Kowai no Ai Suru escrita por Camihii, Luh Black


Capítulo 9
Namoro?


Notas iniciais do capítulo

E é agora que as coisas realmente começam! O cap está longo, mas... eu acho que está bom... não? i.i



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- Por favor, seja a namorada do meu melhor amigo!

- Ãã? – sei que essa resposta não foi uma das melhores, mas o que eu posso falar? De repente aparece o ser Arataresco se ajoelha aos meus pés e faz esse pedido sem sentido.

- Por favor, seja a namorada do meu melhor amigo! – ele falou novamente, ou melhor, ele implorou novamente.

- Não. – disse voltando a ler um livro que tinha acabado de pegar na seção de suspense da livraria. Era uma história interessante, aposto que a garota morre no final.

- Mas... mas...

- Nenhum mas seu, vai fazer eu mudar de idéia. Eu não vou ser a namorada de um cara que eu não conheço. Mas mudando de assunto, o que você está fazendo aqui, hoje não é o seu dia de folga?

- Sim, mas eu precisava falar com você. Kyoko-chan, por favor! É só um favorzinho!

- Não, Arata.

- Olha, vou te explicar tudo. Ontem eu fui na festa de aniversário de um amigo do meu antigo colégio, cuja família tem negócios com a minha família...

- E como foi? – perguntei.

- Um saco! Só foi bom por causa da Mom... Kyoko não mude de assunto. – acho que minha tática “faça-o-Arata-se-distrair-e-esquecer-da-idéia-idiota” não deu muito certo – Onde eu estava? Ah, sim! Eu fui na festa, e encontrei o meu amigo. Ele foi embora, e eu também. Só que quando eu tava na porta ele me liga, falando que tinha visto a namorada dele o traindo. Depois ele me puxa para pegar pegar um táxi e nós vamos para um parque qualquer. Ele me conta tudo, e a gente faz um plano.

“Vamos fazer da vaca provar do próprio remédio. Vamos fazer com que ela o veja feliz com outra. Mas precisamos de alguém muito confiável, por isso não pode ser uma das garotas dos ínumeros casos dele. E eu sugeri você. Você é a pessoa mais confiável que eu conheço e sei muito bem que você não se importa de pisar em alguém, e pode muito bem humilhar uma pessoa se quiser! Então, por favor, Kyoko-chan! Você seria como uma... falsa namorada dele!”

- Deixa eu ver se eu entendi. O seu amigo, que é o amor da sua vida, descobriu que estava sendo traído pela namorada.

- Isso.

- Então, ele pede ajuda para o melhor amigo dele, que seria você.

- Isso.

- E vocês juntos fazem um plano para fazem a “vaca” provar do próprio veneno.

- Isso.

- E você, pelo fato de eu ser confiável e poder humilhar e pisar em uma pessoa, fala de mim para ele.

- Isso.

- E você quer que eu faça parte desse plano, fingindo se a namorada dele, para ele poder ter a vingança que tanto quer.

- Isso.

- Entendi tudo certo?

- Sim, sim. E então, Kyoko-chan. Vai ajudar?

- Não. – respondi simplesmente.

A cara de decepção dele foi hilariante. Mas devido aos meus anos de prática nem ao menos abri um sorriso.

- Kyoko-chan! – ele gritou.

- Esquece, Arata. Eu não vou fazer isso.

- Mas ele é lindo, olha! – falou desesperado pegando uma foto da carteira dele.

Eu devo ter matado muita gente na vida passada. Se não, por qual outro motivo ele estaria me mostrando uma foto do ser mais retardado e odioso do mundo. Isso mesmo, do Matsuda Kaoru.

- Ele não é lindo? – perguntou Arata.

- Não, não é. – me limitei a dizer, na verdade eu queria gritar: não, ele é horroroso, e além de tudo é filho da mãe imbecil! Mas isso poderia magoar um pouco os sentimentos do Arata, então...

- Ele é sim. Ele é maravilhoso, tão lindo... – ele estava quase suspirando olhando para a foto do Matsuda, bizarro...

- Falando em maravilhoso. Como foi o encontro com o cara?

- Ah, com o Jiro? Foi bom... – ele corou, ótimo meu plano “faça-o-Arata-se-distrair-e-esquecer-da-idéia-idiota” deu certo!

- Só bom? Aconteceu alguma coisa?

- Ele...

- Ele?

- Tipo...

- Arata, fala. Eu já disse que não posso ler sua mente.

- Ele... me beijou.

- Jura. – sorri – E como foi?

- Como assim como foi?

- Como foi, ué? Você gostou?

- Sim...

- É?

- Aham... – disse mordendo o lábio inferior.

- Arata! Desembucha, garoto!

- Foi muito bom. Ele beija muito bem.

- Conta com detalhes, por favor. – falei sorrindo. Era estranho, eu parecia uma garota querendo saber do primeiro beijo da melhor amiga, muito estranho. Mas ele estava animado...

- A gente foi ver um filme, né? Daí depois de alguns minutos e ele colocou o braço no meu ombro, e com a outra mão pegou a minha mão. Ele começou a... acariciar a minha mão e meu ombro – sussurrou – e bem, a partir daí eu nem prestava mais atenção no filme! Eu acho vou precisar ver o filme de novo, parecia bem interessante, quer ir comigo?

- Arata! Foco!

- Ah, sim! Bem... então, ele levantou aquele troço que fica no meio dos bancos. E me puxou... eu fiquei encostado nele por um tempo. E então ele puxou o meu queixo e me beijou. – ele deu um gritinho fino pra depois cair deitado no chão – Ele beija muito bem, ele ficou me beijando até o filme acabar. E quando acabou ele sussurrou no meu ouvido: você beija muito bem. E depois ele deu o celular dele, pediu o meu... E a gente vai sair de novo!

Nunca o vi tão animado. Quem sabe esse tal de Jiro possa fazer ele finalmente esquecer do amigo... quero dizer... do ser desprezível chamado Matsuda Kaoru. Ele finalmente descobrira que a tal namorada o traía, e agora queria descer ao nível dela e fazer o mesmo, só por vingança. Tudo bem que ele a traí sempre, pelo o que eu sei, mas eu não acredito que ele vai fazer isso. Cara, eu o odeio! Só porque ele me faz sentir tanta pena pela idiotice dele.

~~~#~~~

- Olá, Kyoko-chan!

- O que você quer, Matsuda? – perguntei grossa. Afinal eu estava comendo tranquila, quando ele chega e transforma o meu dia quase bom em totalmente ruim, acho que eu posso ser grossa, não?

- Como tá mau-humorada, Kyoko-chan.

- Eu já disse para não me chamar desse esse jeito. Eu não sou como uma dessas vadias que se jogam ao seu pé.

- Nossa, hoje você está irritada!

- Não, sério? – falei sarcástica – Por que será?

- Qual é o seu problema comigo?!

- Você é um idiota. Você me enoja. Eu não gosto de você. Eu te odeio. E não me importaria se você morresse.

- Eu não fiz nada pra você! – agora ele estava ficando irritado. Ótimo, assim acontece uma briga e eu posso descontar toda a minha raiva nele.

- O fato de você existir, Matsuda, já é um desgosto para a minha vida. Só o fato de eu ter que conviver com você, respirar o mesmo ar que você respira já me faz tem vontade me vomitar.

- Você acha que você não me irrita também?! – ele gritou se levantando. Ótimo, agora todos estão olhando para nós. Momento perfeito para uma briga, afinal, platéia é sempre algo bom. Aumenta a popularidade do vencedor. E é óbvio que eu vou ser a vencedora.

- O fato de eu te irritar não me incomoda, Matsuda.

- Te alegra, é?

- Na verdade, não tem nenhum tipo de efeito em mim. Sua opinião é irrelevante.

- Qual é o seu problema?! – falou batendo na mesa.

- Agora? Um imbecil que está fazendo cena só por ouvir a verdade. Que ele é um mala sem alça inútil.

- Ah! Você é uma idiota!

- Concordo. Todos os seres humanos são idiotas, mas você é mais só porque acha que não é.

- Você não sabe nada sobre mim. Você não pode falar nada sobre mim. Você é só uma garota estúpida que acha que pode dar medo em todo mundo.

- Sim, Matsuda, eu não sei nada sobre você, e estou muito bem assim, obrigada. Ao contrário de você que sempre está me importunando para tentar saber algo da minha vida.

- O que você está falando?

- Todos os lugares que nos encontramos você quer falar comigo, mesmo tendo o perigo de ser assassinado misteriosamente. Você faz isso, ou porque é um idiota retardado, ou porque quer saber mais da vida da Dama Negra. Cheguei a conclusão de que são ambos. – constatei enquanto cruzava a perna por debaixo da mesa.

- Por que eu iria querer falar com alguém tão fria e chata quando você? Que não tem a mínima razão para ser assim!

- Não fale o que não sabe. E principalmente não se meta na minha vida! Você é um idiota arrogante, e eu tenho pena de você.

- Tem pena de mim?! Você sabe quem eu sou? Eu sou o filho do dono de uma das empresas mais bem sucedidas do mundo. O que eu tenho, você não vai ter em toda a sua vida.

- Não Kaoru, você apenas um filhinho de papai. Você não tem nada, é o seu pai que tem.

- Um dia será meu.

- Concordo. Mas me diga, não é horrível ser conhecido pelos atos e riquezas de seu pai, não pelos seus? No final você tem apenas uma ignorância terrível, uma prepotência odiosa, uma idiotice crônica e a minha mais profunda pena. Tem razão, eu nunca vou ter isso em toda a minha vida.

Ele olhou com ódio para a minha cara, que agora estava sem nenhum tipo de expressão, obviamente. Se virou e foi embora. Ótimo, eu venci, e você perdeu, Matsuda. Foi tão rápido, nem ao menos descontei toda a minha raiva.

- Nakamura! – a voz fina e irritante da idiota, agora sim vou descontar tudo.

- O que quer, Naomi?

- Como ousa falar assim com o Kao-chan? Acha que é melhor que ele?

- Aposto que ela só faz isso pra chamar a atenção dele. – disse Saito – Ela tem toda essa pose, mas na verdade é uma hipócrita que morre de amores pelo Kao-chan. Mas Nakamura, desista, tá? Para seu bem, e para o nosso também, seria assustador te ver chorando depois que ele te trocasse por uma garota melhor.

Agora ela passou dos limites, como se eu fosse gostar daquele... Me levantei e me aproximei dela, a peguei pelo colarinho do uniforme, a aproximando de mim para falar calma e tenebrosamente.

- Por favor, não me confunda com você. Vou falar uma coisa, e quero que não se esqueça. Eu não sou uma puta como você, não sou uma vadia que se arrasta aos pés de um cara qualquer. Você, assim como todas as garotas que se arrastam pelo Matsuda, é uma humilhação para o sexo feminino. Fazem de tudo por um cara que só quer usá-las, que não se importa com vocês. Vocês me enojam profundamente, e o pior de tudo, eu tenho pena de vocês. O Matsuda é um imbecil prepotente que quer afogar as mágoas com um bando de retardadas como você, e você é pior porque aceita isso! Tenha vergonha na cara, se importe com si mesma e pare de ser a vagabunda que é.

Acho que fui um pouco rude com ela... Não fui? Ah, que se dane! Já joguei ela no chão, e já saí do refeitório. E desde quando eu me importo se fui rude com alguém? Só falei a verdade do mesmo jeito. Agora era só ir para a classe e terminar aquela luva que eu estava fazendo e... droga... é aula da Nana e... eu vou ter que respirar o mesmo ar daquele ser imprestável. Momento depressão.

- O que foi aquilo, Kao-chan? – um garoto pertubava Matsuda quando eu entrei na classe. Acho que o nome dele é Taro...

Incrível, de repente a classe ficou tensa, por que será? Acho que é porque eu e Matsuda estamos nos encarando. Quem sabe?

- Nakamura!

- Ah, oi Hirano. Matsui.

- Olá Kyoko!

- Nakamura, o que foi aquilo no refeitório? Duas brigas no mesmo dia! Tá podendo, hein! Que inveja, eu que queria falar aquilo para o Matsuda.

- Isso não é coisa para que se tenha inveja, Ayame! – gritou a ruiva. – Isso é péssimo! Kyoko, como você pôde fazer aquilo? Vai te arranjar confusões e... Como eu sempre digo, nunca se ferre por algo que você fez com um imbecil! Eles não valem a pena. E se você realmente tiver que fazer alguma coisa com eles, você faz em silêncio, oculto, sem que ninguém saiba, as escondidas! Não em pleno refeitório!

- Em suma, você pode fazer tudo o que quiser com o imbecil, desde que não seja em público. É isso, Maki?

- Claro! Não é óbvio, Ayame?!

- Óbvio é, mas é antiético também.

- Claro, que não. Ferre o outro, mas não se ferre. Esse é o lema mais importante!

- Maki, não viaja.

- Eu vou sentar. – falei indo para a minha mesa, mas acho que nem ao menos ouviram, já que continuaram a discutir quais eram os lemas mais importante. Para Matsui era esse tal de Ferre os outros, mas não se ferre. Já para Hirano era Uma formiga pode, por outra formiga, viver, morrer, correr e chorar, mas no final continua sendo uma formiga. Eu não entendi, mas vendo que é sobre a Hirano eu me impressiono pelo fato de não ser algo mais idiota.

- Classe! – droga, quase esqueci que era aula da Suzuki – Eu tenho uma novidade! Vai ocorrer um evento esse fim de semana que vai falar sobre a história matemática, mas não como a matemática surgiu ou os grandes matemáticos que existiram. Vai falar do porque as fórmulas matemáticas serem como elas são. Por que na radiciação temos que achar um número que multiplicado a ele mesmo dá certo número? Por que fazemos as contas de subtração e divisão como fazemos? Vão explicar tudo isso e muito mais! Mas o que realmente me interessa é o trabalho que vocês vão ter que me entregar depois que forem a exposição! Mas fiquem calmos! – completou depois do suspiro de toda a classe – O trabalho será em grupo! Só que é claro eu vou escolher os grupos!

Juro que vi um leve sorriso sádico se formando no rosto dela, só faltava ela soltar uma risada diabólica e estarmos no castelo do Conde Drácula, seria o perfeito filme de terror.

- Bem, as duplas são, Hirano e Sawada, Namae e Fujioka, Saito e Uchida, Matsui e Matsumoto, Nakamura e Matsuda, Oka...

- O QUÊ?! – gritamos eu e Matsuda ao mesmo tempo.

- Porque tanta gritaria?! – repreendeu Nana.

- Eu não vou fazer com ela. – falou Matsuda.

- Eu não fazer com ele.

- Qual o problema entre vocês dois?

- Eu não gosto dela.

- Ele é um idiota.

- Ela é uma imbecil arrogante.

- Ele tem a capacidade intelectual de um rato, me desculpe, ratos pensam mais que ele.

- Um rato?  Mais inteligente que eu?!

- Isso. Veja, ele consegue achar um pedaço de queijo em um labirinto. Aposto que você não tem essa capacidade.

- E você acha que você tem?

- Eu com toda certeza sou mais inteligente que você.

- E muito modesta também, não?

- Eu não sou modesta. Eu acabei de falar que sou mais inteligente que você e você me chama de modesta? Não sabe o significado dessa palavra.

- Nunca ouviu falar de sarcasmo?

- Nunca...

- Parem vocês dois, que essa briga estúpida já está me deixando deprimida! – reclamou Nana – E vocês vão fazer juntos! Parem de frescura!

- Eu nem ao menos consigo estar na mesma classe dele sem ficar enjoada. Você acha que eu consigo fazer um trabalho com ele?

- Do que você está reclamando? Você tem sorte de um dia entrar na minha casa!

- Sorte eu vou ter se ficar gripada nesse dia. Pelo menos eu paro de sentir o cheiro horrível do seu perfume. Se isso pode ser chamado de perfume, não?

- Estranho, ninguém nunca reclamou do meu cheiro.

- Isso é porque os outros são covardes demais para falar alguma coisa de um filhinho de papai. Afinal ele pode chorar no colo do papai dele, não?

- Calem a boca! – gritou Matsui impaciente – Como vocês são implicantes! Vocês vão fazer esse trabalho, e juntos! Quem sabe assim parem com essas brigas idiotas no meio da aula!

- Calem a boca! Kami-sama, é tão difícil vocês serem pessoas decentes e normais? – suspirou Nana – Obrigada Matsui. E como é óbvio, minha voz é a última, vocês dois vão fazer juntos. As duplas já foram formadas e é assim que vai ser.

E com essa maravilhosa intervenção de Matsui, eu tive que fazer o trabalho com esse ser rídiculo, e mal cheiroso, chamado Matsuda Kaoru.

Eu vou matar a Matsui. E aproveito e mato a Suzuki Nana também.

~~~#~~~

 

- Onde você está?!

Estava atrasada. Eu sabia disso. Tinha combinado com as garota e com o imbecil de nos encontrarmos às seis da noite no parque, para vermos a exposição. Por conta do meu trabalho me atrasei apenas meia hora. Mas o que meia hora faria? Quero dizer, não é como se fosse matar alguém, é? Bem, se meia horinha não mata ninguém, então porque Matsui estava no celular, gritando no meu ouvido?

- Estou quase chegando. Me atrasei um pouco por causa do trabalho, e estou saindo do metrô agora.

- A gente combinou às seis horas. Todo mundo está aqui esperando por você.

- O que você queria que eu fizesse? Eu tinha que terminar de arrumar a sessão de suspense.

- Não importa! Você combinou, então vem logo! A Ayame está quase pulando no pescoço do Kaoru. Se ele dar outro escândalo reclamando do seu atraso, eu não vou conseguir segurar ela! E por que você estava trabalhando no sábado?

- Falta de pessoal.

- Ah... Bem, vem logo!

- Já estou chegando, já estou chegando. – ouvi o som de algo sendo jogado no chão – O que aconteceu?

- A Ayame acabou de jogar o celular do Kenichi no chão.

- Kenichi? Quem é o ser?

- Um amigo do Kaoru. Parece que ele convidou dois garotos da nossa classe. O Taro Kenichi e o Kamekyo Jiro. – Jiro? Será que é o Jiro do Arata? Porque ele disse que o ser era uma amigo da paixão dele. Considerando que a paixão dele é o Matsuda, por que esse não pode ser o tal?

- Jiro, é?

- O que foi tá interessada, é? – debochou Matsui.

- Claro, como se eu tivesse tempo de me interessar por alguém.

- Ai, como você é sem graça! Você tem que aproveitar a vida!

- Eu aproveito a vida vendo um bom filme, enrrolada em um cobertor e comendo uma pipoca.

- Nossa... que programa de velha!

- Ei! Não critique o meu programa! É o meu jeito de aproveitar a vida. – outro som de algo sendo jogado no chão – A Hirano jogou o celular do ser de novo?

- Mais ou menos, dessa vez quem jogou foi o Kaoru... E parece que dessa vez quebrou mesmo... E agora o Kenichi entrou em depressão súbita e está chorando as pitangas... E falando algo como “Kazumi-chan, Kazumi-chan”...

- Chorando as pitangas? Que raios de expressão é essa?

- Meu pai começou a falar depois que voltou da América do Sul. Parece que aprendeu com o velho de um bar que ele frequentou.

- Ah... Bem e a Hirano?

- O quê?

- Tá fazendo o quê?

- Tá bufando, e pelo jeito que está quieta está inventando formas de te matar lenta e dolorasamente.Cuidado.

- Uhn, interessante. E o Jiro?

- Há! Eu sabia! Está interessada nele!

- Não viaja! Só estou curiosa.

- Bem, ele tá trocando mensagens com alguém pelo celular. – Será que é com o Arata? Ah... que fofo.

- Cheguei. Vou desligar. – disse desligando o celular.

- Finalmente! – gritou Hirano quando eu cheguei.

- Me desculpem a demora, mas tive problemas no trabalho.

- Que demora, hein, Nakamura? – reclamou Matsuda.

- Vamos entrar? – o ignorei.

- Claro! Muito prazer sou Kenichi e esse loiro gay aqui é o Jiro! – disse escandaloso enquanto puxava o amigo pelo ombro.

- Somos da mesma sala. Não tem muito o que apresentar. – murmurou o loiro irritado.

- Bem, vamos? – perguntou Matsui.

- Matsuda. Vamos fazer assim, vamos nos dividir. Eu anoto as coisas importantes e você tira as fotos.

- Por que eu não anoto?

- Não confio nas suas mãos.

- E eu não gosto de você.

- Idem, mas o que importa agora é o trabalho. Não o ódio profundo que compartilhamos, certo? Saiba dividir as coisas, Matsuda.

- Por que você não...

- Certo! Vamos parar aqui! Você garotos vão para um lado e nós três vamos para o outro. – combinou Hirano.

- Certo. – concordaram os outros dois.

- Vocês tem sorte de terem ficado juntos. – ouvi Matsuda comentar para os outros dois enquanto se afastavam.

- Eu não vou conseguir fazer um trabalho com aquele ser. – constatei enquanto íamos para a zona leste da exposição.

- Pelo menos ele veio.

- É verdade, onde estão os pares de vocês?

- Falei com a Sawada, mas ela vai ter uma apresentação de piano hoje. Disse que vai vim amanhã, e vamos nos encontrar depois. – explicou Matsui.

- Já o Matsumoto acabou de ligar desmarcando. – bufou – Ele vai ter que vim outro dia.

Entramos em uma sala escura em que algumas pessoas estavam sentadas. Parece que uma apresentação ia começar. Ai, ai, agora só resta ver a exposição. Depois de três, quatro horas terminamos de ver toda a exposição. Até que não foi tão ruim.

- AH! QUE SACO! – gritou Hirano assim que fomos para a entrada da exposição.

- Por que tanto escândalo, Hirano? – perguntei.

- Isso, é um saco!

- CONCORDO! – falou uma voz vinda do além.

- Ah, Kenichi-kun! Você está aqui... – Matsui constatou o óbvio, depois de é claro, nos recuperarmos do susto que o imbecil nos deu.

- Claro!

O imbecil, Taro e Kamekyo, ou Kenichi e Jiro tinham acabado de chegar. Uhn... Alto, loiro e bonito. Essas foram as descrições que Arata deu para mim sobre o possível namorado dele, além de é claro que ele beija muito bem. O Jiro do Arata seria um amigo do Matsuda, e esse Jiro que está a minha frente é amigo do Matsuda e bate perfeitamente com as descrições do Arata.

- Vou ao banheiro. – avisou Taro. E Matsuda foi logo atrás, felizmente.

- Nós vamos a lojinha ali, quer ir conosco Kyoko? – perguntou Matsui apontando para uma loja mais a frente.

- Não, obrigada. Vou ficar aqui mesmo.

- Kamekyo. – chamei-o depois de algum tempo em completo silêncio. Ninguém estava conosco agora então não levantaria suspeitas. Poderia ser meio arriscado. Mas eu estou muito curiosa.

- Sim? – ele perguntou depois do leve espanto.

- Posso falar com você?

- Claro. Fale, Nakamura.

- Você conhece um garoto chamado Arata?

- A-arata? – há! Ele gaguejou, aposto que é ele.

- É, moreno, baixinho, óculos.

- Ah, o Arata? Conheço sim. Por quê?

- Nada não...

- Nakamura! – gritou Hirano – Vem aqui!

- Eu vou indo. – avisei.

Procurei elas pela loja, que era bem decadente na verdade, e as encontrei em um canto olhando uma revista qualquer.

- O que foi? – falei.

- Olha isso, Kyoko! – disse Matsui me mostrando uma revista – A Ito Nanatsuki tá fazendo um Manual Mecha, vai sair no mês que vem!

- Jura?

- Sim, olha! – falou Hirano – Mecha no Manyuaru!

- Vocês leram aquele mangá dela, é... Gin no Ketsueki? – perguntei.

- Ah! Eu adoro a história!

- Eu gosto do personagem principal, o Hajime. Ele é muito foda. – disse Hirano.

- E ele é tão lindo...

- Maki! Se controla!

- Mas ele é tão...

- Maki!

- Eu vou no banheiro. – avisei rindo das duas.

Ai, odeio ir em um banheiro que não seja o de casa. Não que eu seja fresca... na verdade, eu sou sim, sou muito fresca em relação a isso... Espera, uma cabeça conhecida... É o... é o Matsuda. O que ele está fazendo? Bem, uma espiadinha não vai fazer mal, não?

Ele estava perto de um casal. A garota falava, enquanto o outro, atrás dela, apenas olhava. Estranho... Me escondi atrás da árvore e... Que humilhante, Nakamura Kyoko se escondendo atrás de uma árvore. O que a curiosidade não faz com a gente... Espera... eu conheço a garota... Não? Será que? Oh... É a namorada dele...

- Aliás, acho que ninguém te amaria. Até os seus pais ficam longe de você, a quanto tempo você nos os vê? Três, quatro semanas? No final você é inútil, não é de nenhum benefício para ninguém... quero dizer, você oferece algum benefício. Afinal seu pai é dono de uma das maiores multinacionais, mas as pessoas estão ao seu lado apenas por causa disso, ninguém gosta de você realmente. Você não tem ninguém. – ela disse sorrindo, como se fosse um anjo, ou como se estivesse fazendo uma boa ação humilhando alguém desse jeito – Você só tem a sua empregada, mas bem, ela é uma empregada, nee? Não vale tanto... Eu tenho pena de você... Você nunca vai amar ou ser amado, nunca vai ter uma relação como a que eu tenho com o Ru-chan. Você é um imbecil, Kao-chan. Sabe... acho melhor nos separarmos, não aguentaria ficar com um fracassado.

Auch, essa doeu até em mim. Parece aqueles doramas dramáticos e bizarros que passa nas noites de sexta na tevê, em que a malvada humilha a boazinha... Normalmente a boazinha fica pê da vida e revida, falando algo pior, mas contando que é o Matsuda... e bem, ele é meio... idiota... duvido que consiga superar o que ela falou.

- Eu estou aliviado. – disse o Matsuda com um sorriso cínico, quem saiba em consiga revidar – Você não sabe como eu estou bem agora, juro que estava me sentindo muito culpado. Afinal, eu também estava te traindo o tempo todo, e sempre me culpava, já que sempre achei que você era uma santa... Mas, agora que vejo que você não passa de uma vaca e outras coisas piores, que eu não vou falar em respeito aos seus pais, eu não me culpo mais. Mas só para você quebrar a cara e só para eu ter o gosto de tirar esse sorrisinho imbecil do teu rosto, vou falar que você está errada. Já achei uma pessoa que me ama, e que eu também amo. Uma pessoa que realmente me satisfaz, e me faz bem. Não uma sanguessuga como você. Uma pessoa mil vezes melhor, e que você nem ao menos ter o direito de beijar os seus pés, já que suja como é, vai com certeza sujar os pés da pessoa que eu mais amo. Você nunca vai chegar aos pés dela.

“Você é tão hipócrita, diz que ninguém é capaz de me amar, mas nem sua mãe te aguentou. Deve ser por isso que a tão famosa atriz fugiu, para sair de perto de você. Você fala que ninguém vai amar alguém sujo como eu, mas a sua própria mãe te desprezou. – o garoto, que até agora ficara quieto, levantou subitamente segurando os braços dela, como se estivesse confortando-a – Oh... Desculpa, não queria ter usado essa palavra. Desprezou. Sei que não gosta dela. Afinal, você tem fobia de ser desprezada, não? Que medo mais estúpido, primeiro que vem de uma vadia infantil como você, segundo que é um medo totalmente sem sentido, já que você sempre será desprezada, você não passa de uma peça de um quebra cabeça, Hana. Você não passa de uma gostosa que os homens passam a mão e vão embora rindo da tua cara. Você um lixo desprezível e inútil.”

A garota tava chorando! Kami-sama que surpresas eu tive hoje. Conheci o pretendente do Arata, fiquei sabendo sobre a nova obra da Nanatsuki e descobri que o Matsuda não é tão retardado quanto eu pensava. Ele tem a capacidade de humilhar alguém!

- Eu duvido. – ela disse, depois de ter limpado uma lágrima do rosto – Você com uma namorada? Até parece! Só acredito vendo.

E antes que eu percebesse estava indo na direção deles. E abrançando o Matsuda por trás.

- Algum problema, Matsu-chan? – perguntei apoiando minha cabeça em seu ombro.

- O que você está fazendo? – sussurou.

- Te ajudando, imbecil! Agora cala a boca e me acompanha! – respondi no mesmo tom.

- Quem é você? – a garota perguntou rude.

- Matsu-chan, que é essa? É a imbecil que seu pai obrigou você a namorar.

- Isso mesmo. Ichikawa Hana. – ele falou.

- Muito prazer. – sorri.

- Tsc, me trocou por isso, Kaoru? Me sinto até ofendida. Esse projeto de garota é o amor da sua vida?

- Hana, não ouse falar assim dela! – nossa, ele entrou mesmo no papel.

- Não fica assim, Matsu-chan. Eu não me importo com o que ela diz. Pessoas como ela são pessoas dignas de pena. Mas eu adorei saber que eu sou o amor da sua vida. Eu também te amo muito, nee! – ai, se eu tiver que falar assim por muito tempo meus neurônios vão queimar! Socorro!

- Quem é você? – ela perguntou ríspidamente.

- A namorada do Matsuda, sua capacidade é tão pouca que ainda nem conseguiu entender isso. Ou será que o fato de que você foi trocada por alguém está te deixando ainda mais burra? – disse ainda sorrindo. Logo, logo ela não aguentaria mais me ver sorrindo, perderia a paciência, garotas ricas são assim. Não sabem brincar.

- Nada que tenha a ver com o Kaoru me atinge. Não sou tão medíocre a ponto de deixar isso me ferir.

- Mas continua sendo um pouco medíocre, não? Aposto que agora está se remoendo de ódio. É por isso que não sinto nenhuma vontade de ser rica, afinal, tendo dinheiro, ninguém nunca vai falar as verdades que você tanto merece ouvir. E quando uma pessoa falar tudo, você vai ficar bem impressionada e uma imagem patética vai tomar conta de você. Como essa que você está fazendo agora.

- Ah, então você é pobre, uma simples plebéia. Vai querer dar um golpe no Kaoru, não? – ela estava na defensiva. Estou ganhando, que novidade.

- Ai garota, você precisa escutar mais quando uma pessoa fala. Ou pelo menos tentar entender o que ela fala. Se eu estiver falando muito rápido me avise, certo? Por que daí eu falo mais devagar, quem sabe assim você entende. – debochei – Se você não entendeu, eu não quero ser rica. O dinheiro não faz e nem melhora uma pessoa, apenas apodrece mais. Um belo exemplo é você.

- O Kaoru está com você apenas por causa de uma aposta. Você não deve saber, mas os adolescentes ricos apostam entre si, para acabar com o tédio, sabe? – brincou, como se estivesse contando o maior segredo do mundo – E normalmente apostam se vão ou não conseguir conquistar uma plebéia.

- Isso não é uma comédia romântica, fofa. É a vida real, eu sei que você não deve saber nada sobre ela, já que com certeza é mais uma dessas burras mimadas que vivem presas em seu próprio mundo, mas na vida real isso só acontece em filme.

Ficamos nos encarando por um bom tempo, não dei a minha encarada mortal, porque não tive muita vontade. A uso apenas quando muito necessário. O olhar com que encaro a Suzuki, o Matsuda e esse ser rosa a minha frente, são apenas um décimo do olhar. Pelo menos, serve para dar um medo básico. Devíamos ter ficado alí um bom tempo mesmo, até quando o Matsuda me abraçou e eu fiz o que foi uma humilhação para mim, retribui o abraço.

- Você o chama de Matsuda, que tipo de pessoa usa o sobrenome para se referir ao amor da sua vida? – ela perguntou com desdém, enquanto nos olhava com nojo. Devo dizer, que também olharia da mesma forma, afinal nunca me quis abraçada com esse ser.

- Ninguém mais o chama de Matsuda. Ou é de Kaoru, ou Kao-chan. Nenhuma namorada dele já se referiu a ele com o sobrenome. E é por isso que eu faço isso, para que eu seja algo marcante. Para que eu seja a única que o chame desse jeito. Para que ele me reconheça apenas pelo modo como eu o chamo. Para que o sobrenome dele seja algo pertencente somente a mim. – agora dei uma forçada legal. Mas o que ela queria? Me perguntando isso de repente, com certeza ia sair besteira!

O ser me abraçou mais forte, para o meu desespero e nojo, e sorriu.

- É por isso que você me chama assim. – disse representando uma felicidade impressionante, que eu nunca conseguiria fingir.

E me beijou.

Não na boca, obviamente, se fosse ele já estaria morto.

Mas no rosto.

E isso já é uma falta terrível.

Se controle, Kyoko. Se você o matar agora você vai ter que matar o ser rosa e o... outro. Você não pode fazer isso. Quero dizer, matar o ser rosa tudo bem. Mas o outro ser qualquer não. Deve ser apenas um mauricinho apaixonado.

Então mate o Matsuda apenas quando eles saírem.

- Vamos! – ela falou para o seu acompanhante, que se curvou ante a mim e ao Matsuda. E os dois foram embora.

Agora você pode matá-lo, Kyoko.

E logo ele estava no chão, com uma das mãos no rosto e um olhar surpreso. Que visão maravilhosa! Só faltava ele estar com uma faca na cabeça e eu estar tomando um sorvete de chiclete.

- Mas o quê? – ele perguntou assustado.

- Arata me pediu, mas eu recusei. – expliquei, a cara de surpresa dele foi impagável.

Uma musiquinha. É meu celular. Uma mensagem do... Yuki. Abri o celular e fui sentar em um banco.

Kyoko! A gente precisa conversar! A Ayame e a Maki falaram sobre a viagem! Não acredito que você ainda não me convidou! Você não quer que eu vá?

Ah! Eu vou matar essas daí.

Fica calmo, Yuki. Não se mate! Não é que eu não queira que você vá. Mas como eu disse, vai ser uma coisa muito simples. Nenhuma viagem como as que você já foi. Se quiser ir, ótimo, vou ficar muito feliz. Mas se não, eu não vou falar nada.

Só ele mesmo.

- Kyoko-chan! – o ser patético chamou sentando ao meu lado.

- Não me chame desse jeito, energúmeno!

- Kyoko-chan! – falou com a voz chorosa.

Então eu vou!

Ótimo! A gente se fala depois. Agora tenho que torturar um imbecil.

Boa tortura!

- Como você conhece o Arata? – perguntou.

- Nós trabalhamos juntos.

- Você trabalha na livraria?

- Não, Matsuda. Trabalho em uma loja de brinquedos e o Arata também. – falei sarcástica.

- Não consigo imaginar você trabalhando em uma loja de brinquedos.

- Nem eu.

- Obrigada. – disse sorrindo.

- Pelo o quê?

- Bem... você sabe.

- Tanto faz. – remunguei.

- Você me odeia.

- Pensei que já estivesse claro.

- E estava, pelo menos até agora pouco. Se você me odeia por que me ajudou? Podia muito bem ter ido embora, e eu que me explodisse! Por que fez isso?

- Boa pergunta. Também gostaria de saber.

- Você me irrita!

- Eu sei. – sorri – Agora vamos.

~~~#~~~

 - Nakamura Kyoko, você quer namorar comigo?

Era o imbecil. Sim, o imbecil. Matsuda Kaoru.

O que esse traste tem na cabeça?! No meio do almoço ele vem, bate as mãos na minha mesa como se quisesse chamar atenção de todos os outros trastes do refeitório, e praticamente grita a frase estúpida!

Quer namorar comigo?!

Por que eu namoraria com ele? Por acaso ele me confundiu com uma dessas imbecis de pouco QI que possuem atração por ele? Se esqueceu, eu posso muito bem lembrá-lo! É só eu bater na cabeça dele com um martelo! Onde eu vou arranjar um martelo eu não sei, mas que eu bato, eu bato!

Não, Kyoko. Não faça isso. Apenas ignore. Sim, ignore.

- Então, Yuki. Lançou aquele filme no cinema. Vamos no sábado?

- Ahn... Claro...

Ele está com cara de idiota. Não vai dar para falar com ele. Vou falar com a Matsui e com a Hirano. Ótimo! Elas também estão com caras de idiotas.

- Quer namorar comigo? – ele repetiu.

Calma, Kyoko! Muitas pessoas olhando. Você não pode ser presa. Ele é uma pessoa com boas relações, você ficaria um bom tempo em cana. Isso não é bom. Não tente encontrar um martelo!

- Acabei. Vou para classe, quero desenhar um pouco. – avisei aos três, ainda com caras de idiotas.

Me levantei e fui para a classe. Deixando o refeitório com todas aquelas pessoas com cara de idiotas! Parece que deu pane em todo mundo!

Só por causa do imbecil.

- Qual é o seu problema?! – gritei quando ele entrou na classe – Você é mesmo tão idiota?!

- Do que você está falando?

- Sei lá... acho que do seu pedido estúpido no refeitório! Não se faça de desentendido, seu imbecil!

- Eu que devia estar gritando! O que raios você na cabeça?! Você me ajuda a convencer a Hana, mas não quer namorar comigo depois?! Qual é o seu problema?!

- Agora?! O filhinho de papai imbecil e inútil na minha frente!

- Cala a sua boca!

- Como ousar falar isso? Você que tem que calar esse coisa que chama de boca! Ou melhor, simplesmente caia morto.

- Você vai namorar comigo!

- Vai me obrigar, é? Há, até parece. É mais fácil eu me auto mutilar do que ficar com você.

O sinal tocou e nos sentamos. Apesar de todo o ódio que sentíamos não era muito bom que os outros soubessem.

Mas a tensão era palpável na sala.

~~~#~~~

- Qual é o seu problema?!

- Hoje todo mundo vai gritar isso? Primeiro é o imbecil, depois é você. – brinquei, para depois falar sério, já que ele não estava com uma cara muito boa – O que foi, Arata? Qual é o problema?

- Ele me contou.

- Quem e o quê?

- Quem mais? O Kaoru, obviamente! Por que você não me disse que o conhecia?!

- Por que eu diria? Só fiquei sabendo por causa da foto. E podemos dizer que foi uma grande surpresa descobrir que o amor da sua vida era o ser mais retardado e estúpido do mundo. Até mesmo eu me surpreendo e esqueço algumas coisas às vezes, sabia?

- Arg! Que raiva!

- Que foi? Eu fiz o que você queria, não? Então, Kami-sama, para que tanto chilique?!

- Não, você não fez o que eu queria! Você fez apenas metade do eu queria! Então faça jus ao seu nome e me ofereça o pacote completo, caramba!

- Preciso dizer que não entendi metade do você disse?

- Kyoko!

- Olha! Eu já ajudei o ser com a Hana. Eu deixei ele me abraçar! E o chamei de Matsu-chan! Então não fala nada!

- Eu, obviamente, agradeço a sua ajuda até agora! Mas como eu disse, eu quero o pacote completo! Por que você recusou o pedido dele na frente de todo o refeitório?!

Ah, é isso...

- E você acha que eu aceitaria?! Passar por essa humilhação de ter que namorar com um completo imbecil, e as pessoas ainda saberem disso?! Até parece, Arata!

- Então, isso significa que você pode ficar com ele às escondidas.

- Arata, nem pense nisso.

- Mas...

- Não.

- Mas...

- Não!

- Kyoko!

- Arata, eu já fiz muito por você. Por favor, não me faça fazer isso também.

- Mas...

- Arata! Eu estou te pedindo! Pare. Eu não quero fazer isso, portanto eu não vou fazer.

Ele fez um biquinho, cruzou os braços e bufou, sentando no chão. Eu acho que fui muito dura com ele... Ah, gente, eu tô amolecendo! Que isso, Kyoko?! Não amoleça!

- Kyoko-chan?

- O que foi, Arata?

- O Kaoru me disse que o Jiro tava com vocês na exposição.

Fofo. Muito fofo.

- Sim, ele estava. Eu conheci o seu pretendente. – cantarolei.

- Ele é bonito, não?

- Lindo. - ri – E concordo com você, ele beija que é uma maravilha!

- Kyoko!

- Tô brincando! Não aconteceu nada entre nós... Mas e entre vocês? Aconteceu mais alguma coisa?

- A gente tá trocando mensagens pelo celular todo o dia. Mas a gente ainda não combinou um segundo encontro.

- Tá feliz? – perguntei.

- Muito... – murmurou sorrindo.

Ficamos conversando pelo resto do expediente, para depois nos despedirmos e cada um ir para sua respectiva casa. Eu pensando no que faria de jantar e ele provavelmente pensando no Kamekyo...

No fim resolvi fazer algo simples: carê. Algo melhor em um dia frio? Akira chegou cedo, então me ajudou a corta os legumes e fazer o arroz. Conversamos e ficamos planejando a viagem. Parece que vai ser para Kyoto mesmo.

- Vai ser legal visitar lá de novo. – falei.

- É quem sabe eu consiga ver o pessoal do orfanato. O Kyo pelo que eu sei ainda mora lá. – gemi em frustração. O fato é que eu nunca gostei do Kyo. Nunca. Era o melhor amigo do Akira, mas também o que mais me maltratava naquele lugar maldito, escondido do meu irmão é claro. E eu, nunca contei nada para ele, afinal até que a amizade deles era boa para o Akira. – Lembra do Kyo?

- Não muito. – menti – Era o baixinho ou o alto?

- O alto. O baixinho era o Kazuo, mas ele tá em Sapporo. Já se casou sabia?

- Nossa! Já?

- Aham. Mas e aí? Quem você convidou para a viagem?

- A Matsui, a Hirano, o Yuki e o Arata.

- Aquele Yuki, é? – reclamou.

- Eu não tenho nada com ele, Akira!

- Certo, certo.

- Akira.

- Certo, mas quem é o Arata?

- É do trabalho, não lembra? Você vai gostar dele, ele é bem fofo.

- Fofo? Você não teriam algo, teriam?!

- Akira! Pára com isso!

Comemos em silêncio um pouco, até a campainha tocar. Por que raios uma pessoa estaria batendo na nossa porta a essa hora, eu não sei. Mas que eu não tava com muita vontade de ver quem era, eu não tava. Mas infelizmente um ser, cujo o qual eu não falar o nome, me empurrou para fora da cadeira me fazendo primeiramente cair, e depois levantar para atender a maldita porta.

Eu não sei porque, mas eu juro que não fiquei muito supresa. E não sei porque, mas eu já esperava que o fosse o idiota na minha porta. E lá estava ele. Arrumado, perfumado, para o meu desgosto, e estranhamente, com um buquê na mão.

- Olá, Kyoko-chan! – cumprimentou Matsuda.

Não, eu não estava surpresa por ele estar aqui, mas isso não significa que eu não estava em choque. Que eu não conseguia falar merda alguma e que eu estivesse com uma vontade imensa de usar aquele martelo, aquele tão maldito martelo.

- Kyoko, o que foi? – parece que Akira resolveu ver o motivo de eu estar parada na frente da porta a mais de dez minutos. – Quem é esse?

- Olá, prazer, Matsuda Kaoru. – sorriu o imbecil.

Oh, que maravilha! Um Matsuda parado na porta sorrindo como o ser sem QI que é, um Akira me olhando com um olhar do tipo WTF? e uma Kyoko paralisada tentando se controlar para não pegar o martelo. Ah, desisto!

- Akira, pega o martelo!


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Notas finais do capítulo

E aí? Merecemos reviews? Eu sei que merecemos! Merecemos, não? T.T
Vocês viram como eu estou carente hoje... Então me ajudem a controlar essa carência maldita e mandem reviews! Ou pelo menos um bolo... ou takoyaki... ah, que vontade de comer takoyaki *sonhandooo acordada*

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