Carry On Wayward Son escrita por Bella P


Capítulo 11
Capítulo 10




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Benjamin dobrou uma esquina, entrando na sessão de História da Magia da biblioteca, e quando pisou em um dos corredores formado pelas estantes, desejou não tê-lo feito.

James estava ao fundo do corredor com Evangeline e parecia querer arrancar as amídalas dela com a língua. Ben recuou um passo, considerando dar meia volta e sumir dali, o problema era que, apenas para ser cruel, o Destino havia colocado o livro que ele precisava justamente na prateleira acima da cabeça do casalzinho empolgado.

– Ben, nós também vamos precisar... - Rose aproximou-se do amigo para lhe falar e parou abruptamente ao ver a razão de Benjamin estar parado estático na entrada da sessão de Magia na Era Medieval. - James, vou precisar jogar um balde de água fria em vocês? - Rose falou enojada e James pulou de susto ao ouvir a voz da prima, afastando-se de Evangeline que apenas limpou o batom borrado no canto da boca, completamente inabalada por ter sido flagrada em uma posição tão comprometedora.

– Eu... - James tentou gaguejar uma desculpa, pois estava se sentindo horrível, como se tivesse sido pego pela namorada em flagrante a traindo. Mas como, neste caso, o seu sentimento de culpa era em relação a Ben, então era namorado.

Evangeline apenas riu.

– Bem, eu preciso ir mesmo. - falou, dando um último beijo em James. - E quanto a você querido. - Evangeline disse ao passar por Ben, deslizando as pontas dos dedos pelo braço dele em um gesto sensual. - Se quiser se juntar a nós...

– Não! - a negativa acalorada de James fez os outros três adolescentes o mirarem com curiosidade e James ficou rubro de vergonha.

Evangeline apenas arqueou uma sobrancelha bem feita. Benjamin cruzou os braços sobre o peito com uma expressão de desagrado e Rose deu ao primo um sorriso sábio.

James não havia dito não por ciúmes de Benjamin com Evangeline. Ele dissera não porque não queria que Evangeline colocasse as suas garras manicuradas em Ben.

Ciúme era sempre a melhor maneira de se revelar a verdade.

– Não acha que deveria ser Benjamin a decidir? - Evangeline provocou de uma maneira coquete.

– Obrigado. - Ben respondeu atravessado, não tirando os olhos de James. - Mas não gosto de dividir. - Evangeline riu e deslizou a mão que estava no ombro de Benjamin até a sua nuca, puxando a cabeça dele e o pegando de surpresa com um beijo estalado no canto da boca.

– Um aperitivo, para caso você mude de ideia. - e com uma piscadela travessa, deixou a sessão de Magia na Era Medieval.

– Ben, eu... - James começou a se explicar, mas um apito vindo do bolso da calça de Benjamin o interrompeu. - O que foi isso?

– O meu bom senso me alertando para ignorar qualquer bobagem que saia da sua boca. Você não me deve desculpas Potter. E, sinceramente, se devesse eu ainda não iria querer ouvir. - e com este fora Benjamin também partiu, indo até a mesa onde estava a sua mochila, a recolhendo, e deixando a biblioteca. Havia perdido o ânimo para estudar.

No meio do corredor a caminho da torre da Grifinória, o bolso de Benjamin emitiu outro apito. Este era o espelho comunicador avisando que havia alguém querendo contatá-lo.

Ben entrou em uma alcova quando viu que não havia mais ninguém além dele no corredor e tirou o espelho do bolso, murmurando sob a respiração o feitiço para completar a ligação. O rosto de Harry apareceu no espelho e Benjamin abriu a boca para dar um oi, ou ao menos dizer ao auror que o filho dele era um imbecil, quando uma dor aguda o acometeu na boca do estômago.

– Ben? - Harry chamou preocupado ao ver o menino ficar subitamente pálido.

Benjamin curvou-se sobre o próprio corpo quando a dor subiu de seu estômago para os pulmões, causando uma queimação intensa e o deixando com falta de ar.

Sua garganta ardeu e algo revirou dentro de si. Náusea o acometeu, o deixando tonto e a vontade de vomitar logo surgiu.

Aos tropeços, Benjamin saiu da alcova e o mais rápido que conseguiu entre a náusea e as dores, seguiu caminho para o banheiro mais próximo, abrindo a porta deste com força ao chegar e nem ao menos reparando que na verdade tinha entrado no banheiro feminino.

– Benjamin! - a voz de Harry veio do espelho que Ben havia largado sobre a pia no segundo em que se inclinou sobre esta para botar todo o seu café da manhã e almoço para fora.

A mochila em seu ombro deslizou para o chão no momento em que outra dor forte praticamente perfurou o seu estômago. O gosto metálico de sangue impregnou a boca de Ben e ele se curvou mais uma vez para por o que havia sobrado em seu estômago para fora. Só que, desta fez, a comida veio acompanhada de um bom punhado de sangue.

– BEN! - Harry gritou extremamente preocupado, mas Benjamin estava ocupado demais em tentar respirar entre a dor, os vômitos e o sangue que agora saia também pelo seu nariz, para responder qualquer coisa.

Cambaleando, ele se afastou da pia o mais rápido que pôde e retirou a capa do uniforme, revirando os bolsos, praticamente rasgando o tecido em sua pressa, mas não encontrando nada.

Em seguida Ben percorreu as mãos pelo próprio corpo, ignorando os pontos pretos que surgiram em frente a sua visão e tentando segurar a vontade de vomitar que novamente o acometeu.

Em si mesmo Ben não encontrou nada. Com isto, caiu de joelhos no chão, tossindo e cuspido mais sangue, e com as mãos trêmulas e suor escorrendo pelo rosto e costas, recolheu a sua mochila e a virou de ponta cabeça, espalhando todos os itens de dentro dela pelo chão do banheiro.

Uma pontada de dor mais forte que as outras fez um grito ficar entalado na garganta de Benjamin e com isto ele perdeu a força no corpo, caindo sem jeito sobre o piso frio.

Os pontos pretos em sua visão ficaram maiores. Ao longe pôde ouvir passos se aproximando. Alguém gritou alguma coisa e Ben supôs que fosse o seu nome. Mãos mexeram em seu corpo, alguém inclinou-se sobre ele e Benjamin ainda ouviu um "incendio" ser murmurado antes de tudo se tornar escuridão.

oOo

Benjamin grunhiu, sentindo todos os músculos do seu corpo doloridos como se tivesse acabado de sair de uma sessão de treinamento intensa com Draco. Tentou abrir os olhos, mas esses estavam pesados e a claridade que passava pelas pálpebras fechadas não o encorajava a abri-los.

– Ben? - alguém o chamou. Alguém que ele reconheceu ser Drew.

– Se lembra daquela vez em que Gabriel se ofereceu para nos treinar em técnicas de combate medievais? - Ben falou em um sussurro, ainda de olhos fechados.

– Sim.

– Estou me sentindo da mesma maneira que me senti no dia seguinte após aquele treino. - ou seja, Drew traduziu, com vontade de morrer de tão dolorido que estava.

– O que aconteceu? - Ben finalmente criou coragem e abriu os olhos.

– Aparentemente você foi a próxima vítima. - Drew disse desgostoso.

É, Ben percebia isto pelo corpo dolorido e o gosto de sangue que ainda estava em sua boca.

– Felizmente auror Potter também me deu um espelho de contato e por sorte você foi se refugiar no banheiro da Murta-Que-Geme. Ela avisou a Harry onde você estava, Harry me avisou, eu fui lá e taquei fogo no saquinho de feitiços que estava entre as suas coisas espalhadas no chão. E enquanto eu bancava o cavaleiro da armadura brilhante para a sua donzela em perigo, Murta chamou o professor Longbottom que levitou o seu corpo inconsciente para a enfermaria.

Benjamin apoiou as palmas sobre o colchão, conseguindo dar impulso para se sentar com muita dificuldade.

– Será que o assassino descobriu que eu o estou caçando? - perguntou com uma voz baixa e rouca e Drew fez uma negativa com a cabeça.

– Se ele soubesse, eu também teria sido vítima do ataque. Além do mais, enquanto você dormia como uma princesa, eu conversei com o auror Potter e ele chegou a um denominador comum.

– Qual?

– James.

– James... Potter?

– Conhece outro?

– Por quê?

– Potter filho namorou Lucky Hale, namorava Josie Hawthorn. Gracie Jones admitiu ter uma queda por ele, assim como Terrence McGuill, o que nos leva a crer...

– Que alguém está eliminando a concorrência. - Ben completou. Porque se fosse o simples caso de alguém querer vingança contra James, as vítimas teriam sido pessoas bem mais importantes e mais próximas à ele. Provavelmente teria sido a família de James.

Neste caso o assassino estava eliminando pretendentes e possíveis pretendentes.

– Ótimo! - Ben resmungou. - James é o sonho de consumo de dez entre dez alunos de Hogwarts.

– Incluindo você. - Drew provocou e recebeu um olhar irritado do irmão. Um que dizia claramente para ele nem começar com aquele assunto. - O quê? É uma verdade, ou o assassino não teria o considerado um possível concorrente.

– Você quer fazer o favor de esquecer este detalhe?

– Não! Sou o seu irmão mais novo, é a minha missão de vida te aporrinhar.

– Quando eu falei para a mamãe que eu preferia um carrinho de controle a um irmão ela não me deu ouvidos. Mas talvez não seja muito tarde para fazê-la mudar de ideia. - Ben mirou Drew com um olhar maldoso.

– Ha, ha, ha. - Andrew soltou uma risada seca.

– Voltando ao assunto que interessa, ainda sim encontrar o denominador comum não encurta a nossa lista de suspeitos e o fato dessas pessoas terem se relacionado ou queiram se relacionar com James pode ser apenas coincidência.

– É, eu também pensei nisto e tive uma ideia para tirarmos a prova dos nove. - Drew falou e hesitou um segundo antes de continuar. - Mas acho que você não vai gostar. - Ben estreitou os olhos na direção do irmão.

– O que a sua ideia implica?

– Uma convocação. Lembra que eu disse que havia uma maneira de humanos controlarem um cão infernal...?

– Não. Não, não e não!

– Ben, pode ser a única maneira. Não, é a única maneira. Estamos há meses neste caso e não chegamos a lugar algum. Nunca ficamos tanto tempo assim em um caso, já é hora de apelar.

– Isto não é apelação, isto é desespero.

– Eu estou desesperado, você não?

Benjamin grunhiu. Ele estava chegando ao desespero sim, ainda mais agora que havia sido uma vítima que sobrevivera ao ataque sem precisar ir para o St. Mungus. Isto significava que ele ainda era um alvo e não estava disposto a repetir a experiência de vomitar as próprias entranhas.

– Se vamos fazer isto precisaremos de reforços. - disse por fim e Drew abriu um largo sorriso.

– Já falei com a mamãe e o papai e com os aurores Potter e Weasley. Amanhã à noite faremos o ritual na Casa dos Gritos.

– Casa dos Gritos? O lugar não é mal assombrado?

– O auror Potter falou que isso é um boato, mas que somente poucas pessoas sabem a verdade. Para todos os efeitos o lugar é mal assombrado e o melhor lugar para fazer o ritual. Ninguém irá nos incomodar.

– Só virá a mamãe e o papai?

– Precisa de mais gente?

– Se vamos convocar quem eu penso que vamos, precisaremos de um exército. - Andrew riu.

– Não seja dramático. Vai ser divertido. - Ben apenas resmungou algo ininteligível sob a respiração.

– O que me consola nisto tudo é que ao menos eu estarei armado. Muito bem armado.

oOo

– Só uma pergunta. - Andrew falou enquanto Ben e ele seguiam pelo túnel que levava de Hogwarts à Casa dos Gritos. - O que eles estão fazendo aqui? - e apontou com o dedão por sobre o ombro para McGonagall e Longbottom que fechavam aquela pequena comitiva.

– Porque vocês dois são alunos de Hogwarts e portanto responsabilidade da escola. E caso você não se lembre, Benjamin foi atacado recentemente e mal recebeu alta da ala hospitalar já está colocando-se em risco novamente. - Minerva respondeu.

Ben encolheu os ombros em um gesto breve. Na verdade se sentia muito bem. Magia era uma maravilha na questão de tratar ferimentos provindos de ataques sobrenaturais. Além do mais, a diretora estava fazendo drama com pouca coisa. Com a vida que Benjamin levava, com certeza não seria a primeira e nem a última vez que ele iria se machucar desta maneira.

Depois desta breve discussão eles seguiram o caminho em silêncio até chegarem ao final do túnel onde um alçapão aberto possibilitava a entrada de um facho de luz no ambiente escurecido.

Andrew foi o primeiro a subir a escada velha de madeira, saindo na sala de estar da Casa dos Gritos, sendo seguido por Ben. Logo Neville surgiu pelo alçapão e estendeu a mão para Minerva para ajudá-la a subir. E foi quando a diretora chegou na sala que Longbottom e ela finalmente notaram o casal que acompanhava com Ron e Harry.

Minerva e Neville ofegaram e arregalaram os olhos ao verem a dupla parada do outro lado da sala, com uma sacola de estampa camuflada no chão entre eles.

Os anos poderiam ter se passado, mas a diretora e o professor reconheceriam em qualquer lugar Draco Malfoy.

Certo que ele estava mais alto, menos magricela, os cabelos mais escuros e o rosto tinha marcas de expressão. Mas ainda sim os olhos cinzentos eram inconfundíveis.

Mas o que mais chocou Minerva foi a mulher ao lado de Draco. Porque a diretora se lembrava dela da época de escola. Astoria Greengrass. Mais velha, com os cabelos mais curtos, mais alta e com os olhos verdes refletindo a sabedoria de quem já tinha vivido muita coisa neste mundo.

Astoria que deveria estar morta assim como o seu marido Draco.

– Harry, o que está acontecendo aqui? - Minerva exigiu em um tom como se Harry ainda fosse o seu aluno prestes a receber uma detenção.

– Diretora, confie em mim, quanto menos a senhora souber, melhor. Até porque a história é longa e complicada. - e boa parte dela nem o próprio Harry compreendia. Era algo que ia além da concepção humana, mesmo para um bruxo. Algo realmente sobrenatural.

– Sério Potter? Você resolveu pedir auxílio ao suprassumo dos grifinórios? - Draco debochou, cruzando os braços sobre o peito.

– Você solicitou ajuda, apenas não especificou de quem. Somente disse que tinha que ser confiável e habilidoso. - Harry deu de ombros.

– Professora McGonagall eu entendo. Mas lembro que Longbottom não era lá muito talentoso na época de escola. - Astoria comentou.

– Ei! - Neville soltou com indignação. Havia melhorado com os anos e não era nem de longe o adolescente desajeitado que foi.

– Espera um momento. - Minerva interrompeu a conversa, ainda chocada. - Se Draco e Astoria estão vivos, então... - e lançou um olhar para Ben e Drew que foram para o lado de Astoria que agora estava ajoelhada perto da sacola a qual ela remexia. - Scorpius? - disse, olhando para Ben e depois divergiu o olhar para Drew. - Nico?

Os dois meninos apenas deram de ombros como resposta e Minerva ofegou. Os Malfoy estavam vivos, literalmente vivos, mas eram considerados como mortos pelo mundo mágico. Por quê?

– Diretora, como eu disse: longa e muito complicada história. - Harry falou e Minerva o mirou intensamente, dizendo somente com o olhar que mais tarde ela iria querer saber sobre essa longa e complicada história. Sem tirar nem por uma vírgula que fosse.

– Apenas uma coisa que eu estou tentando entender. - Ron entrou na conversa. - Se James é o nosso denominador comum, por que Benjamin foi atacado? Pensei que pretendentes e possíveis pretendentes eram os alvos do assassino. Benjamin e James são somente amigos. - terminou e Drew gargalhou.

– É Benny, explica isto pro auror Weasley. - Ben fuzilou o irmão com o olhar e depois virou-se para a mãe.

– Não podemos trocá-lo por um carrinho de controle? Ainda está em tempo. - Astoria deu um relance para Drew com uma expressão pensativa antes de voltar a remexer na bolsa.

– Nah. Eu já me apeguei a ele, como a um filhote de cachorro. Ele pode ser útil às vezes.

– Valeu mãe. - Drew respondeu com deboche.

– Como agora. Seja útil e posicione-se no norte da sala. - Astoria ordenou, passando para Andrew um machado que ele pegou e foi para o outro lado da sala, postando-se na extremidade do sigilo que somente agora Minerva e Neville notaram estar desenhado no chão.

– O que é isto? - Minerva perguntou.

– Uma Armadilha do Diabo. - Ben respondeu quando passou por ela com uma 9 mm na mão, onde ele terminava de encaixar o cartucho das balas.

– Quem vocês pretendem convocar? - Neville perguntou pálido. Harry havia explicado a situação, mas não entrou em detalhes. Astoria riu.

– Não, não estamos tão desesperados assim para invocar o diabo. Até porque, esse daí está bem preso nos quintos dos infernos. - ela falou enquanto entregava uma espingarda para Draco e pegava para si própria uma espada angelical.

Uma faca contra demônios só existia uma e esta estava sob a posse dos Winchester. Espadas angelicais havia de sobra. Espólios de guerra, sabe como é. E elas eram tão eficientes contra monstros e demônios quanto eram contra anjos.

– Então por que do arsenal? - Neville perguntou chocado quando viu cada Malfoy com uma arma. Draco e Astoria trocaram olhares com os filhos e deram de ombros. Até que eles estavam considerando pouca coisa para o que normalmente carregavam.

– Potter, se você puder fazer as honras. - Draco pediu e Harry engoliu em seco, mirando a cumbuca em frente aos seus pés e onde faltava apenas um ingrediente para completar o feitiço.

Com um suspiro Harry acendeu o fósforo e o jogou dentro da cumbuca, causando uma pequena explosão que soltou uma fumaça fedorenta.

– Olá garotos. - a nova voz fez Minerva e Neville se virarem para o centro da sala onde um homem de terno estava. - A que devo a honra deste chamado? Um acordo talvez? O que acha Astoria?

Astoria retesou os ombros enquanto Ron e Harry surpreenderam-se com o som de tiro que ecoou pela casa. O estranho cambaleou e lançou à Draco, cuja espingarda ainda estava erguida e fumegando, um olhar contrariado.

– Ah, a hospitalidade Winchester. - disse o homem, endireitando-se e ajeitando o terno como se nada tivesse acontecido e Ron, Harry, Minerva e Neville viram que o ferimento que Draco causara na coxa esquerda do sujeito não mais sangrava e já tinha se fechado.

– Quem é ele? - Neville murmurou para Ben e engoliu em seco quando os olhos escuros do homem cravaram-se nele enquanto ele dava a Neville um sorriso de tubarão.

– Crowley ao seu serviço. - apresentou-se, com o sorriso predador alargando em seu rosto ao ver Ben. - Benjamin, como está? Bem, espero. - provocou pois sabia do desconforto que o garoto sentia na presença de demônios. Ben respondeu a Crowley somente com um engatilhar da sua arma. - Vejo que anda aprendendo boas maneiras com o Dean. - Crowley virou-se para Draco. - Tem certeza de que ele é seu filho? - a resposta de Draco foi um tiro na outra coxa de Crowley que grunhiu e cambaleou.

– Sério mesmo Malfoy! - Harry protestou ao mesmo tempo em que Astoria pigarreou, o fazendo rolar os olhos. - Campbell, Cambpell. Mas sério mesmo, precisa disso tudo?

– Do que você está falando? - Draco fez uma falsa expressão se desentendido. - Eu estou é salvando a pele dele. Afinal, as balas de prata com água benta estão com Ben. - Crowley olhou por cima do ombro para Benjamin que sorriu maldoso para ele.

– E eu repito, tem certeza de que ele é seu Draco? - Crowley provocou.

– Eu posso matá-lo? - Drew grunhiu impaciente, rolando os olhos. Encontrara Crowley poucas vezes, mas o demônio sempre lhe dava dor de cabeça com as suas charadas.

Astoria abriu a boca para responder, mas Harry a interrompeu.

– Chega de conversa fiada. Há uma razão de termos o chamado aqui. - falou e sentiu um frio descer pela sua espinha quando a atenção de Crowley recaiu sobre ele.

– Harry Potter... - Crowley pronunciou o nome como se estivesse o soletrando, o sorriso de tubarão voltando ao seu rosto. - Tom Riddle manda lembranças. - Harry ficou branco como uma vela.

Poderia ser o herói do mundo mágico, mas ainda era humano e a guerra o afetara tanto quanto as outras pessoas. Ainda tinha pesadelos com ela e ouvir Crowley mencionar o nome de Voldemort como se este ainda estivesse vivo com certeza lhe tiraria o sono naquela noite.

– Não dê ouvidos à ele Potter. - Draco interrompeu o pequeno momento de pânico de Harry. - Se Voldemort resolver voltar, o caçaremos e o mataremos, simples assim.

– Tsc, tsc, tsc, tanta coragem hoje quando na adolescência esta lhe faltou. - Crowley falou e Draco sorriu torto para ele.

– Quando adolescente eu não tinha o conhecimento, o treinamento e as armas que tenho hoje.

– Nós temos cães infernais. E você sabe melhor do que ninguém o quanto eles são eficientes. - Crowley rebateu arrogante.

– Nós temos o Arcanjo Gabriel. - Draco retrucou presunçoso.

– Gabriel está presa a regras que nós dois sabemos que ela não pode descumprir se quiser continuar com as suas férias indeterminadas na Terra.

– Não se jogarmos Sam no meio do fogo cruzado. Aí a coisa muda de figura. - Astoria soltou vitoriosa e Crowley a mirou com fúria.

Havia esquecido desse detalhe. Dessa dança das cadeiras entre Sam e Gabriel.

– Agora, quanto a razão de termos o chamado aqui... - Astoria continuou.

– Sei porque me chamaram aqui. Um acordo, um humano controlando um cão infernal. Querem saber quem é a pessoa. Bem, me desculpe, mas eu não posso ajuda...Argh! - Crowley rosnou, levando uma mão ao ombro que acabara de ser perfurado com uma bala de prata e água benta. - Garoto, isso vai deixar marca sabia?

– Assim espero. - Benjamin respondeu, engatilhando novamente a arma. - Agora, o que você estava dizendo mesmo?

Crowley bufou, endireitando-se e ignorando o latejar em seu ombro.

– Que eu verei o que posso fazer.

– Eu ainda não gostei dessa resposta.

– Não força garoto. É isso ou nada.

– Você tem noção - Drew entrou na conversa. - de que está preso em uma Armadilha do Diabo, cercado por quatro caçadores treinados e armados e quatro bruxos com experiência em combate, certo? Tem certeza de que quer barganhar? - finalizou, arqueando uma sobrancelha para o demônio.

– Retiro o que disse, ele provavelmente é o filho perdido do Dean. - Astoria apenas sorriu diante da provocação de Crowley.

– Irei passar para Dean as suas considerações. Tenho certeza de que ele vai se encher de orgulho ao saber que serviu de má influência para os meus filhos. - ela respondeu debochada.

– Bem crianças, se era apenas isto, vou-me então. Não me liguem, deixem que eu ligo para vocês. - Crowley ergueu uma mão, prestes a estalar os dedos e sumir dali, quando se lembrou: - Draco, se você pudesse.

Draco rolou os olhos e deu um tiro no chão, desfazendo uma das bordas do sigilo, e Crowley desapareceu em um piscar de olhos.

– Arcanjo Gabriel? - Ron soltou depois de um minuto de silêncio tenso que reinou na sala - O Arcanjo Gabriel? - e Astoria e Drew gargalharam.

– Não fique tão impressionado, metade do que se sabe sobre Gabriel é pura lorota. - Astoria disse divertida.

– Só uma pergunta. - Neville falou. - Vocês precisavam apelar tanto?

– Apelar? Em que sentido? - Draco perguntou confuso, entregando a sua arma para Astoria que a guardou de volta na bolsa.

– Os tiros, sr. Malfoy. - Minerva comentou com azedume. Não gostara nada de ver crianças como Benjamin simplesmente atirando em pessoas quando essas o irritavam. O que Draco e Astoria estavam ensinando para os seus filhos?

– Estamos falando do Rei do Inferno, McGonagall. E Crowley é como uma peste: surge do nada e é sempre difícil de matar. Agora se você quiser sentir pena de um demônio, fique à vontade. É a sua alma que está em jogo, não a minha. - Draco respondeu sarcástico.

– E sobre aquilo que ele falou sobre Voldemort... - Harry perguntou, sentindo outro arrepio lhe descer pela espinha só de lembrar do assunto.

– Crowley gosta de fazer jogos psicológicos. Estou certo de que Voldemort está queimando nos quintos dos infernos e as chances dele voltar são mínimas. Dar ouvidos a um demônio é sempre o primeiro erro em uma caçada. - Draco advertiu e Harry o mirou contrariado.

– Não sou um caçador Mal... Campbell. Portanto, não estou totalmente inteirado das regras.

– Não precisa ser caçador para saber as regras Potter. Basta ter bom senso. Ah! - Draco estalou os dedos. - Eu esqueci que você não tem isso. - falou zombeteiro.

– Nossa! É como voltar aos tempos de escola. - Ron comentou. - Depois de tudo pelo que passou, você não mudou nada Malfoy.

– Se a verdade dói Weasley, o problema não é meu. - Draco retrucou, enfiando a mão no bolso da calça e retirando algo de lá de dentro que ele arremessou para Ben e Drew. - Já ia esquecendo, presentes do Castiel. - os dois garotos pegaram os objetos em pleno ar e franziram as sobrancelhas ao abrirem as mãos e verem um cordão de couro com um pingente que consistia de um pequeno frasco de vidro com um líquido rosado dentro.

– O que é este líquido? - Drew perguntou enquanto prendia o cordão no pescoço.

– Água Benta batizada com sangue angelical. - Draco sorriu matreiro. - Castiel falou que só porque ele não pode interferir, não quer dizer que não possa proteger aqueles que ele considera família.

Andrew e Benjamin sorriram de volta para o pai e terminaram de prender os seus cordões ao redor do pescoço, pois algo lhes dizia que daqui para frente eles iriam precisar de toda a proteção necessária.

E uma ajuda divina nunca era de todo ruim.


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