Carry On Wayward Son escrita por Bella P


Capítulo 8
Capítulo 7




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No dia 20 de Dezembro os alunos que voltariam para casa para as férias de inverno se aglomeravam no hall principal, esperando as carruagens que os levaria até a estacão de trem.

Andrew esperava com Ben, somente por companhia, pois ficaria na escola, com a sua cara ainda amarrada enquanto não parava de atolar os ouvidos do irmão com reprimendas.

– Eu juro que se você não calar a boca eu te mato. - Ben soltou contrariado.

– Não estou dizendo nada mais que verdades. - Andrew rebateu e Ben rolou os olhos, agradecendo silenciosamente a qualquer entidade que estivesse o ouvindo pela chegada das carruagens.

Benjamin pegou a sua bolsa de viagem e a jogou por sobre o ombro, indo em direção as carruagens e sendo parado por Andrew que colocou uma mão em seu braço.

– Benny, toma cuidado, por favor.

– É você que vai ficar no olho do furacão e me pede cuidado?

– Você sabe o porquê.

– Eu já sou bem grandinho Drew. Sei me cuidar. - e com um breve abraço, Ben despediu-se do irmão e subiu na carruagem.

Vinte minutos foi o tempo que levou de Hogwarts à estacão de trem e as onze horas em ponto este deixava Hogsmeade de volta para Londres. Benjamin percorreu ao longo das composições a procura de James até encontrá-lo com Rose, Lily e Albus no penúltimo vagão.

– Pensei que tinha me dado um bolo. - James sorriu ao ver Ben entrar na cabine, completamente alheio aos olhares curiosos dos irmãos e da prima, e puxou Benjamin pelo pulso, o fazendo se sentar ao seu lado.

– Até considerei já que nos últimos dias você não parou de me amolar sobre o que iríamos fazer neste feriado. - Ben sorriu com escárnio para James.

– Você gosta de contrariar as pessoas, não gosta?

– Você não faz ideia.

A viagem para Londres foi feita com o grupo de adolescentes passando o tempo com jogos, conversa fiada e uma breve guerra de doces. As dezenove horas o expresso chegou a estacão King's Cross e os alunos desembarcaram indo de encontro aos seus pais e responsáveis.

– Vocês estão vendo o papai? - James perguntou aos irmãos, rodando os olhos pela estacão a procura de cabelos negros e rebeldes como os seus.

– Olha lá o tio Ron! - Lily apontou para um homem ruivo ao longe e logo eles foram na direção dele.

– Ei. - Ron os cumprimentou, dando um abraço em Rose e Hugo e outro nos sobrinhos. A Benjamin ele apenas estendeu a mão a qual Ben recebeu em um breve cumprimento. - Eu serei o responsável por vocês hoje. Portanto, vamos via flu para a casa da sua avó. - informou, virando e seguindo na direção dos pontos de transporte via flu que havia na estação. - James, você vai primeiro para mostrar a Benjamin como funciona.

Ron deu a James um punhado de pó de flu e ele entrou na lareira, soltando em alto e bom som:

– A Toca! - e desapareceu em chamas verdes.

– Agora é a sua vez. - Ron deu a Benjamin um pouco de pó de flu, o qual ele pegou com hesitação antes de lançar um longo olhar para a lareira.

Detestava viajar via flu. Embrulhava o seu estômago as voltas e voltas que tal tipo de transporte dava. Era por isso que fez questão de aprender rapidamente a como aparatar. Mas fez mais questão ainda de aprender a dirigir.

– Eu não posso ir de táxi? - perguntou a Ron que o mirou curioso.

– Se você tiver dinheiro para isto. Mas aviso que é uma longa viagem. - Ben engoliu em seco e inspirando fundo para tomar coragem entrou na lareira.

– A Toca! - disse com firmeza e a visão dos Potter e Weasley foi substituída por fuligem, escuridão e chamas. E então ele estava rodopiando, rodopiando, até que sentiu um tranco em suas costas, como se alguém o tivesse empurrado, e ele saiu aos tropeços da lareira diretamente nos braços de James.

– E eu achando que não haveria ninguém mais desajeitado do que Hugo para viajar via flu. - Ben ouviu James dizer com divertimento, o ajudando a se endireitar e a tirar a fuligem de suas roupas. - Você está legal? Parece meio pálido.

Benjamin arqueou uma sobrancelha para James.

– Quero dizer, mais pálido que o normal. - completou, puxando Benjamin pelo braço, diretamente contra o seu peito, no segundo em que viu a lareira estourar em chamas verdes e Hugo sair aos tropeços, caindo desajeitado exatamente no ponto em que Ben estava parado antes. - Retiro o que disse. Hugo continua sendo a criatura mais desajeitada para viajar via flu.

– Ha, ha, ha. - Hugo soltou com deboche. - Se você já terminou de dar oi para o seu namorado, poderia me ajudar a levantar.

E foi então que James percebeu que ainda abraçava Benjamin contra o seu peito e com as bochechas rubras diante da gafe, rapidamente o soltou, indo até Hugo e o ajudando a se levantar, evitando olhar Ben nos olhos para não ficar mais vermelho do que já estava.

Pouco a pouco a sala começou a receber o restante da prole Weasley-Potter, até que por fim o último a sair da lareira foi Ron.

– Ah! Vocês chegaram! - Ben virou-se para ver uma senhora baixa e rechonchuda entrar na sala. Os cabelos antes ruivos agora estavam a maior parte grisalhos, ela usava um vestido de manga comprida florido e o avental estava sujo de farinha. - Mas olhe só para vocês, eu pisco um olho e vocês crescem mais ainda. Mas então? Não dirão oi para sua avó?

– Olá vovó. - Potters e Weasleys disseram em uníssono e um a um foram até Molly, lhe dando um beijo e um abraço.

Ben observou a cena em silêncio, achando esta relativamente engraçada. A sra. Weasley parecia ser a personificação da vovó das histórias infantis. Expressão bondosa, personalidade acolhedora, dura quando preciso, carinhosa sempre. Benjamin tinha duas avós que eram totalmente opostas.

De um lado havia Narcisa e toda a sua educação aristocrata que ela tentava passar aos netos em vão. Bela, geniosa e orgulhosa. Os cabelos grisalhos sempre estava impecáveis, as roupas eram da melhor qualidade e nunca que Ben um dia a flagraria suja com um grão de poeira que fosse.

Do outro lado estava Sophia. Sem nenhum tato, nenhuma classe e nenhuma delicadeza. Usava roupas baratas e confortáveis, os cabelos grisalhos estavam sempre trançados e poeira, sangue e entranhas de monstros era algo que nem mais a abalava.

Ben imaginou como seria um encontro entre as três mulheres. Desastroso no mínimo. Ou talvez não.

– E este rapaz bonito, quem é? - Ben piscou repetidamente ao perceber que a sra. Weasley referia-se à ele.

– Vovó, este é o meu amigo Benjamin Campbell. - James apresentou e Molly franziu as sobrancelhas.

Aquele rapaz lhe parecia familiar. Algo nos olhos cinzentos dele a lembrava alguém. Mas quem?

– Seja bem vindo Benjamin. - Molly prontamente puxou o rapaz para um abraço, o pegando de surpresa. Talvez a familiaridade que sentia fosse pelo fato de que recebera várias cartas dos netos e boa parte delas falava sobre este jovem.

– Sra. Weasley, muito obrigado por me receber. - falou polido. Afinal, em algum momento da vida as aulas de etiqueta de Narcisa finalmente penetraram na cabeça dura de Benjamin e Andrew.

– É um prazer querido. - Molly sorriu para ele e logo em seguida bateu palmas. - Vamos, vamos. Vocês sabem onde são os seus quartos. Benjamim irá dividir com James. Vão se lavar, o jantar está quase pronto. - e com isto os jovens correram escada acima, encontrando os outros primos no caminho, começando conversas em vozes altas e regadas de risadas.

Molly continuou sorrindo. Como toda boa avó adorava ver a sua casa cheia e sempre esperava ansiosamente pelas festas de fim de ano para reunir toda a família.

– Me diga, eu conheço os pais do jovem Benjamin? - Ron ficou pálido diante da pergunta da mãe. Como Harry dissera, Benjamin vir passar o Natal com eles não seria uma boa ideia. O rapaz era parecidíssmo com Draco quando este tinha dezoito anos, com a diferença de que Benjamin tinha cabelos loiros em um tom mais escuro, quase castanho, e as sardas de Astoria. Mas os olhos, o nariz, a boca eram todos de Draco. E quem conheceu bem Malfoy rapidamente poderia associá-lo a Benjamin.

O problema era que Harry não podia dizer não ao pedido de James sobre o amigo passar o feriado com eles sem explicar as razões. E falar que era uma festa de família não colaria já que Harry e Hermione entraram naquela família justamente por causa dessas festas. O jeito foi aceitar o pedido e torcer pelo melhor.

– Não creio. Os pais dele são trouxas. - Ron respondeu, dando de ombros, mas pôde perceber que a mãe não estava totalmente convencida, mas deixou a mentira passar.

Agora ele só esperava que o restante da família, ou seja, o seu pai e irmãos, não fossem tão perceptivos. Mas, principalmente, Andrômeda Tonks que também viria para as comemorações junto com Teddy. Esperava que a mulher nem ao menos lembrasse da cara do sobrinho supostamente morto.

Então a Ron só restava rezar.

oOo

Estava no campo de Quadribol com os jogadores da Grifinória e da Corvinal voando ao seu redor. A torcida gesticulava e gritava, mas nenhum som saía dela. Era como se toda a cena estivesse no mudo.

Rodou os seus olhos pelo campo, a procura do pomo, mas o que viu foi colegas de casa sobre as suas vassouras em frangalhos e com os uniformes rasgados e manchados de grama, terra e sangue. E pareciam ignorar completamente isto pois continuavam a jogar como se nada de estranho estivesse acontecendo.

Viu de rabo de olho que agora a plateia não mais se mexia, mas sim estavam todos sentados com olhares distantes e sombrios.

Um grito quebrou aquele silêncio sepulcral e ele virou para ver James caído no meio do campo se debatendo, lutando contra sombra e fumaça e sendo retalhado cada vez mais a cada segundo. Desesperou-se e tentou ir ao socorro do amigo, mas a sua vassoura não saía do lugar. Ele não saía do lugar.

E então estava no chão, de pé ao lado do corpo destroçado de James cujos olhos castanhos e sem vida o miravam de maneira acusadora. Tentou se aproximar, mas havia algo o segurando. Uma força o prendia pelo ombro e o sacudia e um zumbido incomodava os seus ouvidos.

Benjamin abriu os olhos e a primeira coisa que registrou era que realmente havia alguém o segurando.

Reagiu por instinto e segurou o pulso do seu atacante, o empurrando e o derrubando na cama, prendendo o corpo dele sob o seu enquanto pressionava o antebraço no pescoço do desconhecido, o sufocando.

Desconhecido este que após piscar algumas vezes e espantar os últimos resquícios do pesadelo, Ben viu ser James.

– Desculpa. - pediu, saindo de cima do outro grifinório e sentando-se na borda da cama. James tossiu e deu uma tragada de ar, mirando surpreso Ben ao seu lado.

– Onde você aprendeu a fazer isto? - perguntou curioso.

Havia acordado com os resmungos de Benjamin e no começo achou que o sonho que o amigo estava tendo era de cunho mais hormonal. Mas então Ben ficou cada vez mais agitado, a se remexer mais e franziu as sobrancelhas em uma expressão que James reconheceu ser de alguém que não estava tendo um sonho bom. E quando resolveu acordá-lo foi para ser derrubado com um golpe só.

Benjamin apenas deu de ombros como resposta a pergunta de James.

– Sobre o que era o pesadelo? Quero dizer, às vezes e bom compartilhar, ajuda a superar.

– Certo. E isto não tem nada a ver com o fato de que você está curioso.

– Também. E então?

Benjamin suspirou.

– Sonhei com aquele jogo de Quadribol. - disse. Duvidava que tivesse sido o único a ter pesadelos com aquela partida, mas com certeza foi o único a ter um pesadelo daquele tipo.

– É, aquele jogo foi assustador. Mas ao menos ganhamos. - James comentou. Madame Hooch desconsiderou uma nova partida pois ela própria havia testemunhado quando Benjamin pegou o pomo de ouro e iria apitar o fim do jogo quando a confusão começou.

– Eu realmente odeio lidar com cães infernais. - Benjamin resmungou e James que já tinha se levantado da cama para voltar para a sua parou e virou-se para o amigo.

– O que você disse?

– Hã? - Benjamin piscou confuso. O que ele dissera para James fazer aquela cara de desconfiança?

– Cães infernais. Como você sabe que coisa era aquela? E como assim lidar? Os professores e meu pai lidaram com aquela coisa. - ao menos essa era a história que James estava ouvindo correr por Hogwarts.

Benjamin viu-se em um beco sem saída e pensou em várias respostas que podia dar sem ser a verdade. Estranhamente confiava em James, mas a confiança não se sobrepunha ao treinamento de anos sobre manter em segredo o negócio da família. As pessoas ignorantes sobre o assunto no mínimo o consideraria louco.

E James, bruxo ou não, era ignorante sobre o assunto.

Para a comunidade mágica, caçadores não passavam de uma lenda urbana e eram considerados pessoas sem nenhuma moral ou ética simplesmente porque eles fazia o trabalho que deveria ser do Ministério. Ou seja, controlar o ataque de criaturas sobrenaturais das quais eles não tinham controle, não importa quantas leis criassem sobre o assunto.

– Eu... - Benjamin foi salvo pelo gongo quando Lily entrou esbaforida no quarto gritando que era Natal e que só faltava eles dois descerem para abrirem os presentes.

Ben rapidamente pulou para fora da cama, aproveitando a deixa e seguindo Lily escada abaixo, deixando para trás um James extremamente intrigado.

Antes James achava que Benjamin escondia algo. Agora ele tinha certeza. E precisava descobrir o quê.


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