Do Outro Lado do Oceano escrita por Laura Machado


Capítulo 125
Capítulo 125: POV Dane Lewis


Notas iniciais do capítulo

Amores da minha vida! Mil desculpas por ficar esse tempo longe, mas o ano passado foi completamente louco para mim! Esse deve ser ainda pior. E eu precisava de férias. Fui viajar e tentar descansar. Só por isso mesmo eu demorei tanto. Nunca abandonarei essa história, muito pelo contrário! Esse capítulo é apenas de transição, mas espero que pelo menos as deixe sossegadas! Haha. Logo vem o próximo! Promessa (:



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/542825/chapter/125


Tinha que admitir que às vezes eu me questionava sobre a decisão de ter me inscrito na seleção. Alguns dias eu acordava me arrependendo, passava horas olhando para o teto e me perguntando se valia a pena, se já tinham roubado meu lugar no exército, se a cada dia que passava meus colegas estavam me levando menos a sério. Talvez a coisa que mais tinha me levado a preencher aquela ficha fosse a certeza de que não seria escolhido. A opção de uma válvula de escape. Os olhos de alguém tão importante como a próxima regente do Reino Unido em mim.
Mas agora ela estava tão próxima, tão tangível. E a ideia de participar daquele concurso já me parecia lúdica, ridícula. Não era, mas faziam questão de mostrar somente esse lado da Seleção pela televisão.
O lado que eles não viam era aquele que mudaria para sempre a minha vida. Eram ordens da princesa e eu precisava agradecê-la por isso. Nenhuma câmera entrava na minha sala de fisioterapia. Nenhum selecionado poderia entrar lá sem a minha permissão. Nem ela mesma tinha o direito de nos interromper. Aquilo era para mim, ela tinha dito. Era sobre mim, para que eu melhorasse. Não deveria ser exposto a olhos de curiosos, não deviam atrapalhar a minha privacidade. E era melhor assim.
Mas era por isso que eu tinha assistido o especial da Seleção na televisão balançando minha cabeça constantemente. Não, eu não deixaria que soubessem de nada que se passava na sala de fisioterapia. Mas, se eles ao menos soubessem a diferença que aquele tempo no castelo estava fazendo para mim, terminando ou não em uma coroa, talvez não transformassem tudo em uma brincadeira, nem representariam a princesa como uma adolescente tola e em busca de seu conto de fadas.
Havia virado uma das minhas prioridades mostrar a ela que eu, sim, a levava a sério. E que estava tão grato quanto alguém poderia estar. A fisioterapia ainda não tinha facilitado qualquer movimento que eu não conseguia fazer antes. Ainda não tinha conseguido levantar peso algum. Ainda tinha um belo caminho pela frente, caminho que talvez eu nem conseguisse traçar.
Mas tinha uma outra coisa que o médico tinha trazido com ele. Uma droga experimental que vinha com um grande número de documentos que precisavam de assinatura. E, se eu tinha tido alguma dúvida antes sobre assiná-los, agora estava completamente despreocupado. Ainda me faltava ganhar de volta os movimentos, mas podia respirar aliviado por já não sentir dor. Nem quando meus músculos pareciam virar pedra dentro de mim, eu não sentia nada além de pressão. Meus sentidos não tremiam, eu não suava frio. Mesmo que saísse de lá com somente aquele remédio, ter me inscrito naquela seleção já tinha mudado a minha vida. E para bem melhor.
E era com esse alívio que eu andava pelos corredores do castelo naquela tarde. Já fazia quase uma hora que tinha saído da minha última sessão de terapia, mas a água fria do meu banho só tinha contribuído para me deixar cada vez melhor. Sabia que todo aquele processo só tinha acabado de começar e queria continuar no castelo pelo tempo que pudesse para dar a melhor chance possível de funcionar.
Mais do que tudo, eu precisava mostrar à princesa que me importava com ela, que estava agradecido. Não queria parecer abusar da sua boa vontade, mas sim mostrar que merecia. Já estava ansioso pela próxima vez que a veria, quando ela virou o corredor na minha direção.
Abri um sorriso na hora, mesmo estando a metros de distância. Mas, assim que percebi a expressão em seu rosto, fechei o meu.
"Lola," falei, logo me arrependendo de não tê-la chamado pelo seu título. Ela não pareceu me ouvir, então tentei outra vez. "Princesa."
Seus olhos, antes mirados firmes no chão, se levantaram até meu rosto. Por um segundo, senti que não tinha nem ideia de quem eu era. Ela parou no meio do corredor, seus punhos cerrados, respirando fundo. Eu parei também, mais por receio de fazer algo que a incomodasse do que qualquer outra coisa.
Ela acabou desviando o olhar para a janela. Na metade do caminho entre nós dois estavam as portas principais do jardim. E, através do vidro, ela conseguia ver a mesa que nos esperava.
Mais algumas vezes respirando fundo e sua expressão relaxando, e eu cheguei mais perto dela.
"Está tudo bem?" Perguntei, fazendo ela olhar para mim outra vez.
Suas sobrancelhas já não estavam pesadas e ela parecia pelo menos lembrar o que fazia ali.
"Tudo," ela respondeu, apesar de até o resto da raiva que tinha sobrado em seu rosto dizer o contrário. "Quando se tem um país às suas costas e os olhos do mundo inteiro em você, é preciso tomar algumas decisões difíceis!" Apesar do seu rosto ainda estar mirado na direção do meu, ela já parecia olhar através de mim. Seu tom continuou duro até a última palavra. "É só isso."
Egoísta como eu aparentemente era, pensei na hora que talvez a sua decisão difícil tivesse a ver comigo. Talvez alguns dias de terapia era tudo que eu conseguiria. Um prêmio de consolação por ela ter que me eliminar.
Não. Não se dependesse de mim.
Cheguei mais perto dela, esticando meu braço para que enrolasse o seu e andasse comigo.
Ela hesitou. Precisou olhar mais uma vez na direção do jardim e engolir a seco antes de aceitá-lo.
"Entendo," falei, sem querer perguntar mais nada, enquanto começávamos nosso caminho até a mesa dos selecionados. "E longe de mim querer aumentar seus problemas-"
"Não, vá em frente."
Em qualquer outro momento, seu comentário talvez parecesse até charmoso. Mas, pelo seu tom, ela devia era querer aproveitar que já não poderia se decepcionar.
Quase desisti de falar o que queria, mesmo que soubesse que não era nem de longe algo ruim.
"Essa semana é você quem chama para os escontros," continuei, ignorando a faísca de curiosidade que eu sentia por saber o que a tinha deixado daquele jeito, "mas só queria te dizer que, quando quiser me convidar para algum, tenho um helicóptero nos esperando."
Nós já passávamos pelas portas de vidro, mas Lola nos fez parar e se virou para mim.
"O helicóptero," ela parecia somente pensar em voz alta.
"Sim," continuei. "Qualquer que tenha sido sua dura decisão, acho que um vôo sobre Angeles pode ajudá-la a esquecê-la."
Outra vez, ela olhava por cima do meu ombro, pensando. Era melhor do que ter me dito de cara que não queria. Bem melhor do que simplesmente me reprimir por tentar dobrar as regras à minha vontade. Mas, honestamente, eu esperava que ela achasse graça naquilo, que pelo menos me oferecesse o menor dos sorrisos.
Mas o máximo que fez foi concordar com a cabeça. "Sim," disse. "Um vôo por Angeles é exatamente do que eu preciso. Depois de amanhã, então."
"Depois de amanhã," repeti, sorrindo para ela e torcendo para contagiá-la.
Mas ela se virou outra vez para a frente e eu a acompanhei até a mesa dos selecionados. Antes de chegarmos até lá, olhei por cima do ombro na sua direção. Ela continuava desconcertada pelo que a tinha abalado antes de me encontrar. Eu precisaria transformar aquele encontro no melhor de toda sua vida. Poderia simplesmente a parar ali e dizer o quão agradecido estava. Mas preferia mostrar. Ela tinha tirado a minha dor, mesmo que indiretamente. Eu precisava provar que podia pelo menos distrai-la do peso que ela mesma carregava. Era o mínimo que eu podia fazer.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!