Eu estava correndo de alguma coisa. Olhava pra trás para ter certeza que estava longe o bastante, até trombar em alguma coisa. Caleb me segurou me impedindo de cair no chão quando eu dei um encontrão com seu corpo.

– Sh! Se acalma - ele disse me abraçando - está tudo bem agora.

– Mas...

– Esquece, só esquece.

Assenti e o abracei de volta, sabia que estava segura.

– Ana - ele sussurrou e eu olhei para seu rosto - acorde.

Abri os olhos e Caleb colocou o dedo nos próprios lábios fazendo sinal de silêncio, ele me puxou levemente da cama, fomos até a porta onde ele olhou para os dois lados do carregador, depois seguiu fazendo sinal para que eu fosse atrás. Entramos no quarto do Brad que dormia todo esparramado pela cama, Caleb o acordou silenciosamente e nós três voltamos para o corredor, andamos silêncios até o elevador que quando abriu e lançou uma luz forte, fazendo meus olhos arderem.

– O computador - sussurro.

– Não temos tempo - Caleb disse me empurrando para dentro.

– Não preciso dele inteiro, só do SSD.

Ele assente e sai em direção a cozinha onde ficaram as coisas não demorou muito ele voltou sem nada nas mãos.

– Eu não sei qual deles é.

– Vamos lá...

– De jeito nenhum.

– Não temos tempo, Caleb! - Brad disse.

Caleb segurou no meu braço e nos fomos até a cozinha, o SSD estava logo em cima, por isso só o peguei e voltamos para o elevador. As portas começaram se fechar e foi como se todos nós tivéssemos soltado um suspiro de alívio coletivo. Antes da porta fechar Gail apareceu no nosso campo de visão com um sorriso enorme. Olhei para Caleb que estava com o maxilar travado.

– Tudo bem - ele diz.

O elevador desceu até o saguão devagar demais, pareceu que cada segundo ele ia mais devagar. Quando parou, nós quase corremos para fora. As pessoas nos olhavam, claro, os três descalços e de pijama.

– Pode buscar nosso carro. Estamos indo embora - Caleb disse para um dos funcionários.

O carro, em poucos minutos, estava na frente do hotel.

– Nossas coisas ficaram la em cima- Caleb disse ao funcionário enquanto entrávamos no carro- mande pro endereço que vocês tem ai, por favor.

Ele deu partida no carro em seguida, fiquei olhando a cobertura até que ela saísse do meu campo de visão.

– Por que Gail estava lá?

– Eu não sei - Caleb respondeu.

Brad ficou estranhamente quieto durante toda as próximas duas horas se seguiram até a próxima cidade, onde paramos primeiro para comprar roupas e depois para comprar um notebook novo.

Quem olhava de longe, pensava que éramos apenas três amigos. Eu em uma saia godê florida e uma regata branca, Brad com seu jeans claro e a camisa xadrez e Caleb em seu jeans preto e camiseta branca. Eu parecia uma criança desengonçada perto dos dois com cara de modelo, mas isso não era importante.

Compramos coisas das quais precisávamos, e quando deu 12h, fomos a um restaurante.

O lugar não era ruim, era simples e caseiro de um jeito que me lembrava em casa. As mesinhas de madeira para quatro pessoas, o balcão também de madeira escrito com caneta que pessoas impacientes usavam pra matar seu tempo. Era bom estar num lugar assim.

– Acorda, Kate - demorei pra entender que Brad estava fala no comigo.

Esse era o meu nome dessa vez, Kate.

Sorri e fui atrás dos dois me sentar. Seria muito mais fácil se esconde se fossemos parecidos, mas Brad era loiro, Caleb tinha o cabelo mais preto que eu já tinha visto, e eu era morena. Ninguém se parecia em absolutamente nada.

– Acho que a gente podia voltar pra casa, por enquanto - Brad disse.

– Não quero voltar pra casa - Caleb resmungou.

– Nem eu.

– Só achei que podia ser melhor.

– Não é melhor. Tem muita gente lá.

Basicamente, Brad acha que deveríamos achar alguma base, mas Caleb sabe que seria mais fácil de nos achar, ou de alguém nos entregar.

– Podemos achar um lugar novo olhando no notebook - falei dando de ombros.

– Essa é a minha menina - Caleb disse piscando e me puxando para um beijo no alto da cabeça.

Inicialmente, eu me assustei, não era o tipo de comportamento típico de Caleb, mas então eu lembrei que era apenas encenação, então eu sorri largamente.

– Ok - Brad disse.

Uma garçonete apareceu pouco tempo depois, pedimos nossos lanches, que não demoraram para chegar porque o restaurante não estava tão cheio.

14:38.

Já estávamos dentro do carro de novo e eu estava abrindo o notebook novo.

– Para onde vamos agora? - perguntei sem nem olhar para cima, estava mais concentrada e não perder nenhum parafuso.

– Lynchburg.

Quase deixei as coisas caírem no chão.

– Por que vamos para o Tennessee? - Brad perguntou.

– Por que é bem longe daqui.

– A base mais próxima de Lynchburg fica a pelo menos 280 km de distância, Caleb.

– Eu sei, não vamos correr o risco de ninguém nos entregar.

– Não é...

– Vamos para Lynchburg, não é uma opção.

Enquanto os dois discutiam eu só sabia de uma coisa. A viagem demoraria no mínimo dois dias. E eu não queria esperar mais dois dias.

22:34.

Tínhamos acabado de parar na frente de um motel. O lugar era estranho, escuro e no meio do nada, também estava muito frio, e o frio me deixava de mau humor.

– Quarto para três, por favor - Caleb pediu.

A garota da recepção quase desmaiou com o seu sorriso, e nem me notou pendurada no braço de Caleb, que tentava me proteger do frio.

Devia ter pegado a blusa dentro do carro.

– Aqui está - disse a garota estendendo as chaves para Caleb e sorrindo como uma perfeita idiota.

– Obrigada - eu disse pegando as chaves antes dele e me afastando dando passos duros.

Eles não viam que eu estava ali? Podiam flertar quando eu fosse embora!

Achei o quarto e nenhum dos dois tinham aparecido ainda, por isso me joguei em uma das camas de solteiro e fiquei lá até ouvir a porta abrir.

– Você deixou a porta aberta? - Caleb perguntou incrédulo.

– Você por acaso ia atravessar ela? - respondi irritada.

– Poderia ter chamado. Alguém o dia ter entrado aqui.

– A loira da recepção, só se for.

– Você é muito irresponsável!

Ele colocou minhas coisas em cima da cama e eu peguei as sacolas e entrei no banheiro, ignorando-o.

Agora eu tinha três calças jeans, uma camiseta regata amarela, duas camisetas pretas, e uma com pequenas flores que eu gostei, tinha também a roupa que eu estava usando e dois pijamas. Uma mochila preta grande para guardar tudo.

Tomei um banho quente e demorado, depois coloquei um pijama e sai com o cabelo pingando nas costas. Os dois estavam sentados em uma pesa perto da parede conversando, joguei a mochila em cima da cama e peguei o notebook na mesa e voltei pra cama com todas ferramentas também.

Os dois me olharam, então Caleb se levantou e entrou no banheiro.

– Precisa de ajuda?

– Não, obrigada, Brad.

– Não está irritada com o Caleb por causa do que eu te contei, não é?

– Na verdade, eu estou irritada com o conjunto de idiotice toda dele.

– Ah... Com fome?

– Na verdade, não.

– Certeza? - assenti - Vou buscar alguma coisa então.

Assenti novamente.

– Ana?

– Sim.

– Mantenha essa porta trancada, tá?

Então ele saiu. Fiquei de pé e tranquei a porta.

Dez minutos depois do meu trabalho incessante no notebook,depois de uma tarde inteira dentro do carro e agora aqui, finalmente apertei o botão que ligava ele.

Ele ligou, a área de trabalho estava vazia, então eu abri a pasta de arquivos.

Estava tudo la.

Soltei um grito de animação.

A porta do banheiro se abriu violentamente e Caleb saiu de la de dentro com a arma na mão, ele não usava nada além de uma toalha na cintura, o que me deixou sem foco por um momento por causa do abdômen bem definido.

– O que aconteceu?

Demorei uns segundos para responder.

– Consegui .