Até a Lua escrita por A Garota Dos Livros


Capítulo 16
Você vai tentar?




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– Caramba, Ana! Você me assustou! - Caleb disse abaixando a arma - deixa eu ve...

– Dá você por um roupa primeiro? - interrompo.

Ele olhou para baixo e assentiu entrando no banheiro, depois voltou com um jeans claro e uma camiseta verde. Veio até o meu lado e se sentou, seu joelho roçava no meu, mas não tinha espaço para eu me afastar sem cair da cama, então não mexi um músculo.

– Vê? - digo apontando para o computador - São os arquivos deles, mas estão travados, preciso de uma senha, tenho um minuto para descobrir a senha antes que ela se reinvente.

– Consegue?

– Acho que sim.

Ele assentiu e eu peguei o notebook, colocando ele em cima das minhas pernas, comecei digitar freneticamente, tentando quebrar o código de segurança.

Eu teria me concentrado mais se Caleb não analisasse cada movimento meu, seus olhos não me deixaram por segundo nenhum. Por isso eu perdi as primeiras cinco senhas.

– Não está dando certo - resmungo- pode me deixar sozinha?

– Hm... posso.

Ele coloca o coturno costumeiro e sai do quarto de um jeito meio inseguro.

– Ok. Eu consigo.

Os códigos desciam freneticamente pela tela enquanto eu digitava tentando derruba-los.

Demorou um pouco, perdi as cinco primeiras senhas de novo, mas consegui. E quando consegui soltei um grito tão alto de alegria que segundos depois Brad e Caleb entraram no quarto quase derrubando a porta.

– Consegui! - gritei ao vê-los.

– Caramba, Ana! Você tem que parar com esses gritos - Caleb resmunga.

– Ok,Ok, mas olha! - viro o computador - Eu consegui!

Brad sorriu para mim orgulhosamente, Caleb só me olhou satisfeito. Claro, eu não devia esperar mais que isso, mas eu não esperava uma reação tão...indiferente. Pego o notebook, no colo e abro os arquivos. Muitas pastas, mas meus olhos vão automaticamente para uma "Ana".

Acho que eu fiz uma careta porque os dois se colocaram ao meu lado.

– O que foi? - Brad perguntou.

– Hm... Nada.

Procurei pelas pastas até ter uma que chamou minha atenção.

"Até a Lua ".

Minhas mãos automaticamente foram para o colar no meu pescoço. Cliquei na pasta, e os dois se sentaram na cama, cada um de um lado da cama, o espaço ficou pequeno, e eu não podia me mexer muito.

Primeiro, ela demorou pra abrir, depois que abriu, muitos arquivos carregaram e a primeira coisa que eu vi foi uma tela preta que abriu automaticamente, depois meus pais apareceram e o vídeo começou rodar.

– Oi filha - era minha mãe.

– Oi filha - meu pai.

Ambos sorriam, e o ar parecia ter fugido dos meus pulmões.

– Sabemos que muita coisa aconteceu - meu pai disse - e se você chegou aqui, quer dizer que as coisas não estão bem, mas eu posso te adiantar, elas vão melhorar.

– Vão - minha mãe confirma - Caleb, com toda certeza está com você, talvez até mesmo Brad. Eu sei que eles vão te proteger.

Ela ficou em silêncio por alguns minutos, depois voltou a falar:

– Independente do que nos acontecer, quero que saiba que não vamos te pedir pra fazer isso, não seria justo.

– Ana - meu pai chamou - você não precisa fazer isso. Não precisa nos achar, não é sua obrigação. O que nós fizemos... Você não precisa se envolver.

Eles ficaram em silêncio por um tempo e eu tinha certeza que meu pai estava segurando a mão da minha mãe por baixo da mesa onde estavam.

– Mas se você quiser tentar - meu pai voltou a falar - nós vamos te ajudar. Vamos te ajudar o máximo que pudermos porque sentimos sua falta também.

Então tudo sumiu. A tela ficou preta e só tinha uma pergunta nela.

" Você vai tentar? "

O cursor piscou por um tempo, e ninguém disse nada.

"Sim" .

A tela acendeu e novamente meus pais estavam lá. Eles sorriam, mas não totalmente felizes.

– Vai seguir em frente - minha mãe disse emocionada - então você precisa saber. Há dois projetos.

– O primeiro - meu pai disse - tem defeitos. Esse, depois de um tempo, apaga a memória dos usuários e o fim é sempre incorreto. Nunca vai haver um resultado concreto.

– O segundo - minha mãe disse - esse está pronto. Não há falhas. E é esse que eles procuram. Você sabe onde está, só precisa lembrar. - ela abaixou a cabeça, depois olhou pra mim com os olhos marejados - Nos desculpe por isso.

Meu pai assentiu e o vídeo se apagou, os arquivos estavam lá novamente.

Tive a sensação que ia vomitar. Praticamente voei por cima de Brad e corri para a porta. Eu precisava de ar, precisava lembrar como respira, porque senão ia morrer sufocada com tudo isso. Parei no meio do corredor, olhando para a estrada, segurei na grade de ferro para ganhar apoio. Senti um braço envolvendo meus ombros e depois Brad me puxou de encontro ao seu peito. Eu deixei, e afundei o rosto, chorei como não chorava a muito tempo. Ele não disse nada, não tentou dizer palavras que talvez confortassem, só me apoiou e deixou a mão correr pelo meu cabelo.

Acho que ficamos assim por quase meia hora, até eu parar de chorar e Caleb aparecer na porta com o cenho franzido.

– Você está bem?

Assenti com o rosto inchado, provavelmente. Brad ainda me abraçava e eu não tinha a menor vontade de sair dali.

– Talvez você devesse ver...

– Agora não, Caleb - Brad interrompeu.

Caleb olhou furioso para ele, e depois seus olhos caíram em mim, e por uma fração de segundo tive a impressão de que ele queria estar no lugar de Brad, como de alguma forma, eu queria que ele tivesse se importado comigo da mesma maneira que Brad.

Caleb voltou para o quarto depois de assentir.

– Vamos, você tem que comer alguma coisa - Brad disse me levando pelo corredor.


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