Kowai no Ai Suru escrita por Camihii, Luh Black


Capítulo 13
Caramelldansen


Notas iniciais do capítulo

Eu realmente sinto muito pela demora. Tanto que tentei escrever o máximo possível aqui, apenas para melhorar um pouco. As devidas explicações estão nas notas finais.



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— Muito prazer, Kyoko-san! – Ela... não... chorou? Bizarro.

— Só podia ser irmã do Arata. – Murmurei.

— O que, Kyoko-chan?

— Nada não. – Quieta, Kyoko! Quieta! – Bem, então como está essa festa?

— Um porre, como você já deve imaginar. – Ele suspirou.

— E vocês estão sozinhos aqui?

— Estamos, nee, Momo-chan? – Sorriu para a irmã – As pessoas daqui são muito chatas. Eu só vim porque a Momo estaria aqui e porque o Kaoru me pediu.

— E eu queria ficar lendo. Falando em livros você já viu a Rie?

— Não, cheguei agora pouco. E você está linda, Kyoko-chan. – Sorriu.              

— Eu não fico melhor de preto do que com rosa? – Perguntei com um sorriso irônico, lembrando da maldita atendente daquela maldita loja.

— Eu acho que você ia ficar muito bonita de rosa ou lilás, na ver...

— Acho que você ficaria bem de vermelho. – Interrompeu Momo – O significado do vermelho é... é como um paradoxo, significa paixão, sentimento, mas também significa violência e agressividade.

— É... realmente combina com você, Kyoko-chan.

— Verdade. – Concordei, menos com a parte do sentimento. E desde quando eu sinto paixão?

— Mas principalmente, o vermelho significa orgulho e poder. – Agora sim. Mas eu ainda não sei quando eu senti paixão... E o que exatamente seria isso...

— E o preto, Momo-chan? Significa o quê? – Perguntou Arata olhando para mim com o canto dos olhos.

— Luto, morte, mas também dignidade.

— Eu gostei desse. – Acho que tem um pouco mais a ver comigo.

— Como você sabe dessas coisas, Momo-chan?

— Um trabalho de psicologia pra escola. – Psicologia? Ela já aprende psicologia?

— Psicologia? – Falei um pouco surpresa. Na verdade, muito surpresa! Quantos anos essa garota tem? Tudo bem que ela é super dotada, mas ainda assim.

— Sim. A escola da Momo é bem avançada, não é, Momo-chan?

— É...

— E o que mais vocês aprendem lá, Momo? – Perguntei.

— As matérias normais, e algumas línguas a mais. Mas também estou aprendendo sobre administração e logística. – Impressionante.

— E qual é a matéria que você mais gosta?

— A de psicologia. Queria ser psicóloga, acho uma profissão muito in...

— Arata-san. – Cumprimentou uma mulher elegante com aparência extremamente cansada, se curvando levemente para Arata.

— Olá, Katashi-san. Essa é Nakamura Kyoko, minha amiga, e a nova namorada do Kaoru. – Aparentemente ela ficou muito surpresa quando olhou para mim, já que arregalou um pouco os olhos, mas como eu posso culpá-la? Até eu estou surpresa por ter aceitado aquele pedido deplorável.

Ela se curvou levemente para mim, e tentou pegar Momo no colo. Mas a pequena apertou mais os braços que estavam no pescoço do irmão.

— Momo-san. Temos que ir, seus pais querem te apresentar para o Kanagawa-san. – Kanagawa? Onde eu ouvi esse nome? – Vamos, Momo-san. – A mulher insistiu, já que a garota ainda estava no colo do Arata com uma cara de choro. Uma cara de choro muito fofa, na verdade.

 - Mas eu não quero ir! Quero ficar com o Onii-chan! – Ela murmurou manhosa. Agora sim, ela aparenta a idade que tem. Finalmente, alguma normalidade neste mundo!

— Momo-san, por favor, depois você volta a ficar com o Arata-san!

— Momo-chan? Eu vou ficar aqui por muito tempo, então vai lá rapidinho e depois você volta e nós ficamos juntos, certo? – Só depois disso Momo resolveu sair do colo dele, e ela e mulher foram em direção ao tal de Kanagawa.

— Todos estão surpresos pelo o fato de você estar namorando o Kaoru. – Arata comentou depois de algum tempo.

— Jura? Nem percebi... – Disse irônica.

— Há-há! – Revirou os olhos – Você está ficando muito engraçadinha... Aposto que é a sua convivência com o Kaoru...

— Minha convivência com o Matsuda? Olha, por mais que eu tente, eu não consigo ver sentido nisto. O que a minha convivência com o imbecil tem a ver com isso?

— Não o chame de imbecil, Kyoko-chan! Você é a namorada dele agora, e se alguém tivesse ouvido isso?

— Certo, me desculpe. É um pouco difícil tentar fingir que ele não é um imbecil.

— Ele não é um imbecil, Kyoko!

— Viu? Você consegue fingir, eu não.

— Ele não é um imbecil, Kyoko! – Repetiu bravo.

— Ele foi traído e precisa de uma falsa namorada. Diz se isso não é patético, apenas um imbecil conseguiria fazer isso.

— E só um imbecil aceitaria ser a falsa namorada, não? – Aquilo foi um brilho maléfico no olho dele?

— Ei! Eu estou com muitos problemas e então resolvi fazer isso, afinal, quando você está mal, o melhor a se fazer é ver uma pessoa que está pior. Ficando perto do Matsuda eu posso ver todo o sofrimento e a inutilidade dele, e rir em silêncio por causa disso. – Ele me olhou atônico e depois suspirou.

— Sabe o que mais me impressiona? – Perguntou – O fato de você falar isso desse modo tão indiferente, como se fosse algo óbvio e como se não fosse nada demais.

— Bem, é óbvio, já que estamos falando de mim, e não é nada demais. Afinal por qual outro motivo alguém aceitaria isso?

— Para fazer uma boa ação, talvez?

— Certo, então por qual outro motivo uma pessoa inteligente, que não perde seu tempo com coisas assim, aceitaria isso?

— Eu desisto! Você é impossível, e eu não estou a fim de discutir. Chame-o do que você quiser, mas tome cuidado!

— Claro. – Sorri – Eu sei fazer as coisas direito... Ao contrário de certa pessoa...

— Kyoko, pare com isso.

— Certo, eu paro. Mas é que essa festa está realmente entediante.

— Realmente. Agora me pergunte como eu agüentei isso por tanto tempo.

— Como você agüentou isso por tanto tempo?

— Eu aprendi a brisar.

— Brisar?

— Você sabe, não? De repente você vai pro outro lugar, e começa a pensar em coisas inimagináveis. Isso é até meio viciante.

— Também é bom na aula, não?

— Muito... – Sussurrou ficando um pouco em silêncio, provavelmente tinha começado a brisar, e o pior é que essa não é a primeira vez que ele fica com um olhar vago de uma hora pra outra.

— Arata? Arata? Arata?! – Gritei. Droga! Eu não deveria gritar! Você está em uma festa, Kyoko! Uma festa chata e entediante em que você não pode gritar ou chamar atenção. Seja invisível...

— O quê?! – Disse um pouco alto demais. Ele também não ajuda, ajuda?

— Seja invisível, Arata...

— O quê?

— Nada, eu vou no banheiro... Onde fica o banheiro dessa coisa?

— Você sobe as escadas, e depois vira à esquerda. – Escadas? Acho que vi umas escadas na recepção ou seria no hall antes do salão? – Kyoko, entendeu?

— Onde ficam as escadas?

— Impressionante...

Depois do Arata me explicar direitinho como chegar à maldita escada, que por mais incrível que pareça não tem nada a ver com a recepção ou o hall, eu fui em direção ao banheiro, que por mais incrível que pareça novamente, é maior que a minha casa inteira. Pra que um banheiro tão grande? Existe sentido nisso? Quero dizer, um banheiro não serve apenas para nós fazermos nossas necessidades fisiológicas?

Até a água da torneira deste lugar é aquecida! Vai me dizer que depois você seca a sua mão em uma toalha de seda? Se bem que eu acho que seda não é um bom tecido pa... Merda! O anel! Vai cair no ralo! Não! Vai... Ah! Peguei! Ok, tudo está bem. Respire, Kyoko! Agora de um tchauzinho para a desgraçada que está rindo da sua cara do outro lado do banheiro e acompanhe-a com o olhar até ela sair daqui, só para a filha da mãe ficar sem graça e...

Holy shit!

Certo, isso foi assustador! Uma daquelas cenas de terror em que a protagonista está no banheiro olhando pro espelho, então ela desvia o olhar e quando volta a olhar pro espelho vê o reflexo de uma garota demoníaca. Mas no meu caso foi o reflexo da Hirano e da Matsui, se bem que elas podem estar na categoria de garotas demoníacas, não? E o olhar delas também não é muito agradável.

As duas olharam para mim e começaram a se aproximar. Isso está me dando um pouco de medo. Estamos sozinhas, um lugar sem testemunhas. Isso é mal, eu não devia ter dado tchau para aquela desgraçada.

— Então. – Começou Hirano, se apoiando na parede a minha frente – Podemos saber o que está acontecendo?

— Como assim? – Perguntei.

— Como assim? – Falou Matsui batendo a mão no espelho – Ela está de brincadeira com a gente, não está Ayaa?

— Pelo o que eu vejo. Ou talvez ela tenha perdido muitos neurônios por causa da companhia.

— Pelo bem dela espero que seja a segunda opção.

— Não seria melhor eu estar “brincando” com vocês? Quero dizer, eu não quero perder meus neurônios. – Eles são muito preciosos.

— Você não entende, não? Se você estiver brincando com a gente vai perder mais que alguns neurônios. – Isso foi uma ameaça? Porque a Matsui não combina com ameaças... Ela faz mais o tipo fofa, já a Hirano, bem, ela tá mais para tapada.

— Tanto faz, o que vocês estão fazendo aqui? – Perguntei.

— O que nós estamos fazendo aqui? Isso é uma festa pra socialite japonesa, é óbvio que estaríamos aqui, mas a pergunta que não quer calar é o que você está fazendo aqui? Principalmente com o Matsuda!

— Não é importante... Mas vocês sabem onde eu seco a minha mão aqui? Não tem nenhum papel... E aposto que não é pra usar o papel higiênico... Ah, não, tem uma toalha ali. Bem que eles poderiam colocar em um lugar mais visível, não?

— Quer parar de falar na toalha? Estamos falando de um assunto sério! O que você está fazendo aqui com o Kaoru-kun?

Espera!

— Uma festa pra toda socialite japonesa? – Perguntei.

— Que bom saber que você ao menos está me ouvindo.

Oh, não. Isso é um problema. Isso significa que todo o colégio me viu chegando com o Matsuda. Pior! Isso significa que o Yuki me viu com o Matsuda. Kami-sama, ele vai gritar tanto comigo na segunda... Ele vai me matar...

Eu estou tão ferrada!

~~~#~~~

Certo, depois de saber que a minha vida estava em perigo, fiz algo do qual eu não me orgulho, fugi do banheiro, e também iria fugir da maldita festa se o Matsuda não tivesse me visto e me puxado para uma mesa qualquer. Depois disso foram duas horas de puro tédio e pessoas desconhecidas me olhando, já que eu havia me perdido do Arata.

Mas tudo bem, agora estou indo para a minha casa, em um carro confortável, mesmo que seja do lado do imbecil...

— Gostou da festa? – O ser estúpido perguntou.

— O que você acha, Matsuda?

— Me desculpe por ter te deixado tanto tempo sozinha, parece que meu pai mais uma vez pôs um dos seus planos maléficos em ação.

— Planos maléficos? – Parece coisa de conto de fadas. Que estúpido.

— Você já conheceu meu pai, não? Já percebeu que ele não é muito... Aberto e é um tanto...

— Ignorante?

— É... – Riu fraco – Bem, meu pai soube que eu terminei com a Hana, e quando descobriu que eu estava com outra garota que não faz parte da elite japonesa, ele resolveu fazer de tudo para acabar com esse “romance”, não me deixando ficar nenhum minuto com você. Imagine se ele souber que você é aquela garçonete...

— Bom, ele não vai conseguir acabar com algo que não existe, não é? Então fique calmo...

Depois houve um silêncio confortável. Extremamente confortável já que sua voz já estava começando a me irritar. Não sei por quanto tempo ficamos assim, na verdade, com certeza foi muito tempo, afinal minha casa não fica muito perto do bairro mais... Fresco de Tokyo. Diferente da casa do Matsuda que fica pelas redondezas do lugarzinho.

Pensando bem seria muito mais fácil se ele fosse direto para casa dele e eu fosse a pé para a minha, não? Pouparia muito mais o tempo dele e... O que eu tô falando? Ele tem a obrigação de me levar para casa! Eu estou fazendo um favor para ele! Ele que se exploda! E eu não vou voltar a pé para casa com esse vestido! Nem pensar... Mas coitado do motorista, dele eu tenho pena, afinal passa tempo demais com o imbecil... Já deve estar cansado...

— Chegamos, Matsuda-san. – Avisou o coitado do motorista. Olhei pela janela e aparentemente chegamos ao meu humilde lar.

— Bye, bye. – Disse abrindo a porta do carro.

— Espera, Kyoko-chan! Como vai ser na segunda? O anúncio do nosso namoro? – Ah... Ele precisava me lembrar.

— Eu invento alguma coisa. E pare de me chamar de Kyoko-chan!

— Desculpa, é o hábito...

Depois disso só ouvi algum murmúrio e bati a porta do carro, com um pouco de força a mais do que eu desejaria, já que eu, com certeza, não conseguiria pagar o conserto deste carro se algo acontecesse com ele.

Mas deixa isso para lá. O carro já foi. O dia acabou. E eu vou ter que explicar para o Akira por que eu estou com essa maldita roupa... Tudo bem, Kyoko, apenas suba a escada para a sua desgraça...

— Nakamura! – Merda... jura que ainda tem mais? Por que, Kami-sama? Por quê?!

— O que foi, Hirano? Jura que você veio até a minha casa?

— A culpa é sua por tem fugido, Kyoko.

— Até você Matsui? Por favor, gente, eu tô cansada, só quero dormir, então vamos conversar depois, certo?

— Conversar o depois o caramba! Você vai explicar direitinho pra gente por que raios você estava com o Matsuda! – Ahh! Ninguém entende que eu só quero dormir! Por que ninguém entende? Eu quero dormir... É tão difícil assim?

— Pare de gritar, sim? – Falei – Ninguém tem a obrigação de ouvir os seus chiliques.

— Chiliques? Somos suas amigas! – Nossa... Amigas? Um pouco precipitado, não? – Nos preocupamos com você! Por que você simplesmente não pode falar pra gente o que está acontecendo?

— Por que eu não estou com vontade. – Certo, isso foi maldade. Você está se superando, Kyoko. Meus parabéns.

— Quer dizer que nós não temos o direito de saber o porquê de você estar saindo com a pessoa que você menos gosta? – Essa voz – A pessoa que mais te irrita e que você teria vergonha apenas de ser vista conversando com ela? A pessoa cujo cheiro você nem ao menos suporta? Nós que somos seus amigos não temos esse direito? – Droga... Essa voz. Não é da Hirano. Não é da Matsui. Então só pode ser do...

— Oi, Yuki. Aparentemente você me viu com o imbecil. – Sério, hoje parece que estou em um filme de terror! Pessoas aparecendo do nada no banheiro, pessoas aparecendo do nada das sombras... Qual é problema dessa gente? Existe uma coisa chamada boa educação, e eu acredito que aparecer de repente não está encaixado nisto.

— Você até o chama de imbecil, Kyoko. Tem que ter uma razão. Você não pode simplesmente ter tido vontade de sair com ele. – Ele disse.

— Não é nada, sim? Então vão para casa e esqueçam, certo?

Há essa hora já tínhamos subido a escada e já estávamos os quatro na porta da minha casa. Os três não me deixando ir embora, já que estavam parados na minha porta!

— Olha, eu realmente quero dorm... O que você vai fazer, Yuki?

— Vou apertar a campainha da sua casa. Afinal o seu irmão deve saber de alguma coisa, não? – Não! Não! Não!

— Não. Faça. Isso. – O Akira não pode saber tão cedo disso. Se ele souber... Kami-sama, se ele souber...

— Certo, eu não faço. Mas você vai ter que explicar o que está acontecendo. – Contar ou não contar, eis a questão. – Ou então, o Akira vai saber que você está saindo com o mais galinha da escola. – Parece que eu vou ter que contar.

— Eu estou o ajudando.

— Você? O ajudando? Quer que a gente acredite nisso? Faça-me o favor, Nakamura. – É verdade, a Hirano tinha razão. Nem eu acreditaria nisso.

— É verdade. Por mais incrível que pareça.

— Isso está me irritando, Kyoko! – Yuki gritou apertando meus ombros. A primeira vez que ele grita comigo. Surpreendente, nunca imaginei que isso aconteceria, e principalmente que o motivo fosse algo tão estúpido – Qual é o seu problema? Você quer que eu realmente acredite nisso? Você o ajudando? Porra, por que você nunca fala a verdade pra mim! Qual é o seu problema? Jura, que você confia tão pouco em mim assim? Isso é tão irritante! Mesmo depois de tudo! Você ainda não confia em mim!

— Você está irritado, Yuki! Pare de gritar e tente me ouvir!

— Certo, vamos fingir que eu acredito em você! – Bufou – Por que ele precisa da sua ajuda?!

— Será que você vai acreditar em mim? – Perguntei sarcasticamente. Ele é meu amigo, mas não acredito que ele está tendo a audácia de falar desse jeito comigo.

— Tente.

— Acho que estamos presenciando uma briga de casal, Maki. Daqui a pouco uma discussão de relacionamento vai começar.

— Cala a boca, Hirano! – Dissemos eu e o Yuki, juntos.

— Vamos, Kyoko! Tente me fazer acreditar em você. – Ele gritou.

— Ele foi traído. Pegou a namorada dele em flagrante e eles começaram a brigar. Eu vi. Ela é uma vaca, foi uma vaca com ele, e então eu resolvi ajudar. Nessa hora eu fingi ser a namorada dele. Mas aparentemente ele quer levar isso adiante. E eu aceitei. Afinal, vou poder ver a sua desgraça de perto. Todo o sofrimento... Ele está na minha mão. E eu com certeza vou aproveitar, eu só vou ter que sofrer um pouquinho. Mas no final eu vou sair ganhando.

E foi neste momento que a confusão começou. A coisa mais bizarra aconteceu. Hirano começou a rir como uma louca. Maki me abraçou. E Yuki simplesmente entrou em estado de choque.

— Não acredito! O idiota foi traído! Ah-ah! Eu preciso, eu vou contar isso para todo mundo! Aquele idiota! Ah-ah!

— Pare de rir dele, Ayaa! Ele foi traído pela namorada! Isso é péssimo! Você tem idéia de como ele deve estar se sentindo?

— Muito mal tenho certeza! O que é melhor! Ah-ah!

— Ayaa!

— Mas é verdade! Ah, minha barriga está doendo, caramba! – E ela gargalhava, chorava de rir, se segurando na parede para não cair no chão. Que imagem deplorável.

— Ah, esquece ela, Kyoko! Eu estou tão orgulhosa de você! Não acredito que você está o ajudando! Ah, estou tão feliz! Você está evoluindo como gente! – Evoluindo. Como. Gente? Isso era pra ser um elogio?

— Faça-me o favor, Maki! Ela não está evoluindo! Ela só tá fazendo isso pra ver o desgraçado sofrer! É isso ai, Kyoko!

— Parou de rir? – Perguntei.

— Não, espera. Vou rir mais um pouco!

— Ayaa! Deixa de ser tonta! Sua besta! A Kyoko está evoluindo!

— Está nada! Ela tá cada vez ficando mais podre! Essa garota é podre! É isso aí, Kyoko!

O que raios está acontecendo aqui? E onde está o Yuki?! Oh... Ele está em estado de choque. Melhor cutucar ele para ver o que acontece.

— Yuki? Você está bem? – Cutuca – Yuki? – Cutuca. Espera, ele piscou. É melhor eu parar de cutucar... O olhar dele não está muito bom – Yuki?

— Você está louca?! Você tem idéia do que é ajudar um imbecil imaturo como o Matsuda? Você dá a mão, ele quer o braço. Você dar o braço, ele pega a perna. Você dá a perna, e ele já está em cima de você pulando sobre a sua carcaça... – Definitivamente o Yuki está louco.

— Yuki? Você pode parar de me balançar?

— Ayaa, fica quieta! A Kyoko não é podre! E pare de rir do Kaoru, e você não vai contar pra ninguém que ele foi traído! Isso não é da sua conta!

— Kyoko! Você não pode ajudar o imbecil! Kyoko! – Kami-sama, o Yuki está enlouquecendo!

— Deixa de ser careta, Maki! A Kyoko é o podre e o Matsuda foi traído! Isso é o máximo! Nossa, eu vou contar para todo mundo sobre ele! O grande Matsuda Kaoru! Traído! Precisando de uma namorada de aluguel! Isso é ótimo!

— Ei! Namorada de aluguel não!

— Kyoko! Você não pode ajudar o imbecil! Kyoko! Kyoko! – eu estou ficando enjoada...

— Pára de me balançar, Yuki...

— O que está acontecendo aqui?! – Ótimo, só faltava essa – E... Kyoko? São seus amigos? E que horas são? Você só está chegando agora? E que roupa é essa?  – E o Akira aparece, descabelado, descontrolado e apenas cueca.

Que cena linda.

Ou melhor! Toda essa cena é linda! Quatro adolescentes com roupa de gala; uma no chão, se matando; outra com as mãos na cintura, batendo o pé no chão, como uma mãe qualquer, e uma garota sendo balançada de modo incrivelmente tosco por um ser descontrolado. E é claro, como pude esquecer, um quase adulto apenas de cueca me fuzilando com os olhos. Ou talvez esteja fuzilando o Yuki, deve estar pensando que eu tive uma noite de farra com ele... Que decepção.

 O que alguém diria vendo essa cena?

— Posso saber o que está acontecendo? – E é isso que alguém diria assim que visse essa cena. E a resposta da pergunta foi respondida pela nossa vizinha idosa e careta, Yamazaki-san!

— Kyoko! Você não pode ajudar o imbecil!

— Isso vai ser ótimo! Imagina o que todos vão falar depois de saberem que o Matsuda Kaoru foi traído!

— Ayaa! Pára com isso!

— Nakamura-san, o que está acontecendo? Você tem idéia de que horas são? Três horas da manhã! Vocês, jovens! Sempre tão irresponsáveis e imaturos! Não entendem os problemas dos mais velhos! Eu preciso do meu sono. – Yamazaki-san falou. Ela é uma daquelas velhas chatas que vivem reclamando. Bem, ela até que está certa agora. Quero dizer, não é muito bom ficar gritando tão tarde na porta de casa, não?

— Yamazaki-san. – Isso não é bom. Akira com sono somado com surto da vizinha. Tsc, tsc. Nada de bom pode sair disso – Eu sei que a senhora é velha, e que na velhice temos a tendência de nos meter na vida dos outros, já que a nossa vida está praticamente acabada, e ninguém, nem mesmo nossos filhos nos preocupam conosco, mas faça-me o favor que calar a boca e cuidar da sua vida, sim?

Incrível! Nem eu superaria essa! Parabéns, Akira!

— Como ousa, seu insolente?!

— Olha aqui, sua velha, você já está me irritando!

— Namorada de aluguel! Cara, eu preciso anotar as coisas que eu falo!

— Deixe de ser idiota, Ayaa!

— Você não pode, Kyoko! Ele vai pular em cima da sua carcaça! E depois vai comprar abutres só para eles comerem sua carne apodrecida!

— Não seja tão dramático, Yuki.

— Sua carcaça, Kyoko! Sua carcaça! – Ele gritou, finalmente soltando meus ombros, começando a andar de um lado para o outro com as mãos na cabeça.

Bem, eu realmente estaria preocupada com a situação dele, se é claro, eu não estivesse com mais sono do que o normal... Ele me soltou e agora está correndo de um lado para o outro. Hirano e Matsui estão brigando. Assim como Akira e a Yamazaki-san.

Acho que ninguém vai notar se eu sumir de repente, não? Acho que não. Então vá bem devagar em direção a porta, Kyoko... Isso você está indo bem. Silenciosamente. Isso, Kyoko. Agora abra a porta e entre! Vá correndo para o quarto! E tranque a porta!

Agora eu estou segura!

~~~#~~~

Hoje, é o dia! O dia em que a minha reputação vai acabar totalmente. O dia em que vão pensar que Nakamura Kyoko se rendeu a Matsuda Kaoru.

Poderia ser um dia melhor? Pelo menos está chovendo, então tem algo combinando, não? Agora se estivesse sol, seria uma ironia. Uma grande ironia.

— Hirano! Matsui! – Cumprimentei as duas assim que entrei na classe.

É impressionante, as pessoas nem disfarçam que estão olhando para mim. E o fato de eu ter chegado atrasada não ajuda também. Já que praticamente é hora do intervalo, me pergunto por que eles não estão tendo aula.

— Kyoko!

— Nakamura!  Você fugiu ontem.

— Claro. Eu falei que estava com sono.

— Bem, tanto faz.

— Ah, Hirano, você poderia não espalhar o que aconteceu com o Matsuda? Que ele foi traído... Acho que se soubessem não teria muito sentindo em fingir ser a namorada dele. – Sussurrei para as duas.

— Tudo bem. – Suspirou – Mas então você vai tem que sair com a gente amanhã. Sabe por quê?

— Claro que ela sabe, Ayaa. Seu aniversário. Você está falando disso há um mês!

— É a data mais importante do ano! Precisamos sempre lembrar dela!

— Tudo bem, eu vou. Aonde vamos?

— Surpresa! – Cantarolou.

— Você é tão tonta. – Murmurou a ruiva.

— Ele ainda está chateada por ontem, tão boba, não?

— Cala a boca, Ayaa!

— Parem com isso. Posso saber por que não estão tendo aula?

— O professor faltou. Um acidente, parece que foi atropelado, legal, não? – Falou Hirano.

— Muito. – Concordei.

— Isso, não importa. Porque você chegou tão atrasada, Kyoko?

— Estava cansada... Como eu odeio festas!

Ficamos conversando por um tempo até o sinal tocar e eu ir até o grupo do Matsuda. Tive uma idéia de como confirmar o nosso namoro. Uma idéia fácil e rápida. Mas que infelizmente não é indolor. Pelo menos não para a minha tão amada reputação.

— Matsuda, vamos!

— Kyoko-chan! Pensei que não vinha mais hoje. – Maldito apelido.

— Mas eu vim. Então, vamos?

— Para onde?

— Almoçar. Combinamos que íamos almoçar juntos hoje, não se lembra?

— Ah, sim. Claro.

— Você se esqueceu.

— Um pouco.

— Vamos. – Falei balançando a minha cabeça negativamente.

A cada passo de dávamos em direção ao refeitório sentia um par de olhos a mais se fixando em mim. Isso é tão... Humano. Nenhum humano sabe não se meter na vida alheia.

Quando nos sentamos na minha mesa, na minha, porque eu não aceito sentar em nenhuma outra, centenas de olhinhos nos olhavam. Eu com o imbecil... Coitada da minha reputação. Eu cuidei tão bem dela, por tanto tempo, e agora, em segundos, tudo estava se acabando...

— Gostei da sua idéia. – Ele disse – Comermos juntos no refeitório. Todos ficam sabendo. Isso é ótimo! 

— Claro... Ótimo...

— Você não parece muito animada.

— Jura? – Imbecil.

— Sim. Bem, você atua muito bem. Quase me convenceu na classe, pensei que realmente tinha esquecido de alguma coisa...

— Você atua bem também... – Quem sabe um elogio o faça calar a boca?

— Eu sei. – Imbecil.

— Mas isso não o torna uma pessoa melhor. Você continua sendo o mesmo imbecil de sempre... Você sabe disso, não?

— Eu realmente não te entendo.

— Você não precisa me entender. – Ele suspirou.

— Acho melhor nós interpretarmos agora? Tem muita gente olhando para cá, precisamos pelo menos mostrar que nos damos bem.

— Apenas sorria.

— Apenas sorria? Essa é a sua proposta brilhante?

— Olha aqui, Matsuda. Eu posso estar te ajudando, mas isso não te dá o direito de falar comigo como bem entende.

— Qual é o seu problema comigo?

— Quer realmente saber?

— Claro. Mas eu agradeceria se fosse de uma forma um tanto caridosa, sabe?

— Caridosa?

— Isso. Que não machuque tanto e que não faça com que eu tenha vontade de me jogar de uma ponte ou algo como isso.

— Certo. Eu vou tentar, mas só porque eu sei que o Arata me mataria caso você se matasse. – Uma forma caridosa? Deixa eu pensar... Ah! Já sei. – Você é um imbecil que me enoja profundamente, seu cabelo é ridículo, assim como seu perfume. E a simples idéia de eu me dar bem com você faz com que eu tenha náuseas. Você é um mauricinho prepotente que não percebe a forma como você se humilha todos os dias, apenas pelo o fato de você ainda estar vivo. Resumindo, você é uma desgraça para este mundo.

— Essa é a sua forma caridosa?

~~~#~~~

E mais uma vez eu estava saindo da maldita sala de detenção. Mas desta a vez a culpa não foi minha! Eu vi uma garota caindo, parecia que ela tinha machucado o joelho, então cheguei um pouco perto dela...  E aparentemente ela conhecia a minha fama, já que quando cheguei perto dela ela gritou... Ridículo, não?

E bem, todo mundo tirou conclusões precipitadas. Pensaram que eu tinha empurrado a garota. Por um lado eu não culpo ninguém. Afinal, se eu visse uma garota machucada no chão gritando, e perto dela uma pessoa que é titulada como “Dama Negra” eu também pensaria o pior. Mas por outro lado, nenhum imbecil acéfalo tinha que se meter onde não foi chamado.

Mas o mais importante é que essa foi a razão por eu ter ficado na detenção. Eu sabia que não devia ter ido ajudar a garota, sempre dê ouvidos ao seu instinto, Kyoko. Porque ele...

— Kaoru-kun. É verdade, a Nakamura é perigosa. Estar namorando com ela é muito arriscado. Ninguém sabe o que ela pensa, o que ela é capaz de fazer. – ...Sempre está certo.

— Isso mesmo, se você soubesse metade do que ela fez, você perceberia com o que está se metendo.

— Me desculpem, garotas. Mas vocês estão falando da minha namorada. Então, por favor, não falem dela como se ela fosse um animal.

Wow. Aparentemente estão tentando fazer o meu “namorado” desistir de mim. Isso vai ser engraçado. Simplesmente ache um lugar para se esconder e se divirta, Kyoko.

— Mas, Kaoru-kun, por favor, nos ouça primeiro.

— Por favor, Matsuda-kun.

— Certo. Eu vou ouvir, mas lembrem-se que ela é a minha namorada e que eu confio nela, então, tudo o que disserem não vai fazer nenhuma diferença.

— B-bem. Ano passado disseram que a viram no shopping, segurando o braço de um garotinho. Provavelmente ela tinha feito alguma coisa com ele.

— Ele estava chorando. Aos prantos.

— Isso não é nada. Ela estava o ajudando, apenas isso.

— Você não entende, Kaoru-kun. A Nakamura não ajuda ninguém. – Eu não sei por que, mas acho que ele vai discordar disso – Ela ia fazer alguma coisa com o garoto, se é que já não tinha feito.

— E não é apenas isso. Ela já se meteu em brigas. No final do ano passado, encontram ela aos tapas com outras três garotas do primeiro ano no banheiro do segundo andar.

— Sendo que uma das garotas, a Takana Hitomi, é uma amiga de infância do Yuki-senpai.

— A Takana disse que a Nakamura a parou no banheiro e começou a briga. Tudo por causa do senpai. A Nakamura sempre o quis. E a Takana era um empecilho.

— Aposto que a Hitomi estava mentido. A Kyoko-chan não é disso. – Esse maldito apelido.

— Mas a Nakamura nem ao menos fez questão de negar que havia começado a briga. Quando os professores chegaram e perguntaram o que estava acontecendo, ela simplesmente pegou a mochila e foi embora.

— No outro dia a levaram para a diretoria. As três falaram que ela havia começado. Que elas não fizeram nada. Apenas tentaram se proteger. E a Nakamura ficou quieta.

— Quem cala consente, não?

— Foi uma briga feia. Com arranhões, tapas e tudo mais. As três saíram destruídas apesar da Nakamura ser apenas uma. Tá certo que ela não saiu ilesa. A roupa estava rasgada, havia um corte no lábio e outros no braço. Mas as três saíram roxas...

— Foi horrível. – Certo, acho melhor para com isso agora. Quem sabe um pouco mais de diversão – E só serviu para os outros terem mais medo dela, além de...

— Mas pelo visto nem todos têm medo o suficiente, não é? – Perguntei, foi impagável a cara de medo delas – Você não deveriam se meter na vida dos outros, não? Isso é muito feio. Será que querem acabar que nem a Takana?

— Viu, Matsuda-kun? É óbvio, que ela fez aqui...

— Não finja que eu não estou aqui, pivete! – Falei a pegando pelo o colarinho da camisa – Eu te fiz uma pergunta, e quando alguém lhe faz uma pergunta você deve responder. Entendeu? Eu perguntei se você entendeu!

— H-hai!

— Isso, boa garota. – A soltei – E não se metam mais na minha vida pessoal. Senão vão sofrem as devidas conseqüências. Eu sei que vocês não são muito inteligentes, mas não achei que fossem tanto assim. Se o Matsuda está comigo, ele está comigo sabendo como eu sou, entendido? Eu fiz uma pergunta. – Falei impaciente.

— H-hai!

— Ótimo. Então não me incomodem mais. Vão embora!

— H-hai! – É acho que elas ficaram meio assustadas. Mas foi divertido, tenho que repetir isso mais vezes.

— Certo... – O imbecil começou a falar – Isso foi meio assustador...

— Imbecil.

— O-o quê? Eu estava te protegendo! Como você pode me cha-

— Primeiro, você não deveria nem ao menos tem começado a ouvir o que elas iriam dizer. Segundo, e se alguém te visse, depois do horário escolar, em um canto do colégio com duas garotas? Terceiro, você quis ouvir só por curiosidade. E isso é deplorável.

— M-mas...

— Cale a boca!

— Você está irritada...

— Ca-le a bo-ca.

— Certo. Mas você pode me dizer se aquilo era verdade. O que você fez com o garoto do shopping?

— Nada. As pessoas sempre pensam o pior quando é comigo. Ele estava perdido e chorando, e eu fui tentar ajudar. Só que podemos dizer que as crianças não... Gostam muito de mim. – A prova disso é o choro da mini-Matsui – Então ele começou a chorar ainda mais. E... Por que você está rindo, imbecil?

— Desculpa. Mas é que devia ter sido engraçado!

— Não foi engraçado, energúmeno acéfalo! Foi desesperador! O pivete não parava de chorar!

— Desculpa, mas é engraçado.

— Ah. Não importa. – Bufei – Vou pro trabalho.

— Você trabalha no mesmo lugar que o Arata, não? Quer que eu te leve?

— Claro!

— Ah, então, espera eu vou chamar o motorista.

— Eu estava sendo irônica, imbecil!

— M-mas...

— Tchau.

— Kyoko-chan! – Maldito apelido.

 ~~~#~~~

— Kyoko-chan. Chegou atrasada hoje. O que houve? – Perguntou o Hajime-ojii-san. Um dos donos da livraria.

— Eu fiquei na detenção, Hajime-ojii-san. Gomenasai.

— O que você fez, Kyoko-chan? – Falou Minako-obaa-san, a outra dona, sua mulher. Tinham oitenta anos mais ou menos.  E se casaram aos vinte e pouco... Um amor que permanece por tanto tempo...

— Nada demais. Apenas um mal entendido. – Expliquei.

— Tudo bem, agora vá trabalhar, sim?

— E você vai sair no horário normal. – Avisou.

— Eu não posso, Minako-obaa-chan, senão eu vou fazer menos horas.

— Não importa, querida. Você já tem tanta coisa para fazer. – Disse docemente.

— Agora vá. E não se meta em encrencas.

— Hai.

Eles têm mais ou menos cinqüenta anos de casados. E são um casal extremamente fofo. Andam lado a lado¹, sempre. Com as mãos entrelaçadas, rindo e sorrindo. Como se todo o amor deles fosse a única coisa importante... Incrível...

— Com licença, senhorita. Você poderia me ajudar?

— Hai. – E é mais ou menos assim que o meu trabalho começa. Melhor parar de devanear...

Foram apenas duas horas de trabalho. Na verdade, apenas uma hora e meia, já que a noite as pessoas não vão muito para a livraria, pelo menos não em uma segunda feira, então eu fiquei meia hora lendo um livro qualquer... Realmente esse é o melhor trabalho do mundo.

Acho que se o Arata estivesse aqui estaria melhor. Mas é a folga dele, então ele provavelmente deve estar nos braços do Kamekyo. Aquele imbecil, me trocar por um garoto!

— Aquele imbecil!

— Estava pensando em mim, Kyoko-chan?

— M-matsuda! Seu idiota acéfalo! O que raios você está fazendo aqui? – Não acredito que eu gaguejei.

— Vim buscar a minha namorada. É claro.

— Eu não preciso da sua ajuda...

— Vamos, já acabou o seu expediente, não? Vá pegar as suas coisas. Eu te espero aqui!

Ah... O idiota acéfalo... Mas pelo menos não vou ter que ir para casa de metrô, não? Fui até a sala dos funcionários e peguei minha mala. Acho que ajudá-lo não foi uma boa idéia. Eu também não tenho tido muitas idéias boas ultimamente.

— Hajime-ojii-chan, Minako-obaa-chan! – Droga, eles estão falando com o Matsuda. Isso é um problema... Um grande problema...

— Kyoko, querida. Quem é esse garoto?

— É meu... Namorado.

— Ah... Minha queridinha está crescendo! Estou tão feliz... – Ela disse chorosa.

— Querida, não fique assim. A Kyoko-chan está crescendo. Não é, Kyoko-chan.

— Mas lembra da primeira vez que ela veio para cá. Os olhos dela brilharam vendo a sessão de mistérios...

— Sim, eu me lembro, querida.

— E ela ficou tão feliz quando demos esse emprego para ela.

— Sim, querida.

— Oh, Kyoko! Dê-me um abraço. – E lá estava eu, abraçando a mulher que considero minha avó na frente do imbecil, enquanto o Hajime-ojii-chan afagava o meu cabelo.

— Bem, eu estou indo, sim? Amanhã, eu estou de volta. Ja nee.

Peguei Matsuda pelo braço e saímos da livraria. Eu realmente queria que ele não tivesse visto isso.

— Eles são fofos... – Comentou

— São.

— Ah, Kyoko-chan. Hoje nós vamos ter que ir de metrô, sim? É que não deu pra eu vir de carro. Aparentemente, meu pai deu ordens ao motorista para ele não me levar em nenhum lugar em que eu possa te encontrar. Parece que acha que eu tenho preguiça de andar.

Ótimo.

Até que foi uma viagem tranqüila... Ele não falou nada, absolutamente nada. Afinal, havia um bando de gente no meio... A primeira vez que um aglomerado de pessoas me deixou feliz... Ou seja, o meu ódio pelo Matsuda, supera o meu ódio por pessoas.  

Depois do metrô andamos por um tempo em silêncio. Mas aparentemente ele não tem a capacidade de calar em boca então começou a falar sobre a coisa mais idiota possível. Sobre o tempo. Isso me lembra o Yuki... Ah, o Yuki, ainda não falei com ele.

— O tempo está bom, não? E a noite está bonita...

— Noite bonita? Estamos em Tokyo, é apenas poluição. Nada demais.

— Como você é pessimista.

— Uma noite bonita, é uma noite estrelada. Isso não ocorre em Tokyo. E o que pessimismo tem a ver com isso?

— É extremamente difícil manter uma conversa com você.

— É simplesmente porque você sempre começa com o assunto errado.

— Então porque você não começa a conversa.

— Porque eu não tenho vontade de manter uma conversa com você.

— Bem, então vamos falar de algo que agrade a ambos, o que acha?

— Tente.

— O Arata. Você não acha que ele está diferente?

— Diferente?

— É, um pouco mais feliz.

— Não. Para mim ele está o mesmo. – O que é uma mentira. Ele está assim, mais feliz, obviamente, por causa do Kamekyo.

— Ah... É que de um tempo pra cá ele tá mais sorridente.

— Nunca pensou que talvez isso seja por minha causa?

— Por sua causa?

— Sim, talvez conhecer a minha maravilhosa pessoa tenha o deixado feliz.

— Sim... A sua maravilhosa pessoa... – Riu.

— Por que eu ouvi um certo sarcasmo na sua voz? E por que o riso?

— Nada, apenas lembrei de algo engraçado...

— Você mente tão mal. Como conseguiu enganar tantas garotas até hoje?

— Eu sou especial.

— Muito especial...

— Por que eu ouvi um certo sarcasmo na sua voz?

— Do que você está falando?

— Kyoko? – Droga! Esses dias as pessoas estão aparecendo do nada! Qual é o problema delas? E a boa educação, gente?

— Olá, Nakamura-san.

— Kaoru-kun? O que vocês estão fazendo juntos? – Akira perguntou desconfiado.

— Nos encontramos por acaso no shopping, e ele quis me trazer. – Expliquei antes do imbecil falar alguma besteira. O Akira não pode saber do namoro. Por enquanto...

—Ah, sim. Obrigada, Kaoru-kun. Por estar cuidando da Kyoko. – Cuidando da Kyoko, infernizando a Kyoko, isso sim! Eu aposto que morro mais cedo de estresse por causa dele. Que triste futuro, Kyoko...

— Eu não estou fazendo nada demais. Eu me preocupo com as pessoas que eu gosto. – Isso foi uma declaração? Sim, uma declaração da cara de pau dele.

— Bem, vejo que vocês estão se dando melhor. – Você está enganado, Akira.

— Assim eu espero. – O imbecil falou. Acho melhor eu intervir nessa conversa antes que chegue a rumos estranhos.

— Então se é assim, Kaoru-kun, vamos viajar nas férias, não vai ser exatamente algo extravagante. Mas você quer ir? – NÃO! Por favor, não!

— Eu acho que vai ser meio diferente das viagens que ele vai, Akira. Talvez seja melhor ele não ir.

— Mas as suas amigas vão também, e elas tem o mesmo estilo de vida que o Kaoru-kun. Além disso, aquele tal de Arata vai, também. Quanto mais gente melhor, não?

— Mas é algo diferente do que ele está acostumado, Akira. E a Matsui e a Hirano são meio loucas, e o Arata está à procura de novas experiências.

— Eu não me importo! – Impressionante, ele não sabe calar a boca – Na verdade, eu vou adorar ir! Sempre quis ter uma viagem assim. Para onde vocês vão?

— Estávamos pensando em Kyoko, a nossa cidade natal. Mas também poderia ser Okinawa.

— Por que não os dois?

— Não temos dinheiro o suficiente, Matsuda. – Esclareci.

— Isso não é importante. Eu ajudo a pagar. E... – Ele ficou quieto por algum tempo, como se seu cérebro com poucos neurônios estivesse tentando funcionar, acho que vi uma fumaça saindo da cabeça dele. Coitado do cérebro... está sobrecarregado... – Se vocês não se importam, eu vou indo agora que a Kyoko-san está em boas mãos. Vou dar umas ligações para a viagem.

— Tudo bem, Kaoru-kun. Foi um prazer vê-lo. Agradeça-o, Kyoko.

— Obrigada...

— Não foi nada, Kyoko-san. – Agora é Kyoko-san, é? O que houve com o Kyoko-chan? Não que eu esteja reclamando... – Estou muito empolgado pela viagem! Muito obrigado por me convidarem!

É realmente ele estava empolgado... Parecia estar se segurando para não sair saltitando até o metrô. Imagina? Uma Matsuda saltitante? Isso sim seria algo engraçado se ver.

— Quantas pessoas têm até agora para a viagem? – Akira perguntou enquanto íamos para casa.

— Eu, você, o Arata, a Matsui, a Hirano.

— O Aoi, o Kei, o Kaoru-kun.

— Posso chamar o Yuki?

— Tem certeza?

— Como assim?

— Você não está com o Kaoru-kun? Esse tal de Yuki deve gostar de você. Pode ser que ocorram alguns problemas.

— Akira, eu não estou com o Matsuda. E mesmo que o Yuki goste de mim – O que é impossível – não tem problema. É só uma viagem... E além do mais, quanto mais gente melhor, não? – Sorri cinicamente.

— Certo, ele pode ir. – Resmungou. Ótimo, já convidei mesmo.

— Este é o último sábado do mês, não é?

— É verdade. Pra onde você quer ir? – O último sábado do mês é um dia especial para mim e para o Akira. Como nossos horários são um pouco complicados esse é um dia em que ficamos o dia inteiro juntos.

— Qualquer lugar... Ah, nós podemos ver um filme.

— E depois vamos comer em algum lugar?

— A gente pode comer algo naquela feira. E depois que tal irmos para Harajuku?

— Pode ser... E então vamos para o supermercado compramos alguma coisa, e voltamos para casa.

— E então fazemos o jantar.

— Combinado.

— Combinado. Ah, e domingo eu vou sair com a Hirano e com a Matsui, tudo bem?

— Vão pra onde?

— Eu não sei... É aniversário da Hirano, vamos comemorar, mas ela ainda não disse onde.

— Então tudo bem. Espero que se divirta.

— Acho meio difícil... Elas são meio loucas...

— E você não é? – Perguntou irônico.

— Claro que não, eu sou perfeitamente normal. – Sorri.

~~~#~~~

— Gostou do filme?

Eu e Akira andávamos entre a multidão da feira de sábado, cada um com uma porção de yakisoba na mão. Era uma pequena feira no centro, com algumas barracas de comida e artesanato. Antes tínhamos ido ver um filme, um filme não muito bom, mas também não muito ruim.

— Achei normal, admito que estava esperando um pouco mais. – Akira respondeu.

— O final foi meio decepcionante, e um tanto sem sentido. Quer dizer que o cara matou a mulher mas não sabia disso?

— Aparentemente. Pelo o que entendi o cara perdeu a memória e esqueceu que tinha matado a esposa, então ele se casou com a irmã dela, que na verdade era cúmplice do assassinato, já que eles eram amantes.

— E então a irmã cortou a relação com toda a família, por precaução, e mudou com ele de cidade. Eles começaram uma nova vida em um novo lugar, sem que ele nem ao menos desconfiasse de alguma coisa.

— Até o fatídico dia.

— Até o fatídico dia... Ele descobre do assassinato da mulher, mas pensa que ela é apenas a irmã da mulher atual. Então ele tenta descobrir quem a matou, já que ninguém nunca soube...

— Até o segundo fatídico dia.

— Até o segundo fatídico dia... Agora que eu estou percebendo, tiveram muitos fatídicos dias, não?

— Sim, acho que uns seis...

— Bizarro... Bem, mas não importa! O importante é que passamos um bom tempo juntos.

— E que agora estamos comendo um ótimo yakisoba. – Falou.

— Nem tão ótimo assim...

— Você reclama demais!

— É da idade, Akira. Na minha idade somos mais críticos.

— Desculpa, Kyoko, mas isso não é ser crítico.

— Eu sei, mas é uma boa desculpa para reclamar, não? – Sorri.

— Nem vou responder...

— Nem precisa. Olha tem um lugar ali, vamos sentar? – Apontei para um banco na praça.

— Claro. O que você acha de começarmos a realmente planejar a viagem?

— Nós já não estávamos planejando?

— Estávamos, Kyoko, mas eu estou falando de combinar melhor.

— Certo, certo.

— Já falou com aquele loiro?

— Aquele lo... Ele tem nome, Akira. É Yuki.

— Tanto faz. – Bufou.

— Ai, que imaturo.

— Imaturo eu? – Perguntou indignado.

— Sim, imaturo você.

— Eu simplesmente esqueci o nome dele.

— Mentiroso! – Ri – Você só quis depreciar o coitado.

— Você que está o chamando de coitado.

— Força de expressão, Akira. Força de expressão.

— Tanto faz. Você falou com... O Yuki.

— Sim, Akira. E ele vai ir. – Apesar de estar meio bravo comigo.

— Que ótimo... – Murmurou.

— Eu notei um pouco de ironia no seu tom de voz?

— Claro que não, Kyoko. Como você pode pensar isso do seu irmão?

— Me desculpa...

— Eu notei um pouco de ironia no seu tom de voz?

— Notou sim. – Falei mostrando a língua para ele.

— Ah, que infantil, Kyoko! – Balançou a cabeça, fingindo decepção.

— E daí?

— Bem, agora falando sério.

— Eu sempre falo sério.

— Eu vou ignorar isso... Falando sério. Eu acho melhor nós nos decidimos melhor aonde vamos.

— Eu sinceramente prefiro Kyoto. Mesmo que deva ser muito bom ver o mar, acho que ir para Kyoto ia ser bom. Faz tempo que a gente não vai pra lá... E aquele lugar faz parte de nossa infância. – Mesmo que eu não lembre muito dela... Mas talvez se eu for para lá, eu possa lembrar de alguma coisa.

— Concordo. Então vamos para Kyoto. Da próxima vez vamos para Okinawa.

— Combinado.

— Que tal irmos visitar o orfanato? – Droga...

— Ah...

— Não quer ir? Tudo se não quiser. – Como ele espera que eu recuse, se ele está usando esse tom de voz melancólico? Ele sabe que eu não resisto a esse tom de voz.

— Não, tudo bem .

— Tem certeza. – Eu tenho certeza de que eu não quero ir, serve?

— Tenho. É verdade que as minhas lembranças lá não foram exatamente boas, mas vai ser bom. – Acho...

— Certo! – Sorriu – E podemos ir para a nossa antiga casa, só ver de longe, as redondezas... O que acha?

— Ótimo! – Ver onde eu passei minha infância pode ser bom... Isso deve fazer eu me lembrar de alguma coisa.

— E temos que procurar uma casa para alugar.

— Além de ver como vamos até lá.

— Sim... Já acabou de comer? Que tal irmos para o supermercado?

— Não, espera! Temos que passar no Harajuku.

— Verdade. Mas o que você quer fazer lá?

— Dar uma olhada. Às vezes olhar algumas roupas faz você ter idéias para desenhar outras.

— Ah...

— Não entendeu?

— Só um pouco...

Depois de ficarmos um bom tempo andando de um lado para o outro naquele lindo e maravilhoso lugar, com o Akira se assustando toda vez que via alguém vestindo de um modo que para ele não é normal, fomos embora. Porque ele se cansou. Me surpreendo por ele ter agüentado ficar lá por tanto tempo...

No fim, estávamos eu e ele no mercado, mas especificamente, na seção dos vegetais.

— O que vamos fazer no jantar? – Perguntou.

— O que eu vou fazer e o que você vai ficar olhando eu fazer, você quer dizer.

— Como assim?

— Você cozinha mal, Akira. – Expliquei.

— Como você é cruel! Só porque eu sou homem não quer dizer que eu cozinho mal!

— Você não é ruim porque você é o homem, você é ruim porque te falta talento.

— Preferia ouvir você falando que eu sou ruim porque eu sou homem...

— Mas os homens podem cozinhar. O Otoo-san cozinhava, não cozinhava?

— Sim, quando a Okaa-san ficava presa no trabalho ele cozinha para a gente, mas depois ela ficava brava. Segundo ela um homem não poderia cozinhar, e isso era degradante tanto para ela quando para ele, e para toda a família. O que os vizinhos iriam pensar? – Que surpresa! Ela falando algo assim? Consigo até imaginar as palavras saindo da boca dela.

— Mas ele cozinhava, e melhor que a Kaori.

— Você não devia chamá-la pelo o nome, Kyoko. – Akira me repreendeu.

— Por que não?

— Porque não é adequado.

— Existem muitas coisas inadequadas na nossa família, Akira, uma coisa a mais não faz diferença. Na verdade, eu me surpreendo por você conseguir chamá-la do jeito... Adequado.

— Pois você devia chamá-la do mesmo jeito. Ela pode não ter sido a melhor mãe do mundo, mas ela fez muita coisa por nós dois, e merece o nosso respeito. – Nosso respeito? Há! Faça-me rir.

— Uma mãe tem que fazer mais do que dar à luz a um filho, ou amamentá-lo, Akira.

— Ela não fez apenas isso. – Disse calmamente.

— E o que ela fez? Ou não vai me contar? Vai me dizer que eu tenho que esquecer dessas coisas também?

— Kyoko, pare com isso.

— Olha aí outra coisa inadequada, Akira! A garota que não lembra de praticamente nada da sua infância, que tem como únicas lembranças imagens vagas e borradas! E que, pasme, não consegue se lembrar nem ao menos como seus pais morreram. Mesmo que ela estivesse com eles nessa hora.

— Kyoko...

— E vou te contar outra coisa! O irmão da garota não quer explicar para ela o que aconteceu, porque quer protegê-la! Mas ele não entende que ela já cresceu e não quer mais proteção, que a única coisa que ela quer é saber o que raios aconteceu na sua maldita vida!

De repente os braços dele me abraçavam e suas mãos acariciavam o meu cabelo. E então eu finalmente percebi que eu estava chorando esse tempo todo, que estúpida eu sou.

— Me desculpe, Kyoko. Sei que é difícil é acreditar, mas é realmente melhor você não saber de muita coisa, por enquanto. Eu prometo que um dia vou te explicar tudo.

— Sinto muito, Akira. Eu sei que... Que você já fez muita coisa por mim, e eu realmente agradeço muito. Não deveria te pedir nada, sei que eu sou um estorvo, sei que...

— Não, Kyo...

— Por favor, Akira, deixa eu falar. Eu sei que eu sou um estorvo, e que você desistiu de muita coisa por mim, e sei que sou só uma garotinha besta e irritante, mas isso realmente está me matando. A personalidade de uma pessoa é definida pelas suas memórias, não? Assim ela sabe o que é certo, o que é errado, o que não pode fazer, o que gosta de fazer. Mas como eu, que não lembro... De praticamente nada, posso saber essas coisas? Eu não sei quem eu sou... E eu odeio isso.

“É como se tivessem apagado tudo. Isso é desesperador. Eu não me lembro de nada, não importa o quanto eu queira me lembrar, eu não consigo. As únicas coisas que vêm a minha cabeça, são coisas extremamente mínimas. E eu nem me lembro da minha melhor amiga... Não era para sermos melhores amigas para sempre? Uma pessoa não devia esquecer dessas coisas, então por que eu esqueci? Por quê?”

— Você não é um estorvo, você é a minha irmã, minha imouto-chan. E eu não me arrependo de nada que eu fiz por você. E entendo que você tenha crescido, e que não precise mais de minha proteção, mas você continua sendo a minha Kyoko. Porém – Suspirou – eu te conto. Eu vou te contar tudo. Não agora, por enquanto você não precisa saber, mas depois da viagem eu te explico tudo, certo?

— Hai...

— Eu te amo, imouto-chan.

— Eu...

— KYOKO-CHAN! Ah... Desculpa, interrompi alguma coisa?

— Não, Arata. Está tudo bem.

— Tem certeza? – Perguntou um pouco receoso – Posso... Voltar depois e... Kyoko-chan, você está chorando?

— Não, claro que não. Foi só um fiapo da camisa dele que entrou no meu olho. – Falei.

— Que desculpa esfarrapada. – Murmurou Akira ao meu lado.

— Vou fingir que eu acredito, Kyoko-chan.

— Obrigada. – Falei – Ah, Arata, este é o meu irmão, Akira. Akira, esse é o Arata, ele vai na viagem com a gente.

— É um prazer conhecê-lo, Arata. – Cumprimentou Akira cordialmente, é típico dele, ser tão educado assim, principalmente com desconhecidos.

— O-o p-prazer é meu. – Gaguejou enquanto corava absurdamente.

— Bem, se vocês não se importam, vou pegar algumas e deixar os dois sozinhos.

Logo depois do Akira sair, Arata deu um longo suspiro e olhou para mim com profundo terror.

— Queira me desculpar, Kyoko-chan, mas seu irmão é lindo! – Sussurrou.

— Kami-sama, Arata! Ele é meu irmão, caramba!

— Mas é verdade... Ele é lindo! Acho que até ultrapassa o Kaoru, e ele parece ser tão educado e gentil...

— Parece, e é, na maioria das vezes. Mas tem vezes que ele não é tão gentil assim, não. Então não se engane!

— Ele é um Deus Grego, Kami-sama... – Murmurou mordendo o lábio inferior, para depois ficar o olhar vago... Ah, não! Ele não está fazendo isso!

— Arata, por favor, pare de ter pensamentos impuros com o meu irmão!

— P-pensamen... Kyoko-chan! Eu não sou assim!

— Então por que você começou a brisar de repente?!

— Eu estava pensando, eu não estava tendo esses tipos de pensamento com o seu irmão! Ele pode ser absurdamente lindo, mas eu estou com o Jiro agora! Kyoko-chan, como pode pensar isso de mim?!

— Quer dizer que não estava tendo pensamentos impuros com meu irmão?

— Claro que não!

— Jura?

— Bem... Jurar é algo muito forte...

— Arata!

— Me desculpa, Kyoko-chan! – Gritou com uma voz chorosa.

— Olha, Arata, você tem que fixar nessa sua mente mirabolante que agora você já está com alguém, e ele é uma ótima pessoa. – Mesmo que tenha a audácia de roubar o Arata de mim só por causa desses encontros idiotas – Além disso, o Akira não é gay, então não é bom você começar pensar nele desse jeito, você pode se magoar.

— Kyoko-chan, eu não alimento esperanças com ele. É pura atração, entende? – Atra...

— Arata?

— Sim?

— Vamos para de falar do Akira, sim? – Antes que eu enlouqueça.

— Certo...

— Bem, o que você está fazendo aqui?

— Comprando comida, o que mais? Não tinha muita coisa pra se fazer em casa. E eu estava com fome.

— Está tudo bem?

— Tudo ótimo! E... Você nunca foi na minha casa, não é? Você precisa ir!

— Não eu nunca fui. Um dia eu vou. Mas deixando isso de lado, como vão as coisas com o Kamekyo?

— Tudo muito perfeito! Ele é perfeito, na verdade! Talvez não seja tão bonito como o seu irmão, mas ele é perfeito.

— Arata, não tínhamos combinado de parar de falar do Akira?

— Hai... Me desculpe...

— Vamos esquecer dele, sim?

— Esquecer de quem, Kyoko? – Droga!

— Akira! – Pelo menos ele não ouviu tudo, não? – Estávamos falando de... Um livro...

— Um livro? – Perguntou com desdém. Acho que ele não acreditou muito nisso...

— Sim, um livro, Nakamura-san! – Arata se intrometeu – A Kyoko-chan não conseguiu comprar o novo livro da Rie, então ela está meio chateada por isso.

— E esse daí fica me lembrando disso. – Acusei, entrando no jogo.

— Eu não tenho culpa se você não se lembrou de comprar...

— Você não me avisou que ela ia lançar outro livro!

— Eu deveria te avisar?!

— Claro!

— Sim... é verdade. Mas eu acabei esquecendo... Afinal depois que você começa a ler aquele livro ma-ra-vi-lho-so – Provocou – você acaba esquecendo de muita coisa, sabe? – Falou sorridente para logo depois sair correndo e sumir entre os corredores do mercado...

Tsc, covarde.

— Ele é meio estranho. – Murmurou Akira depois de um tempo.

— Sim, ele é. – E olha que esse negócio do livro é só uma brincadeira, imagina se fosse verdade, o quão estranho ele seria? – Mas você se acostuma.

— Será?

— Bem, você vai ter que se acostumar. Afinal, ele vai viajar com a gente.

— Essa viagem...

— Vai ser muito divertida, não? – Completei sorrindo.

— Sim, Kyoko, vai ser. – Sorriu também – Vamos nos divertir muito. Como nos velhos tempos...

— É... – Murmurei – Onii-chan?

— Onii...? O quê? – Estranhou. Acho que eu só o chamo de Onii-chan em casos extremos... Bem, esse é um caso extremo, não?

— Eu também te amo, Onii-chan. – Sussurrei devolvendo a frase que ele me falara antes.

~~~#~~~

— Nakamura! Como você é lerda! – Reclamou Hirano – Parece que não sabe andar direito, fica nessa lerdeza! Anda logo, mulher!

— Cala a boca, Hirano! E eu só não te xingo porque hoje é seu aniversário.

Estávamos andando pelas ruas de Ginza, em direção ao lugar secreto no qual a tonta queria comemorar, e a garota cismava em fazer eu andar mais rápido. Coisa chata... Eu quase nunca venho para cá, e quando dá pra vir tem um ser tosco no meu pé!

— Sim, hoje é o MEU aniversário. Por tanto, você e a Maki terão que fazer tudo o que eu mandar!

— Claro, Aya! – Matsui falou revirando os olhos.

— Isso mesmo, minha serva ignóbil! Se curve diante da tamanha beleza da Aya-Hime!

Aya-Hime?

— Não exagera, Aya!

— Vamos! Curve-se, serva! Eu sei que você quer! Você não resiste aos meus maravilhosos pés! Ho ho ho!

Muita idiotice para um só dia! Meu cérebro! Meu cérebro! Ele está apodrecendo!

— Vamos! Beije os meus pés, Nakamura! Não seja tão tímida...

— Cala a boca, Hirano.

— Deixe de timidez, Nakamura! Ho ho ho!

— Matsui? – Sussurrei.

— O que foi? – Perguntou imitando o meu tom.

— Ela se drogou? – Olhei para o ser rodopiante à minha frente.

— Bom, eu acho que ela sempre esteve drogada.

— Mas, sei lá, hoje ela parece mais uma barata tonta. – Agora ela estava rindo e dando pulinhos.

— Verdade, né? Eu não me surpreenderia se visse algumas anteninhas...

— Aham...

— Hey! O que as duas estão cochichando aí? Estão falando da Hime? Eu sei que a Hime...

— Então, Hirano, onde vamos? – Interrompi.

— É segredo! Mas como eu sei que vocês estão muito curiosas, eu vou dar uma pista, vamos passar pela Akihabara² primeiro, e depois vamos para Shibuya³!

— Certo. – Suspirou Matsui – Isso significa que vamos para o Kaoraokê.

— Como você sabe, Maki? – Espera um pouco.

— A única coisa que você gosta de lá são os bares de karaokê, Hirano. – Espera um pouco.

— Verdade, né? – Vamos para...

— Akihabara?! – Perguntei.

— Sim, Nakamura. Foi isso o que eu falei, não me diga que ficou surda agora? – Ela zombou, mas não importa, ninguém vai estragar a minha felicidade momentânea!

— Faz décadas que eu não vou para Akihabara! – Falei.

— E daí?

— Vamos logo! Eu quero dar uma olhada nas lojas! Saiu um novo...

— Pode parar aí mesmo, Kyoko! – Gritou a ruiva, me segurando.

— Mas... – As lojas....

— Mas nada. – Disse Hirano – Nós não vamos parar em nenhuma loja de lá. – Avisou.

— O quê? Por que não?! Gente, por favor, eu pre-ci-so ver as lojas, aquele é um dos meus lugares favoritos em toda Tokyo!

— Não vamos parar em nenhuma loja de lá, a não ser... – Certo, isso pode ser perigoso. Esse sorriso não pode ser boa coisa.

— A não ser? – Bem, Akihabara é realmente um ótimo lugar e eu queria mesmo entrar em algumas lojas....

— Bem. – Começou a morena – Como a Maki disse, vamos comemorar no karaokê. Então podemos parar em algumas lojas, mas, você vai ter que cantar.

— Cantar?

— Isso! – Sorriram.

Realmente não poderia vir algo de bom daquele sorriso.

— Cantar? Cantar?

— Ih... Ela quebrou...

— Cantar?

— Isso, Nakamura. Não é tão difícil. É claro que as suas cordas vocais não são tão boas como as minhas ou as das Maki, mas você vai conseguir! É como falar, só que com um pouco mas de ritmo.

— Eu não canto. – Disse.

— É isso ou nada de Akihabara.

— Você escolhe, Nakamura.

Ah... Sinto que vou me arrepender profundamente disso...

 - Se eu ver vocês rindo, vocês vão estar mortas.

~~~#~~~

 

E eu consegui ir para Akihabara. Olhei inúmeras lojas e elas me acompanharam, mesmo que tenham reclamado e revirado os olhos na maior do tempo. Elas cumpriram a parte delas, e agora... Eu tinha que cumprir a minha.

Cantar...

Na frente de... Pessoas.

Pelo menos eu posso escolher a música.

— Vamos, Nakamura! – Gritou Hirano.

— Fight! Oh! – Encorajou a ruiva.

— Fight, oh?

— É... Eu tava vendo um dorama esses dias. E isso ficou na minha cabeça... – Riu sem graça.

Ah... Bem, agora é você, Kyoko...

Força, Coragem, Capacidade!

Apertei o play, dando início à música. Karinui de Noto Mamiko, ou uma das músicas de Jigoku Shoujos08;. Uma música linda, na verdade.

Omoide wo tsunde kimashou... – Comecei a cantar.

Depois da minha maravilhosa performance musical, as duas chamaram a garçonete e pediram uma garrafa de sake. E mesmo nós sendo menores de idade ela trouxe a bebida. Aparentemente os Matsui tinham uma relação com o dono daqui. Incrível, não? O que o dinheiro faz...

Agora estávamos as três bebendo, conversando e a Hirano... Cantando.

— Esse sake tá tão bom. – Falou Matsui estalando os lábios.

— Parece que você entende disso.

— Claro que eu entendo, Kyoko. Meu pai é dono de um restaurante, você não sabe o estoque ilimitado que tem lá. E falando nisso, meu pai gostou de você, disse que você se deu bem no trabalho.

— Ah, é? Que bom.

— Nyah! A Kyoko-chan sendo uma garota responsável! – Cantarolou a outra, ela aparentemente estava bêbada, talvez porque bebeu toda a garrafa de sake, e nos fez ter que pedir outra.

— Hirano.

— Sim, Kyoko-chan.

— Não me chame de Kyoko-chan.

— Por quê? Só o Kaoru pode te chamar de Kyoko-chan, é? – Provocou.

— Matsui? Acho melhor pararmos de dar bebida pra Hirano.

— Que isso, Kyoko. A Ayaa bêbada é mais divertida. Você não sabe quanta merda ela fala, e além do mais é o aniversário dela.

— Certo.

— Isso mesmo, Kyoko-chan! E Maki-chan...

— O que foi, Ayaa?

— Acabou o sake. Pede mais? – Falou com uma voz manhosa.

A ruiva foi até a porta, e apertou o botão do lado do interruptor. Depois de alguns minutos a garçonete já estava lá, anotando o pedido da Matsui. Seis garrafas de sake.

— Assim a gente não precisa pedir toda hora. – Explicou.

— E a gente consegue beber tudo isso?

Ela me olhou com desdém e apontou para Hirano, que já abria uma das garrafas que a mulher acabara de trazer.

— Se depender dela... Mas agora tome você! – Sorriu colocando uma das garrafas na minha mão e bebendo outra.

Olhei para a garrafa de vidro verde e para as duas que riam e bebiam como duas tontas. Bem, o que eu posso perder?

Levei a garrafa à boca e senti o gosto inexplicável da bebida.

Depois de uma hora estávamos todas bêbadas.

— Não, não. Ele não é bonito!

— Claro que ele é, Ayaa! O Jiro é um dos mais lindos do colégio! E também é super estiloso.

— É verdade, né? – Falei – Ele é estiloso, estranho... – Se bem que ele é gay, não? Deve ter alguma coisa a ver.

— Não, ele é filho da Kamekyo Yuuri.

— A estilista famosa?!

— Isso!

— Nossa...

— Bem, não importa! O Jiro não é bonito. O Yune, ele sim é um gato.

— Que mau gosto, Ayaa.

— A cabeça é desproporcional ao corpo. – Afirmei.

— Como?

— Desproporcional. A cabeça é maior...

— A cabeça é maior?

— Parece um melão.

— Um melão...

— Sabe, eu odeio melão. – Matsui disse.

— Eu gosto.

— Jura?

— Sim.

— Mas tem um gosto tão... sabe?

— Eu sei. – Falei pegando a lista de músicas.

— É, né?

— Eu não sei... – Qual que eu posso cantar?

— Ayaa-chan. É um gosto meio... de melão, sabe? Meio... Cê sabe.

— É eu sei... – Olha tem uma da Yui. O nome dela é estranhooo... Parece alguém gritando. Ui...

— Mas isso não importa. E é até bom, sabe?

—O que não importa? – Do cavalheiros do zodíaco...  Eu nunca entendi porque a cabeça deles são tãoo coloridas... E por que o cabelo dela é roxo? Parece amora... Eu odeio amora...

— A cabeça dele ser maior. Não dizem... Quanto maior a cabeça, maior... Bem, vocês sabem. – Riu.

— Ayaa! Nem tudo é uma questão de sexo, sua pervertida! – Gritou Maki jogando uma das almofadas nela.

— O quê? Não, eu não estou falando disso!

— Há! Achei uma música perfeita!

— Música?

— Siiim... – Cantarolei – Coloca aí 675.

— Eu quero mais sake, traz pra gente? – Pediu Maki para a... Esqueci, como que é mesmo? Gar.. gar alguma coisa... Ah, a mulher que escreve no bloquinho.

— Vi undrar är ni redo att vara me, Armarna upp nu ska ni få ses09; – Começei a cantar.

~~~#~~~

Ah... que dor de cabeça! Ela vai explodir... E... Nossa já é de dia, que horas são? Duas da tarde... Isso é tarde...  Hoje é que dia? Segunda, merda, já perdi praticamente toda a aula, e eu não vou com essa dor de cabeça...

Ah... a dor de cabeça! O que raios aconteceu ontem?

Pense, Kyoko. Pense.

— Eu saí com a Matsui e com a Hirano.

Fomos para Akihabara e depois pro um bar de karaokê.

— A Matsui pediu sake. Eu bebi.

Depois...

Cara, eu só me lembro de estar pulando no sofá daquela saleta com a Hirano. E a Matsui tava babando na mesa.

— Daí a gente saiu.

E a Hirano brigou com uma garota.

— Por que ela brigou mesmo?

AH! Não importa!

É melhor eu levantar. Preciso de um remédio. Estou realmente mal.

— Já estou até falando sozinha...

Levantei fazendo um esforço tremendo para não cair no chão depois da tonteira momentânea. Sentei na beira da cama. E fui me apoiando nas paredes até a sala. Lá estava Akira, bebendo um suco qualquer...

— Akira?

— Kyoko!

— Não, grita. – Supliquei.

— Oh, desculpa. Você está mal.

— Obrigada. – Falei irônica me sentando ao lado dele – E o que você está fazendo aqui? Não devia estar no trabalho?

— O meu chefe me deu folga, quando eu disse que minha irmã tinha desmaiado.

— Ah... Bem, eu estou morrendo de dor de cabeça, eu preciso muito de uma aspirina. Pega pra mim? Por favor!

— Tá bom, tá bom.

Ele se levantou e foi em direção a cozinha, ouvi um barulho de gaveta e... AH! Minha cabeça! Esse barulho infernal! Porra, que barulho é esse?

— Kyoko, acho que seu celular está tocando.

— Ah... Esse é o barulho. – Murmurei.

Fui em direção ao quarto. Onde está o meu celular? PARE COM ESSE SOM INFERNAL! Nota mental, colocar uma música menos estridente no celular. Onde ele está? Aqui... No bolso do casaco.

É bom que seja algo sério.

É a Hirano.

Com certeza não é algo sério.

— Fala. – Disse mal-humorada.

— Aparentemente não é só você que está com dor de cabeça. Ah... A Maki tá na linha também.

— Olá, Kyoko! – Falou animada – Fique calma, anotei para você e para a Ayaa, a matéria de hoje. – Ela foi para a aula?

— Você está tão animada.

— Ah, é que eu não tenho muita ressaca. Sou meio forte pra bebida.

— Pelo o que eu me lembro você desmaiou na mesa.

— Não, essa foi a Ayaa. Ela é a primeira que bebe, e a primeira que desmaia.

— Ei!

— Então foi você que brigou com aquela garota?

— Não, essa foi a Ayaa também. Ela acordou depois.

— Ah, e qual foi a razão da briga?

— Eu dei em cima do namorado dela. – Revelou.

— Só podia ser você.

— Mas vamos acabar com o papo furado. Queremos te dizer uma coisa.

— Uma coisa muito importante.

— Hoje eu acordei e vi algo muito interessante no meu celular. – Disse a ruiva.

— Aparentemente, uma gravação de você cantando e dançando Caramelldansen.

O quê?

— Eu não me lembro disso.

— Nem a gente. Mas está filmado. E, infelizmente para você, vamos usar isso contra você.

— Isso mesmo.

— Se você não quiser o vídeo na Internet.

— E é claro no celular de todos do colégio.

— Você vai ter que sair com a gente toda a vez que quisermos.

— E se caso você não ir, terá que ter uma boa explicação.

— Uma ótima explicação.

— Se não quiser a sua imagem na internet.

— Ou no celular de todos do colégio.

Vacas.

— Ok. Combinado.

Eu sei que dizem que não devemos ceder a chantagens, mas é a minha reputação que está em jogo. Sem bem que ela nem tá tão boa assim agora...

— Mas eu quero ver o vídeo depois. E nada de mostrar para ninguém.

— Combinado! – Falaram as duas.

— Mas a gente não vai sair hoje, afinal as duas fraquinhas estão de ressaca, né?

— Vai se ferrar, Matsui! – Dissemos, eu e Hirano juntas.

Desliguei o celular.

Aposto que isso foi idéia da Matsui. A Hirano não conseguiria pensar nisso. Principalmente de ressaca.

— Kyoko?

— Aqui, Akira.

— Toma. – Me passou o remédio e um copo de água.

— Obrigada... – Murmurei.

— Sabe? – Começou enquanto eu tomava o remédio – Essa foi a primeira noite que nós não tivemos nenhum problema.

— Pro... Ah. – Os pesadelos – Mesmo?

— Isso. – Suspirou olhando para mim. Balançou a cabeça e deu um tapa na minha testa.

— Akira, seu... Imbecil!

— Você é muito tonta. Está tudo bem sair com os amigos, é até muito bom. Mas não exagera, certo? Você tem idéia de como foi... Desesperador ver você chegando em casa cheirando a sake?

 


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Notas finais do capítulo

¹ - No Japão há o costume de, nos casais, os homens andarem na frente das mulheres. Pelo menos entre os mais velhos.
² - Bairro dos produtos eletrônicos.
³ - É sakariba dos jovens, ou seja, o lugar para festas dos jovens. É cheio de lojas de roupas e discos, restaurantes, clubes noturnos, bares, motéis e karaokê!
s08; - Música... http://www.youtube.com/watch?v=_J5_caM3FeE
- Letra/tradução... http://letras.terra.com.br/jigoku-shoujo/1270125/traducao.html
s09; - Música... http://www.youtube.com/watch?v=xXK9ShllebQ
- Letra/tradução... http://letras.terra.com.br/caramell/716567/

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Bem, como dito anteriormente, aqui vão as explicações:

Eu estou na reta final do cursinho para passar no vestibulinho, para quem não sabe é um prova para passar na escola técnica. Estava em semana de prova, tenho trabalho de espanhol, geografia e tinha que ver um filme para uma prova de química, além de ter acabado de entregar o trabalho de português. Tenho um livro para ler, e outro filme para ver para a prova de inglês. E tenho que ler a caixa do livro: uma caixa com cinco livros diferentes que eu tenho que ler para fazer uma prova.

Sei que ninguém tem a ver com os meus problemas, mas queria mostrar que eu não demorei tanto pra postar por preguiça ou coisa parecida.

E se não for pedir demais, agradeçeríamos muito se mandassem reviews.

Muito Obrigada.
Camihii.