Between Letters and Numbers escrita por Miss Melindre


Capítulo 18
Capítulo 18 - E quanto aos anjos...


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente! Eu disse que não demoraria, não disse?
Pois bem! Cá estou eu com mais um capítulo! ~todos comemoram~
Obs.: Leiam as notas finais!!!
Boa leitura!



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“Pois quanto aos anjos: eles vêm e vão e nos fazem especiais.”

Not about angels – Birdy.

As mãos de Thomas estavam firmes em minha cintura, enquanto nos beijávamos. Cada vez mais o ato se tornava profundo. Minhas mãos bagunçavam seus cabelos castanhos, sua boca acariciava a minha, logo após a uma leve mordida. Estávamos sentados na cama, o mais próximo possível. Sós. O clima estava esquentando.

— Melhor irmos devagar. — Interrompi o beijo, distribuindo alguns selinhos pela bochecha dele, que continuava de olhos fechados e com as mãos na minha cintura.

Ele sorriu abafado, respirando fundo.

— Concordo. — Seu riso agora foi mais expressivo e ele levantou-se. — Está quente aqui, não é?

Eu ri.

— Muito quente.

— Vou abrir as janelas. — Ele caminhou até as esquadrias de vidro, abrindo-as e respirando o ar fresco que vinha do seu jardim. — Bem melhor.

— Concordo. — Eu disse com a voz voltando ao normal. — Já pode voltar para cá.

— Um minuto. Preciso apenas de um minuto para acalmar tudo.

Olhei automaticamente para baixo e gargalhei. Thomas virou-se de costas para mim, ficando vermelho de vergonha.

— Não precisa ter vergonha disso. É normal.

— Eu sei, mas não quero que você pense que sou um tarado que te trouxe para minha casa pra isso.

Eu me levantei, andando até ele e o abraçando por trás.

— Eu nunca pensaria isso de você! Deixa de ser bobo.

— Você não está ajudando, Louise. — Ele disse entre risos, referindo-se à nossa proximidade.

Eu sorri e meu olhar voltou-se para uma fotografia em um porta-retratos na mesa de cabeceira dele. Uma moça com cabelos castanhos, usando um vestido vermelho de mangas longas e com um olhar distante, protagonizava a imagem. No fundo a decoração de Natal se destacava, mas a garota não parecia estar encantada com aquilo.

— Thomas, quem é a garota na foto? — Perguntei caminhando até o móvel e recolhendo o objeto.

Silêncio.

Olhei para trás e ele estava com uma aparência triste. Mais branco do que o habitual, como se estivesse tendo memórias ruins. Inclinei a cabeça para o lado. Thomas suspirou, fechando os olhos.

— Dezessete anos e eu ainda fico assim. — Ele disse baixinho, como se falasse para si mesmo.

— Tudo bem se não quiser falar. Não foi minha intenção...

— A garota da foto era Dianna, minha irmã.

— Era? — Repeti por impulso, vendo o rosto dele se contorcer em um princípio de choro.

Caminhei até ele, abraçando-o.

— Está tudo bem. Por favor, não chore. Esqueça que eu perguntei sobre isso, ok?

— Não, Louise. Eu quero te contar.

Ele respirou fundo, soltando-se do abraço e caminhando comigo até sua cama. Sentamos e ele segurou minhas mãos.

— Dianna se matou quando eu tinha quatro anos. No natal de 1993.

Levei as duas mãos à boca, chocando-me com a informação. Se matado como? Por quê? O que se passava na mente de Dianna? O que Thomas se lembrava do dia? Eu estava cheia de perguntas, mas não podia jogá-las assim. Estava claro que o assunto mexia bastante com ele. Não seria eu quem daria uma de insensível.

— Ela se suicidou na noite da ceia. Quando toda a família estava lá embaixo, celebrando a farsa da união e do amor mútuo.

— Sinto muito. — Eu disse sem saber mais o que falar.

— Eu não me lembro de muita coisa, sabe? Só que a amava muito. Ela era a melhor irmã do mundo. Sempre brincava comigo, mesmo quando estava muito triste. — Ele suspirou, tentando conter as lágrimas que se acumulavam. — Minha mãe me contou quando eu tinha 15 anos o que aconteceu de verdade. Eu só me lembrava do desespero de meu pai descendo as escadas com o corpo mole de Dianna nos braços.

Thomas segurava minha mão, enquanto me contava suas lembranças mais tristes. Esse era o tamanho da sua confiança em mim. Comecei a me sentir mal por não ter contado a ele sobre a morte de Jamie, por não ter demonstrado que eu confiava nele tanto quanto ele em mim.

— Eu sinto muito, Thom...

— Está tudo bem. Só é doloroso lembrar que eu tinha uma pessoa tão boa na minha vida e não tive a chance de ter mais tempo com ela.

Enquanto ele falava de Dianna o nó em minha garganta crescia. Eu sentia o mesmo que ele. A dor por não ter tido mais tempo com Jamie, a raiva da vida por tê-lo tirado de mim tão precocemente.

— Ela só tinha 18 anos, eu queria entendê-la, sabe? Eu queria poder descobrir o motivo que a levou a fazer isso.

Acariciei seus cabelos, tentando confortá-lo. Ele me abraçou, trazendo-me para perto de si. Fechei os olhos, sentindo o calor de seus braços me aquecer.

— Eu sei como você se sente. — Me resumi a dizer isso.

Ficamos em silêncio por alguns minutos. Até que ele falou:

— Você quer me contar a sua história de dor?

Perguntou com a voz terna, levantando o rosto para me olhar nos olhos. Eu assenti com a cabeça e mordi os lábios, questionando-me como começaria a contar.

— Bom... — Respirei fundo. — Jamie tinha uma doença rara degenerativa. Ele nunca me contou. Eu só soube que ele estava doente quando a situação era irreversível, quando ele estava inconsciente numa cama de hospital. Passei a visitá-lo todos os dias, vendo-o definhar rapidamente. Foram os piores momentos da minha vida. Quando ele morreu, eu não estava lá. A mãe dele me contou que em um lapso momento de consciência ele chamou por mim.

Minha voz já não saía normalmente, encontrando dificuldades em tornar-se firme. Thomas me olhava com carinho, envolvendo minhas mãos nas suas.

— Está tudo bem agora. — Ele falou afagando meus cabelos.

— Está tudo bem agora! — Eu repeti, sorrindo para ele. — Você não está doente e escondendo de mim, está?

Ele deu uma risada leve e negou com a cabeça.

— Ótimo! — Eu o abracei ainda mais forte e selei nossos lábios em um beijo casto, carinhoso e doce.

Nossas testas coladas, olhares ligados e então Thomas disse tudo o que eu queria ouvir:

— Eu te amo, Louise. — Sorri, fechando os olhos e saboreando o gosto delicioso daquelas palavras.

— Eu também te amo, Thomas.


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Notas finais do capítulo

Gente, quem quiser saber mais um pouco sobre a história da irmã do Thomas tem essa one que vocês podem ler: http://fanfiction.com.br/historia/579349/Jingle_Pills/

E eu queria muito que vocês comentassem os capítulos. É ruim escrever algo com tanto carinho, tanta gente ler e só duas ou três pessoas comentarem. Então, comentem o que estão achando!

Beijão!