Do Outro Lado do Oceano escrita por Laura Machado


Capítulo 101
Capítulo 101: POV Lola Farrow


Notas iniciais do capítulo

Escrevi ouvindo "Ho Hey" com a Maisy e a Lennon Stella cantando.



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Na manhã seguinte à invasão, eu acordei sozinha na cama de Marc. A luz que passava pelas cortinas finas já tinha me incomodado durante horas e eu acabei me dando por vencida. Ainda sentia minhas pernas e meus braços doendo, quase como se um peso extra tivesse sido agregado a eles. Mas a luz tinha me vencido devagar e conseguido me despertar completamente para eu voltar a tentar dormir.
Mesmo assim, continuei deitada e coberta até os ombros. Não tinha frio, era mais pela sensação de conforto que eu o mantinha ali. E também fazia questão de continuar abraçada ao travesseiro. Ele tinha um cheiro bom que era bem característico de Marc. Era uma mistura do perfume com o natural dele, e eu fazia questão de inspirar profundamente de vez em quando, para tentar sentir o máximo possível. Ele podia ser guardado. Poderia ignorar todas as vezes que eu perguntava sobre ele. Mas aquilo ali, vulnerável e íntimo, aquilo ele não poderia me negar.
Quando ele entrou no quarto, eu já tinha adormecido de novo. Mas de um jeito leve, como quem já não tinha mais sono em si, mas tão pouco tinha vontade de fazer outra coisa. Me sentei na hora, puxando o edredom comigo.
"Bom dia," ele disse, trazendo com um carrinho pequeno para dentro do quarto. Ele fez até questão de olhar os dois lados do corredor antes de abrir a porta para passá-lo.
"Bom dia," eu respondi, levando a mão ao rosto para esfregar meus olhos. Mas parei no ar. Minha maquiagem de ontem não era muita, mas não queria piorar o que o travesseiro já devia ter borrado.
Olhei para o relógio do criado-mudo. Já passava das onze da manhã. E então virei o rosto pro Marc, que usava um avental. Ri na hora, o fazendo olhar para baixo e abrir os braços.
"Gostou? É a última moda na cozinha," ele falou, o desamarrando e se sentando no pé da cama, na minha frente.
"Sinto lhe informar, mas essa não é a última moda. Para ser exata, é praticamente a primeira moda da história da humanidade em uma cozinha."
Ele levantou uma sobrancelha bem rápido. "Precisa ser tão chata? Eu te trouxe café da manhã," ele apontou para o carrinho que estava estacionado do lado da cama e começou a tirar as coisas de lá. "Café?"
"Por favor," falei. "Mas antes eu queria saber o que está acontecendo lá fora," quando peguei a xícara dele, nossos dedos se roçaram de leve.
Mas eu fiz questão de trazê-la rapidamente para mim e dar um gole antes que pudesse até pensar em qualquer coisa que não fosse o tal atentado à família real.
Porque eu não queria pensar em mais nada. E eu nem precisava pensar em mais nada.
Não. Definitivamente não precisava.
Ele esperou já ter se servido de café e voltado a garrafa pro carrinho para continuar. "Pelo que eu ouvi, alguém tentou envenenar o Sebastian e a mulher dele."
"O Sebastian? Você quer dizer, o Príncipe Sebastian?" Perguntei, inconformada. Ele só deu de ombros e se ocupou de um pãozinho. Eu suspirei pela falta de tato dele. "Mas por que alguém iria querer matá-lo?"
"Não, não tentaram matar. Só o apagar."
"Apagaram?"
"Não, tentaram. E estão achando que foi alguém aqui da cozinha. Estava na comida dele. Estão interrogando todo mundo."
Eu apoiei minha xícara no criado-mudo e peguei o prato de panquecas que estava no carrinho. Derramei tanto xarope de bordo em cima, que Marc até arqueou as sobrancelhas. Mas eu só dei de ombros.
"Eles te interrogaram?" Perguntei, tirando um pedaço e enchendo a boca.
Eu usava as roupas dele, estava dentro de um quarto que devia ter no máximo uns três metros quadrados e meu cabelo devia estar completamente despenteado. Eu definitivamente não precisava de modos ali, não é?
Sem contar que a panqueca estava deliciosa. E eu estava morta de fome! Peguei outro pedaço enorme, engolindo o primeiro com tanta pressa, que desceu até um pouco entalado. Mas eu queria mais. Sentia como se não tivesse comido por dias!
"Não," ele respondeu. "Quer dizer, fizeram até umas perguntas rápidas. Mas eu nem estava no castelo, e nem tenho muito acesso à cozinha."
"Achei que fosse cozinheiro."
"Padeiro," ele me corrigiu, fazendo uma careta. "Cara, odeio essa palavra. Mas acho que não tem muito outro jeito de me classificar."
Eu levei uma mão ao peito. "Estou ofendida."
"Por que, exatamente?" Ele franziu as sobrancelhas, balançando a cabeça de leve, como se eu fosse tonta.
"Padeiros são meus cozinheiros favoritos!" Exclamei. "E não vou deixar você sentar aí e falar mal dessa profissão tão incrível!" Ele não tirou os olhos de mim, sua expressão cada vez mais estranha. "Estou falando sério! Se pudesse, trocava todas as refeições por café da manhã. Almoço é superestimado. Jantar, então, nem se fala. E nem se comparavam a uma xícara de café quentinha," falei, buscando a minha e a segurando com as duas mãos perto de mim. "E nem com um pão fresquinho."
Quando voltei a olhá-lo, ele tinha uma sobrancelha levantada. Mas ela foi abaixando sozinha, conforme ele se mantinha imóvel e me observando. Quando eu finalmente baixei os olhos e tirei outro pedaço da panqueca, Marc voltou também a comer seu pão.
"Se você diz," ele falou, logo o mordendo.
Podia jurar que tinha um sorriso escondido em seu tom. Ele devia achar que meu elogio era para ele e, de certa forma, era.
"Eu digo," confirmei. "E acho que você podia ter mais orgulho da sua carreira."
Ele bufou uma risada. "Não é uma carreira. É um emprego"
"Qual a diferença?"
"A diferença é que eu não tenho a menor intenção de fazer isso pro resto da minha vida," ele indicou o pão na sua mão. Eu devo ter parecido bem ofendida, porque ele sorriu e continuou. "Tá, eu sei. Isso é a coisa que você mais ama no universo. Não estou desmerecendo o trabalho, é só que-"
"Que o quê?" De repente, tive a impressão de que ele falaria algo importante. Sem nem perceber, tinha me inclinado um pouco para a frente, na sua direção.
Ele deu de ombros, pegando outro pão e o cortando. "Que eu não quero fazer isso pro resto da vida."
"Ah," soltei meus ombros, que antes tinham elevado de ansiedade. "Quer fazer outra coisa?" Tentei esconder o máximo que podia o quanto eu queria saber. Ainda mantinha minha teoria de que ele odiava falar de si mesmo, o que não ajudava na minha curiosidade.
Ele entortou os lábios para baixo. "Nada de especial," disse, enquanto passava manteiga em uma metade do pão e chocolate na outra.
Eu quase fiz cara de nojo, mas não queria desviar do assunto.
"Se pudesse fazer qualquer coisa na vida, o que você faria?" Perguntei, quase acabando com as três panquecas do prato.
Antes de colocar mais uma garfada na boca, eu fiz um gesto de apontar com elas na sua direção, como se perguntasse se ele queria. Mas ele só balançou a cabeça.
"A única coisa que eu quero é poder trocar assim que não quiser mais trabalhar com isso," ele deu uma mordida no sanduíche louco dele e pareceu adorar. "Poder juntar uma mochila quando eu quiser e começar de novo em outro lugar."
Por um segundo, tive a sensação que estivesse me falando que ia embora. E a ideia me pareceu estranhamente desconfortável.
Me inclinei na cabeceira da cama, trazendo a xícara de café para mim e o observando de trás dela. Eu nunca tinha parado para pensar em nós. Nem quando estava intoxicada por álcool e aquela música na piscina. Tinha pensado nele sozinho, mas não em relação a mim. E a verdade era que eu o considerava já um amigo. Ou o mais perto disso possível. Mesmo que falasse que era uma ideia ridícula e gostasse de brincar com ele por isso. Pensar que talvez não fosse nada assim, que ele pudesse simplesmente desaparecer um dia e se esquecer de mim era estranho. Era até pior que estranho, me deu uma sensação ruim, de que estava prestes a acontecer.
"É isso que você faz então?" Perguntei, soando bastante desanimada. "Troca quando cansa?" Ele assentiu, e a distância entre nós pareceu palpável. Ele não estava indo embora ali, naquele momento. Mas o descaso dele, pensar que nem se importaria de ir quando desse na telha, eu o sentia incrivelmente desleal. "Tipo o quê? De trabalho, o que você já fez? Ou sabe fazer?"
Assim que terminou de engolir o pedaço que estava em sua boca, ele abaixou o sanduíche e me mirou fixamente. Tanto, que tive até medo de me mexer. Ele parecia pensar e estava sério demais, até desviou o olhar, mas o voltou rapidamente para mim depois. Aí ele sorriu de lado e deu com um ombro só.
"Já trabalhei em um estacionamento, em um bar, alguns restaurantes, numa mecânica-"
"Meu deus, quantos anos você tem?" Eu o cortei por impulso.
Ele soltou uma risada leve e descontraída, que pareceu quase desfazer por completo o meu nervosismo de antes. "Eu trabalho faz quase dez anos, já deu tempo de fazer algumas coisas."
Dez anos, pensei comigo mesma. Ele tinha, o quê? Vinte e cinco? Então trabalhava desde os quinze.
Aquilo não era normal. Ou pelo menos, não devia ser. Mas resolvi não comentar.
"Tudo aqui? Em Angeles?" Foi o que perguntei.
Ele sorriu torto de novo e me olhou de lado, como se não tivesse certeza se era boa ideia me falar, mas indo em frete assim mesmo. "Não, eu já viajei bem. Aposto que conheço Illéa bem melhor do que o Rei Maxon."
"Sei não," falei. "Reis precisam conhecer mais do que só o nome do lugar. Precisam saber de como tudo funciona lá, de como é o povo."
"É, mas acho melhor acreditar que ele não conhece tudo mesmo. Senão sua fama de bom rei é bastante mentirosa."
Senti como se tivesse levado um tapa.
De todas as coisas do mundo, aquela era definitivamente a última que eu esperava ouvir. Não só dele, mas praticamente de qualquer pessoa.
"O que você quer dizer com isso?"
Ele balançou a cabeça, ainda parecendo bem contrariado de estar naquela conversa. "Tem muito lugar esquecido por Illéa, Lola. Muito lugar que nem parece fazer parte ao mesmo país que Angeles. E, pelo que você falou, ele deve saber disso e não faz nada."
"Mas e o projeto dele para Honduragua?" Era inevitável tentar defendê-lo. Mesmo que não o conhecesse tão bem, ele estava em uma posição incrivelmente próxima da minha. E eu estava ali para formar uma aliança com ele. "E o das províncias mais ao sul? Eles fabricaram todos os resultados? Porque a diferença que fez foi incrível."
Marc bufou uma risada sem humor, mordendo seu pão com raiva. Ele o engoliu rápido, dessa vez parecendo querer continuar a conversa. "Ele usou Honduragua para fazer o povo achar que estava melhorando alguma coisa. Enquanto isso esqueceu do resto do país, lugares que costumavam ser os mais ricos alguns séculos atrás. É bom poder ter miséria em uma província só e usar um projeto para conseguir agradar o povo. Enquanto isso, outros vão entrando na pobreza e ele não está nem aí."
Eu definitivamente não esperava aquilo. Nada daquilo. Principalmente o jeito que ele balançava a cabeça enquanto falava, inconformado com seus próprios argumentos.
"O que você está falando então? Que não quer Maxon como rei?"
"Não, não é assim também," seu olhar se perdeu pelo quarto. "Só estou falando, que enquanto muita gente acha que ele já fez o bastante e, para falar a verdade, ele já é um bom avanço do que dizem que seu pai era, ainda tem muita coisa para fazer. Coisa demais até, gente demais precisando de atenção para ele passar o dia inteiro no castelo, aproveitando das regalias da realeza."
Foi minha vez de balançar a cabeça. "Te garanto que o dia-a-dia de um rei não é feito só de aproveitar regalias. Aliás, a grande maioria delas passa despercebida."
"Bem melhor, hein," ele acrescentou, me olhando de lado.
"Não estou falando que não damos valor!" Respirei fundo, sem conseguir pensar direito em como me explicar. "Eu só acho que a gente faz, sim, muita coisa boa."
"Não estava falando de você," ele fez questão de apontar, me mirando sério.
Eu segurei seu olhar um pouco, mas acabei desviando para me servir de alguns pães. "Eu sei. Mas tem coisa boa acontecendo aqui também. Aliás," levantei o rosto para olhá-lo, assim que uma ideia me ocorreu, "você podia ver de perto."
"Do que você tá falando?"
"Tem um evento no sábado ao qual eu preciso ir com a família real illéana," expliquei. "Acho que você devia vir comigo."
Ele riu. Alto.
Ótimo. Outra rejeição. Eu as estava colecionando.
"Estou falando sério!" Insisti, apesar de já sentir minhas forças de convencê-lo ameaçarem desaparecer.
Ele voltou a me mirar como se eu tivesse perdido a cabeça completamente. "Por que eu iria com você?!"
Outch, pensei, segurando minha xícara entre nós com as duas mãos.
"Para você conseguir ver que tem coisa boa acontecendo, sim!" Dei um gole no café e o mantive logo à frente do meu rosto. "E eu saí com você!" Completei, soltando uma mão só para apontar para ele.
Ele riu de novo. "Você saiu comigo porque quis."
"E agora eu estou te pedindo para querer ir comigo," assim que falei, senti uma pontada de vergonha. Aquilo era bastante tonto, eu estava praticamente implorando. "Tá, eu só espero que aceite. É um evento bom!"
"Bom para quê? Para ficar tirando foto do lado do rei?"
"É por uma causa boa, Marc!" Estava quase ficando brava. Ele não devia tirar sarro daquilo. Eu realmente achava que era um evento significativo. "E é muito importante para mim!" Acrescentei.
Ele parecia que ia rir de novo, mas o que eu falei o fez ficar sério e mirar o chão por alguns segundos, enquanto considerava aquilo tudo. Quando levantou o rosto de novo para me mirar, estava balançando a cabeça de leve.
"Isso é loucura," disse, e eu senti que estava levemente inclinado a aceitar. "Você tem nove selecionados aí jogados pelo castelo. Leva um deles!"
"Nenhum deles tem esse rancor da família real," insisti, já podendo sentir a linha de chegada se aproximando. "Aliás, todos já acham que a posição de um rei é bastante atraente."
Ele revirou os olhos. "Como é que você vai explicar um negócio desses? Como vai explicar que vai levar um padeiro para um evento da realeza?"
"Primeiro, que o evento não é exclusivo da realeza," o corrigi. "Sério, é bem legal. E segundo, que você não precisa se preocupar. Eu cuido disso. Você só precisa de um terno. Terno, não smoking. Não é tão formal assim."
"Nem morto!"
Foi minha vez de revirar os olhos. "O que que custa? Já falei que vai ser legal! E você pode aproveitar e passar mais tempo com sua namorada."
Por um segundo ele pareceu congelar. Não sabia se era de medo, definitivamente devia ser choque. Mas não era culpa minha! As palavras tinham saído da minha boca sem que eu pensasse nelas. E tinham sido o suficiente para o clima ficar pesado entre nós.
Quando ele falou, parecia ter medo de falar a coisa errada também. "Como assim?"
Eu engoli a seco, sem olhar para ele. Podia sentir minhas bochechas ameaçando palpitar, mas me recusava a me sentir envergonhada. Tudo bem que o que eu realmente tinha pensado era ainda mais ridículo do que como tinha soado. Mas era melhor explicar do que deixá-lo achar que eu estava falando de mim mesma.
"Madison Hunter, oras. Ela terá que te medir e fazer seu terno," eu disse, pegando um pão do carrinho e o olhando como se fosse a coisa mais interessante do mundo. "Não é por isso que você se importa tanto se ela fica ou vai embora do castelo? Porque você gosta dela?"
Mantive meus olhos na minha comida, só intercalando com o café. Não queria falar dela, não depois do que ela tinha feito com um dos meus selecionados. Mas qualquer chance que tivesse de tirar alguma informação sobre Marc, eu aproveitaria. Ainda mais sobre ela.
Só que ele ficou em silêncio. Eu já nem sabia mais se ele ainda estava ali. Não tinha prova alguma, nem podia ouvir sua respiração. E depois de quase um minuto, eu fui obrigada a levantar os olhos na sua direção.
Ele me observava, o que só deixava tudo mais estranho.
"E então?" Perguntei, voltando a desviar os olhos.
"É evento do quê?" Ele realmente não parecia interessado em falar da Madison.
Mas qualquer pequena vitória era bem vinda.
"Não quero falar, você vai descobrir lá."
"Ou não, já que eu não vou."
Olhei pro teto, respirando fundo. "Mas será que é tão difícil assim aceitar? Pensa que é uma coisa que você nunca fez! E que vai poder passar a noite julgando as pessoas."
"É assim que você me vê, é?"
"Só diga que sim!" Eu o mirei, determinada.
"Você é louca-"
"Diga que sim!" Praticamente gritei, o fazendo ameaçar a rir.
Ele revirou os olhos. "Sim," falou, bastante contrariado, mas realmente sorrindo.
Eu mesma tive que me reprimir para não sorrir demais.
"Ótimo," falei, vitoriosa. "Assim que puder, vá atrás da sua namorada para ela fazer um terno para você. De preferência, cinza escuro. E uma gravata fina. Ah, na verdade, deixa que eu mesma vou falar com ela."
"Madison não é minha namorada," dessa vez, ele fez questão de me falar. "E nunca nem foi."
Eu levava um bolinho à minha boca, mas parei com ele no ar. Podia sentir meu coração começar a acelerar, mas engoli a seco, como uma tentativa de fazê-lo parar de ser besta.
"Nunca foi?" Perguntei, olhando para meu bolinho e o trazendo para perto de mim.
"Não, claro que não," ele disse, bufando uma risada. Eu já começava a contar aquilo como uma pequena vitória. Eu não era a única garota que ele não queria. Nem precisava mais ficar remoendo a rejeição horrorosa da noite anterior. "O que teve entre a gente foi sem compromissos," ele completou, me fazendo praticamente amassar meu bolinho na mão.
Não. Não era nenhum tipo de vitória. Pelo contrário. Madison já ganhava de mim de dois a zero. E eu podia sentir um frio na minha barriga de quem estava louca para sair daquela conversa.
Concordei com a cabeça.
Pronto. Aquilo era o suficiente. Nós precisávamos mudar de assunto. Eu estava ficando nervosa demais e a última coisa da qual eu precisava era da imagem de Madison e Marc juntos na minha cabeça. Ainda mais depois da noite de ontem.
Resolvi falar antes que ele pudesse elaborar.
"Qual seu problema de ter uma só carreira?" Perguntei.
"Como é?" Ele tinha mesmo sido pego desprevenido.
"Uma carreira," falei. "Qual seu problema em fazer uma coisa só e desenvolver uma carreira?"
Ele não precisou pensar para falar. "Não tenho o menor interesse no meu trabalho me definindo."
"Qual o problema disso?" Eu sentia como se abraçasse o novo assunto. Era ótimo poder mudar e largar Madison lá para trás. "Se você descobrir algo que ame fazer, não vai se importar de ser definido por aquilo. Eu, por exemplo, não me importaria nem um pouco de ser definida só como rainha. Aliás, é a coisa que eu mais quero no mundo. Tanto que estou aqui, nessa Seleção."
"Você não consegue ser rainha sem estar casada, né?" Ele perguntou, bufando uma risada. "Que coisa mais idiota."
"Sim!" Praticamente gritei, depois voltei a encher minha xícara de café. "É idiota!"
"Mas por que é assim? Qual o problema de você reinar sozinha?"
"Emoções," falei, revirando os olhos para mim mesma. "Segundo o parlamento, mulheres são emotivas demais para serem confiadas com todo o poder de um reino inteiro. Pelo menos, quando estamos sozinhas. Nós precisamos de um homem ao nosso lado para nos guiar ao caminho da razão."
"Bem idiota."
"Extremamente!" Eu estava animada demais, mas era impossível levar aquilo levemente. "Como se eu não conseguisse pensar claramente só por ser mulher! Como se nenhum rei já tivesse tomado uma decisão definitiva por motivos pessoais!"
"Mas eu já ouvi falar de rainhas do Reino Unido que não eram casadas," Marc já estava no terceiro sanduíche, mas não parecia nem um pouco inclinado a parar de comer.
Não que me incomodasse. Por mim, aquela conversa não precisava terminar tão cedo.
"Já teve, na verdade. Algumas várias rainhas, aliás. Viúvas e solteiras. Mas depois da Rainha Margaret, eles passaram a lei de que o único regente verdadeiro seria um rei. Que uma rainha só serviria de companhia mesmo."
"Nunca ouvi falar dessa Margaret aí."
Eu suspirei. "Quer saber?" Perguntei, e ele assentiu rapidamente. "Bom, ela foi rainha algumas gerações antes de meu pai. E era solteira, única filha, uma história bem parecida com a minha. E, aparentemente, ela tinha um namorado ou alguma coisa assim na Nova Ásia. E aí ela-" Eu mesma me cortei. "Espera, preciso que me prometa não contar nada a ninguém."
Marc me olhou estranho. "Por quê?"
"Ninguém fora da realeza do Reino Unido sabe disso," expliquei.
"Tá, prometo. Pra quem eu contaria?"
Dei de ombros. E então continuei. "Bom, então. Ela tinha esse amante aí. Ela era solteira, mas ele não. Segundo o que sua própria criada pessoal fez questão de passar para frente em uma fofoca que lhe garantiu dinheiro e terras o suficiente para subir na sociedade, ele acabou terminando com Margaret. E cortando todas as relações com ela quando ela pensava que ele deixaria o trono para casar com ela."
"O trono? Era alguém importante assim?"
Concordei com a cabeça, apesar de já estar decidida a não falar exatamente quem. "Bom, para encurtar a história, ela declarou guerra contra eles. Passou por cima do conselheiro, do parlamento e de todos os chefes de estado. Ela chegou a mandar executar quem provasse discordar dela e a levar exércitos para lugar inóspitos onde eles eram exterminados. E ninguém conseguia ir contra ela."
"Como é que eu nunca ouvi falar disso antes?" Marc quis saber.
Eu bufei uma risada. "Porque nós fizemos o possível para conseguir parecer para quem estava de fora que estávamos bem. Ninguém no Reino Unido podia falar alguma coisa sobre isso para estrangeiros. E até o nível de turistas diminui consideravelmente. Agora, preciso que me prometa outra vez que não vai falar disso a ninguém."
Eu tinha pegado minha xícara e tomava um gole do meu café, mas quando olhei para Marc, ele parecia incrivelmente interessado.
"Claro," disse.
Eu sorri. Mas logo me reprimi, pelo que estava prestes a dizer.
"Então," falei. "Tudo se acalmou e terminou depois do quarto batalhão exterminado a seu mando. O parlamento se juntou para planejar um atentado a ela. E para colocar seu primo, o próximo na linha do trono, como regente."
"Eles a mataram?" Marc perguntou e eu só concordei com a cabeça.
"Você não ouviu isso de mim," falei, com um sorriso. "Mas foi assim que a família do meu pai chegou ao trono. E logo que o primo dela foi coroado, ele passou a lei que me proíbe de reinar sozinha. Teve aceitação de praticamente todos. Até o povo ficou extremamente feliz. Tanto, que agora ninguém nem pensa em me deixar continuar solteira e no trono. Todos concordaram em nunca mais falar da Rainha Margaret e de nunca deixar que volte a acontecer."
"Mas o que que você tem a ver com ela? Por que acham que você faria coisa parecida?"
Dei de ombros. "Medo, acho. Ou só estão esperando um rei que faça algo na mesma gravidade para eles perceberem que o que conta é a própria pessoa." Marc concordou com a cabeça, parecendo ainda pensar em tudo que eu tinha falado. "De qualquer jeito, não importa. Eu vou escolher um selecionado, me casar e continuar o que eu sempre devia fazer."
"Você teve um noivo, não?" Ele perguntou. "Você disse que escreveu sobre ele."
"Reid," falei. "Reid Willard," apoiei com meu cotovelo na minha própria perna e esfreguei de leve minha testa. "Fazia bastante tempo que eu não pensava nele."
"Você falou que ele te traiu, né?"
Eu respirei fundo, o olhando de lado. "Você quer saber? Você quer mesmo saber?"
Ele assentiu. "Mas se não quiser falar, não tem problema."
Dei de ombros. "Não tem muito o que falar, na verdade."
"Só o suficiente para escrever uma história inteira?"
Nossos olhos se encontraram e eu torci o nariz. "Só," falei, arqueando as sobrancelhas rapidamente. "Vou resumir, tá?" Ele concordou com a cabeça. "Eu conheci Reid na universidade de direito. Nós namoramos e em menos de seis meses ele pediu para casar comigo. E eu aceitei. Ele se mudou para o castelo e nós começamos a planejar o casamento. Até que eu o descobri usando um dos guardas para mandar mensagens e presentes para uma garota qualquer aí. Na época, parecia a pior coisa do universo. Eu era bem mais nova, tinha acabado de entrar na universidade e achava que ele podia ser minha salvação, sabe? Conseguir o que tanto quis, que é ser rainha, e ainda ter a sorte de me casar com alguém de quem eu gostava tanto. Mas hoje em dia," pausei para suspirar e olhar para cima, "não sei. Já foi, nem importa mais. Até mesmo ao ler minha história, parece que não é sobre ele. Foi só inspirado. E, aliás, até mais pela vontade que eu tinha de querer acreditar em tudo do que por ele mesmo. Não é sobre ele. É sobre quem eu era."
Quando voltei meus olhos para Marc, ele me observava atentamente, seu terceiro sanduíche quase intocado. "Algum dia vai me deixar ler?" Perguntou, um toque de brincadeira em sua voz.
Eu ri. "Não. Definitivamente não. Acho melhor nem sonhar com isso."
Ele revirou os olhos, apesar de seus lábios abrirem em um sorriso. "Pode deixar, um dia desses eu entro no seu quarto e roubo de você."
Dei o último gole no meu café e o apoiei no carrinho. "Acho que está na hora de eu ir queimar o manuscrito, então."
"Concordo," ele disse, rindo e voltando a comer seu sanduíche.
Nós ficamos em silêncio por alguns segundos. Eu já tinha terminado de comer e aquela conversa tinha me feito lembrar demais de Reid para ter qualquer apetite além da fome.
"Sabe," falei, bufando rapidamente uma risada com a lembrança dele, "Reid é realmente o tipo de cara que você odiaria. Propriamente um por cento."
"Ah, é?"
"Ele caça. Seu passatempo favorito era ir caçar com meu pai. Ou qualquer coisa que o colocasse ao seu lado. Acho que ele gostava bastante da ideia de ser rei. Bem mais do que a ideia de se casar comigo."
"Se você quiser, um dia desses, eu chamo os caras e a gente dá uma passada na casa dele," Marc disse, me fazendo rir como louca. "É sério," ele disse, apesar de rir também, talvez até mais do meu jeito do que da ideia. "A gente faz um estrago e o lembra dos noventa e nove por cento. Tenho certeza de que Aidan toparia fazer uma viagem."
"É uma ótima ideia mesmo," falei, sarcástica. "Vamos todos atravessar o oceano para invadir e destruir a casa dele."
Marc deu de ombros, divertido. "Algumas pessoas merecem, não é?"
Balancei a cabeça, mais pelo jeito dele do que pelo que tinha falado. Mas foi impossível não pensar naquilo.
"É nisso que você acredita? Que algumas pessoas merecem?" Perguntei, de repente forçando o assunto a ficar extremamente sério.
Marc perdeu o sorriso. E não me respondeu prontamente.
"É por isso que nós fomos lá ontem? Porque você acha que eles merecem ter a casa e suas coisas destruídas só por serem ricos?" Insisti. "Tudo em que os pobres não pediram para serem pobres, mas os ricos pediram para serem ricos?"
Marc balançou a cabeça firmemente. "Comparar a falta de escolha de quem não tem dinheiro com o um por cento é completamente errado. Primeiro, porque é bem fácil sim deixar de ser rico. Leva dois minutos para transferir todo seu dinheiro para outra pessoa, ou alguma instituição, que seja. Leva uma vida inteira de trabalho para deixar de ser pobre e, para falar a verdade, normalmente nem isso é o bastante."
"Entendi," falei, mas ele nem pareceu me ouvir. Já estava engajado na sua resposta e não parou.
"Agora, a gente invade as casas para eles se lembrarem disso. Para se lembrarem que não está tudo bem para todo mundo. Que tem gente por aí que está se matando para conseguir viver com o mínimo de dignidade financeira, enquanto eles gastam em coisas extremamente supérfluas."
"Tá, mas não existe outro jeito de fazer isso? Precisa destruir as coisas deles? Nem todo valor de um pertence é material, Marc."
"É fácil falar quando se tem tudo," ele mordia forte entre frases, trancando os dentes por alguns segundos cada vez. Na noite anterior, tudo parecia uma brincadeira para ele. Aidan era o único que realmente demonstrava levar aquilo a sério. Mas agora dava para ver que Marc também se importava. "A ideia é exatamente essa, Lola. É quebrar mesmo tudo que eles tem. Tudo que eles morrem de orgulho de falar que tem. Eles passam a vida inteira coletando coisas estúpidas para satisfazer sua ganância. E a gente chega lá e quebra tudo. É para eles verem mesmo como tudo é frágil, como pode acabar em qualquer segundo. Tudo aquilo em que eles baseavam seus valores está no chão. E agora? Quem eles são? O que sobra deles? É essa a ideia. É fazê-los sentir que perderam tudo, que não tem nada no que se apoiarem. Nem que seja só por uma semana, um dia. Nem que seja só por um segundo, eles descobrem como é não ter nada com o que contar," ele respirou fundo, olhando para baixo e balançando a cabeça. Não sabia se ele falava de si mesmo, só sabia que queria deixá-lo terminar. "E eu já falei, não demora para eles reporem tudo. Mas pelo menos eles pensam no resto do mundo depois. Pelo menos eles não se sentem tão seguros dentro de seus casarões."
Depois de ficar em silêncio algum segundo, eu arrisquei perguntar outra coisa.
"Você acredita que todas as pessoas que tem dinheiro não têm caráter?"
Era impossível não pensar em mim mesma. Talvez até fosse egoísmo, completo egocentrismo que ele mesmo tinha acabado de explicar que os ricos tinham. Mas eu só queria mesmo saber. Queria saber se era assim que ele pensava em mim.
"O um por cento não tem só dinheiro, Lola," ele disse, levantando a cabeça para me olhar. Já estava bem mais calmo, mas ainda parecia se importar muito com o assunto. "Eles são os podres de ricos. Aqueles que já deixaram de ser normal há muito tempo. E eu acredito sim que eles não são boas pessoas. Porque boas pessoas se contentam em viver confortavelmente. Não existe a menor necessidade de esbanjar. Não estou falando que todos deveriam ser pobres e literalmente doar todo o dinheiro que tem. Só que tem uma grande diferença entre classe média alta e o um por cento."
"E uma grande diferença entre o um por cento e eu," completei, fazendo-o me mirar fundo de volta.
"Não é a mesma coisa," ele disse.
"Como não? Olha em volta," abri meus braços, me lembrando que estávamos em seu quarto. "Tá, não aqui. Mas pelo amor de deus, a realeza é-"
"Completamente diferente," ele me cortou. "Sinto lhe informar, mas não é a mesma coisa. Tudo que você tem não é seu. É do Estado. E sim, vocês gastam muito dinheiro com coisa idiota também. Mas praticamente tudo que te pertence vai ficar pra próxima pessoa, pra próxima princesa. Vocês tem muito, mas, na verdade, não tem quase nada. Continuam sendo o um por cento, não se engane. Até mais por poder do que dinheiro. Mas não são piores do que eles."
"Só tão ruins quanto," completei de novo.
Ele respirou fundo. "Só é tão ruim quanto o resto deles se quiser, Lola. Logo você será a pessoa mais poderosa do seu reino. Ou segunda, sei lá. Você vai poder fazer o que quiser. E ajudar quem quiser. Se você se contentar em ficar no castelo e viver a la Marie Antoinette, então, sim. Desculpa, mas você é tão ruim quanto eles."
"Não é por isso que eu quero ser rainha," me defendi, minha voz bastante baixa, se comparada à dele.
"Eu sei que não," ele falou, para a minha surpresa. "Se fosse, continuava princesa. É realeza o suficiente. Imagino que tenha grandes planos pro seu reino." Ele terminou com um sorriso, como se aquilo sozinho conseguisse deixar o assunto um pouco mais descontraído.
Eu só dei de ombros, apesar de já ter mesmo várias coisas planejadas. E não só para o meu reino, mas em relação a outros.
"Mas e aí?" Ele continuou, determinado a não deixar tudo ficar pesado como antes. "Já escolheu com quem você vai dividir esse poder todo?" Ele se inclinou na grade do pé da cama e levou as duas mãos atrás da cabeça para sustentá-la.
Eu mesma peguei seu travesseiro e ajeitei na minha esquerda, me deitando de lado nele. "Não exatamente, por quê? Tem outra aposta acontecendo?"
Ele riu. "Não, a mesma ainda está valendo. Tem até quem diga que você vai demorar mais de um ano para escolher."
Levantei a cabeça para olhá-lo. "As pessoas realmente me acham tão insegura e indecisa?"
Ele deu de ombros. "Uma pessoa claramente acha," disse. "Eu achava que seria o contrário."
"Que escolheria qualquer um, eu me lembro," falei. "Muito melhor mesmo."
"Não tem nenhum de Calgary, não? Era só escolher o de Calgary!"
Me levantei até estar apoiada no cotovelo. "Por que Calgary?"
Ele deu de ombros, ainda apoiando a cabeça nas mãos. "É de onde eu sou."
Eu mordi o lábio, tentando não rir, e voltei a me deitar. Ele tinha mesmo acabado de me falar de onde era? Sem eu nem perguntar?
Vitória. Pequena e bem valiosa vitória.
"Não," falei, meu sorriso mal escondido sendo denunciado até pelo meu tom. "Não tem nenhum de Calgary."
"Acho melhor você fazer outra seleção então," ele brincou. "Só chamar a galera de Calgary."
"A galera?"
"Pode chamar mulher também, se preferir."
Eu ri, pegando a almofada que estava atrás de mim na cama e jogando nele. "O que tem de tão especial na sua província?" Perguntei, virando o rosto para olhar para ele.
Ele abriu os braços. "Neve," disse, rindo logo depois. "Trezentos dias por ano. E ursos!"
"Tem ursos em Angeles," falei.
Ele fez um gesto no ar, dispensando aquilo. "Não durariam dois segundos contra os nossos ursos," declarou.
"Imagino mesmo," concordei, rindo. Nunca imaginaria esse tipo de orgulho dele do lugar de onde vinha, mesmo que fosse só de brincadeira. "Você vai sempre para lá?"
Seu sorriso se entortou. E ele acabou balançando a cabeça e abaixando os braços. "Nunca," disse, respirando fundo e parecendo ter deixado toda a graça de segundos atrás fugir dele.
"Não quer voltar?" Insisti.
Ele me mirou, mas como se nem me visse. Seus olhos estavam só perdidos e, coincidentemente, era na minha direção. E nem parecia querer me responder.
Ainda queria saber seu problema com voltar para lá. Queria perguntar sobre seus pais. Queria perguntar muita coisa. Mas preferia quando ele não se fechava, então não insisti.
"Se eu pudesse," comecei, "gostaria de conhecer a antiga Nova York."
Ele me focou. "Que clichê," falou, um sorriso voltando a aparecer no rosto.
Eu me sentei. "Não é clichê! É histórico!"
"É uma cidade fantasma hoje em dia, Lola. Você definitivamente não quer conhecê-la."
Eu não sabia daquela parte. "Sério mesmo? Fantasma?"
"Praticamente vazia," ele disse, com cara de quem não podia fazer nada em relação àquilo. "Todas as pessoas das maiores cidades do Leste vieram para cá," ele disse. "Todas que tinham dinheiro para se mudar para perto da capital, na verdade."
"Que triste," falei e ele deu de ombros.
Por alguns segundos, ficamos em silêncio. Mas depois ele começou a balançar a cabeça sozinho.
"Que foi?" Perguntei.
"Eu gostava da antiga capital," ele admitiu. "Dos Estados Unidos da América, quero dizer."
"Washington? Você gosta de Washington?"
"Gostava," ele me corrigiu. "Sei lá, tinha um interesse descomunal e inexplicável pela cidade quando era menor. Aliás, pela história dos Estados Unidos mesmo. E de como viramos Illéa."
"Uau," falei, rindo.
"E não sou o único, hein? Keon disse que também era assim com ele."
"Então vocês são amigos mesmo, é?"
Ele deu de ombros. "De encontrar no corredor, por quê?"
"Nada. Eu tenho um encontro com ele amanhã, alguma coisa que eu devo saber?"
Até me endireitei, esperando o que ele falaria.
"O dos jogos aquáticos?" Ele perguntou, e eu concordei com a cabeça. Ele demorou para voltar a falar, quase me fazendo pensar que não ia nem falar mais nada. "Divirta-se," acabou dizendo, enquanto arregalava os olhos por um segundo e dava ombros.
Definitivamente não parecia que ele queria que eu me divertisse.
"Sei lá," falei, desanimada. "Acho que o evento de noite vai ser bem melhor."
Ele abriu um sorriso torto e convencido. "Claro, eu estarei lá."
"Não," revirei os olhos, apesar de gostar de ver que ele realmente já se considerava presente. "Porque é uma causa boa! Acredite!"
Ele riu e abriu a boca para falar outra coisa, mas bateram à porta. Antes que ele pudesse se levantar e eu tentar me esconder, ela se abriu e uma criada colocou a cabeça dentro do quarto.
"Carol?!" Marc perguntou, mas ela o ignorou.
"Princesa Lola, Clarissa Simpson me pediu que viesse lhe buscar."


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Notas finais do capítulo

Essa saída da Lola com o Marc acabou de vez hein. De agora em diante, voltam os capítulos dos selecionados e dos outros personagens.