Do Outro Lado do Oceano escrita por Laura Machado


Capítulo 107
Capítulo 107: POV William Owens


Notas iniciais do capítulo

Escrevi ouvindo "Tumblr Girls" do G-Eazy.



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Existe uma grande diferença entre coisas que você consegue decidir e aquelas que estão fora do seu controle. Conhecer Tessa estava fora do meu controle. Me apaixonar por ela parecia que poderia ser evitado no começo, não sabia se tinha decidido aquilo e me enganado até que fosse tarde demais, ou se nunca tivesse sido realmente uma escolha. Mas me afastar tinha sido algo pensado, planejado e, enfim, executado.
Isso não significava que não sentia sua falta. Não significava que não pensava nela. A cada dia que passava, tinha mais certeza de que não importava a distância que colocasse entre nós, eu nunca a esqueceria. Nunca pararia de pensar em todas as vezes que nossos olhares tinham se cruzado, que eu tinha tentado lhe dizer tudo que sentia sem poder falar as palavras. Sempre me lembraria de todas as vezes em que tinha podido jurar que ela sabia o que eu sentia e que, se não tivesse imaginado demais, ela também sentia o mesmo. As lembranças, a esperança e o que eu ainda sentia por ela eram inevitáveis.
Mesmo assim, tinha ido para o castelo por uma razão. Aceitar a realidade e tomar a distância necessária para que eu não me deixasse levar em algum momento importante e tomasse uma decisão que eu não pudesse desfazer depois. Pela mesma razão, simplesmente não poderia escrever para ela e dizer o que sentia. Tudo que ela precisava saber, já sabia. Seria impossível nunca ter notado, principalmente depois que parei de tentar esconder dela. Não tinha nada que pudesse escrever que mudaria a decisão que ela mesma já tinha tomado. Eu não tinha me inscrito naquela seleção, deixado outra pessoa no meu cargo e saído da minha província para dar para trás com uma carta agora. Por isso não levaria a sugestão de Carolyne a sério.
E por isso fiquei tão surpreso quando peguei a pilha de cartas para mim e vi que a primeira era assinada por Tessa. Tinha acabado de entrar no meu quarto depois do café da manhã e já tinha estado animado, esperando que pelo menos minha mãe ou meu pai tivessem me escrito comentando o fato de Ian Campbell estar dormindo a algumas portas depois da minha. Mas assim que vi a letra dela, seu nome escrito com pressa, joguei o resto da pilha na minha cama e fiquei com a dela.
Nem me importei de sentar. Abri rápido, rasgando alguns cantos, soltando o envelope no chão, acabando por esticar o papel e começar a ler. Não era grande, mas a cada palavra eu agarrava mais à carta, sem me importar em amassá-la.
"Will,
Sei que não tenho o menor direito de te falar isso, mas eu amo você. E cancelei o casamento. Terminei com Jem. Não quero ficar com ele, Will. Quero ficar com você! Sempre foi você! Eu só demorei para aceitar que você tinha roubado meu coração, mas não poderia levar esse casamento adiante. Não conseguiria viver o resto da minha vida sabendo que perdi a minha chance de ficar com você. E espero que você queira o mesmo que eu.
Sei que está no castelo, que está participando da Seleção para se casar com a Princesa Lola. Mas, se ainda sente alguma coisa por mim, venha me encontrar. Tive que sair de Belcourt, sua família não queria me ver de jeito nenhum. Eles não aceitam que eu tenha terminado com Jem. Mas você me entende, você sabe que eu não escolhi me apaixonar por você. Simplesmente aconteceu.
Estou em Angeles agora e estou te mandando meu endereço. Espero que venha me ver. Mas não conte a mais ninguém aonde estou. Não quero ter que encontrar sua família outra vez, não quero que eles me encontrem.
Mas, se você não vier até sábado às 20h, saberei que já não sente o mesmo por mim. E entenderei, mas terei que seguir a minha vida.
Estarei te esperando,
Com amor,
Tessa."
Eu andava de um lado para o outro no meu quarto, dando passos cada vez mais largos, indo e vindo. Não sabia por onde começar! Devia ir falar com o rei? Com a princesa? Droga, ela estava em um encontro longe do castelo! Será que tinha como eu ir embora sem falar com ela? Ou pelo menos fazer minhas malas? Eu devia fazer minhas malas! Não precisava ficar mais ali! Podia deixar o castelo, não tinha mais do que fugir. E não era só porque não teria que vê-la se casando, mas porque podia vê-la me falando que me amava!
Voltei para o começo da carta. Tessa tinha me falado que me amava! De todos os olhares trocados, de todas as vezes em que eu tinha torcido para significar alguma coisa, agora ela tinha falado as palavras que sempre quis ouvir. E não precisava de mais nada! Ela estava livre! E eu podia ir atrás dela! É claro que eu ia atrás dela! Sentia como se o que quer que tivesse me amarrado pelas costas, me puxado para baixo por tanto tempo tivesse desaparecido. Ela estava livre. E eu era livre. Não exatamente, não naquele momento, mas poderia ficar. Porque nunca tinha ido ali pensando na princesa. E não tinha que me segurasse ali.
Parei de andar no meio do quarto, olhando para a porta. Precisava ir contar para Carol. Ela gostaria de saber. Ela ficaria feliz por mim. Ela entenderia! E ela poderia me ajudar a fazer minhas malas! E quem sabe até a encontrar esse hotel que Tessa tinha escrito no final da carta.
Era estranho. Poderia ter jurado antes que ficaria no castelo durante um bom tempo. Mal tinha me assentado, só tinha passado uma semana e alguns dias. Como é que o resto do mundo fora dos muros do palácio tinha se ajeitado exatamente como eu precisava sem eu ter que fazer nada? Como é que alguém podia ter essa sorte? Tinha estado ali, completamente alheio ao que quer que estivesse acontecendo. E pensar que tudo daria completamente certo no final. Ao chegar ali, dar certo para mim era só eu conseguir sobreviver. E agora tinha a chance de ter tudo que podia querer!
Eu não tinha estado louco! Ela realmente sentia o mesmo por mim! E tinha tanta coisa para perguntar! Queria saber como tinha começado, porque tinha cancelado o casamento, o que a tinha feito continuar com Jem-
Meus olhos percorriam o quarto e acabaram parando em cima da pilha de cartas espalhada pela minha cama. Foi quando eu reconheci também a letra de Jem.
Estava sozinho, mas quando sentei para a ler, respirei fundo e tentei me acalmar. Ele não veria meu rosto, nem nada desse tipo. Mas sabia que tinha usado aquela carta para me explicar que seu casamento tinha sido cancelado e eu devia o mínimo de respeito a ele para não estar comemorando enquanto lesse as linhas que lhe deviam ter custado a escrever.
"William,
Espero que sua vida no castelo esteja menos tumultuada do que a nossa aqui. Não tem muito outro jeito de te falar isso, mas Tessa e eu terminamos.
Ou melhor, eu terminei com ela e a expulsei daqui. Sei que você sempre foi próximo dela, então pode ser que seja bastante difícil para você entender o que eu vou te contar. Mas Tessa não é quem achávamos que era.
Ela estava tendo um caso, Will. Ainda deve estar, aliás. Pode esperar que a sua mãe deve escrever uma carta enorme para você contando tudo que ela e a minha devem ter discutido. Mas, antes que você leia sobre fofocas exageradas, quero explicar os fatos. Seu pai me ofereceu seu investigador dos funcionários para descobrir sobre o passado dela. E eu teria recusado, mas ultimamente andei achando que ela estava um pouco distante.
Eles descobriram que ela tem uma casa no nome dela, que comprou com o dinheiro que eu tinha dado para ela ajudar a escola onde trabalha. Mas ela não mora lá, o tal cara com quem ela estava tendo um caso mora. Gerald alguma coisa. Ele não é ninguém, só um cara que ela conhece desde que era pequena e que, aparentemente, a tinha ajudado a dar um golpe assim em um outro cara antes.
Espero que tudo que eu escreva aqui não seja compartilhado com mais ninguém e que nossas mães mantenham alguma discrição com qualquer pessoa fora da família. Mas, infelizmente, é verdade. O investigador ainda descobriu que ela tinha vendido várias das joias que eu a tinha presenteado, sempre guardando o dinheiro em uma conta separada, além de transferências da nossa conjunta para a dela. E tem muito mais coisa, Will, mas não quero te incomodar com os meus problemas.
O fato é que eu a expulsei daqui. E que seu pai está decidido a fazer ela pagar por tudo. Não sabemos aonde ela está agora, mas estamos tentando descobrir. Por mim, eu deixaria tudo quieto. Pelo menos descobri tudo antes de me casar com ela. E definitivamente não queria ter que continuar com isso por muito mais tempo. O assunto poderia acabar aqui.
Mas precisava te avisar. E, principalmente, te alertar. Se ela te pedir dinheiro, se entrar em contato com você, nos avise. Mas eu duvido que ela se arriscaria assim.
Espero de verdade que a sua vida no castelo esteja bem menos complicada.
Jem."
Assim que terminei a carta, eu a amassei e a joguei longe, pegando de volta a de Tessa. Mas assim que a senti nas mãos, percebi que tinha também uma da minha mãe na pilha.
Abri e passei os olhos por cima, ignorando as vezes em que ela colocava milhares de pontos de exclamação e me perguntava se eu conseguia acreditar naquilo.
"...Ela já tinha feito isso antes! Já tinha roubado mais de cem mil dólares illéanos do cara antes de Jem!!! Acredita? E ela é de Honduragua! Não trabalha em uma escola, também era mentira!!! Acredita que Jem foi tão tonto a ponto de não ver isso? Sabia que tinha alguma coisa errada com aquela garota!!!"
Me estiquei para pegar a carta de Jem e a reler outra vez. Suas frases eram mais claras. Mais simples, diretas. Comparei a dele com a da minha mãe. Aquilo não era normal! Eu tinha entendido, sabia que tinha entendido. Mas não conseguia exatamente juntar as peças. Parecia que pensava em duas pessoas diferentes. Duas Tessas. Porque aquilo não podia ser sério. Tinha que ser algum tipo de brincadeira.
Só podia ser uma brincadeira! Que tipo de pessoa faria aquilo? Alguém faria aquilo? Sabia que Tessa não tinha muito dinheiro, mas eu a conhecia! Caráter, ela tinha! Ela nunca faria aquilo! Devia estar sendo pressionada pelo cara.
Voltei na carta da minha mãe, onde ela fez questão de explicar que o cara era um idiota, que tinha ficado para trás em Belcourt e que estava preso, falando milhares de coisas sobre ela para a polícia.
E ela continuava fugindo.
Mas ela não estava fugindo. Ela estava em Angeles. Esperando eu me encontrar com ela.
"Acredita que Jem foi tonto a ponto de não ver isso?"
Joguei a carta da minha mãe de lado, pegando de volta a de Tessa. Era isso então que ela tinha querido dizer com 'seguir a vida dela'? Seguir fugindo? Eu tinha até às oito da noite daquele dia antes que ela fugisse de novo? E tentasse com outro cara?
Era isso que ela queria de mim? Tentar o mesmo golpe, antes que eu soubesse do meu primo? Ela realmente achava que ele não me contaria?
Ou ela simplesmente achava que se eu a ouvisse falando que me amava, seria impossível eu não a ajudar.
"Acredita que Jem foi tonto a ponto de não ver isso?" Aquela frase continuava rodando na minha cabeça.
Eu tinha sido ainda mais tonto. Não tinha visto. Pelo contrário, cinco minutos atrás estava pronto para fazer minhas malas e segui-la até o fim do mundo. Realmente tinha chegado a pensar que tinha ganhado na loteria, realmente tinha acreditado, pelo pouco que tinha sido, que eu tinha ganhado tudo que sempre quis. Que ficaria com ela. Que ela estava apaixonada também por mim. Que todas as coisas que estavam erradas tinham se alinhado.
Mas não. Só ficaram ainda mais tortas.
Comecei a carta dela de novo, lendo com novos olhos. Tinha passado tanto tempo acreditando que a única coisa no nosso caminho era Jem, que ela não queria quebrar sua promessa para ele. Mas, afinal, ela já tinha quebrado. Podia jurar que ela era como eu, que nunca cometeria um erro daqueles, que nunca me deixaria cometê-lo, nunca cruzaria aquela linha que não tinha volta. Mas ia bem mais além disso. Bem mais além de uma traição. Era uma conspiração.
Cada olhar, cada sentimento que eu tinha guardado em segredo, quebrando feito vidro. Nada que nós tínhamos passado tinha sido verdadeiro. Nem nada que ela tinha tido com Jem. Era tudo um plano. Tudo estudado. Tudo um jeito de chegar ao seu objetivo.
E eu fui tonto a ponto de não ver isso. Fui tonto a ponto de não ver que ela estava nos manipulando, que tudo só estava na minha cabeça!
Como? Como poderia ser possível que ela só tivesse fingido tudo? Como ela conseguiria fingir ser uma boa pessoa? E ainda ter me feito pensar que já a tinha visto no seu estado mais vulnerável. Ela não devia nunca ter deixado sua guarda baixar, nem ter falado alguma coisa que não fosse planejada. Talvez estivesse realmente fora do meu controle me apaixonar por ela. E estivesse no dela.
Como estava em suas mãos agora tentar uma última jogada, tentar conseguir tirar de mim o resto que podia. Apelar para o que eu sentia por ela e torcer para funcionar. Me falar o que sempre quis ouvir e esperar que não soubesse da verdade. Ou às vezes até acreditar que eu não me importaria, que a ajudaria mesmo assim.
Ela devia realmente pensar que eu era tonto.
Mas eu não seria. Não agora. Precisava falar com Jem, precisava ter certeza de que aquilo tudo era verdade. Cartas podiam ser forjadas, ainda tinha a mínima esperança de ser uma brincadeira de mal gosto. Precisava ouvi-lo me falando que tudo que tinha escrito era verdade. E, se fosse confirmado, contar aonde eu sabia que ela estava.
E era urgente demais para eu simplesmente escrever e torcer para o correio conseguir mandar minha carta pro outro lado do país em algumas horas. Precisava de um telefone.
Juntei as cartas como podia e saí do meu quarto. Sabia que tinha um telefone no Salão dos Homens. Não seria a coisa mais privada do mundo, mas pelo menos poderia falar com ele diretamente.
Estava tentando organizar as cartas nas minhas mãos sem as derrubar, nem fiz questão de olhar o caminho, como já o sabia de cor. Mas devia ter feito. Assim que virei o corredor, bati com tudo em alguém e cada um dos papéis, escritos e firmados com todos os podres da última pessoa do mundo que eu pensaria que faria qualquer coisa desse tipo, caiu no chão em diferentes direções. Foi só quando nós dois nos abaixamos para pegar, que notei que as mãos que me ajudavam eram de Carolyne.
"Me desculpa," ela pediu.
Quis falar que não tinha o que desculpar, eu que andava sem ver para onde. Mas não consegui abrir a boca. Só balancei a cabeça freneticamente, olhando para os papéis, tentando juntá-los, mas acabando sempre derrubando um, depois o outro, os embaralhando, amassando, soltando de volta ao chão e depois os mandando longe de raiva pelo corredor.
Me levantei, esfregando a testa, o rosto, a nuca, arranhando minha pele até ver a parede e sentindo uma inclinação enorme de tentar quebrar meu punho nela.
Mas, assim que o fechei e mirei, Carol se colocou na minha frente, me impedindo.
"O que houve?" Ela perguntou, suas mãos buscando a minha fechada em punho para abaixá-la.
"Nada," falei, me soltando dela e lhe dando as costas.
As cartas estavam espalhadas pelo corredor e um guarda a alguns metros de nós nos observava atentamente, parecendo pronto para interferir, caso necessário.
"Não parece nada," ouvi a voz de Carol falar, calma, gentil, completamente inocente.
"Não quero falar sobre isso. Não quero pensar nisso! Não quero saber-" eu mesmo me cortei, antes que a raiva passasse da minha voz e voltasse para meus punhos.
"Não precisa me contar, "Carol disse, dando a volta em mim e se apressando para pegar os papéis do chão. "Mas o que eu puder fazer-"
"Não tem nada que você possa fazer," falei, até ríspido demais para alguém que não tinha a menor culpa naquilo e que só estava tentando ajudar.
"-para te distrair," ela completou, se colocando na minha frente e me entregando todas as cartas ajeitadas. "Se quiser se distrair, estarei aqui."
E pensar que alguns minutos atrás eu estava comemorando a chance de contar para ela que tudo finalmente tinha dado certo. E agora a única coisa que tinha para dizer era que tudo que achava ser verdade não era. E que, apesar de todo o orgulho e arrogância que eu tinha conquistado e cultivado durante anos de trabalho, uma garota qualquer tinha conseguido me cegar.
"Distrair, é?" Falei, quase bufando de cansaço da minha própria irritação, da minha própria cabeça, que ainda insistia em dar voltas.
"O que você precisar," Carol completou, dando um mínimo passo para trás e levando as mãos às costas, como se esperasse quase que uma ordem minha.
Respirei fundo, olhando para o teto. Ainda segurava as cartas, mas minha vontade era de jogá-las de volta contra a parede. Minha cabeça estava tão cheia, que qualquer oferta de distração seria bem-vinda. Ainda mais vindo de Carolyne. Se tinha alguém que conseguiria me encher de provas de que o mundo ainda não estava completamente perdido, seria ela.
"Pode ser," falei, fazendo-a sorrir discretamente. "Mas antes eu preciso fazer uma ligação."


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Notas finais do capítulo

Só para explicar mesmo: recentemente eu comecei a trabalhar dando aula de inglês. Tenho as minhas salas regulares, mas também sou substituta de vez em quando. Por isso, às vezes eu só descubro que vou trabalhar no dia anterior. Como hoje haha. Por isso que meu tempo anda meio complicado.
Mas tem outra razão também: eu estou preparando um blog para as minhas histórias! E dá trabalho, viu. Principalmente no começo. Mas logo estará terminado. E vocês terão um lugar onde encontrar todas as minhas histórias, fics, contos, novelas e romances! Além de um Twitter, Instagram, página no Facebook etc tudo pro blog! Mais notícias virão nos próximos capítulos.
Última coisa: não sei se vocês viram, mas eu escrevi um conto (de vinte mil palavras!) sobre o noivado da Lola antes da seleção. Aquele que ela conta pro Marc, lembram? Que ela disse que escreveu o manuscrito sobre. Se vocês quiserem ler, o link é esse daqui: http://fanfiction.com.br/historia/620980/Reinos_e_Oceanos_Contos/