"Estou viajando para ter uma visão? Minha previsão: eu vou chegar ao topo do mundo. Siga em frente e não olhe para trás, sempre faça o que você tiver vontade.
Não deixe que eles controlem sua vida, é assim que eu me sinto."

Am I wrong? - Nico & Vinz.

Quando entramos pela porta principal da universidade, todos os olhares se voltaram para nós. Thomas Mitchell, presidente do grêmio estudantil com a caloura de jornalismo. Seus amigos sorriram entusiasmados com a imagem de nossas mãos entrelaçadas, enquanto alguns olhares claramente não aprovavam o ato.

Caminhamos assim até um pequeno grupo de rapazes, também membros do grêmio.

— Oi, pessoal! — Thomas cumprimentou a todos assim que chegamos perto o suficiente.

— E aí!? — Um rapaz moreno com expressivos olhos negros fez um high-five com ele. — Essa é a primeira-dama? — Perguntou o mesmo, sorrindo simpático para mim.

— Sim. Essa é Louise. Minha namorada! — Ele respondeu com um sorriso enorme no rosto, fazendo-me corar ao seu lado.

— Prazer...

— Hadi! — O rapaz sorriu e agora notei o seu sotaque levemente diferenciado.

— Hadi é da Argélia, baby. Ele mudou-se para cá com a família ainda no ensino médio.

— Bacana. Você também estuda engenharia, Hadi?

— Não! Engenharia é curso de gente metida. Eu faço relações internacionais. Quero ser diplomata. — Eu sorri de sua declaração, enquanto Thomas empurrava de leve o ombro do amigo.

— Enfim alguém de humanas! — Eu disse levantando as mãos para o céu.

Meu namorado fez cara de pensativo e em seguida disparou:

— Ei, galera, acabaram as cotas para o pessoal de humanas no nosso grupo, beleza?

Todos sorriram, enquanto eu e Hadi reviramos os olhos. Outro garoto com cabelos castanhos, olhos verdes e boca carnuda se aproximou.

— Olá, Louise! Sou o Charles. — Ele estendeu a mão para que eu apertasse e assim o fiz.

— Prazer, Charles.

— Eu estudo engenharia com o Thomas. Melhor curso daqui.

— Nossa, estou cercada de pessoas com problemas de discernimento entre o bom e o aceitável. — Hadi gargalhou e levantou a mão para que eu batesse.

Eu sorri, fazendo o cumprimento descontraído. Thomas me envolvia pela cintura, enquanto a sua respiração no meu pescoço me causava tímidos arrepios. Começamos a conversar sobre a festa do final do semestre.

— Cara, essa festa vai ser demais. — Charles disse empolgado.

— Vai mesmo. — Hadi concordou.

— Quem que tá organizando mesmo? — Perguntei querendo saber mais sobre o assunto.

— O pessoal do comitê. — Thomas me explicou.

— Do qual euzinha faço parte.

Jasmine chegou de repente e se juntou a nós, soltando a nova informação com uma naturalidade admirável. Charles ajeitou sua postura no momento em que a ruiva sentou-se ao meu lado. Ela deu um beijo estalado em minha bochecha e começou a falar sobre os preparativos da festa que, segundo ela, entraria para a história.

— Nós contratamos um DJ gringo que estará em Lincoln na data da festa e ele é muito bom.

A turma se empolgou, fazendo barulho.

— A festa vai ser grátis para os calouros. — Parou para fazer um high-five comigo. — E os veteranos pagarão um precinho camarada para nos ajudar a contratar o cara que vai animar a pista.

— Legal! — Hadi disse, enquanto já planejava o que poderia rolar na festa. — Já sabem o dia?

— Sim. Será no primeiro final de semana após o encerramento do semestre.

Nós continuamos conversando sobre a tal festa até a hora de ir para a aula. Thomas e eu nos despedimos com um selinho, e fomos para nossas respectivas salas. Ele acompanhado dos amigos, indo para o bloco de exatas e eu acompanhada de Hadi e Jasmine, indo para o bloco de humanas.

— Como você entrou para o comitê, Jasmine? — Hadi perguntou puxando papo.

— Eu mexi uns pauzinhos. — Ela riu abertamente. — Por quê?

— Sei lá. Eu fiquei interessado em participar. Gosto de lidar com essas coisas.

— Ótimo, Hadi! Nós estamos mesmo precisando de uma pessoa para negociar pra gente. Conseguir um desconto. Sabe como é... Seu povo é bom com isso. — Ela disse dando de ombros.

— Ignorando seu comentário preconceituoso, eu adoraria entrar para o comitê. — Ele respondeu confiante e eu sorri. Jasmine era tão área que mal entendia as besteiras que falava.

Ela bateu palmas rápidas e sorriu empolgada.

— Teremos reunião após as aulas. Esteja no auditório para sua entrevista, garoto mulçumano.

— Hadi! — Eu disse entrando na conversa. — O nome dele é Hadi, Jas. Presta atenção nas coisas que estão à sua volta!

O garoto gargalhou, balançando a cabeça em negação.

— Louise, pelo o que Thomas fala, essa daí não deve lembrar nem o que comeu no café da manhã.

— Ei! Claro que me lembro! Foram... — Ela fez um esforço para se lembrar, mas depois deu de ombros. — Que seja!

Nós gargalhamos de sua atitude e ela nos acompanhou.

— Hadi, me desculpa se falei alguma besteira, tá?

— Relaxe, Jas! Posso te chamar assim, né?

— Pode sim. — Ela sorriu. — Não se esqueça da reunião!

Ele acenou positivamente e seguiu para sua sala, enquanto nós duas entramos na nossa.

— Estou orgulhosa de você. — Falei rindo e ela me mostrou a língua, rindo logo em seguida.

{...}

— Vocês têm até sexta-feira para conseguir uma entrevista com alguém influente na cidade. Pode ser um empresário, um artista, um socialite... O importante é que as pessoas conheçam seu entrevistado.

Revirei a mente em busca de alguém que fosse acessível para que eu conseguisse a entrevista, ou simplesmente alguém que gostasse de aparecer, mas nada me ocorria. Decidi questionar a Thomas sobre alguém, já que ele estava na cidade há mais tempo que eu.

— Professora, penso eu que, este trabalho deveria ser realizado em dupla.

— O que lhe leva a pensar isso, senhorita Miles? — A professora dirigiu-se à Jasmine.

— Veja bem. Essa é uma tarefa complicada até para profissionais formados e com algum renome no mercado, imagina para alunos que acabaram de entrar na faculdade!

— Isso não está em questão. Vocês têm que aprender a passar por esses obstáculos.

— Claro, professora, eu concordo, porém, peço que pense sobre isso. Duas pessoas iniciantes tentando conseguir uma entrevista com alguém influente nos ensinaria a trabalhar em equipe.

A professora revirou os olhos. O argumento de Jasmine não era válido para ela, mas, com certeza, seria uma mão na roda para nós. Então, resolvi intervir.

— Professora, eu acho que a minha colega tem um pouco de razão em sua lógica.

— Ah, claro, senhorita Bennett. — Ela ironizou. — Mais uma pessoa para questionar meus métodos de ensino.

— Não. Ninguém está questionando, professora. Nós só estamos propondo algo que seja bom para os dois lados. O da senhora e o nosso.

Nesse momento, a sala inteira começou a se manifestar a nosso favor e a professora finalmente deu o braço a torcer.

— Tudo bem! Mas só dessa vez.

Comemoramos e então Jasmine disse:

— Você vai ser minha dupla. E não tente correr.

Dei uma gargalhada e fechamos para fazer o trabalho juntas.