Maktüb escrita por VenusHalation


Capítulo 2
Capítulo 2 - Marhaba


Notas iniciais do capítulo

Marhaba quer dizer "bem vindo".



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Na manhã seguinte, acordaram em perfeito estado. As várias noites passadas no deserto haviam sido ingratas e ter tido um bom lugar para descansar era uma dádiva para os corpos. Foram recebidos mais uma vez com hospitalidade no salão – que durante o dia parecia bem maior devido à pouca quantidade de gente. – e servidos de chá preto com hortelã, pães e iguarias.

Kunzite mantinha-se atento a todos os olhos femininos sob as burcas escuras, nenhum deles parecia ter a cor azul que o perturbara a noite inteira. Embora não quisesse admitir aos amigos, havia tido um forte interesse na dançarina da noite anterior, ela o tinha deixado intrigado e seu sexto sentido estava bem alerta quanto a ela. A coisa foi tão chegou a ser tão irracional que o rei do oriente médio até mesmo havia tido sonhos que envolviam o ritmo forte do tambor as curvas da mulher sobre ele, mas havia muito mais ali que o incomodava profundamente.

– Bons homens, 'dia! – Emir entrou animado. – Dormiram bem?

– Perfeitamente! – Nephrite alargou um sorriso generoso. – Suas instalações são muito boas, devo ressaltar.

– Obrigado jovem... Naam, não é?

– Sim. – Kunzite respondeu por ele apressadamente. – Emir, amigo, será que teria algum tempo para termos uma pequena conversa?

– Mas é claro! – Abraçou o homem mais uma vez desferindo beijos em ambas as suas bochechas. – Quem seria eu se não pudesse ceder algum tempo a um velho amigo, não é?

– Obrigado. – Kunzite retribuiu o cumprimento animado. – Vocês três, aproveitem a manhã para conhecer a cidade, não esqueçam de... Registrar bons momentos.

– Registraremos. – Zoisite sorriu entendendo o recado perfeitamente. – Nos encontramos mais tarde?

– Estarei aqui quando retornarem. – O líder shitennou acompanhou o velho Emir.

No fundo do Khan, ficavam os aposentos pessoais do homem corpulento. A decoração era nada singela, tapeçarias, almofadas, bordados e vasos em cores quentes eram parte predominante, além de uma fonte com pétalas coloridas de flores, tudo contrastava muito com as mulheres de burca escura passando pelos aposentos e crianças risonhas e curiosas vendo a passagem do pai e o visitante à distância. Entraram em um pequeno aposento vazio, as cores já não eram tão chamativas, mas em de tons pastéis de amarelo. Emir ofereceu um dos divãs ao jovem rei enquanto aprontava um narguilé que aos poucos borbulhava, sentou-se ao lado do convidado, entregando a ele um dos bicos dourados do instrumento de fumo.

– É uma das novas essências que eu fiz, experimente. – O velho aspirou a ponta dourada vagarosamente e soltou a fumaça de cheiro adocicado. – Flores, mel e cravo, uma iguaria trazida das índias!

– O cheiro é maravilhoso. – Kunzite repetiu o movimento do outro e sentiu a essência invadir a garganta e os pulmões. Talvez fosse pelo tempo sem uso, mas realmente era uma das melhores que já havia provado.

– Então, o que traz o Sheikh aqui? Cansou da terra dos sonhos?

– Admito que por vezes sinto muita falta de casa e das boas coisas daqui, havia muito tempo que não usava um destes. – Sacudiu o bico do fumo. – Ainda não me cansei de Elysion, tenho meus irmãos de arma e um príncipe que me valem muito, são como minha família. Mas o motivo de minha vinda é apenas para o bem de todos e, por isso, peço para que não diga as pessoas quem eu sou, eu e meus homens não gostaríamos de causar nenhum tipo de alarde.

– Não seria alarde! Todos ficariam muito felizes em saber que seu Sheikh está aqui, até porque nossa vida melhorou muito, é certo que prepararíamos uma grande festa!

– Este é exatamente o tipo de coisa que eu quero evitar. – Segurou um dos ombros do outro. – Aprecio muito a consideração, mas estou aqui para ver seu dia-a-dia, como andam seus costumes, se precisam mais de mim e de Elysion, compreende?

– Mas é claro, logo desconfiei quando não foi diretamente ao palácio, não é?

– Acredito que estando fora do palácio, eu possa ver melhor o que se passa.

– Sempre tão responsável, Tariq! – Sorriu com orgulho. – Fique tranquilo, não direi nada, você sabe!

– Eu sei disso! – Sorriu de volta.

– Então, tem quanto tempo que saiu daqui? Me lembro que era tão jovem... Um rapaz!

– Mais ou menos oito anos. – Refletiu como o tempo passara voando. – Eu tinha apenas dezoito na época.

– Imagino que já tenha pelo menos duas esposas, não é?

– Está imaginando errado, não há muito tempo para mulheres na corte dourada.

– Grande Allah! Você é um rei, poderia sustentar quatro esposas se quisesse! – Levantou os dois braços em sinal de surpresa.

– Isso não quer dizer que eu não tenha alguém para aquecer meu leito em noites de solidão, Emir. – Gargalhou divertidamente.

– Não digo isso apenas pelas mulheres, digo porque temos que perpetuar o sangue! Você tem uma linhagem forte e nobre! Com as mulheres certas, teria rapazes respeitados e dignos, além disso, homens de todo oriente iriam querer desposar suas filhas por fortunas!

– Eu tenho plena consciência disso, meu velho, mas ainda não é a hora. – Soltou a fumaça branca devagar, por algum motivo, a cor etérea o fez lembrar dos véus da dança da noite anterior. – Falando em mulheres, quem era a dançarina?

Uma expressão maliciosa enfeitou o rosto de Emir. Sabia exatamente de que dançarina o rei estava falando e, ainda mais, sabia do efeito que ela causava quando a viam pela primeira vez.

– Ora, meu rei... Esse não é o tipo de mulher que eu dizia que poderia desposar, veja bem...

– Não tenho interesse algum de casar com um total desconhecida, se é isso que está insinuando. - Seu olhar foi muito vago para a fumaça pairando ao redor.

– Vejo que caiu pelos encantos de minha serpente. – Apoiou um dos braços preguiçosamente no braço do móvel. – Mas, como eu disse, Mona é uma mulher que eu não aconselharia chegar muito perto.

– Mona... Esse é o nome dela? - Riu, o nome significava "desejo". - O que há de tão perigoso?

– Essa mulher é como uma miragem, enganadora de leigos homens, ela passa alguns dias aqui e depois some por longos períodos sem dizer nada.

– E não acha isso estranho? – Juntou as sobrancelhas.

– É um pouco, mas enquanto ela trouxer homens para gastar suas moedas de ouro e prata em meu khan, serei eternamente grato.

– Ela me intriga...

– Eu também aprecio suas belas curvas, se é isso que quis dizer! – Riu abertamente, compreensivo e divertido. - Mas ela já mostrou-se feroz como um tigre e indomável como um chacal selvagem.

– Não acredito que uma mulher possa ser tão perigosa como está falando. – Soltou um pigarro curto.

– Eu não diria isso se fosse você... Ela é conhecida por todos como "serpente" e não apenas por seus movimentos sinuosos, – Balançou o dedo indicador em um breve aviso. - muitos homens tentaram mais do que ver a sua dança. Já vi rapazes saírem bastantes machucados daqui e, dizem por aí, que alguns perderam, até mesmo, a virilidade. Ela sabe se defender muito bem.

– Como? – Kunzite arqueou as sobrancelhas impressionado.

– Ninguém sabe, todos se recusam a contar e, nunca mais, nenhum deles volta a pisar aqui.

– Falando assim parece como um conto do deserto. – Um pequeno arrepio subiu a espinha, mas não era nada como medo, e sim como uma sensação de alerta.

– Os que a provocam saem daqui como ratos acuados e feridos! Se eu mesmo não tivesse visto, diria tratar-se de um conto perdido das mil e uma noites! - Virou o carvão sobre o narguilé. - No mais, ela dançará de novo esta noite, se quiser vê-la...

– Eu verei, pode apostar que sim... - Puxou a essência do fumo e soltou vagarosamente.

Kunzite voltou ao cômodo reservado a eles a aos outros ao anoitecer. Havia passado o resto do dia coletando informações com Emir e descoberto sobre os comerciantes, os artistas e andarilhos que sempre passavam por ali, afinal, o khan do velho homem era bastante movimentado por todo tipo de gente e era um dos pontos de encontro preferidos daqueles de dentro da cidade.

Encontrou os outros três bem à vontade na sala principal do quarto. Zoisite fazia diversas anotações em um pequeno caderno, Jadeite estava jogado em uma das almofadas vermelhas, totalmente despreocupado e Nephrite olhava atentamente para o céu – onde as primeiras estrelas surgiam - com um sorriso muito confiante, o que causava um pouco de desconforto ao líder, as estrelas nunca erravam.

– Então, o que conseguiram hoje? – Kunzite desenrolou o grosso manto do pescoço.

– Cozinhar em um calor infernal! – Jadeite sorria divertidamente.

– Não achei que um pouco de calor faria mal a sua pele sensível, Jade. – Zoisite olhou por cima do caderno.

– Não vamos entrar no assunto "sensibilidade", não é? – Retrucou, recebendo um olhar intenso do mais novo. - Com essa sua cara de mocinha...

– Vou lhe mostrar já a sensibilidade do meu punho em seu nariz! – Fechou o caderno com força.

– Por favor... Agora não! – Kunzite balançou a cabeça negativamente várias vezes enquanto massageava a testa.

– O comércio vai bem. – Nephrite virou-se, finalmente olhando pra dentro e se apoiou com as costas na parede ao lado da janela. – Não posso dizer que não há miséria, ela existe em todo canto, mas as coisas estão indo muito bem.

– Há informações importantes sobre petróleo. – Zoisite esqueceu-se das provocações. - Conseguem usá-lo para iluminação nas casas e para fazer algumas das estradas internas daqui.

– Estão conseguindo furar poços cada vez mais fundos, também, com a tecnologia trazida da China, adaptaram as hastes de bambus, ficou bem engenhoso para um local com poucos recursos como o deserto. – O loiro largado na almofada deu de ombros.

– Ótimo. – O líder afirmou. – Emir me contou que recebem muitos viajantes, turcos são os mais comuns e alguns andarilhos sem casa trazem coisas de toda parte, as Índias tem sido o local favorito. Disse-me que o que mais preocupa é a segurança, com o crescimento da cidade, vem mais corrupção. Ele disse que há um grupo bem famoso que age por aqui, indicou que visitássemos o mercado local, onde os saques são mais comuns.

– Amanhã será um dia cheio, então? – Nephite suspirou, ele parecia bem cansado.

– Com certeza. – Balançou a cabeça em afirmação.

– Seria muito indelicado pedir a Emir que nos mande algo no quarto, hoje? - Jadeite passou a mão pelos cabelos.

– De forma alguma.

– Não sei você três, mas eu estou acabado. – Jadeite se levantou. – Não vou descer hoje.

– Me inclua nisso. – O outro loiro concordou, enquanto esticava as costas.

– Um banho, comida e cama seriam ideais. – Nephrite olhou para o céu, bem mais salpicado de estrelas, com um sorriso enigmático. – Aposto que nosso líder não se importaria em descer e pedir algo pra nós, não é?

– O que quer dizer com isso? – Uma das sobrancelhas pálidas arqueou, Kunzite estava desconfiado.

– Que você foi o único que não se pronunciou e que parece um pouco melhor do que nós, já que passou o dia aqui dentro. – Deu de ombros.

– Eu vou, então. – Enrolou o manto novamente no pescoço. – Descansem.

Não que Kunzite não quisesse descer, na verdade, a desculpa parecia muito boa para que ele saísse. O cômodo das apresentações da noite já estava cheio, um faquir engolia espadas em chamas no centro do palco quando o shitennou passou por entre as pessoas, buscando não chamar tanta atenção. Parou muito próximo ao palco, recebendo um sorriso de Emir lá em cima, Tariq chamou uma das mulheres cobertas da cabeça aos pés e solicitou o serviço no quarto para os outros generais. Se afastou ainda mais, misturando-se ao resto, olhando fixamente para o espetáculo de chamas quando o tintilar de medalhas de ouro – quase imperceptível pelo som das conversas - o fez virar.

Ela estava coberta, como todas as outras mulheres que atravessavam o mar de gente e se aproximava de uma das entradas de quarto nos fundos do pequeno palco a passos rápidos. Kunzite podia ser facilmente enganado se não fossem os olhos azuis intensos marcados pela grossa camada escura o tintilar baixo que as roupas escondidas ali faziam. Ela o incomodava, ele foi atrás daquela pessoa, Kunzinte atravessou as cortinas praticamente junto com ela e conseguiu segurá-la pelo pulso. O solavanco inesperado fez a manta que cobria sua cabeça e rosto cair, revelando os fios dourados dos cabelos que caíram como uma cascata de ouro sobre seus ombros e o rosto angelical, quase inocente, que lhe pertencia.

– Quem é você? – Kunzite não soltou o pulso da mulher, se algo o inquietava antes, agora era mais evidente ainda que essa mulher não pertencia aquele lugar.

– Está me machucando. – Não reagiu, sentindo a pressão que a mão dele fazia contra sua pele.

– Eu fiz uma pergunta. – Afrouxou os dedos do aperto.

– Emir já deve ter lhe contando, eu sou Mona. - Argumentou como se fosse algo óbvio. - Agora, me solte.

– Você não é daqui, eu sei. – A encarou, exigindo uma resposta clara.

– Não, eu não sou. – De repente, a expressão infantil foi substituída por outra bem mais persuasiva. – Mas você é, não é Tariq? Ou deveria lhe chamar de general Kunzite? – Sorriu maliciosa quando viu a reação dele ao ouvir seu nome de oficial.

– Como você...? – Sentiu-se desarmado e a soltou. Sua inquietação sobre aquela mulher forte como um soco no estômago.

– Eu apenas sei. – Chegou mais perto, tocando o rosto do homem com delicadeza. – Estava esperando que chegasse em breve.


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Notas finais do capítulo

Notas menores agora! Mas ainda, lá no meu subconsciente, escuto músicas estranhas e vejo O Clone passando em flashes aqui AHSUshuAHSUHSUhusA...
Eu ia continuar a fic. do desafio Brazuca, mas tô postergando e a inspiração veio pro cap. 2 dessa! Sorry mundo! ;-;
Nem corrigi esse capítulo, erros por minha conta em risco! oeeee...
No mais, espero que gostem! s2



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