Kowai no Ai Suru escrita por Camihii, Luh Black


Capítulo 11
Boa ação


Notas iniciais do capítulo

AEEE! o/
Conseguimos postar!
Boa leitura! o//



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Eu não estou muito surpresa com o fato do ser imbecil vir a minha casa no meio da noite, para fazer sei lá o que e com aquele cabelo ridículo penteado... Certo, talvez o fato do cabelo dele estar penteado tenha me surpreendido um pouco, afinal, eu realmente pensei que ele não soubesse o que é um pente e qual a sua função, já que o cabelo dele é tão estranhamente bagunçado... Não que eu repare no cabelo dele, tenho coisas melhores a fazer, mas é estranho.

Bem, o caso é que eu não estava surpresa, não por causa disso. Afinal ele é um imbecil, e imbecis fazem coisas imbecis, como vir a minha casa. Na verdade, o que me surpreendeu foi o fato dele ter resolvido sair de repente sem ao menos explicar o motivo da visita inconveniente. Juro que por um momento pensei que ele fosse fazer uma idiotice típica dele, como me pedir em namoro, mas ele não fez isso. Quando eu e Akira terminamos de brigar ele sorriu, agradeceu o chá e falou que não queria incomodar mais e deveria ir embora. E ele foi embora, mesmo depois de muita insistência por parte do Akira para que ele ficasse.

Estranho.

Mas não importa, nada disso importa. O ser imbecilizado não é importante, Kyoko.

- Ele parece ser uma boa pessoa. – Comentou Akira depois da rápida fuga de Matsuda.

- Claro, maravilhosa!

- Eu não gostei desse tom, Kyoko. Qual é o seu problema com esse garoto?

- Esse garoto é o meu problema, Akira. Quero dizer, nem sei se podemos chamá-lo de garoto.

- Ele não me parece gay...

- N-não é isso, Akira! Eu acho que ele não pode ser considerado um ser humano!

- Que maldade, Kyoko!

- Maldade nada! Ele não pode ser considerado um humano! Uma biópsia do cérebro dele vai provar. Ele não tem inteligência o suficiente para ser considerado um ser racional! – Ou talvez tenha, afinal ele conseguiu fazer o Akira gostar dele... o que é difícil, considerando que ele é um homem... e o Akira não gosta de homens me rondando.

- Kyoko!

- É verdade! – Não, espera. O Matsuda não seria capaz disso. Deve ter outra mente por trás de tudo isso... Mas quem? Quem, Kyoko? Quem?

- Kyoko, pára com isso! O Kaoru-kun é um ótimo garoto, você não devia falar assim dele! Que falta de educação é essa? Não foi assim que eu te ensinei.

- Mas...

- Nada de mais! Vai pra o quarto, estou sem paciência e muito chateado com você.

- Mas...

- Kyoko!

- Certo! Mas você nem ao menos o conhece e está protegendo ele, e eu que sou sua irmã, você nem quer ouvir. – Falei indo para o meu quarto.

- Kyoko! Cuidado com a porta! – Akira gritou depois de eu ter batido a porta do quarto. Não foi uma ação que eu particularmente me orgulho. Afinal bater a porta com raiva é a marca registrada das garotas mimadas e imaturas, mas ter o seu irmão defendendo o ser que você mais odeia é meio deprimente e irritante, não?

Estou indignada.

Muito indignada.

Hora de afogar as mágoas com a Emmeline! Ou melhor... vamos procurar o significado da palavra imbecil para o Akira. Provavelmente o nome Matsuda Kaoru não vai estar lá, mas com toda certeza o maravilhoso dicionário mostrara uma definição que se aplicará claramente ao ser imbecil!

Agora, vamos pegar o dicionário! Aqui está. E onde está você? Aqui... Imagem, imaginação, imaginar, imaginário, imantar, imaterial, imaturo, imbatível, imbecil! Vamos ver... Imbecil. Do latim imbecille, adjetivo tanto feminino quanto masculino, se refere a uma pessoa fraca de espírito, um tolo, idiota, que revela certo atraso mental!

Pronto! É o Matsuda! A definição perfeita do que ele é! Um tolo, idiota, fraco de espírito, que revela certo atraso mental! A...

Espera... O que é isso? Uma foto. Por que eu tenho uma foto no dicionário? E quem seriam as duas pessoas nela? Ou melhor, as duas garotinhas embaixo de uma árvore. Uma parece que sou eu... Mas a outra eu não consigo... Tem alguma coisa escrita atrás... “Kyoko-chan e Haru-chan = melhores amigas para sempre”.

Que surpresa! Eu já tive uma melhor amiga! E eu não me lembro dela... Que bela melhor amiga eu sou!

- Akira! – Gritei.

- O que foi?! – Falou afobado, provavelmente pensou que eu tinha acordado de um pesadelo. E quando percebeu que não era isso... bem, acho que ele não ficou muito feliz. – Eu não disse para você dormir?

- Disse, mas eu resolvi procurar uma palavra no dicionário e... sabia que a definição de imbecil equivale a exatamente o que o Matsuda é?

- Eu estou indo, Kyoko. Vá dormir.

- Não, espera! Antes, quem é essa garota? – Perguntei mostrando a foto para ele.

- Takashima Haruhi. – Respondeu sorrindo – Não lembra dela?

- Infelizmente não. Você pode me... falar sobre ela?

- Claro. – Disse sentando na cama – Sua melhor amiga. Conheceu ela com 5 anos, quando nos mudamos. Ela era a nossa vizinha. Muito fofa. Vocês ficaram amigas rapidamente, você era um pouco tímida e fechada, mas ela não. A Haru possuía uma confiança assustadora. Ela andava, e você seguia, ela vivia te puxando pela mão para todos os lugares. Você sempre ia dormir na casa dela, e ela sempre foi dormir na nossa casa.

“Você a chamava de Haru-chan. E ela te chamava de Kyoko-chan. Haru adorava cozinhar, então vocês passavam horas na cozinha. Mas o que ela mais gostava era de te arrumar, pentear o cabelo, passar maquiagem, coisas assim. E você se divertia!

“Quando vocês entraram para a mesma escola que eu estava, ela fez muitos amigos, e consequentemente você também. Afinal ela falava muito bem de você, e assim todos ficavam com vontade de te conhecer. Ela também era muito sincera e orgulhosa. Sempre falava o que pensava, e nunca chorava não importava o que acontecia. Eu só a vi chorando duas vezes.”

- Que duas vezes? – Perguntei.

- A primeira foi por causa daquele maldito. Apesar da Haru ser bem forte, ainda era só uma garotinha. Uma garotinha inocente e um tanto boba. Vocês tinham 8 anos, isso foi um pouco antes do acidente. – aquele que matara os nossos pais – e eu tinha 11. Ela se apaixonara por um garoto da minha classe, Kotaro, era um colega que tinha ido na nossa casa por causa de um trabalho, foi nesse momento que ela se apaixonou.

“A Haru cometeu um erro, ou melhor dois erros, o primeiro: ela se apaixonou por um imbecil, e o segundo: escreveu uma carta para o imbecil. Na carta, falou que o amava, e até fez um desenho de um coração com o nome deles. Ele não gostava dela, e então resolveu mostrar a carta para todo o colégio. Ele a humilhou, falou um monte e a fez chorar na frente de todos.

“Mas surpreendentemente, você fez o que ninguém esperava. Você, a garota tímida e calada, humilhou mais ainda o Kotaro. Foi muito engraçado. Um pouco assustador, mas engraçado. Lembro que algumas palavras até hoje. Como você ousa falar assim dela, seu imbecil? Você teria sorte de ter alguém como ela do seu lado! Você nem ao menos chega aos pés dela, sua barata repugnante e asquerosa! A Haru-chan é a melhor pessoa do mundo. Já você, bem, você me dá pena. Foi mais ou menos isso.”

- E a segunda vez?

- Foi quando tivemos que ir para o orfanato, desde aí nós nunca mais a vimos.

- Ah... Você pode me contar mais?

- Claro.

E assim passamos a noite em claro. Conversando sobre aquela que seria para sempre, a minha melhor amiga.

Haru-chan.

~~~#~~~

 

Um campo florido. Lindo. Quantas flores. Quantas cores. Finalmente um sonho de verdade? Nenhum pesadelo? Que bom. Não. Tem alguém chorando. Uma garota. Está debaixo daquela árvore. Haru-chan?

- Kyoko-chan? Você não se lembra de mim?

- Eu... não. Desculpa.

É melhor não mentir.

- Mas você lembra dele, não? Do Kotaro. Você me protegeu, nee? – Sorriu – Você me ajudou. Mas você não vai ajudar ele.

- Ele?

Apontou para o outro lado. Hana e Matsuda estavam... Brigando.

- Ele está sofrendo, Kyoko-chan. Não parece, mas ele está. Ele não sabe o que fazer. Ajuda ele! Por favor! Faz o mesmo que você fez por mim. Você me protegeu. Você gosta de proteger as pessoas. Eu sei disso.

- Mas...

- Kyoko-chan, por favor!

Eu... Eu não sei o que fazer... Está ficando tudo escuro de novo. O pesadelo. Eu não quero um pesadelo. As vozes. O preto. O sangue. “Ajuda ele, Kyoko-chan”, Haru-chan. ”Você é uma inútil”, Kaori. “Esqueça”, Akira. “Eu te amo”, Otoo-san. “Não tem razão”, Matsuda...

Vozes.

Preto.

Sangue.

Parem!

Parem!

Parem...

~~~#~~~

É... Aquele maldito pesadelo não me fez muito bem. Na verdade, eu estou ouvido a voz da Haru em todos os lugares. Ajude-o, ajude-o. Parece um carma!

Bem, não importa. Agora vamos para o mais importante! Vamos matar o Arata! Sim, sim. Vai ser divertido.

- Arata. – Cantarolei. Estava na livraria e tudo já estava muito claro para mim.

- S-sim, Kyoko-chan? – Ele estava sentado em um dos bancos, lendo um livro que realmente não me interessava, quando eu apareci.

- Como está?

- Muito bem e você? – Ele estava com medo. Ótimo.

- Estaria melhor se certo imbecil não tivesse ido para minha casa ontem à noite. – E se eu não tivesse tido um pesadelo.

- Sério? – Perguntou estremecendo.

- Você sabe de quem eu estou falando, não sabe? – Falei pausadamente.

- N-não, Kyoko-chan.

- Tem certeza? Afinal, foi você que mandou ele ir para a minha casa, falar tudo aquilo para o Akira. Você deu todas as instruções, não?

- E-eu não sei do que v-você está falando, Kyoko-chan.

- Como não? Você falou para ele tudo o que ele deveria dizer, não foi? Afinal, ele é tão estúpido e tem tão pouca capacidade intelectual que precisa de um manual, não?

- Não fale assim do Kaoru!

- Sabia! – Gritei – Não acredito que você fez isso comigo, Arata! Seu... seu... traidor!

 Traidor?

Jura que esse foi o único xingamento que me veio à cabeça?

- Me desculpa, Kyoko-chan! Eu faço o que você quiser! Prometo!

O que eu quiser?

- Então você vai ter que contar como vai a sua situação com o Jiro e me falar tudo que sabe sobre o Matsuda.

- M-mas... Eu falo do Jiro, até porque eu queria mesmo falar com você. Mas sobre o Kaoru não.

- É?

- É. Me desculpa.

- Você vai me contar!

- Não vou!

- Vai sim!

- E você vai me obrigar como, hein?

- Você vai, porque se não...

- Se não?

- Se não... Se não... Se não eu não vou mais falar com você!

Não vou mais falar com você? Jura? Essa foi sua maravilhosa e estupenda idéia, Kyoko? Jura? Não vou mais falar com você? Você acha que tá aonde, querida? Na primeira série? Kami-sama, que infantilidade!

- M-m-ma-ma-ma-mas...

Ops, o Arata quebrou.

- Kyoko-chan! Eu conto, mas não para de falar comigo, por favor! – Sério que o papo eu não vou mais falar com você funcionou? Bom, melhor para mim, não?

- Certo! Então me conte.

- Posso falar sobre o Kaoru primeiro? Daí depois eu falo do Jiro pra me sentir melhor.

- Claro.

- Bem, o Kaoru é... às vezes ele me dá pena, sabe? Os pais dele são muito ausentes, vivem trabalhando e viajando. Ele tem tudo, menos uma família. Quero dizer, ele tem até uma família, mas não é de sangue. A empregada dele, Momiji, é a que chega mais perto de ser a sua mãe e o professor de esgrima dele, Mori, seria o pai. A mãe dele, é uma pessoa boa, ama o Kaoru, mas não sabe demonstrar isso. E está sempre presa ao trabalho. Já o pai, está mais preocupado com as aparências e de fazer o Kaoru virar o seu sucessor na empresa, do que com o bem estar do filho.

- E ele não quer ser o sucessor? Cuidar da riqueza da família?

- Não, ele quer fazer design de jogos.

- Nossa.

- Bem, o Kaoru é uma pessoa muito boa. Apesar de estar sempre de caso com algumas garotas, não ser muito fiel, ser irritante, e não saber pensar direito às vezes e... Sabe tem vezes que ele é um porre!

- Foco, Arata!

- Certo, bem, ele é uma boa pessoa. Gosta de ajudar os outros, apesar de ser um pouco sádico. Não tenho muito o que falar sobre ele. Mas quando as pessoas o conhecem bem, tendem a gostar dele. E ter um pouco de pena também.

Pais distantes. Surpreendente? Acho que não.

- Ah! – Ele gritou – Lembrei de uma coisa! Para mostrar como ele é bom: ele levou a Momo pra me ver faz alguns dias. Eu te disse que eu fui expulso de casa, não? Bem, por causa disso eu quase nunca vejo a Momo, então ele a levou para minha casa. Passamos o dia inteiro jogando vídeo game e conversando! Ele é uma pessoa maravilhosa.

Não vou dizer que meu conceito sobre o Matsuda sofreu muitas alterações. Talvez tenha crescido um pouco, mas beeem pouco mesmo.

- Ah... Eu posso falar sobre o Jiro agora? – Ele perguntou.

- Claro. – Sorri – Como vão as coisas?

- Ontem ficamos a noite inteira nos falando por sms! Foram os créditos mais bem gastos da minha vida! Ele é tão legal. Parece tão preocupado comigo. E é tão fofo. AH! E nós vamos sair hoje!

- Vão para aonde?

- Não sei, ele vai me buscar. É uma surpresa! Quem saiba com ele eu possa esquecer o Kaoru, não?

Falando do jeito que ele fala sobre o Matsuda vai demorar um pouco mas...

- Quem sabe, não?

- Ah... Kyoko-chan, seu celular tá tocando.

~~~#~~~

“Consegui um emprego pra você. É à noite, no restaurante do meu pai. Vou te mandar o endereço por sms. Mas você tem que estar aqui exatamente às sete horas da noite na porta do restaurante. E eu tô falando sério não se atrase! É uma chance. O salário é bom! E você só vai trabalhar como garçonete.” 

Foi isso que Matsui falou quando me ligou. E logo depois recebi o endereço. Um restaurante no bairro mais rico de Tokyo. Que surpresa! Bem, eu não posso reclamar. Eles estão me fazendo um favor. Há alguns dias comentei com a Hirano e a Matsui que precisava de um emprego, principalmente por causa da viagem, e as duas se comprometeram a me ajudar a achar um. O que é ótimo. O salário é bom afinal, não?

Depois de sair da livraria às cinco horas fui para casa tomar um banho. Às seis e quinze estava no metrô, indo para o Matsui, o restaurante mais caro da cidade. E obviamente a decoração mostrava o quanto o lugar era luxuoso. Um lugar que realmente não é para mim.

- Olá, eu sou Nakamura Kyoko. – Me apresentei para o maitre que organizava alguns papéis em cima de uma bancada.

- Oh, sim. – O homem falou, era um senhor elegante, devia ter uns quarenta anos e usava um belo smoking preto – Sou Sakamoto Dai, o maitre do Matsui. Você deve ser a nova garçonete, não?

- Sim, senhor.

- Bem, aqui está seu uniforme, o vestiário é depois da cozinha na segunda porta a esquerda. Se vista e depois venha aqui para as instruções, sim?

Eu não fico bem com uniforme. Com essa saia ridícula e esse avental bizarro. E com certeza o cabelo preso não combina nenhum pouco comigo.

- Kyoko! – Gritou Matsui entrando no vestiário – Estava te esperando. Vem, vou te apresentar ao otoo-san.

- Certo... Obrigada pelo emprego, Matsui. Mas o Sakamoto-san pediu para eu ir encontrá-lo.

- Ah, ele deve estar com otoo-san. Vamos?

O escritório do Matsui-san era no segundo andar, então subimos as escadas de mármore e chegamos àquela maravilhosa sala. Sim, maravilhosa.

- Otoo-san! Ela está aqui. – Gritou Matsui assim que entramos, e de fato Sakamoto-san estava aqui.

- Kyoko-san! Prazer, sou Matsui Takahiro e agradeço por ter aceitado o emprego mesmo que a proposta tenha sido inesperada.

- Não, senhor. Eu que devo agradecer, estava precisando de um emprego.

- Sim, sim. Parece que é amiga da Maki.

- Estudamos no mesmo colégio, otoo-san.

- Mas então para que precisa de um emprego, Kyoko-san? Aposto que seus pais devem ter um bom negócio para conseguir colocá-la naquele colégio.

- Eu sou bolsista, senhor. – Ai, essas explicações não estão ficando muito boas.

- Oh! Então é melhor, deve ser muito inteligente. E eu adoro quando adolescentes procuram trabalho, isso significa que estão tentando tomar um rumo na vida, não querem depender dos pais, querem a independência, ter o seu próprio dinheiro. Isso é ótimo. Por isso sempre dou chance aos adolescentes, você irá perceber que a maioria dos garçons são adolescentes, praticamente da sua idade. Bem, mas deixando as conversas alheias, daí, explique tudo à mocinha, sim?

- Claro, senhor. Vamos, Nakamura-san?

- Hai.

Aparente, pelas explicações, eu deveria ser uma pessoa elegante. Não poderia correr, nem ser afobada, deveria falar em um tom baixo mas acessível aos clientes, deveria sorrir, porém o sorriso não poderia ser muito chamativo, apenas um sorriso jovial e discreto. Nunca peça para os clientes repetir o pedido, e não interfira nos assuntos pessoais deles. Faça tudo isso e ganhará, além do salário, uma boa gorjeta.

Um pouco complicado. Mas eu dou conta.

Às sete e meia o restaurante abre, e aos poucos o lugar enche. E eu estava indo bem até. Ganhei boas gorjetas e até agora não dei uma resposta indelicada a um dos clientes. Parabéns para mim!

Realmente a maioria dos garçons são adolescentes, e todos se comportam muito bem. Ou pelo menos se comportavam, até uma das garotas vir para a cozinha e exclamar um ele está aqui. Não sei que é ele, mas segundo outro cara, ele seria um garoto particularmente lindo e rico, que vem muito a esse restaurante. E estava em uma mesa que deveria ser atendida pela minha maravilhosa pessoa.

Fui para a mesa número vinte, e qual foi o tamanho da minha surpresa, quando vi ninguém menos que Matsuda Kaoru sentado com outro senhor. Que deveria ser o tal pai ausente.

- Olá, senhores. Meu nome é Nakamura Kyoko e os atenderei essa noite. – Disse entregando os cardápios.

Resolvi fingir que não conheço o imbecil, e parece que ele também faria o mesmo, já que depois da surpresa inicial de me ver dando a ele um cardápio e sorrindo de modo jovial e discreto, ele voltou os olhos para o cardápio, um tanto... Emburrado?

Voltei para a mesa vinte e um, onde recebi uma boa gorjeta. Esse lugar, visto até agora, me renderia uma boa grana. E depois voltei a mesa dos Matsudas, onde eles já estavam com os cardápios fechados.

- Sim, sim. – respondeu o homem – Quero um Blanquette de veau*. E você Kaoru?

 - Um Boeuf bourguignon**.

- Certo. Desejam mais alguma coisa?

- Ah, sim, querida. Apenas mais uma coisa. – O Matsuda pai falou – Olhe para esse garoto. – Apontou para o filho – é um belo rapaz, não?

- Ah... sim. Um belo rapaz. – Oh, que situação agradável esse filho da mãe me meteu, não?

- Não lhe parece um perfeito empresário?

“Já o pai, está mais preocupado com as aparências e de fazer o Kaoru virar o seu sucessor na empresa, do que com o bem estar do filho.” Exatamente como o Arata falou.

- Creio que sim, senhor.

- Me diga, senhorita. Você é bonita e parece ser inteligente. Você não preferia casar com um empresário do que com um designer de jogos? Um empresário seria muito bem sucedido. Ao contrário de um trabalho tão inútil como fazer jogos, não?

“Não, ele quer fazer design de jogos.” Que pai maravilhoso é esse, não?

- Muito obrigado pelos elogios, senhor. Mas em minha opinião os dois trabalhos possuem seus prós e contras. E sobre ser ou não sucedido, acredito que em qualquer emprego há a chance de não conseguirmos o sucesso. Porém não acho que o casamento deve ser resolvido pelo emprego dos envolvidos, se um ganha pouco, se outro ganha muito, isso não tem muita importância em um relacionamento, não? O importante não é o dinheiro, é a própria pessoa.

Com certeza eu não agradei o pai, mas o filho, bem... esse estava dando um sorriso vitorioso ao pai, como se dissesse: eu não te disse? Agora cale a boca, coma e pague o meu jantar como sempre.

- Bom, acho que a opinião de alguém que não sabe o que ter dinheiro não vale, não? – Disse ele.

- Claro que não, senhor. – Respondi sorrindo jovial e discretamente.

- Pai, pare de atormentar a coitada. – interveio Matsuda, como se eu precisasse da ajuda dele. Pelo que eu estou vendo é ele quem precisa de ajuda.

- Tem razão, filho. Não devo culpar míseras garçonetes por suas escolhas estúpidas, não? Até por que uma garçonete nunca poderia casar com você, se bem que você terminou com a Hana, não? Talvez essa daí seja a sua única oportunidade de se casar.

- Não são escolhas estúpidas, pai! E a minha situação com a Hana não é do seu interesse.

Ãã... eu acho que eu não deveria estar aqui. Mas... está divertido, acho que só mais um pouquinho não faz diferença, não?

- Ah, me desculpe. Querer ser designer de jogos não é uma escolha estúpida? Ganhar a vida fazendo jogos idiotas que só servem para fazem a mente de adolescentes influenciáveis e estúpidos como você. Uma grande profissão, filho!  E a Hana é sim do meu interesse, você está prejudicando a empresa, seu grande idiota!

Que grande pai, Matsuda!

Conheço bem esse tipo de pai. Com esse tipo de gente não é possível discutir. Não ouvem, apenas falam o que querem e se alguma coisa não der como esperado, culpam outras pessoas. Não dá pra discutir com gente assim. Sua opinião nunca vai valer para elas. Então para que gastar a voz?

E o Matsuda parece pensar a mesma coisa, já que simplesmente levantou, pegou seu casaco e foi embora, sem nada falar para o pai. Interessante...

~~~#~~~

Era meia noite quando o turno acabou. Resolvi ir até o metrô a pé, mesmo que fosse um pouco longe e estivesse tarde. As ruas estavam desertas, todos deviam estar em casa dormindo, pelo menos era o que eu pensava, até eu ver aquela figura sentada na guia da rua. Me aproximei um pouco, afinal a imagem era muito deprimente. Um ser abraçando as próprias pernas, e que tremia por causa do choro. Mas a imagem ficou mais deprimente ainda, quando vi que era, ninguém mais, ninguém menos, do que Matsuda Kaoru.

E de repente, aqui estou eu, sentada ao seu lado. Por pena, talvez.

Deprimente.

- A vida é uma merda, não? – E disse.

- Sim, uma grande merda. – Ele não deve ter percebido que sou eu – Mas o que você quer, Nakamura? – Ou talvez tenha.

- A vida é uma grande merda. Mas se for chorar por causa de cada coisa que dar errado, você vai passar a sua vida inteira chorando.

- Você não sabe nada sobre mim. Então, cala a boca, ta?

- Sim, eu não sei nada sobre você. Mas deixa eu te explicar uma coisa. Chorar é inútil. Chorar significa apenas adiar. Por que você está chorando? Provavelmente por causa do seu pai, então porque simplesmente não tenta resolver os seus problemas com ele e para de chorar?

- É fácil para você dizer, seu irmão deixaria você fazer tudo.

- Verdade. Mas, Matsuda, você não é o único que sofre, certo? Pare de sentir pena de si mesmo. Lute pelo o que você quer, é o que você pode fazer de melhor. Se está se sentindo mal, fale com alguém, desabafe. E depois que fizer isso siga em frente. Nada se consegue chorando.

- Eu consegui que você viesse falar comigo, não?

- Na verdade, eu só vim porque eu gosto de sofrimento e de cenas deprimentes.

- Ah... por que será que isso não me surpreende?

- Porque apesar de você ser desprovido de capacidade intelectual você não é tão idiota a ponto de não perceber que eu sou sádica. – Sorri.

Ele riu fracamente, mas continuou naquela pose deplorável.

- Me desculpa pelo meu pai. Ele é... bem, ele não deveria ter falado daquela maneira com você.

- Não tem importância.

- Para você não deve ter mesmo. Mas, ainda assim, sinto muito... E você não trabalhava na livraria com o Arata? O que tava fazendo no restaurante como garçonete?

- Segundo emprego. Preciso de dinheiro.

- Ah... Deve ser um saco trabalhar.

- Na verdade, não. O trabalho forma uma pessoa, a transforma, sabe? Mesmo que seja para mal – no caso, seu pai – ou para o bem – no caso, eu.

- Jura? – Perguntou desinteressado.

- E principalmente faz você parar de pensar em algumas coisas.

- É... eu preciso disso.

- Então trabalhe.

- Preguiça...

- Certo. Vamos voltar à conversa inicial. A vida é uma merda. E não dá pra mudar isso certo?

- Pelo o que parece...

- Então por que as pessoas sorriem se a vida é uma merda o tempo todo? Porque elas estão felizes.

- Óbvio. Mas não é tão fácil encontrar a felicidade.

- Verdade. Se não é tão fácil então a procure mais. A felicidade é o sonho da humanidade. Todos querem isso. Mas não se consegue isso se lamentando ou apenas sonhando. Se consegue lutando. Mostre pro seu pai, que você não é mais um garotinho e que você pode decidir a sua própria vida.

- Lutar pela minha felicidade? – Falou descrente.

- Isso. Lute, procure, encontre. Você não vai se arrepender.

- E se eu falhar. Se eu não encontrá-la?

- Procure-a novamente. – Kami-sama, me sinto uma professora de matemática tentando fazer com que o aluno desista da teoria de que um mais um é onze.

Ele riu como se achasse algo totalmente impossível o que eu estava falando.

- É fácil pra você, consegue ser o que quer. – Suspirou – Eu não. Não posso simplesmente ser eu, tenho que atender a expectativas. As mesmas expectativas de sempre... E isso cansa, sabe? Cansa tanto... Eu não consigo. Nunca vou conseguir. Nunca vou conseguir buscar a minha felicidade e nunca vou conseguir atender as expectativas de ninguém... Eu sou fraco... Vou falhar... Sei que vou.

- Vamos para casa. Quer que eu te leve? – Perguntei com dó. Sim, dó. A Dama Negra estava sentindo DÓ!

- Não, obrigado. Eu que deveria te levar para casa. Você é a mulher. – Riu.

- Não seja estúpido. Muitas mulheres conseguem se virar sozinhas, e eu sou uma delas. Mas como você não quer ajuda, eu vou indo. E... bem, melhore.

Me virei e segui meu caminho, já fiz muitas boas ações hoje. Ou talvez, nem tantas. Quem sabe se eu o ajudasse... Não. Esquece, Kyoko. Você não vai fazer isso. Mas é que... Não, Kyoko! Pare de pensar besteiras!

Mas pense assim, o cara ta muito mal. E aquele sonho também complicou as coisas. Ele é fraco, isso é verdade. E o que ele precisa agora é perceber que não precisa atender as expectativas de ninguém, e quem melhor do que eu, a senhorita dane-se o mundo, para ensiná-lo isso? Vai ser difícil. Afinal ele não é nem um pouco inteligente. Então eu precisaria começar o treinamento devagar, bem devagar. E a melhor forma seria fingindo ser a... ugh, namorada dele. Além do que, seria muito bom poder humilhar aquele ser rosa de novo... E eu não precisaria fazer outra boa ação por um bom tempo. O que eu tenho a perder? Tempo e minha integridade? Mas eu ganharia diversão e... a sensação de que fiz algo bom?

Ah, dane-se. Vou ajudar o imbecil.

Mas eu vou precisar de uma ajudinha. E sei exatamente a quem pedir. É uma hora da manhã, ele deve estar dormindo... Mas hoje é sexta, então quem se importa? Abri meu celular enquanto abria a porta de casa, e disquei o número da casa do Arata.

- Moshi moshi! – Espera um pouco. Essa não é a voz do Arata. É de um homem, mas a voz do Arata é muito mais fina.

- Me desculpe, posso falar com o Arata, por favor?

- Ah, claro.

- Moshi moshi!

- Ah... Arata?

- Kyoko-chan! Como vai? Por que está me ligando tão tarde?

- Com quem você está aí na sua casa?

- É... unh...

- Fala, Arata.

- Com o Jiro. – Puts, o encontro.

- Oh, me desculpa, esqueci que você ia sair com ele.

- Tudo bem, Kyoko-chan.

- Não, espera! É uma hora da manhã, o que ele está fazendo na sua casa? Não me diga que... Arata, vocês ainda estão no segundo encontro!

- O quê? AH! Não, Kyoko-chan! Não é isso, por favor, eu não sou assim. É que depois do jantar ele veio para a minha casa e ficamos conversando até agora. Só que eu fui no banheiro e ele atendeu.

- Que susto, Arata!

- Eu não sou assim, Kyoko-chan! Mas o mais importante agora é: por que você está me ligando a essa hora da noite? Você devia estar dormindo!

- Eu resolvi.

- Resolveu?

- Eu... eu vou ajudar o imbecil.

- Imbecil? Quem... AH! Que bom! Jura?

- Sim.

- O que te fez mudar de idéia?

- Depois eu explico. Agora eu preciso saber onde ele vai estar amanhã de manhã.

x – Ele passou um endereço afastado do centro.

- Bem, obrigada. Agora aproveite a noite com o Jiro, okay? Mas juízo! – Falei desligando, ainda conseguindo ouvi-lo gritando o meu nome.

Bem, é amanhã que tudo vai começar.

~~~#~~~

Quando cheguei à academia de esgrima ele já estava lá. Parado na porta de entrada, sorrindo em uma clara expressão de vitória, como se desde cedo soubesse que eu iria me render. Por mais de uma vez a idéia de desistir do plano e de jogar alguma coisa realmente pesada na cabeça dele veio a minha mente. E acredite essa idéia era muito tentadora... Ele, com certeza, não sairia ileso da brincadeira.

Mas infelizmente eu não joguei nada na cabeça dele. E a imagem dele agonizando no chão não partiu da imaginação. E simplesmente porque eu não tinha objetos pesados ao meu dispor e porque eu tenho um objetivo aqui. E eu não vou pô-lo em perigo por desejos idiotas.

E meu objetivo é: fazer uma boa ação. Acho que... na verdade, nem é pelo Matsuda, ele é o menos importante nessa história. Apenas uma mera peça. Eu estou fazendo isso por minha causa e pela Haru-chan. Segundo o Akira, a Haru era uma ótima pessoa. Adorava ajudar as pessoas, e odiava ver uma pessoa sofrendo ou com problemas. E bem, acho que tá mais do que comprovado que eu não sou assim. Eu sou bem cruel, admito. Sou sádica, e não me importo com quase ninguém. Mas a Haru... a Haru era especial, não? O que ela diria se me visse agora? Sendo chamada de Dama Negra. Sendo temida por todos.

Aposto que nem ao menos iria querer olhar para a minha cara. Pode ser que eu nunca mais a veja, até porque acho meio impossível podermos nos encontrar de novo. Mas se caso um dia vier acontecer... quero ser digna de ser a sua melhor amiga. De poder chamá-la assim. E para isso eu tenho que mudar pouco. Só um pouco.

Então tenho que começar a praticar boas ações. E é aí que entra o imbecil! Uma mera para peça em um jogo de xadrez, um mero objeto em uma sala maior.

Eu o ajudo. Ele fica feliz. E eu pratico uma boa ação. E começo a me transformar em uma pessoa melhor! Pequenas ações podem tudo!

Se bem que é melhor eu primeiro, parar de chamá-lo de imbecil e segundo, parar de pensar nas pessoas como objetos que podem ser utilizados... Algo difícil demais para mim... Mas, é pela Haru! Força, coragem, capacidade! Você consegue, Kyoko.

- Olá, Kyoko-chan! Parece que vai aceitar a namorar comigo agora, né? Se rendeu ao meu charme? – Bem, talvez eu não consiga. Talvez seja realmente melhor jogar algo na cabeça dele.

- Cuidado, Matsuda. Cuidado com o que fala. Nunca se sabe quando algo pode cair na sua cabeça...

- O quê? O que raios você está falando?

- Não importa. Eu estou aqui para te ajudar. Não me pergunte o porquê. – Porque você não vai saber – Eu vou fingir ser sua namorada. Fingir, ouviu?

- Ah! Obrigada, Kyoko-chan! – Gritou ele, abrindo os braços para me abraçar.

- Parado! Não se mova. – Imbecil – Eu tenho condições. E caso você não as respeite tudo está acabado. Se você fizer alguma coisa que eu não queira, caso desrespeite qualquer regra imposta, eu mesma vou até a casa do ser rosa e conto tudo para ela, entendeu? O quanto será que ela vai rir quando perceber que tudo é uma farsa? – Disse, fazendo-o engolir seco... bem, isso estava sendo divertido até agora.

- Certo. Quais são as condições?

- Você não vai me chamar mais de Kyoko-chan.

- Mas...

- Cale a boca. Certo. Você não vai encostar em mim sem que eu dê permissão. Eu marcarei os encontros. E se eu quiser terminar com você, eu termino.

- Tudo bem, eu aceito tudo isso. Desde que você me ajude de verdade, por favor, não vá desistir na metade.

- Você realmente não me conhece, não? Eu não abandono as coisas pela metade, a não ser que tenha um bom motivo. Então, não me dê esse motivo e tudo vai ficar bem.

- Certo, então, namorada!

Vou ter que me acostumar com isso.

- Bom, eu sei que segundo as condições você escolhe os encontros, mas eu tenho uma idéia para o nosso primeiro encontro.

- O quê? – Ele já ia quebrar o acordo. Que impressionante.

- Não fique brava. Mas vai ter uma festa hoje à noite. Com todos os japoneses importantes. Uma vez por ano há uma festa assim, é como uma festa em que os mais novos são apresentados para as outras famílias. E que negócios são feitos. Quer ir?

- Não.

- Mas, Kyoko! Você vai ser apresentada como a minha namorada, não há oportunidade melhor.

- Não. Não há motivo suficiente para eu ir. Odeio festas, elas me irritam profundamente, principalmente uma com seres frescos e ricos.

- Mas, o Arata vai estar lá, junto com a irmã dele! – A Momo? Eu sempre quis ver a Momo... Não, Kyoko! Resista! – E não apenas isso, também vai ter muita gente importante lá. Cinegrafistas, estilistas e escritoras. Até mesmo a Yamamoto Rie.

Merda! A Yamamoto Rie? Minha escritora favorita?! Eu finalmente tenho a chance de vê-la! Mas eu não quero ir para essa festa... E... Ah... O que eu to falando? Eu consigo aturar algumas horas pela melhor escritora do mundo, não? Claro que sim.

- Certo, eu vou. Mas vou avisando que se algum riquinho maldito vier mexer comigo eu não vou me segurar.

- Com os adolescentes não precisa. Mas, por favor, com os adultos tente atuar um pouco.

- Eu não tenho roupa. E eu não sei me comportar nessas coisas. Como é uma festa dessas?

- É fácil. Vai ser como um casamento. Tem mesas, uma pista de dança, que na verdade é mais usada para algumas valsas e para os adultos se mostrarem, é em um salão. Como uma festa de casamento ocidental.

- Eu não tenho roupa. – repeti.

- Isso é o de menos. A gente compra. Eu tenho um cartão de crédito se não sabe. – É claro, um mauricinho teria um cartão, não?

- Eu não vou fazer compras com você.

- Como assim.

- É insuportável ficar sozinha com você. Eu estou quase me matando aqui.

- Bem, você vai ter que lidar com isso, já que estamos namorando agora.

- Sim, mas não tão rápido. Eu tenho que me acostumar aos poucos.

- Eu vou fazer uma ligação. Assim todos ficamos felizes. – ele se virou, e depois de falar um pouco, voltou a falar comigo. – O Arata vai nos encontrar no shopping.

~~~#~~~

No final, a tarde foi mais insuportável do que eu imaginei. Os dois ficaram me empurrando vestidos rosas e lilases. Eu não gosto de rosa, e o lilás não me agrada muito. Mas, os dois ouviam? Não. Ou melhor, os três ouviam? Porque a filha da mãe da atendente também ficou me empurrando aquelas porcarias. No final, ele comprou um vestido preto e branco com um laço vermelho. O único que eu gostei naquela merda de loja.

Depois eu fui para casa, tomei um banho. E eles me levaram para um cabeleireiro que também me maquiou. E eu apenas fiquei cansada, e com vontade de ver alguma coisa trágica. Mas eu não consegui, porque depois que eu estava pronta, maquiada, penteada e devidamente vestida e calçada, um carro preto chegou para me buscar. Apenas me buscar. Porque os dois imbecis me abandonaram com aquele cabeleireiro maluco, com a desculpa de que deveriam se arrumar. Bando de imbecis...

Bom, aqui estou eu, em um carro preto, com um estofado de couro, com a porta sendo aberta pelo motorista... Não acredito! Tem um tapete vermelho nisso. Kami-sama, me ajude!

- Kyoko!

- Olá, Matsuda. – e não é que ele ficava bem de terno. Continua parecendo um idiota, mas...

- Você está linda.

- Tanto faz. Vamos acabar com isso logo.

- Claro! – Ele disse, pegando a minha mão, para logo depois sussurrar – Sinto muito, eu lembro do que você disse sobre o negócio de tocar, mas acho que se não aparecermos com as mãos dadas vai ficar estranho.

- Certo. Então vamos.  – É, a tortura definitivamente iria começar... mas você consegue, Kyoko! Lembre-se da Haru! – O Arata já chegou?

- Sim, está com a Momo. Você se importa se sentar na mesa com ele? Eu tenho que sentar com os meus pais... E eu não quero te fazer sofrer, tendo que aguentar ele. Eu mesmo vou tentar fugir.

Ele continuou falando, mesmo que eu não estivesse prestando atenção. EU estava mais preocupada vendo aquele lindo lugar. Era um pouco brega, mas eu adorei as toalhas de mesa, elas são pretas! E guardanapos de pano também! Nunca imaginaria isso em uma festa dessas.

- Onde o Arata está? – Perguntei.

- Ali. – Matsuda sorriu, apontando para uma cena extremamente fofa, em que o Arata estava brincando com uma garotinha linda em seu colo – Pode ir para lá, meu pai está me chamando.

- Olá, Kyoko-chan! – Arata disse assim que nos aproximamos dos dois – Você está linda! Ah, essa aqui é a Momo-chan, minha irmã.

- Olá, Momo. Prazer, sou a Kyoko. – Ela está olhando para mim... ela vai chorar...  ela vai chorar...

 

_____________________________________________________________

* Blanquette de veau um clássico nos bistrôs e brasseries franceses em todo o mundo. A carne de vitela é lentamente cozida com molho, encorpado ao final com creme de leite batido e gemas de ovo, acompanhada de cogumelos e pequenas cebolas brancas.

** Boeuf bourguignon típica da Borgonha, é um dos tantos exemplos de receitas francesas rústicas, que vieram a integrar a cuisine bourgoise, às vezes reelaborada e refinada pela alta cozinha francesa. A carne, de lento cozimento em vinho tinto, é acrescida de bacon, cogumelos e cebolas brancas. Tornou-se especialmente conhecida por meio do grande cozinheiro Auguste Escoffier (1846-1935), que a incluiu no seu livro Ma cuisine, de 1934.

Fonte: http://revistamenu.terra.com.br/edicoes/122/artigo123725-1.htm


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Notas finais do capítulo

E ai, amores? Dessa vez é a luh que ta postando, e não a Camihii como de costume!
Pois então! Tenho uma boa noticia e outra má, mas você vão gostar da boa!
Mas comecemos com a má:
O pc da Camihii ainda está estragado, e sem previsão de concerto, infelzimente! Tanto que ela terminou esse cap hoje, antes do avô dela pegar o pc dele de volta, e ela nem conseugiu finalizar totalmente, mas como estava quase no final, corrigi o pouco que itnha e corrigir e postei!
A boa noticia tem cara de não ser boa, mas é boa!
Minha cirurgia ficou marcada para está quinta, e provavelmente vou passar o dia todo no hospital, isso se não tiver que ficar uns dois dias lá, mas ok. Ai vocês perguntam: "E o cap, Luh?"
Eu estou indo terminar! Não vai ser postado essa semana, logico, mas na proxima, vou deixar com a Camihii ou até eu mesmo posto, tem como.
Boa leitura, milhões de desculpas pela demora para postar, e muitissimo obrigada pela compreensão de vocês! Prometemos que não será em vão, pois a diversão da historia começa agora! õ9

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