“Eu posso ver a luz. Eu voei para longe. Eu me tornei viva. Eu estou encantada. Eu senti o amor. Eu posso ver a verdade. Agora que eu te encontrei. Eu posso viver a minha vida. Eu acredito na fé. Eu me encontrei. Eu perdi o ódio. Eu senti o amor. Eu posso ver a verdade. Agora que eu te encontrei.”

Now that I found – Britney Spears.

Quando o sinal da última aula tocou, eu saí em disparada com Jasmine, à procura de Thomas. Durante uma aula e outra a ruivinha comentou que os pais dele são pessoas influentes na região, já que fazem parte da alta sociedade de Lincoln.

— Thomas me contou que os pais deles não são muito legais. Talvez não fosse uma boa ideia. — Comentei, desacelerando o passo e recuando.

— Sim, eles não são as melhores pessoas do mundo, mas, se quisermos ser boas jornalistas, não devemos temer o comportamento das pessoas. E, além do mais, eles são meus tios. Não me colocariam de casa para fora.

— Tem certeza? Eles praticamente fizeram isso uma vez. — Eu disse cautelosa.

Ela parou de andar bruscamente, virou-se para mim, já com as mãos devidamente postas na cintura, olhou para mim com um olhar de desaprovação e disse:

— Louise Bennett, ou você larga a mão de ser medrosa, ou muda seu curso para engenharia civil.

Eu gargalhei de sua fala e então a segui. Dessa vez decidida a conseguir uma entrevista com Connor e Christine Mitchell.

{...}

— Mas por que meus pais, gente? — Thomas questionou assim que acabamos de propor a entrevista.

— Porque eles são influentes. — Eu disse.

— E meus tios. — Jasmine completou.

— E meus pais. — Ele falou mais para si do que para nós duas. — Vou falar com eles hoje, assim que tiver uma resposta eu te ligo. Pode ser?

Ele me encarou com olhos esperançosos. Sorri. Como não sorrir na presença dele? Jasmine percebeu o clima que começava a se formar e disse:

— Não. Nada de amorzinho para vocês dois. Só quando você, Thomas Mitchell, conseguir nossa entrevista.

— Mas... — Ele tentou protestar, mas eu concordei com um sorriso travesso, mandando-lhe um beijo pelo ar enquanto me virava para ir embora.

— Esse tipo de chantagem não é válido, pois me prejudica também. — Falei para ela quando já estávamos um pouco distante. Ela riu.

— Vocês formam um casal lindo, Lou.

Sorri ficando vermelha. Jasmine tinha se tornado muito especial para mim e em muito pouco tempo, assim como seu primo.

{...}

Ouvi o telefone tocar e meu coração acelerou quando li o nome de Thomas no visor. Respirei fundo, torcendo para que ele trouxesse boas notícias.

— Diga que eles aceitaram...

— Eles aceitaram!

— Sério? — Perguntei já comemorando.

— Não, mas você me pediu para dizer e eu não poderia recusar um pedido seu. — Sua voz era risonha, então, provavelmente ele estava me zoando.

— Thomas! Fala sério. Eles aceitaram ou não?

— Sim! — Ele fez uma pausa. — Mas com uma condição.

— Qual?

— Que você venha jantar conosco amanhã à noite.

A minha euforia foi neutralizada pela notícia inesperada, mas Jasmine já tinha ouvido-a e chegado ao meu quarto. Olhou para meu rosto com expressão de surpresa e tomou o celular de minhas mãos.

— Thomas, é a Jasmine. E aí?

Ela esperou que ele terminasse de falar para então comemorar e dizer:

— Ótimo! Diga a eles que ela irá sim!

— O quê?! — Respondi automaticamente à declaração da ruiva.

Ela me mandou fazer silêncio e continuou a falar com Thomas sobre a entrevista.

— Quarta-feira às dez da manhã está ótimo! — Mais uma pausa para ouvir o que Thomas tinha a dizer. — Ah, claro! Vou passar para ela. Boa noite, priminho.

Antes de me entregar o telefone ela tapou a entrada de som para que ele não nos escutasse e disse:

— Hora de deixar de ser medrosa, futura jornalista. — Engoli seco. Não estava pronta para conhecer a família de Thomas, mas nem ao menos sabia o motivo disso.

Ela me passou o telefone e me beijou a bochecha, despedindo-se e saindo do quarto.

— Amor? Está aí? — Thomas questionou.

— Sim... Estou ouvindo.

— Desculpe-me por isso. Eu tentei argumentar com eles, mas foi inútil.

— Tudo bem, amor. Eu irei. — Disse tentando transmitir confiança.

— Mesmo? — Dava para perceber por sua voz que a notícia o deixara feliz.

— Sim! — Respondi com mais confiança dessa vez.

{...}

Olhei-me no espelho pela última vez. Jasmine acabava de ajeitar meus cabelos que estavam presos em um penteado simples, mas elegante. Eu usava um vestido verde claro até os joelhos com uma modelagem clássica.

— Você está linda! — A ruiva comentou.

— Eles não vão me achar exagerada não?

— Claro que não sua boba. Você tá chique e bem arrumada na medida certa.

Ouvimos a campainha tocar e Jasmine sorriu para mim. Quando abri a porta para Thomas e vi o belíssimo homem que seria minha companhia pelo resto da noite, todo o medo e a preocupação se esvaíram rapidamente de meu corpo, deixando lugar apenas para a felicidade.

— Eu te amo! — Sua frase não era a que eu estava esperando, mas alegrou-me o dobro.

Seu olhar apaixonado em minha direção ainda fazia minha pulsação aumentar consideravelmente em poucos segundos. Ele segurou minha mão e depositou um beijo delicado no dorso da mesma.

— Pronta pra ir?

Neguei com a cabeça e o puxei para dentro da casa. Jasmine, a essa altura, já tinha ido para o quarto e estávamos a sós na sala.

— Bom, não espere que eu faça isso constantemente, mas a ocasião, você e todas as coisas estão me deixando inclinada a isso. — Fiz uma pausa antes de começar. — Eu me sinto diferente desde que começamos a nos relacionar. Você vem mudando algo dentro de mim. Acordando o que antes estava adormecido. Despertando sentimentos novos e agora eu sinto que posso fazer qualquer coisa, desde que você esteja ao meu lado.

Thomas sorria bobo para mim e o mesmo sorriso também habitava meus lábios. Continuei:

— E sim, eu continuo achando tudo isso cafona e meloso, mas é impossível não agir assim ao seu lado. Então, quero que saiba que eu estou curtindo muito você, seu metido. E, por favor, não fique mais metido por saber disso.

Ele não disse nada. Apenas me puxou devagar para junto dele, me envolvendo em seu abraço quente, terno, afagando meus cabelos e em seguida me roubando um beijo apaixonado.

— Agora sim estou pronta! — Falei rindo e mordendo o lábio e ele me soltou aquele sorriso de lado que me deixava sem fôlego.

Thomas segurou minha mão, entrelaçando seus dedos nos meus. Trocamos um último olhar antes de sair e marchamos para fora da residência. Dessa vez um carro próprio estava a nossa espera.

A noite estava estrelada e o clima ameno. Tudo perfeitamente agradável. Seguimos de mãos dadas até o veículo preto.

— Senhorita. — Ele disse, abrindo a porta do carro para mim.

— Que cavalheiro! — Falei ironicamente e ele sorriu, fazendo a volta para entrar em seu lugar.

Ele ligou o carro e em poucos segundos estávamos a caminho da residência dos Mitchell.