Até a Lua escrita por A Garota Dos Livros


Capítulo 14
Quer me contar?




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Caleb tinha saído a meia hora o que me fazia pensar que ele estava com problemas para achar as coisas que eu tinha pedido. Brad também não tinha aparecido, então resolvi ver onde ele estava. Fui pelo corredor e parei na primeira porta. Bati uma vez.

– Brad ? Sou eu.

– Pode entrar - sua voz estava rouca.

Abri a porta e Brad estava sentado no chão , olhando pela parede de vidro do outro lado do quarto.

– Você está bem ? - pergunto.

Ele não diz nada e nem vira pra mim, só faz que sim com a cabeça. Atravesso o quarto e me sento ao seu lado. Ele não se mexe, só olha para fora. Estava mais do que claro que não estava tudo bem.

– Você está bem? - pergunto de novo.

– Estou.

Ficamos em silêncio por uns minutos.

– Deve ser difícil vol...

– Não é isso...- ele interrompe.

– Então o que é?

Ele desvia os olhos pra mim e me fita, olha dentro dos meus olhos e eu posso ver o quanto, seja lá o que for, está torturando-o.

– Já cometeu duas vezes o mesmo erro ?

– Várias vezes.

– E se isso não fosse te afetar tanto, mas sim outra pessoa ?

– Brad, não sei onde você quer chegar.

Ele só suspira e fecha os olhos, ele suspira e então abre os olhos de novo. Naquele momento eu tive certeza que nunca o tinha visto tão vulneravel, era palpavel o quanto ele estava cansado.

– Seja lá o que for, não pode ter sido tão ruim.

– Você nem sabe o que eu fiz.

– Não sei mesmo. Mas você é uma boa pessoa, Brad, não pode ter feito nada tão ruim assim. Eu sei que não pode.

– Não teria tanta certeza disso se fosse você.

– Eu não sei o que aconteceu pra você ficar assim, e tudo bem se não quiser me contar, mas se tem uma coisa que eu sei é mesmo sem precisa você continua aqui, e isso faz de você uma boa pessoa.

– Isso não muda nada, Ana.

– Muda sim! Você não tem obrigação nenhuma de continuar com a gente.

– Caleb também não. Ele só tinha que te levar pra base.

– O que?

– Ele pediu pra continuar sendo o responsável por você. Não sabia, não é ?

– Não, não sabia.

Ele assentiu e voltou fitar a janela.

– Ela morreu por minha culpa, Ana.

– O que? Quem morreu?

– A irmã do Caleb.

– Caleb tinha uma irmã?

– Tinha, Rachel.

– O que aconteceu? - perguntei da maneira mais doce que consegui.

– A bomba explodiu, Gail deveria salvá- la, mas ele não salvou, ficou olhando ela agonizar de dor. Eu lembro que na primeira vez que ele a viu ele olhou exatamente igual olhou pra você. E que droga! - ele se levantou bruscamente - Eu deveria ter ajudado ela! Mas a porcaria da minha perna estava presa embaixo das escombros!

Brad ficou me olhando esperando que eu falasse alguma coisa, mas não falei nada. Eu só o olhava. Não sabia o que falar, ele se culpava pela morte da Rachel sendo que não tinha culpa nenhuma, Gail deveria ter ajudado-a mas em vez disso ficou olhando ela morrer, e Brad viu tudo. Era muita coisa pra associar.

– Caleb me odeia por isso, por não ter feito nada. Eu me odeio por isso.

– Ninguém tem o direito de te odiar.

De repente eu estava com raiva de Caleb por isso. Ele não podia culpa Brad pelo que aconteceu, ele não pôde fazer nada!

Fiquei em pé me colocando de frente para Brad olhando fixamente dentro dos seus olhos.

– Você não teve culpa...

– Eu estava lá, prometi que...

– Olha pra mim - coloco as mãos no seu rosto obrigando-o me olhar nos olhos - Não foi sua culpa, você não podia fazer nada e por mais horrível que tenha sido olhar o que aconteceu, a culpa não foi sua.

– Aquelas...coisas caíram em cima dela...

– Você não tem que ficar lembrando disso.

Ele assentiu. Eu não sabia que o fazer para ajudá-lo, então eu só o abracei e tive a impressão de que era tudo o que ele precisava, porque quando ele me abraçou eu senti o quão tenso ele estava e como ele precisava de alguma coisa que o impedisse de despencar.

– Ana?

– Sim.

Ele me soltou pra poder olhar nos meus olhos.

– Você não pode mais andar sozinha por ai, ok?!

– Hm... Ok.

Brad sorri fracamente para mim e eu retribuo.

– Com fome? - pergunto me afastando.

– Na verdade, estou.

Seguimos para a cozinha, onde acabamos pedindo comida do serviço de quarto, pedimos para os três, embora Caleb ainda não tivesse chegado.

Já estava no fim do x-burguer quando Caleb chegou com as coisas.

– Desculpa a demora, não estava achando tudo.

– Tudo bem - respondo pegando a sacola de suas mãos um tanto quanto bruscamente - pedimos comida pra você.

Caleb fica me olhando, depois se vira para Brad que lhe estende o último lanche.

– O que aconteceu?

– Nada, Caleb - respondo sem paciência.

Ele continua me olhando intrigado, mas não pergunta mais nada. Começo trabalhar no notebook e o abro. Por sorte a parte interna, mais especificamente o SSD não foi tão danificado a ponto de não poder mais ser usado, acho que ainda dá pra descobrir o que tem ali.

Passei quase a noite inteira trabalhando, Brad foi dormir por volta das 1h e Caleb ficou assistindo TV, mas eu sabia que não estava prestando atenção.

Por volta das duas, ele se levantou do sofá e se sentou a mesa de frente para mim.

– Quer me contar?

– Não tenho nada para contar - digo sem desviar os olhos do computador.

– Tem sim.

– Se sabe por que perguntou? Caleb, sinceramente, são duas da manhã e eu estou a horas nisso e estou cansada, então por favor, me deixa terminar o que eu estou fazendo, pelo menos adiantar as coisas pra gente poder voltar pra casa.

Ele me olhou um tempo.

– Você muda de humor mais rápido do que posso acompanhar, e eu não posso adivinhar o que está te incomodando, então, se você for ficar com essa cara emburrada diz logo o que aconteceu.

– Há, perfeito! - digo sarcasticamente - Quer saber o que aconteceu, ok, mas antes me responda por que você nunca me conta nada?

– Do que está falando?

– Perfeito! - jogo os braços para cima frustrada- Nada!

Levanto da mesa bruscamente e saio pisando duro em direção aos quartos. Caleb não se levanta da mesa.


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