soltou, o distraindo e fazendo com que errasse de tão longe, que parecia que ele tinha mirado no meu alvo.
"Como é?"
"A rainha veio para o castelo fugindo de alguém também," contei e na hora percebi a besteira que tinha feito.
Droga. Por que eu não conseguia guardar segredo? Se minha mãe descobrisse que eu tinha passado aquela informação para frente - e logo para alguém de fora! - eu estava perdida.
"Quer dizer," corri para ajustar, "é o que dizem por aí."
Ele pegou mais uma flecha, mas ao invés de mirá-la, ficou a observando como se encontrasse na sua ponta todas as respostas para o que ele não queria me perguntar. Ou até mesmo perguntar a si mesmo.
Eu peguei uma eu mesma. Minha vontade de atirar era mínima. Mas não queria que ele ficasse achando que eu o estava assistindo.
"Eu só preciso de um tempo para pensar," ele disse. "Para sair da onda de azar. Não tenho interesse nenhum em virar parte de família real."
Era bem isso que a Rainha America pensava, completei na minha cabeça. Mas tive certeza de não falar alto dessa vez.
"Mas e você?" Me perguntou assim que eu soltei minha flecha.
"Eu o quê?"
"Tem alguém...especial?" Na hora que ele falou isso, fez uma careta, como se a palavra tivesse um gosto amargo.
Meus olhos se viraram para a porta, como se fosse automático. Eu não sabia o que eu esperava ver ali, mas logo voltei a me virar para o alvo.
"Não," menti.
Will riu do meu lado, rápido e debochado. "Dá para acreditar mesmo," disse.
"É sério," eu me virei para ele, uma flecha na minha mão. "Minha vida é meu emprego."
"Isso não significa nada. Você pode muito bem encontrar esse alguém no trabalho."
"Foi isso que aconteceu com você?"
Na hora em que eu perguntei, seus ombros encolheram. Mas ele voltou à sua pose quando mirou a última flecha da sua bancada no seu alvo.
"Não," ele acabou dizendo. "Foi assim que meu primo a conheceu."
Eu fiquei esperando que a raiva na voz dele passasse para a flecha e chegasse até o alvo. Mas ele pareceu perder a força na sua mão e a soltou, até que estivesse de volta na bancada e ele a mirasse, perdido.
Eu não queria falar nada. Só de respirar, já me sentia culpada. Não queria juntar as peças dentro da minha cabeça, mas era inevitável. Alguém especial para ele estava com seu primo. Por isso sua culpa. Por isso sua raiva.
Senti a flecha na minha mão e rapidamente a mirei. "Tem alguém sim," disse, fazendo-o se virar para mim na hora em que eu a soltei e a assisti cair bem na minha frente, do lado das outras. "Alguém especial," completei.
Ele levantou as sobrancelhas para mim, que eu vi rapidamente. Ia pegar outra flecha, mas meu cansaço estava vencendo de longe.
"Não é alguém especial, especial," eu disse, evitando ter que olhar para ele ou até me lembrar de que ele estava ali. Fingi que estava falando com meu espelho, mas até assim era difícil de admitir. "É só alguém que eu admiro."
Eu o vi indo até seu alvo e tirando cada uma das flechas.
"Admira como?" Perguntou, quando chegou perto do meu alvo.
Dei de ombros para mim mesma. "Eu consigo ver que ele é bom de verdade. E sei que ele trata bem as pessoas," respirei fundo, tentando não deixar que meu coração acelerasse. Queria transformar minhas palavras em fatos, não em memórias, muito menos em sonhos. Mas não era fácil.
"É besteira," eu disse.
"Não, eu quero saber," ele veio até mim, do outro lado da minha estação, e deixou ali minhas flechas. Ele apoiou as duas mãos na bancada, esperando minha resposta.
Era como se seus olhos pudessem me obrigar a falar, me persuadir, me convencer de que eu deveria derramar bem ali tudo que já tinha habitado minha cabeça.
E eu não resisti.
"Sabe quando você olha para uma pessoa e consegue imaginar como ela ficaria do seu lado? Consegue ver que ele cuidaria de você, consegue imaginá-lo morando com você, acordando do seu lado todos os dias, trazendo pequenas alegrias para iluminar os momentos mais cinzentos, só com um sorriso, só com um pequeno gesto," respirei fundo pela primeira vez depois de começar a falar. Meus olhos já traçavam os desenhos da madeira da bancada, como se desenhassem uma linha do tempo. "É só uma certeza que eu tenho," completei, "de que ele seria perfeito para mim."
Quando levantei o rosto, Will estava mais perto do que eu esperava. Mas seus olhos tinham amaciado. Ele já não parecia querer me convencer. Queria me entender.
"Seria?" Ele perguntou.
"Seria," repeti. "Mas não é. E não vai ser. E eu já entendi isso," sorri para ele e, na hora, percebi que aquilo podia servir para ele.
Mas eu não queria dar conselhos. Não queria me intrometer mais.
Ele baixou os olhos rapidamente, logo voltando a me mirar. E eles percorreram meu rosto inteiro, dos meus cabelos, até meu queixo. Queria recuar, mesmo com a máscara, me sentia observada demais. Mas o pouco que eu trouxe meu rosto para trás, ele trouxe o dele para mais perto de mim. Discretamente, meu coração começou a bater mais rápido, antecipando o que eu queria fingir que nunca aconteceria. E meu nervosismo se espalhou com suas batidas, fazendo minha pele arrepiar até as pontas dos meus dedos.
E quando eu senti que era a minha última chance de pensar claramente, dei um passo atrás.
"Eu sou uma criada," falei. Aquela era minha defesa?
"Oi?"
"Do castelo. Eu sou uma criada," dei outro passo para trás, apesar de que ele estava do outro lado da bancada.
"Que que tem?" Ele perguntou, logo antes de se abaixar e passar para o meu lado.
Aquilo só me deixou ainda mais em pânico. Quase como se tivesse medo dele, eu corri até a porta, passando por ela e a fechando atrás de mim.
Eu me apoiei na parede logo do lado. O que eu estava fazendo? Será que eu não tinha imaginado coisa? E se ele só estivesse se aproximando para passar para o outro lado da bancada? E eu entendi tudo errado?
Virei o rosto na direção da porta. E se eu entrasse e perguntasse? Me desculpasse?
Aí que seria ainda mais ridículo.
Tentei repassar a cena na minha cabeça. Eu podia jurar que nós tínhamos estado perto demais. Mas eu podia ter entendido errado. Eu podia ter imaginado aquela proximidade. Por que eu não esperei um pouco mais? Por que eu tinha que sair correndo como diabo que foge da cruz?
"Carolyne?"
Dei um pulo com o som do meu nome e só então percebi como tinha estado encolhida ali.
Meu medo era que fosse ele, mas a voz vinha do lado completamente contrário. Nem um pouco mais calma, me virei para ver quem era, pronta para reclamar que tinham me assustado.
E então meus olhos encontraram os de Loric. De todas as pessoas do mundo, de todo o castelo de Illéa, logo ele e logo ali, aonde eu também estava.
Meu coração continuou no embalo do susto, batendo tão rápido, que mal me deixava pensar. E minhas pernas só viram um jeito de me acalmar: correndo o mais rápido dali.


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