Do Outro Lado do Oceano escrita por Laura Machado


Capítulo 109
Capítulo 109: POV Alaric Harrison


Notas iniciais do capítulo

Escrevi ouvindo "Remember You" do G-Eazy.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/542825/chapter/109

Não tirei os olhos da televisão um segundo sequer durante todo o encontro de Lola com Keon, mas tampouco parei de prestar atenção nas portas principais. Assim que ele saiu do café da manhã, eu fui até o Salão dos Homens. A transmissão começou um tempo depois, apesar de mostrá-los desde o momento em que saíram do castelo. Ou seja, estavam atrasados.
Já fazia horas que estava ali. Outros selecionados já até tinham se juntado a mim, poucos realmente olhando para a televisão. Éramos oito naquele momento, Keon sendo filmado em um encontro especial com Lola, Dane desaparecido de novo pela ala hospitalar, Will descontando sozinho alguma coisa no alvo de dardos, Danio jogando xadrez com Thor e o resto de nós na frente da televisão, jogando conversa fora.
O primeiro momento em que parecemos tender a ficar em silêncio, eu aproveitei.
"Vocês ouviram alguma coisa do evento?" Perguntei, aumentando a voz para que soubessem que eu estava falando com todos eles.
"Aquele que você tinha perguntado?" Thor quis saber.
"Sim," confirmei. "A princesa chegou a convidar algum de vocês para ir com ela?"
Ian levantou uma sobrancelha só, fingindo bem mal esconder um sorriso, enquanto os outros se entreolhavam sem responder.
"Ninguém?"
"Tem certeza de que ela vai?" Blake perguntou, se levantando de sua poltrona e indo até o bar.
"Ela vai," Danio disse, direto, sem hesitar um só segundo, fazendo Blake parar no meio do caminho para olhar na sua direção. Danio percebeu o efeito que teve. "Uma criada minha contou."
"Você é amigo de suas criadas?" Blake cruzou os braços, se virando completamente na direção dele e de Thor.
Danio voltou os olhos para o tabuleiro e não os tirou de lá para responder. "Gosto de ter uma relação cordial com meus empregados," falou, sua voz abaixando a cada palavra.
"Tá, mas a princesa não convidou nenhum de vocês, não é?" Insisti, voltando ao assunto. "Sabem se ela convidou Dane?"
"Bom, ela claramente não convidou você," Ian falou, deslizando de leve na sua poltrona e cruzando as mãos acima do seu colo.
Eu sorri sem a menor vontade para o comentário dele. "Não falei isso," respondi. "Só queria saber se mais alguém nos acompanharia."
Ian bufou uma risada, que fez a maioria dos caras ali o olharem e Thor arregalar os olhos para nós.
"Acredite, vocês me verão nessa tela hoje à noite, andando no tapete vermelho com a princesa no meu braço," assim que falei isso, ouvimos um barulho que nos fez olhar na direção da televisão.
Na cena que passava, Keon e Lola andavam de braços dados e desconfortáveis pela praia, mas meus ouvidos me diziam que o barulho não vinha dali.
Olhei rapidamente na direção das portas principais, que quase conseguia ver de onde tinha colocado minha cadeira. Por um segundo, achei que estivesse só paranoico, já que não vi nada em especial. Até que uma criada passou correndo na direção delas. Eles tinham chegado!
Me levantei de uma vez e saí do Salão dos Homens, ajeitando minha gravata e meu blazer no caminho até lá. Ouvi os outros selecionados comentarem alguma coisa e rirem, mas já não estava prestando atenção o suficiente para conseguir distinguir as palavras. Meus olhos focavam nas portas principais sendo abertas, criados esperando, guardas entrando, Keon vindo logo atrás-
E Lola.
Parei de andar assim que a vi. Ela enrolou os cabelos nas duas mãos, trazendo-os para seu lado esquerdo e falando alguma coisa para a primeira criada que parou na sua frente. Seus olhos percorreram o vestido que ela usava, obrigando os meus a fazerem o mesmo caminho. Sua barra estava molhada, me dando lembranças frescas demais dela no mar, se abaixando para tocar as ondas, com Keon completamente perdido ao seu lado.
Ele mesmo pareceu nem se despedir, se afastou dela, passando por mim, deixando que ela o olhasse como se tivesse sido esquecida. Mas, assim que seus olhos encontraram os meus, Lola sorriu, calma e satisfeita.
Voltei a andar na sua direção, agora bem mais devagar, praticamente chutando a cada passo, enfiando as mãos nos bolsos, assumindo a pose mais descontraída que conseguia. Meus olhos ainda nela, mesmo quando ela se virava para a criada que lhe oferecia um casaco.
"-e Clarissa?" Ela perguntava quando eu cheguei perto o suficiente para ouvir.
"Ainda na ala hospitalar, Alteza," a criada respondeu, mirando o chão.
Lola pareceu desapontada, mas logo minha presença chamou sua atenção e ela se virou outra vez para mim.
"Manchester," disse, tentando enterrar a lembrança de quando ela tinha me chamado pelo meu nome durante os Jogos Aquáticos.
"Princesa," falei, estendendo minha mão na sua direção e abaixando minha cabeça com uma leve reverência.
Ela achou que eu a beijaria, mas, assim que pousou a sua na minha, a puxei e me virei para que ela encaixasse perfeitamente no meu braço, que a segurou pelas costas. Com nós dois olhando na direção da escada, comecei a andar, a trazendo comigo, segurando sua mão mais firme.
"Nós temos um assunto a discutir," falei, antes que ela perguntasse. Fiz questão de deixar meu tom o mais animado possível, para ela não achar que tinha algum problema em relação ao seu encontro com Keon.
Lola pareceu bufar uma risada, mas não me contrariou, vindo comigo. Seu cabelo parecia levemente molhado, alguns pingos chegando até minha mão. Mas a mantive firme à sua cintura, mesmo quando ela pareceu querer soltar a outra.
"Posso perguntar que assunto é esse?" Ela quis saber, quando começávamos a subir as escadas.
Eu praticamente suspirei, para aumentar o efeito. "Pode perguntar," respondi, sem dar mais detalhes.
Ela sorriu, jogando a cabeça de lado, depois a balançando. "Precisa ser rápido, Manchester." Apesar do pequeno empecilho, seu tom era divertido. Depois de um encontro extremamente desperdiçado com alguém com quem ela não tinha a menor intimidade, ela até que estava de bom humor.
"Eu entendo," falei, pensando que ela provavelmente estaria ocupada com o evento daquela noite. E eu não teria o menor problema em deixá-la se arrumando a tarde inteira, se fosse para me encontrar depois.
"Você chegou a ver o encontro pela televisão?" Ela perguntou, se virando para pegar o máximo possível da minha reação.
Lado a lado, nossos rostos estavam pertos demais, nossos olhos se encontrando rápido demais. Eu a abracei mais forte, tentando trazê-la para mais perto de mim, mas ela desviou o olhar e qualquer intenção que eu tivesse se desmanchou antes que formasse.
Respirei fundo. "Nós estávamos vendo no Salão dos Homens," respondi o mais rápido possível. Ela devia se sentir estranha, pensei, beijando um selecionado depois de passar a manhã com outro. Nós só precisávamos ficar sozinhos.
"E como foi?" Ela insistiu. "Deu para ouvir nossa conversa?" Ela se virou outra vez para pegar minha reação.
Mas só franzi as sobrancelhas. "Não," respondi honestamente. "Deveria?"
Ela riu, de um jeito que forçava a graça naquilo. "Claro que não," disse, quase indignada. "Bom saber que conseguimos ter o mínimo de privacidade."
Nós chegamos à porta do meu quarto e paramos. "Para quê você precisa de privacidade com Keon Illéa?" Perguntei, soltando dela e a olhando por cima do ombro para mostrar que estava brincando.
Quando me voltei para a porta, revirei os olhos para mim mesmo, sem deixar que Lola visse. E abri.
Meu quarto estava normal, o que fez ela olhar para os dois lados e ficar um pouco confusa. Mas disfarçou bem, indo se sentar na poltrona que tinha perto da varanda.
"Vamos lá, Manchester," disse, cruzando as pernas e ajeitando seu cabelo de novo. "Sobre o que precisamos conversar?"
Eu coloquei minhas mãos de volta nos bolsos da calça, sentindo com meus dedos a pequena caixinha. Andei devagar até estar na sua frente. E então, como se não fosse nada, a tirei do bolso e depositei na pequena mesa ao lado da poltrona.
Os olhos de Lola me acompanharam sem mostrar muito interesse, até que ela percebeu o que eu tinha colocado perto dela.
"O que é isso?" Ela perguntou.
"Um anel," respondi, fazendo ela me mandar um olhar que beirava a falta de paciência. "É seu," expliquei. "Pode pegá-lo."
"O que você tá fazendo, Alaric?" Seu tom era de reprovação, mas foi impossível não sorrir ao som do meu nome formado em seus lábios. Ainda mais que sua irritação comigo me dava ainda mais vontade de provocá-la.
Me ajoelhei na sua frente, fazendo ela praticamente encolher na poltrona. Tive que respirar fundo para não rir da reação dela. "É um presente meu," expliquei, pegando a caixinha e tirando o anel de dentro. "Para te provar o quanto eu quero ficar com você."
E então segurei o anel entre eu e ela. Assim que ela o olhou, toda a cor fugiu do seu rosto.
"Não estou te pedindo em casamento, Lola," falei rápido, sentindo que toda a graça daquele susto já estava passando. "Isso, eu praticamente fiz quando entrei nessa competição," me dei o direito de pegar na sua mão, para vesti-lo nela, mas Lola a puxou para longe.
E empurrou a poltrona com os pés, se afastando de mim, levantando e andando até o outro lado do quarto com passos pesados.
"Qual o problema?" Perguntei, me levantando também. "Lola, o que eu fiz?"
Ela levou as duas mãos ao rosto, depois cruzou os braços. E então se virou para mim.
"Esse anel..," começou, mas seus olhos caíram nele, ainda na minha mão, e ela pareceu se perder em pensamento.
Eu também o olhei. "Era de sua mãe," completei, entendendo o que estava acontecendo. "Achei que fosse ficar feliz."
"Aonde você o encontrou?" Ela praticamente marchou de volta na minha direção. "Quem te deu esse anel?"
Eu balancei a cabeça, com toda a intenção do mundo de responder. Mas não deve ter sido rápido o suficiente para ela, pois ela perguntou outra vez.
"Alaric, aonde é que você encontrou esse anel?!" Sua voz estava mais alta, mais forte, bem mais ríspida.
Minha vontade era de dar um passo atrás. Não sabia o que tinha acontecido com ela e até entendia que aquele assunto era um pouco delicado. Mas ela não precisava se alterar. Se me desse dois segundos, entenderia tudo.
Ao invés de me afastar, respondi bem mais calmo. "Eu não o encontrei em lugar nenhum. Mandei fazer uma réplica."
Ela soltou todo o ar que segurava, seus olhos se voltando outra vez para o anel na minha mão.
Eu o levantei no ar, colocando-o entre nós. "Eu mandei fazer uma réplica, porque não consegui encontrar o original," seus olhos se arregalaram e me miraram por um segundo, antes de desviarem para a varanda, sendo seguidos por passos distraídos dela. "Soube que o original se perdeu depois que sua mãe morreu e queria encontrá-lo para você. Mas não tive tempo o suficiente."
"Não," ela disse, quase me cortando. "Melhor assim."
"Não queria te deixar incomodada. Achei que fosse gostar."
Ela respirou fundo, depois se virou para mim, praticamente se empurrando contra a porta da varanda. "E gostei. Foi só," ela pareceu procurar a palavra, balançando a cabeça para si mesma, "inesperado," completou com um sorriso.
Eu a imitei, aliviado de tudo só ter sido um mal entendido.
"Ótimo," falei, indo até ela e pegando sua mão, "porque esse não é um anel de compromisso, mas um jeito meu, Lola, de te provar que ainda estou aqui por você."
Praticamente abri os dedos de sua mão e deslizei o anel que encaixou perfeitamente. Não consegui evitar de sorrir, satisfeito. E então deixei meus olhos encontrarem os dela.
Lola mirou o anel por um tempo, o que era de se esperar. Fez até questão de levá-lo para perto do rosto, o analisando como podia. Queria ver refletidas em seus olhos as lembranças que ela tinha de sua mãe - e a conexão que estávamos formando entre nós.
Quando ela olhou de volta para mim, eu já estava praticamente contando os segundos para aquilo. Ela sorriu de novo, sem falar nada, olhando de volta pro anel, depois para mim outra vez. Eu engoli a seco, tentando não tomar uma atitude antes dela. Queria lhe dar o tempo de apreciar o anel, de poder me agradecer propriamente, de acabar com a distância entre nós.
Mas depois de alguns minutos de silêncio interminável, ela não parecia muito propensa a fazer nada além de ficar ali, olhando do anel para mim.
"Então você gostou?" Perguntei, tentando voltar seu rosto na direção do meu enquanto me aproximava discretamente dela.
"Sim," respondeu sem hesitar, me olhando. "Obrigada," ela falou cada sílaba como se estivesse entalada na sua garganta.
Só me deixei mexer o suficiente para sorrir. Ela devia também sentir a conexão entre nós, a intimidade que tínhamos e que faltava entre ela e todos os outros selecionados. Eu a entendia, sabia quem ela era, sabia que era perfeito para ela. Aquilo já nem parecia mais uma competição. Por mais que ela tivesse medo de já estar tão próxima de mim, acabaria tendo que admitir. Nós éramos feitos um para o outro.
"Tem mais," falei, quando percebi que ela realmente não sabia como reagir.
"Mais o quê?"
"Mais uma coisa que eu quero te dar," falei, relutante a me afastar dela, mas cedendo.
"Você não precisa me dar nada," ela foi até a poltrona e se sentou outra vez, respirando fundo. "Esse anel é o suficiente."
Apesar de falar nele, praticamente escondeu a mão do lado de sua perna.
E eu quase não notei, já que estava indo até meu closet. Fui direto ao cabide onde estava o único vestido ali dentro, o trazendo de volta comigo para o quarto.
Assim que saí, vi os olhos de Lola arregalarem outra vez, mas agora de um jeito menos preocupado do que quando mostrei o anel.
"Você vai me dar um vestido?" Ela falou cada palavra devagar, como se ainda estivesse tentando conectá-las em sua cabeça.
Ele era grande e dourado inteiro, digno de uma rainha, mas pesado, então o deixei na minha cama.
"Vou," respondi, apesar de já ser óbvio, indo até ela me abaixando outra vez na sua frente, agora sem caixa de joia nas minhas mãos. Esperava que ela pelo menos estivesse sorrindo, mas talvez estivesse surpresa demais para isso. "Você lembra de quando nós nos conhecemos?"
"Baile de máscaras?"
"Baile de máscaras," repeti, sorrindo só pela lembrança. "Eu te perguntei o que você queria dessa Seleção. Você lembra da sua resposta?"
Para a minha surpresa, ela negou com a cabeça.
"Você disse que queria uma escolha fácil, rápida, que não te fizesse pensar muito," falei e ela apertou os olhos, me observando, provavelmente se lembrando. "Eu quero que seja fácil para você ficar do meu lado. Não quero que tenha preocupações, não quero ser só mais um problema a ser resolvido em uma lista infinita de afazeres seus. Quero ser seu porto seguro, quem descomplica sua vida, a parte que alivia todas as outras." Na hora em que falei isso, ela levantou o queixo, quase me desafiando a continuar. "Eu soube de um evento que você vai hoje à noite com a família real illéana. E soube que ainda não convidou nenhum dos outros. Quero facilitar sua escolha."
Ela jogou o rosto para o lado, na direção do vestido, depois voltou a me mirar, endireitando-se na poltrona.
"Você mandou fazer um vestido para mim," não era uma pergunta, mas eu concordei com a cabeça, me deixando sorrir de lado. "Você soube do evento que tenho que ir e mandou fazer um vestido para mim."
"Que, coincidentemente," me levantei, "combina com um terno que minhas criadas fizeram para mim," completei, piscando com um olho só para ela.
Fiquei observando os cantos dos seus lábios, torcendo para conseguir ver o exato momento em que ela entenderia tudo aquilo, o grande gesto que eu tinha feito para ela, a diferença clara entre quem eu era e todos os outros que nunca se comparariam, e então se deixasse sorrir de verdade.
Mas ela ainda estava estranhamente séria quando se levantou e me mirou fundo. "Você quer que eu te escolha," falou, de novo sem ter que perguntar. "Quer que eu te leve como meu par."
"Sei que ainda não convidou ninguém e queria pedir pela honra de te acompanhar," praticamente fiz uma reverência, estendendo minha mão para ela.
Queria que ela deixasse sua mão na minha, para que eu a puxasse para mim e terminasse aquela conversa com um beijo.
Mas ela só apertou os olhos, mantendo a distância entre nós.
"Quando?" Perguntou, juntando uma mão na outra à sua frente e levantando o queixo.
Me estiquei de volta. "Quando o quê?"
"Quando descobriu que eu tinha um evento para ir hoje?"
Bufei uma risada sem humor, cruzando os braços. "Do quê importa?"
Ela pareceu que ia sorrir, um canto dos lábios ameaçando a encurvar, me dando esperanças de que ela finalmente estava vendo como aquilo significava.
Mas então ela engoliu a seco, assumindo um ar formal demais para estar falando comigo. "Esse vestido não foi feito aqui," disse, apontando para ele.
Meu instinto me disse para mentir. Mas não conseguiria ter que admitir depois, então fiquei em silêncio.
Ela foi até o vestido. "Madison Hunter não desenhou esse vestido. E nem teve tempo de fazer," ela disse, tocando nele pela primeira vez. "Se esse vestido estivesse sendo feito no ateliê do castelo, certamente eu saberia."
Do que ela estava falando? Como ela poderia saber de tudo que acontecesse lá?
Ela não me deu chance de perguntar, se virou para mim e perguntou outra vez. "Quando você soube que eu tinha um evento para ir hoje, Manchester?"
Nós seguramos nossos olhares por alguns segundos sem nem respirar. Até que eu bufei, vencido.
"Algumas semanas atrás," falei, abrindo os braços, me rendendo. "Uma amiga minha que está organizando o evento."
Lola apertou os olhos, sem se mexer. Olhou rapidamente para o vestido, depois de novo para mim.
"Que diferença faz?" Perguntei, antes que ela tivesse tempo de falar mais alguma coisa. Fiz até questão de dar um passo à frente. "Eu mandei fazer para você. E para ir com você. Se já tivesse escolhido outro acompanhan-"
"Eu já escolhi," ela me cortou.
E eu senti como se tivesse levado um soco na boca do estômago, perdendo os sentidos momentaneamente.
Como assim ela já tinha escolhido alguém? Eu perguntei para to-
"Espera," falei, assim que fazia a conexão na minha cabeça. "Dane Lewis?"
Ela franziu a testa, me observando. "Não," falou, respirando fundo.
"Ah," soltei. "Ainda vai chamar, mas já escolheu."
"Não!" Ela falou de novo. "Eu já chamei e não é nenhum de vocês," minha expressão deve ter ficado tão confusa quanto eu, pois ela bufou alto e chegou mais perto de mim, descruzando seus braços. "Não queria chamar nenhum de vocês exatamente por isso. O evento de hoje não é para ser usado como fundo de uma competição para ver quem será meu marido. É pela causa que todo mundo tem que ir hoje e não para saber de fofocas de quem eu prefiro, de quem está em primeiro lugar."
Quis perguntar se era eu que estava em primeiro lugar, só para ouvi-la dizer, mas achei melhor deixar quieto.
"Eu realmente agradeço pelo anel, Alaric," ela continuou, olhando rapidamente para ele, "e por querer tanto assim ser a parte fácil da minha vida, mas devia ter me perguntado. Ou nem ter planejado tanto antes de entrar na Seleção."
Ela tocou meu ombro rapidamente, depois deu a volta em mim, indo na direção da porta, segurando sua maçaneta.
"Lola-"
"Me perdoe, mas tenho que ir me arrumar," disse, abrindo a porta. "Te vejo depois?"
Antes que eu tivesse tempo de responder, ela saiu. Eu fiquei olhando para a porta fechada por alguns minutos, depois me virei pro vestido, para a poltrona, de volta pro vestido, como se eles conseguissem me explicar o que tinha acabado de acontecer.
Talvez eu tivesse me antecipado, planejando aquele evento antes até de entrar na Seleção. Mas ela mal olhou para o vestido, que eu tinha mandado fazer especialmente para ela por um dos melhores estilistas illéanos. Era dela. Não era uma condição, era um presente. Era pra ela tê-lo pego na mão e o admirado e me agradecido. Era para eu ter ganhado pelo menos um beijo de agradecimento. Era pra ela ter saído daqui com ele. Mesmo que não fosse usar comigo, pelo menos para ter como um presente.
Era para ser romântico! Único! Como é que ela não tinha entendido isso? O que eu tinha feito de tão errado? Eu tinha mandado fazer uma réplica do anel da sua mãe, pelo amor de deus!
Era esse o problema? Eu a tinha assustado com lembranças da mãe dela?
Devia ter dado o vestido antes. Devia ter perguntado do evento antes de mostrar o vestido. Devia ter falado do assunto do evento, deixando que ela me convidasse. Definitivamente devia ter planejado melhor.
E agora todos os outros selecionados ficariam esperando que eu cumprisse o que tinha falado de aparecer na televisão com ela. Mas eu estaria do lado deles todos, só assistindo ela ir com outro.
Só queria saber quem é que era o cara que tinha roubado o meu lugar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não se esqueçam de entrar no meu blog! http://www.writeroverboard.com/ Podem seguir no Instagram também! É @writeroverboard. E curtir a página no Facebook (procure Writer Overboard - ou entre no blog, tem todos os links que você pode precisar lá!). MUITO OBRIGADA, GENTE!