Carry On Wayward Son escrita por Bella P


Capítulo 13
Capítulo 12




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/542296/chapter/13

James engoliu um grito de surpresa ao sentir o seu pé prender em uma raiz rasteira, o que o fez ir dolorosamente ao chão. Uma pontada subiu pelo seu tornozelo até o joelho e ele engoliu um gemido, tapando a boca com as mãos enquanto ofegava hálito morno contra as palmas.

Em sua opinião, James não sabia o que era pior: estar perdido dentro da floresta proibida ou estar sendo perseguido por um monstro que com certeza não estava disposto a simplesmente sentar e conversar sobre os seus problemas.

James, sinceramente, ainda não conseguia compreender o que estava acontecendo.

Horas atrás ele estava a caça de Benjamin, tentando mais uma vez persuadi-lo, conquistá-lo, somente para perder o garoto de vista. O procurou por corredores, na torre da Grifinória, no dormitório, considerou pedir a Albus o Mapa do Maroto até que se lembrou que o irmão ainda estava em aula e o mapa provavelmente estava na Sonserina. E então, o último sinal do dia tocou e James mudou o rumo para o Salão Principal. Uma hora Ben iria ter que aparecer para o jantar e então James tentaria novamente conversar com ele.

No meio do caminho para o salão James encontrou Rose e Lily, que riram quando ele contou para elas sobre as suas tentativas frustradas de conquista.

– Então o inabalável Benjamin Campbell está fugindo de algumas cantadas? - Rose gargalhou ao imaginar a cena.

Sinceramente, ela não entendia o porquê de Ben estar se fazendo de difícil e o confrontara algumas vezes somente para ele sair com uma desculpa pela tangente.

– Se um garoto fosse piegas comigo como James está sendo, eu também fugiria. - Lily debochou.

– Verdade senhora especialista no assunto? - James grunhiu.

Lily só tinha treze anos, ainda estava amadurecendo, ainda nem estava chamando a atenção dos meninos e dos poucos que chamava Albus e ele faziam questão de tirar qualquer ideia que fosse da cabeça do garoto sobre o assunto. Lily ainda era nova demais para essas coisas. Com certeza toda a experiência dela sobre romance vinha de sua paixonite por Oliver Wood e das revistas de fofoca adolescente que lia.

– Só que, - Lily encolheu os ombros. - Ben não parece ser o tipo de garoto que se importa com romances. Ele parece ser do tipo que prefere que os seus interesses amorosos sejam mais diretos no assunto.

– Eu fui direto, e mesmo assim ele disse não. Não consigo pensar em nada mais direto do que beijá-lo. - reclamou e Lily e Rose se entreolharam.

– É querido primo, aparentemente o seu charme Potter não faz efeito em Ben Campbell. - Rose caçoou e James fez um bico contrariado, seguindo para a mesa da Grifinória com ela e sentando pesadamente na cadeira, cruzando os braços sobre o peito ainda com a cara emburrada.

– James? - James olhou por cima do ombro, desfazendo a cara amarrada, e viu Evangeline em toda a sua glória ruiva parada atrás dele. - Poderíamos conversar?

– Ah... - James lançou um olhar para a entrada do Salão Principal. Ainda levaria um tempo para este encher e o jantar ser servido, e, talvez, se quando Ben chegasse e não o visse ali houvesse chances do garoto não fugir de novo e assim James conseguir pegá-lo de surpresa.

– Me encontre em cinco minutos em nosso lugar especial? - Evangeline pediu e James assentiu com a cabeça. Mesmo que não estivesse mais interessado nela, Evangeline ainda era sua colega de escola e a expressão dela era séria.

Com um sorriso a corvinal partiu e James virou-se para ver que Rose e Lily o miravam com expressões acusadoras.

– O quê? - defendeu-se. - Vamos apenas conversar.

– Que tipo de conversa é essa que requer um encontro no seu “lugar especial”? - Rose desdenhou e James rolou os olhos.

– Não é tão especial assim. É a praia no lado leste do lago, lembra? Quando vi Evangeline pela primeira vez. - Rose rolou os olhos. Se lembrava desse dia, porque o primo atolara os seus ouvidos sobre estar apaixonado e coisa e tal quando colocou os olhos pela primeira vez na bela ruiva durante uma aula de Trato de Criaturas Mágicas.

Naquela época James ainda era jovem e inocente, Evangeline nem tanto. Ela usou e abusou dele e em parte foi a culpada por criar o James playboy que existia hoje. Mas, felizmente, Ben havia chegado para finalmente consertar o estrago que Beauregard causara na personalidade de James.

– Eu não vou demorar. - James declarou, erguendo-se da mesa. - Se vocês virem o Ben...

– Pode deixar que diremos a ele que você está com a Evangeline. - Lily respondeu.

– O quê? Não! Quer me arruinar Lily?! - a garota riu da expressão aterrorizada do irmão e James rolou os olhos. - Apenas não diga a ele que me viram hoje, não quero dar a Ben chances de fugir. - e deixou o Salão sob as risadas da prima e da irmã.

Isto havia sido há mais ou menos uma hora.

Como combinado, James encontrou Evangeline na praia do lado leste do lago. O sol já se punha no horizonte e a sua luz alaranjada refletindo sobre o cabelo da corvinal fazia este ganhar um tom mais avermelhado do que já era. Evangeline estava sentada em uma das grandes pedras que enfeitavam a praia, em uma pose elegante como a de uma rainha.

– Ei. - James chamou, aproximando-se da garota que inclinou levemente a cabeça em sua direção ao ouvir a sua voz.

– Eu só tenho uma pergunta. - Evangeline soltou, erguendo-se de maneira fluída da pedra, sem se virar para encarar James, e ajeitou a sua saia do uniforme sempre bem passada e imaculada. - Por quê?! - com um rosnado ela girou sobre os saltos, ergueu a mão esquerda com a palma virada para James que arregalou os olhos ao sentir uma força chocar-se contra o seu peito e arremessá-lo sobre o grosso tronco de um carvalho na orla da floresta proibida.

O ar deixou os pulmões de James e ele sentiu a sua coluna estalar quando a pressão da magia que Evangeline usava o apertou mais contra o tronco.

James ofegou, observando com os olhos largos que agora Evangeline estava longe de ser bela, mas sim assustadora. O seu cabelo ruivo era balançado por uma brisa mágica, os olhos castanhos antes calorosos estavam negros, os lábios de um rosa pálido e a pele dela tinha um tom cinzento doentio e estranhas veias negras brotavam por sob o colarinho da camisa do uniforme.

– Eu sou bonita, eu sou popular, todos me querem, todos me amam e me veneram. Mas você? Você simplesmente não se importa! - James grunhiu quando a força o prensou mais contra o tronco e pôde sentir as suas costelas protestando diante do ataque.

– Eva-Evan... - tentou dizer entre uma inspirada de ar, sem muito sucesso.

– E então eu pensei: se eu tirar do caminho aqueles que lhe chamam a atenção, então os olhos dele estarão somente sobre mim. - ela sorriu de maneira macabra e James arregalou os olhos ao compreender as implicações das palavras dela.

– Vo-você... Josie? - acusou e Evangeline riu friamente.

– Aquela garota patética? É! Fui eu. E a sem graça da Hale, a idiota da Jones, a aberração do McGuill. E o abusado do Campbell. Embora este último... Estou muito curiosa. Ele sobreviveu. Sobreviveu ao primeiro ataque e os outros que vieram depois simplesmente não surtiram efeito. Então você percebe James, Campbell estava ganhando e por isso eu tive que apelar. - nisto ela fechou a mão em um punho e a força que pressionava James contra a árvore sumiu e ele caiu sentado, ofegando e gemendo, sobre o chão.

– Evangeline... - disse em uma inspirada de ar. - Por quê? - Evangeline gargalhou e aproximou-se de James a passos lentos, enquanto ele se levantava com dificuldades, usando a árvore atrás de si como apoio.

– Você ainda não percebeu? - ela o segurou pelo queixo com uma força anormal para uma garota do tamanho dela. As suas unhas manicuradas feriam a pele de James que tentava se soltar do aperto dela em vão. - Você é meu James Potter. Meu! E eu não gosto de compartilhar o que é meu.

James arregalou os olhos. Ela era louca. Completamente louca.

Em um gesto rápido, ele tirou a varinha do bolso e soltou o primeiro feitiço que lhe veio a cabeça, arremessando Evangeline longe. A corvinal caiu como uma boneca de pano perto da margem do lago e James a observou longamente, com a varinha ainda erguida, esperando uma reação que fosse. E esta veio em forma de gargalhadas enquanto Evangeline virava-se sobre o próprio corpo e colocava-se de pé, ajeitando o cabelo e roupas como se nada tivesse acontecido.

– Você realmente acha que esses feitiços de colegial irão surtir efeito em mim? - falou debochada, soltando um tsc sob a respiração. - Eu sou da Corvinal meu querido, e sabia que para conseguir o meu intento teria que ir um pouco mais além do que magia básica. - e com isto fez um gesto largo com a mão e James sentiu a sua varinha ser arrancada de seus dedos e arremessada no meio do lago. - É fascinante as coisas que existem no mundo afora das quais o mundo da magia é ignorante. - continuou em um tom de deboche e James recuou um passo, aterrorizado.

– Eu ainda não entendo. Você que começou este joguinho de gato e rato. Você que brincou comigo e me dispensou e depois me disse que não estava interessada, que não era garota para relacionamentos. Então por que disto agora? - James acusou, percorrendo os olhos ao seu redor a procura de uma rota de fuga. Não tinha a sua varinha para se defender, e essa nem mesmo surtiu efeito. Então, o jeito era bater em retirada.

– Confesso que fui tola. Achei que você seria como os outros. Eu iria mastigá-lo e cuspi-lo e você voltaria para mim como um cãozinho sem dono, implorando por atenção. Mas você James Potter não gosta de seguir as convenções não é mesmo? Ao invés disto você simplesmente me ignorou e seguiu em frente, fazendo com os outros o que eu fiz com você, mas de maneira mais sútil. E então eu pensei: ele é perfeito para mim. - disse com um ar quase de êxtase antes do seu rosto se contorcer em uma expressão feia de fúria. - Mas você foi incapaz de ver o quão perfeito nós seríamos juntos! Por isso, eu tive que fazê-lo ver! Tirei as pedras do caminho para assim deixar a passagem livre para você voltar para mim.

James sentiu o coração vir à boca de pavor. Evangeline era louca. Completamente louca. Por debaixo do rostinho bonito e roupas de grife estava uma criatura psicótica. James recuou mais um passo, percebendo que a sua única rota de fuga era para dentro da floresta, e esperou uma brecha que fosse, uma baixa na guarda de Evangeline, para assim partir.

– Mas agora? Agora a situação mudou de figura. Campbell apareceu no meu caminho e já que eu não consigo me livrar dele... Também não o deixarei tê-lo. - James tinha certeza que o seu coração parou de bater por um segundo diante daquelas palavras e voltou a palpitar a toda força quando Evangeline abriu a boca para recitar um bando de palavras estranhas que fizeram uma nuvem de fumaça avermelhada surgir ao seu lado.

James não ficou ali parado esperando para ver no que aquela fumaça se transformaria, apenas girou sobre os pés e desembestou floresta adentro no momento em que um alto e aterrorizante rugido ecoou pelas árvores. E era por isso que agora ele estava ali, naquela situação, caído sobre folhas úmidas e com o tornozelo latejando e com uma possível torção.

O som de bufos e grunhidos, galhos quebrando e folhas sendo amassadas por algo bem pesado, chegou aos ouvidos de James que rapidamente se virou e tentou se colocar de pé, apenas para cair sentado novamente ao colocar o peso de seu corpo sobre o tornozelo ferido e este simplesmente desistir de suportá-lo.

James não sabia se gritava de ódio, frustração ou pavor, mas pensou que gritar não seria uma boa alternativa já que não queria que o que quer que estivesse o seguindo soubesse a sua posição. Mais uma vez tentou se levantar, sendo melhor sucedido ao lembrar-se de não se apoiar por completo sobre o pé direito e pulando e mancando, ele tentou correr o mais rápido possível no que ele supôs ser a direção onde Hogwarts estava.

Um rugido gutural fez as árvores ao redor de James tremerem e ele olhou por cima do ombro para ver uma das criaturas mais feias que já encontrou surgir de entre os troncos.

Era alto, uns dois metros ao menos de altura, com cabelos longos, negros e emaranhados e de onde, do topo da cabeça, surgia um par de chifres. Tinha a pele avermelhada, membros absurdamente musculosos, usava farrapos no lugar de calças, estava descalço. Os olhos era pequeno, negros e animalescos. A boca grande e de dentes afiados e os dedos das mãos e dos pés eram grossos e com garras enormes e amareladas.

James ofegou, acelerando o máximo que pôde o passo mas não conseguindo cobrir um espaço muito grande devido a dor em seu tornozelo. Olhou mais uma vez por cima do ombro, apenas para ver com pavor a criatura dobrar-se sobre o próprio corpo, apoiando os nós dos dedos no chão, como um gorila, e soltar outro rugido de gelar o sangue nas veias.

James tropeçou nos próprios pés, apoiando-se na primeira árvore que viu. Geralmente não era tão descoordenado, mas o tornozelo torcido, a ausência de varinha para se defender e o choque de descobrir a verdade sobre Evangeline estavam o deixando desnorteado. Mirou a criatura que bufou, arreganhou os dentes para ele, inclinou-se mais, tomando impulso, e saltou na direção de James que se jogou para o lado, saindo do caminho do ataque.

O monstro bateu de cabeça contra a árvore, mas causou mais estragos na planta do que nele próprio, pois James, esparramado onde estava no chão, o viu sacudir a cabeça, embaraçando ainda mais os cabelos, piscar abobalhadamente, e farejar o ar até virar os seus olhos maldosos na direção do grifinório que se arrastava sobre as folhas, tentando colocar a maior distância possível entre eles.

James tateou o chão a procura de alguma coisa para se defender, até que encontrou um grosso galho o qual apanhou e ignorando a dor em seu pé levantou-se em um pulo, girando o braço no momento em que o mostrou saltou para outro ataque, e acertou o galho no rosto dele, abrindo um talho na bochecha vermelha e quebrando a madeira ao mesmo tempo. Ao menos os anos como batedor lhe serviram de algo.

A criatura recuou desnorteada, James fez o mesmo e girando sobre os pés pôs-se a correr, tentando não pensar nas pontadas de dor que lhe subiam pela perna, como agulhas quentes cravando em sua carne, ainda mais que o monstro já tinha se recuperado e o perseguia freneticamente.

Um estouro ecoou pela floresta, seguido de um rugido de dor e, ofegante, James olhou por sobre o ombro para ver que o monstro tinha parado de correr e que agora possuía um ferimento em seu ombro o qual sangrava copiosamente.

– Ah! - James gritou surpreso quando alguém segurou em seu ombro e virou com os olhos largos esperando encontrar a psicótica da Evangeline, apenas para ver-se sob o olhar preocupado de duas íris cinzentas. - Ben. - suspirou aliviado.

– Evangeline, onde ela está? - Benjamin perguntou, puxando James pelo ombro e o colocando atrás de si quando viu que o Oni se recuperava do tiro que tinha dado nele.

– Eu... Eu não sei. - James gaguejou, com o coração aos pulos, e arregalou os olhos ao ver Ben erguer uma arma na altura dos olhos e dispará-la contra o monstro, o acertando na barriga. A criatura cambaleou, mas não caiu, e Ben xingou, engatilhando novamente a escopeta e desta vez acertando o joelho esquerdo do Oni.

O som de ossos despedaçando soou ao redor deles e James sentiu uma ânsia de vômito lhe subir pela garganta.

– Vamos! - Ben ordenou, segurando James pelo braço e o puxando. O Oni precisaria de mais do que alguns tiros com bala de prata para ser abatido, e até o reforço chegar, era mais vantajoso eles voltarem para Hogwarts.

James tropeçou diante do puxão de Ben e soltou um grito de dor.

– O que houve? - Benjamin perguntou preocupado ao ver a expressão sofrida de James.

– Tornozelo torcido. - James respondeu com a respiração entrecortada e Ben engoliu um outro xingamento e transpassou a bandoleira da sua arma sobre o peito, pegou James pelo braço e passou o mesmo sobre os seus ombros e apoiando o peso do amigo contra o seu corpo, começou a carregá-lo para longe do Oni que ainda estava atordoado com os tiros que levara.

– De todas as pessoas... Por que eu não pensei na Beuregard? - Ben resmungou enquanto arrastava James pela floresta. - Ela era perfeita demais para ser verdade.

– Ben... - James grunhiu. - Evangeline, por que... Merlin, o que foi que eu fiz? - Ben parou abruptamente e virou-se para James, pousando as suas mãos sobre as bochechas frias do outro garoto.

– Me ouça bem Potter: Beauregard é louca, e gente louca não se explica. A culpa não é sua e ponto final, okay?

– Mas ela me disse...

– Ignore o que ela te disse Potter.

– Não! - James protestou, afastando-se de Ben aos tropeços. - Ela me disse que se eu a tivesse escolhido, se eu não a tivesse ignorado...

– Potter! Você namorou e terminou o relacionamento com várias outras meninas e não vê nenhuma delas fazendo pactos com demônios para matar colegas de escola, vê?

– Demônios? - James soltou surpreso.

– Ah! Eu deveria saber. - os dois garotos viraram-se para ver Evangeline que surgira do nada a alguns metros de distância deles. - Um simples bruxo não teria matado o meu cão infernal, ou saberia como destruir um saquinho de feitiços. Ou... - os olhos dela foram para a fenda que os primeiros botões abertos da camisa de Benjamin criava, vendo o cordão com o pingente de vidro descansando sobre a clavícula de Ben. - usar amuletos de proteção. Estou curiosa: quem afinal é você Benjamin Campbell?

Benjamin rapidamente tirou a arma pendurada em suas costas e a engatilhou, a apontando para Evangeline que riu jocosa.

– Vai atirar em mim Ben? Não creio que apesar de toda a sua marra, você tenha coragem de atirar em mim.

– Pense de novo vadia. - Benjamin rosnou e atirou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Carry On Wayward Son" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.