Maktüb escrita por VenusHalation


Capítulo 5
Capítulo 5 - Bādiyah


Notas iniciais do capítulo

Bādiyah significa deserto.



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Jadeite jogou o pião no chão pela 28ª vez, pelas contas de Zoisite. O objeto de madeira girava no próprio eixo prendendo os três homens na sala com atenção, profundo era o tédio enquanto esperavam o líder voltar.

Nephrite havia contado aos outros dois sobre a experiência vivida naquela tarde, desde a casa de tapetes, os ladrões de areia até a presença da mulher que se chamava Ayla e tinha envolvimento profundo com os acontecimentos apavorantes que rodeavam a cidade. Desde que tinha terminado o discurso – dando informação de que Kunzite fora pegar algumas informações relevantes com a mulher – ficaram todos em silêncio mórbido e desconfiado, como se em seus próprios pensamentos tentassem absorver toda aquela história maluca ou questioná-la.

– Estão se divertindo? – Kunzite entrou na sala e levantou uma das sobrancelhas para a cena dos três vidrados no pião.

– Não tanto quanto você parece ter se divertido. – Jadeite jogou os braços para trás da cabeça, sorrindo maliciosamente.

– Estar a serviço é muito divertido. – O prateado revirou os olhos.

– Não precisa fazer essa cara, Nephrite nos contou sobre a mulher. – Zoisite também fazia questão de provocar. – E, ainda, fez questão de adicionar que ela não era de ser jogar fora.

– Fico feliz que tenha dado informações tão detalhadas aos outros, Neph. – Kunzite ironizou, sem perder o tom sério.

– É sempre um prazer. – Riu. – Eu adoraria descobrir o que mais ela escondia debaixo daquelas vestes além de um belo rosto...

– Ela escondia isso. – Ignorou as gracinhas e jogou o pergaminho em cima da mesa de centro. – Venham, estamos em serviço.

A guarda Shitennou ajoelhou-se em volta da mesa de madeira. Kunzite abriu o rolo de papel com cuidado e ficou surpreso ao encontrar não apenas um, mas um rolo um pouco menor dentro. O papel de fora trazia um mapa detalhado da região em que se encontravam com diversas rotas marcadas em tinta de cores diferentes. Na legenda – feita à mão e cuidadosamente – via-se as possíveis rotas traçadas pelos ladrões de areia e um grande círculo vermelho marcado sobre a legenda riscada em azul com os dizeres minúsculos "A mais provável". No pergaminho menor, haviam diversas anotações em uma escrita redonda e fina, com as letras manchadas que indicavam certa pressa ao escrever. Eram tópicos e observações soltas com nomes, idades, pessoas e locais onde tudo acontecia. Alguns nomes traziam um pequeno "x" vermelho borrado em cima da tinta preta. Kunzite presumiu que seriam os nomes das famílias atacadas, o de Emir estava ali.

– Devo admitir que pra uma mulher... A garota sabe o que faz. – Jadeite deu um longo assovio.

– É um pouco estranho ela saber as rotas, não é? – Zoisite olhava desconfiado. – Quer dizer, é uma mulher! Essa coisa de ladrões de areia, sequestradores de mulheres e criancinhas... Não acham estranho?

– Nós vimos um homem desesperado por conta desses ladrões, Zoi. – Nephrite deu de ombros.

– Também concordo que não é suficiente, Nephrite. – Kunzite ponderou.

– O que ela ganharia brincando com isso? – Jadeite apontava para o mapa. – Quer dizer, não parece ser algo só para brincar.

– Sim, concordo. – O mais novo colocou uma das mãos sobre o queixo. – Mas se os tais ladrões existem, ela pode ser cúmplice.

– E nos daria as informações de mão beijada? – Nephrite riu. – Acho que não!

– Você parece não vê nenhuma ameaça nela, Neph. – Jadeite sorriu vitorioso.

– Não, não vejo. – O leitor de estrelas olhou pela janela. – Mas ela aparece, então, devemos dar um crédito.

– Ótimo. – Kunzite limpou a garganta, agradecendo aos deuses por Nephrite ter feito os outros calarem a boca. – Ela desconfia que o próximo será Emir, se ela estiver certa, virão depois de amanhã. Outra coisa foi algo sobre magia antiga e pesada, então, se é que existem mesmo os tais ladrões, teremos de nos preparar.

– Usar o poder das pedras fora do Reino Dourado? – Zoisite arregalou os olhos, mas parecia bastante excitado com a ideia.

– Se necessário, sim. – Os olhos acinzentados faiscaram. – Agora, vamos descansar. O dia será cheio amanhã e precisamos nos preparar.

– Vamos conhecê-la? – Jadeite deu mais um daqueles olhares marotos e infantis.

– Espero eu que não seja necessário. – Kunzite fitou o mapa com certa preocupação.

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Passava do meio tarde quando a venusiana retornara aos seus aposentos no khan de Emir. Havia passado o início do seu dia adicionando pontos específicos de escudos sensíveis a magia ao redor do local. Os aparelhos eram de tecnologia vinda de Mercúrio, pequenos, discretos e poderiam ser facilmente escondidos com um punhado de areia.

Venus ativou o aparelho principal, ligado ao comunicador e levou um susto quando ao terminar de configurar o próprio comunicador brilhou em diversas luzes coloridas, fazendo-a se assustar e apertá-lo de uma vez.

Então, como é o deserto? – A voz estridente surgiu junto com uma menina de cabelos prateados e penteado incomum em uma holografia em seu pulso

– Serenity! – A loira levou a mão livre ao peito e se jogou na cadeira em frente a mesa, afim de acalmar o coração.

– V-chan! – A princesa piscou. – Como é o desertoooo?

– Uma vasta imensidão cheia de areia. – Venus respirou fundo. – Como você conseguiu me ligar?

O bobo do Artemis esqueceu o comunicador aqui e eu peguei! – Cantarolou a frase.

Mas isso não importa! Uma imensidão de areia parece tão chato... A Terra vista daqui parece ser mais azul! – A princesa fez biquinho. – Você deveria voltar, V-chan!

– Eu vou voltar em breve, Sere, você sabe. – Colocou o comunicador na mesa e apoiou-se sobre os cotovelos. – E como estão as coisas por aí?

Artemis tem cuidado dos exércitos pra você! Mercury me bota para estudar muito, Ju acha que vou cair e me machucar a qualquer momento e me cerca como um bebê e Mars... Me dá cascudos! – Serenity fez uma pose dramática colocando uma das mãos sobre a testa.

– E a rainha e Luna?

– Luna está sempre comigo nas aulas de etiqueta e a mamãe tem me ensinado a usar o Cristal de Prata. Admito que, às vezes, eu me sinto fraca e desmaio, no último treinamento saiu sangue do meu nariz!

– Deve ter sido uma cena muito agradável. – Cobriu a boca com a mão contendo uma gargalhada ao imaginar o exagero com que a princesa deveria ter se portado ao ver o nariz sangrar.

Não tem graça! – Ela cruzou os braços e virou a cabeça.

– Escute, Sere, é melhor você ir agora. Se o Artie descobre que você pegou o comunicador, você vai levar uma bronca!

Mas volta logo... – O tom era jocoso. – Você faz falta para todos nós!

– Espero voltar o mais rápido possível! – Pensou na possibilidade no sucesso das coisas no dia seguinte. – Te vejo logo, Sere!

Tchauzinho, V-chan! – Ela acenou, sumindo no ar.

Venus riu ao imaginar a sapeca princesa da lua saltitando de volta para o palácio e escondendo o comunicador de Artemis aos risos. Sentia falta daquele lugar que ela havia aprendido a chamar de lar e queria muito voltar, mas era seu dever estar ali e ela só precisava encontrar os homens do Reino Dourado e convencê-los da importância da Aliança de Prata. Claro que não era tão simples, todos diziam que o reino era escondido na terra dos sonhos e que haveria de ter uma permissão para entrar lá e foi aí que ela se ofereceu para a jornada na Terra, afinal, seu planeta natal era considerado gêmeo daquele planeta e ela se adaptaria melhor. Prometeu conseguir a confiança dos homens de Endymion e passou meses a estudá-los, seus costumes, suas vestes, sua língua e tudo com dados que Mercury havia recolhido, por fim, a única pista que tinham é que eles apareceriam naquele lugar em breve e ali ela ficou esperando. Era um alívio pensar que estava muito próxima de voltar pra casa.

A senshi jogou-se na cama velha e fechou os olhos para divagar mais sobre a saudade e com um sorriso no rosto, voltou a adormecer.

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O dia anterior havia sido de completa preparação, a começar por manterem-se discretos, inclusive, para não causar pânico. O clima era tenso entre os quatro homens quando se sentaram para comer naquela manhã, optando por receber a comida no quarto e tentar manter suas próprias preocupações livres dos demais ocupantes do khan.

Não demorou muito para que as mulheres vestidas dos pés à cabeça viessem colocar os alimentos sobre a mesa e saírem em silêncio, deixando-os sós novamente.

– Isso é intrigante... – Jadeite bebeu um pouco do chá dando uma última olhada na mulher que saía.

– Já disse para não ficar olhando as mulheres dessa forma, a vestimenta é algo sagrado! – Kunzite advertia duramente.

– Talvez eu possa matar a sua curiosidade, senhor. – Uma mulher entrou no quarto, depositando sobre a mesa uma bandeja com uma jarra de ferro batido nos braços.

– O quê...? – O líder shitennou arregalou os olhos antes de pegar o olhar azul divertido atrás dos lenços. – Você!

– Bom dia pra você também, Tariq. – Ela arrancou os tecidos da cabeça, mais uma vez dando um espetáculo dourado das cascatas de cabelos caindo para todo lado.

– Eu sempre desconfiei que eram maravilhosas! – Jadeite sorriu apontando para ela.

– Deus, Jade, isso nojento! – Zoisite rodava os olhos de um pro outro reparando nas semelhanças. – Ela podia ser sua irmã, gêmea!

– Olá, senhorita Ayla! – Nephrite cumprimentou com um aceno de cabeça. – Não sabia que trabalhava aqui!

– Naam, oi. – Ela retribuiu. – Trabalho sim, em alguns períodos... Então, não vão me apresentar seus amigos?

– Ela é a garota? – Zoisite olhava incrédulo para a mulher, parecia tão frágil.

– Perdoe por isso... Ayla. – Kunzite reprimiu a vontade de chama-la de Mona. – Esses são Zayn e Jarabi.

– É um prazer conhecê-los.

– Acredite, meu prazer é muito maior! – Jadeite sorriu de lado mantendo-se altamente charmoso.

– Você vai assustá-la! – Zoisite deu um safanão no loiro.

– Ai, seu... – Jadeite estava pronto para avançar quando foi interrompido por Nephrite limpando a garganta.

– Como eu dizia: Ela nos deu as informações, mas... O que lhe traz aqui, mulher? – Kunzite olhou para ela com certa firmeza.

– Apenas queria saber como vai tudo, para... – Ayla mordeu o lábio inferior. – Vocês sabem, hoje.

– Está bem, nós nos preparamos e vamos aguardar. – Nephrite notou a tensão dela quase palpável. – Aceita chá?

– Não, obrigada. Mas essa espera é realmente agoniante. – Ela riu baixo.

– Mas você pode confiar na gente! – Jadeite disse alegremente.

– Bom, era só isso! – Ela se levantou bruscamente, como se estivesse se recompondo de uma pancada. – Eu não queria atrapalhar os senhores, de qualquer forma.

– Aonde vai? – Zoisite olhou curioso para aquele comportamento.

– Esperar. – Ela cobriu o rosto novamente. – Boa sorte, espero, de coração, que consigam!

– Nós também. – Jadeite acenou despreocupado, vendo-a sumir dali. – Eu falei alguma coisa?

– Estranho. – Kunzite balançou a cabeça negativamente. – Temos de nos concentrar, certo?

– Vamos comer! – Jadeite começou as atividades despreocupado, mordendo um pão sírio.

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Venus bateu com as mãos na própria testa ao entrar em seu quarto. Tinha sido meio idiota sair da presença deles daquele jeito, mas não sabia bem ao certo o motivo de tê-lo feito. Quer dizer, ela sabia, mas pela primeira vez havia sentido medo. Ela estava de frente para o shitennou e ouvir um deles proferir que ela podia confiar nele era como um golpe no meio do estômago, pois ela estava mentindo sobre si e isso a incomodava. Temia pela reação do shitennou se descobrissem quem ela era de outra forma, sabia que podia ser mal interpretada.

– Calma... Calma... É só por enquanto. – Dizia como um mantra enquanto sugava o ar vagarosamente.

Ela fechou os olhos, jogou-se na cama e permitiu-se divagar sobre tudo. Desde muito pequena esteve a serviço da lua, então, sempre que era enviada em missão pensava no peso de suas ações e a última não havia sido muito prudente e incomodava saber que poderia ter estragado tudo, principalmente a chance de salvar aquelas pessoas. Em meio as possíveis consequências que imaginava para sua "fuga" impensada, Venus adormeceu.

Talvez fosse por consequência da noite anterior – em que não havia dormido absolutamente nada pensando nos ladrões de areia – ou simplesmente do cansaço das múltiplas identidades, mas foi realmente gostoso adormecer assim e seria melhor se não tivesse despertado ao som das paredes de pedra estourando em um baque seco.

A senshi se levantou de uma vez, agarrando o alfanje afiado que utilizava em suas danças como Mona entre os dedos e correndo para fora do cômodo. O khan, sempre iluminado no início da noite, estava quase todo engolido pela escuridão da noite e, como se não fosse suficiente, uma camada generosa de areia tampava a visão dos corredores. Além disso, o som dos gritos, passos desesperados e coisas sendo quebradas faziam o coração disparar. Venus mordeu os lábios desejando que ela estivesse errada sobre o paradeiro dos homens, mas era muito óbvio em suas análises que eles viriam para a família de Emir.

Ela se apoiou na entrada do quarto e encostou o corpo na parede, guiando-se pelas partes sólidas da edificação, sabia que se os ladrões estavam ali, iriam atrás da família de Emir. Claro que, no processo, ela tropeçou algumas vezes, esbarrou com hóspedes à beira de um ataque de nervos e arranhou o corpo na parede de pedra. Quando, finalmente, chegou a entrada que dava a casa de Emir, nos fundos, o som do desespero dos outros parecia ter sido levado. Ela podia sentir as cargas pesadas de magia ali, haviam selado o fundo do Khan com silêncio absoluto, claro, seria muito mais fácil assustar os indesejáveis e deixar os desejáveis dormindo tranquilamente ali.

A areia em volta deixava ainda mais difícil respirar, mas Venus apertou o alfanje até os nós dos dedos ficarem brancos, enquanto ficava atenta a qualquer ruído, foi quando algo áspero agarrou-lhe o punho livre a puxou com força, Venus fechou os olhos esperando o contato violento com algo que não veio. Ao abrir, deparou-se com olhos amarelos e grandes e o resto das feições escondidas pelos diversos panos já conhecidos da vestimenta local.

– Achei que todas as mulheres da casa estavam dormindo. – A voz masculina vinha abafada.

– Solte-me! – Ela disse entre os dentes.

– Soltá-la? Esqueça! – Riu escancarado, puxando o véu que cobria o rosto da senshi. – Por Alá!

– Vai se arrepender se não me soltar. – Rosnou notando que o homem parecia não ter notado a arma na outra mão graças a escuridão e a areia.

– Soltar um exemplar tão belo e único como você seria um desperdício e o chefe ficaria muito decepcionado! – Segurou o rosto dela entre os dedos, eram tão ásperos que arranhavam conforme a força que ele segurava. – Nunca, em todos os saques, encontrei uma mulher com tamanha exuberância e acho que você iria satisfazê-lo muito bem!

– Desculpe... Mas não nasci para satisfazer homem nenhum!

O movimento foi muito rápido. Venus conseguira chutar o estômago do adversário e afastá-lo com violência, sentiu um dos lados do rosto rasgando a resistência de soltá-la. Sacou o alfanje com os dois braços dessa vez indo em direção ao corpo envergado. Ele se defendeu tirando uma arma tal qual a dela da cintura, jogando-a a poucos metros.

– Quanto insolência, uma mulher com uma arma! - Ele parecia impressionado ao correr para atacá-la de novo.

Mais uma vez ela se defendeu sem nada dizer, contra-atacando com violência. O som do metal dos alfanjes encheu o cômodo silencioso da casa, até o homem de areia se esconder, em movimento rápido, na escuridão e cortina de areia.

– Apareça! – Venus chamou.

– Como desejar! – O corpo rastejou por baixo dela velozmente.

A loira tentou desviar, com sucesso, mas teve sua arma jogada longe pelo rival. Seu coração deu saltos ao fechar os dedos na palma da mão. Ela não podia usar seus poderes ali, não naquele momento, ela havia dito a si mesma diversas vezes que tornar-se Sailor Venus na Terra era em casos altamente preocupantes e aquele era um. Estava decidida a se transformar quando o som surdo de metal batendo no chão encheu-lhe os ouvidos. Olhou para frente e apertou os olhos, notando o alfanje do homem que a atacara no chão e o corpo do mesmo se desfazendo em areia fina e branca descendo por uma espada comum.

– Você está bem? – O rapaz de cabelos loiros abaixou a arma e foi em direção a ela.

– Jarabi! – Não conteve a felicidade em encontrar o shitennou ali. – Onde estão os outros?

A cortina de areia começava a se dissipar, tornando o ambiente um pouco mais visível.

– Nos separamos, esse é o quarto que matei até então. – Apontou para o monte de areia.

– E Emir?

– Acho que sou o primeiro a chegar aqui. – Deu de ombros. – O que estava fazendo aqui sozinha?

– Eu queria ajudar. – Olhou para o chão.

– E, pelo que notei, se defendeu muito bem. – Deu um sorriso simples. – Pega, acho que isso é seu. – Estendeu a arma.

– Obrigada. – Ela pegou de volta. – Talvez fosse bom um pouco de luz, não é? – Venus olhou para uma das paredes, pegando uma das lâmpadas de óleo e acendendo.

– Muito melhor! – Os olhos voltaram-se ao redor. – A areia abaixou completamente, o que será que isso quer dizer?

Trocaram um olhar preocupado. O silêncio ali ainda era absoluto e embora pudessem finalmente enxergar mais do que um palmo na frente do nariz, a sensação de que não havia acabado ainda tomava conta. A respiração pesada de ambos era o único som que eles ouviam enquanto subiam as escadas para os quartos. O susto foi mútuo quando o grito agudo veio do quarto mais ao fundo, ambos tinham as espadas em mãos e correram, encontrando um Emir desolado e areia por todo canto, junto a vasos quebrados, cortinas caídas e objetos pelo chão. Finalmente o barulho do khan era ouvido, o que fez toda a casa despertar e ir ao encontro do patriarca.

– Eles os levaram, levaram na minha frente! – O velho se levantou aos prantos, completamente desnorteado.

– Foi uma distração! – Kunzite irrompeu pelo quarto acompanhado dos outros dois shitennou. – Emir, meu amigo, eu sinto muito, nós tentamos!

– Minha mulher, meu filho! – As mãos dele tremiam. – Por Alá!

– Nós vamos recuperá-los, senhor. – Nephrite adiantou-se. – Por favor, acalme-se.

– Como vão fazer isso? Eles sumiram no ar, em uma tempestade de areia! – Ele passava as mãos pela cabeça.

– Senhor Emir, confie neles... – Venus sentou-se ao lado dele na cama.

– Vamos atrás deles, agora! – Kunzite virou-se para a saída.

– Obrigado, meu rei... – Emir sussurrou para que apenas ele pudesse ouvir.

Kunzite foi seguido pelos outros três até o quarto que lhes havia sido o ferecido ao chegar no khan. Pegaram alguns poucos pertences e jogaram nas sacolas, assim como os mapas entregados pela mulher a quem ele se referia como Mona sobre as possíveis rotas dos Ladrões de Areia. Em menos de dez minutos, o shitennou estava pronto para partir, haviam se preparado para se algo desse errado e não queriam perder tempo. Saíram do khan encontrando a cidade em total alvoroço e incomum atividade noturna pelo ataque ter sido em um local tão movimentado. Ignoraram as perguntas dos curiosos e procuraram pelo estábulo onde tinham pagado para que levassem os camelos deixados dias atrás nas mãos de um trabalhador. Saíram da cidade em pleno frio congelante da noite do Oriente deslumbrando a cidade já afastada e os quilômetros de areia sem fim e as estrelas do céu que os aguardavam na missão dada.

– Onde vocês pensam que vão? – Ela gritou arfando e vinha correndo, com uma sacola nas costas.

– Mona? – Kunzite olhou incrédulo para a mulher correndo com dificuldade na areia do deserto e fez os camelos pararem. – O que você está fazendo aqui? Volte para a cidade!

– Nem pensar! – Quando finalmente os alcançou, tentou recuperar o ar tirando o véu do nariz. – Eu os trouxe até aqui, eu irei com vocês!

– Me perdoe parecer indelicado, milady, mas não seria justo levar uma mulher conosco. – Nephrite levantou as sobrancelhas.

– Seria muito imprudente colocá-la em perigo. – Zoisite ponderou.

– O problema é eu ser mulher? – Pigarreou. - Eu não sou uma garotinha indefesa! Diga a eles Jarabi, você viu!

– Bom, estava escuro e havia uma cortina de poeira... – Jadeite coçou a cabeça.

– Falem o que quiserem, se não me deixarem ir eu seguirei vocês de qualquer forma! – Cruzou os braços.

– Sem um camelo? – Kunzite a encarou com desdém.

– Sim e se eu me perder ou ficar para trás, serão os culpados de me deixar morrer no deserto. – Venus os desafiou.

– Você quer ir de qualquer jeito, não é? – Nephrite olhou para cima, onde milhares de estrelas provavelmente lhe diziam algo. – Vem. – Ele estendeu a mão para ajudá-la a subir em sua montaria.

– O que pensa que está fazendo, Naam? – Kunzite estava pronto para dar uma bronca de líder.

– O que me dizem ser certo. – O general shitennou olhou para as estrelas e deu um daqueles sorrisos que queriam sempre dizer algo.

– Odeio quando você faz isso. – Zoisite sorriu de volta, com certo humor.

– Eu gosto bastante! – Jadeite não podia evitar achar graça da irritação do líder.

Kunzite manteve o silêncio contraindo o maxilar, ele não gostava de contrariar algo quando Nephrite sorria daquele jeito. Desejou, do fundo da alma, que encontrassem logo os responsáveis pelo ataque, mas sabia que aquela seria uma longa jornada.


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Notas finais do capítulo

Demorei? Acho que nem demorei né?
Hoje eu tive que escrever, afinal, esse Ato 12 de Crystal... O que foi essa porcaria, minha gente?
Mataram meu amado shitennou de uma forma tão sem graça... E o balde de água fria em VenusxKunzite ali?
"Venus"
"Kunzite"
E morreu.
PUTE QUE ME PARIU TOEI!
Deixa eu voltar pra fics que eu ganho mais. VLW FLW não esqueçam os reviews que são sempre muito importantes pra gente



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