Recebi alta, finalmente. A Mari e o João Pedro vieram me buscar, senti um alivio em poder estar em casa e não naquele quarto de hospital.Fome, muita fome, eu queria comer até não poder mais, o que eu mais quero é tomar um banho,me jogar na minha cama e ficar lá comendo.

Quando sai do hospital já era finalzinho de tarde, e já estava quase na hora de jantar. Eu peguei um atestado de no máximo umas duas semanas, por não ter sido tão grave e não ter faturado muito o braço. Como eu iria aguentar duas semanas presa aqui dentro?

Na hora do jantar eu me divertia tentando comer pela mão esquerda, mas mal poder mover o braço me incomodava as vezes. E na maioria das vezes eu precisava de ajuda para alguma coisa, oque me incomodava mais ainda.

Na hora de dormir, eu ficava ainda mais incomodada, e o meu primeiro dia em casa foi entendiante, se era só o primeiro, imagina os outros. Como prometido a Lucy veio me visitar e falou sobre tudo que teve nas aulas, para eu não perder nada de importante.

O Lucas veio logo depois para saber como eu estava, respondi que estava ótima, mas eu queria me livrar daquilo logo, por que até lá eu não estaria ótima.

A primeira semana, foi passando mais rápido depois do primeiro dia, acho que por que eu ainda não estava acostumada com o braço, mas agora é como se estivesse normal e ele já estava bem melhor. Nessa semana, a Lucy e o Lucas vinham me visitar quase todos os dias e sempre traziam algo, como filmes, doces, jogos ou algo do tipo, me tratavam como se eu estivesse até doente. O Lucas sempre trazia filme e hoje nós iriamos assistir Cantando na Chuva, que como ele dizia era muito bom.

Fizemos pipoca e começamos a assistir, em tão pouco tempo nós já estávamos muito próximos, como se já nós conhecermos a muito tempo, ele estava fazendo um papel muito importante na minha vida, e para mim, eu acho que esse papel deveria continuar no lugar.

O único que não deu noticias foi o meu pai mesmo sabendo que eu quebrei o braço, a unica coisa que ele fez foi perguntar se eu estava precisando de dinheiro para medicamentos. Sempre a mesma coisa: O dinheiro. A unica coisa que ele se preocupa é com o dinheiro, já que ele é meu pai tem que me bancar. Mas para mim que todo o dinheiro dele vai para o lixo, eu não quero só isso dele, eu quero apenas ter um pai, já que é a unica coisa que substitui a minha mãe.

Eu já havia conhecido a minha mãe, mas apenas por foto, e ela era idêntica a mim. A foto dela estava em um bau de fotos muito antigas, qualquer dia vou pedir para a Mari me dar a foto e eu colocar em um quadro.

O filme terminou e o Lucas perguntou se eu havia gostado.

– Eu não gostei! - Falei seria para ele.

– Não? - Perguntou mais serio ainda, parecendo desapontado.

– Eu amei! principalmente a parte em que ele canta na chuva, fazendo a maior cena por ter ganhado o beijo da mocinha.

Ele deu um sorriso e disse:

– Eu não achei um simples motivo. Até por que se eu ganhasse eu não faria aquela cena -Ele disse rindo- Mas eu iria ficar um abestalhado, feito ele.

Eu ri. E ficamos nos encarando por um tempo, até que ele foi se aproximando e eu só vi a parte em que eu fechei os olhos e bem na hora que tudo iria acontecer, o celular dele tocou, ele se afastou um pouco assustado pelo celular e atendeu o celular me olhando meio tímido. Assim que ele desligou o celular, falou:

– Eu preciso ir, minha mãe esta precisando de ajuda.

–Aconteceu alguma coisa?-Perguntei levantando meio preocupada.

– Não, minhã mãe que é meio exagerada para certas coisas.

–Tudo bem então, amanhã a gente se vê.

Ele deu um ultimo sorriso e atravessou pela porta e a fechou.