Between Letters and Numbers escrita por Miss Melindre


Capítulo 10
Capítulo 10 - E um beijo aconteceu...


Notas iniciais do capítulo

Voltei com mais um capítulo! Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/541909/chapter/10

“O sol brilhava de tanta emoção, um rosto lindo como o verão e um beijo aconteceu.”

Legião Urbana.

Passei a semana com a família em Londres, pois minha mãe pretendia matar a saudade deles, mesmo depois das cerimônias fúnebres terem acabado.

— Está pronta, querida? — minha avó entrou no quarto onde eu terminava de me arrumar.

— Estou quase! — falei enquanto continuava a pentear meus cabelos.

— Você está ficando uma moça linda, Louise. Lembra-me dos meus tempos de juventude.

Eu gostava muito da vovó Elizabeth. Ela era uma mulher forte, que mesmo depois da morte trágica do vovô, continuou a ser sorridente e feliz, mesmo morando sozinha na mesma casa que vivera com ele.

As rugas pelo contorno de seus olhos marcavam bem os oitenta anos de vida da minha maior inspiração. Minha avó era linda quando jovem. Longos cabelos pretos, que posteriormente foram tingidos de loiro; olhos verde-piscina que se aproximavam de um azul claro; e um corpo escultural que lhe rendeu vários concursos de beleza. Como o da foto que ela ostentava na parede de sua casa.

— A senhora arrasava os quarteirões, hein? — falei fazendo o uso da gíria que ela costumava usar para descrever seu poder sobre os garotos.

— Claro que sim! Seu avô mesmo era louco por meus cabelos negros.

Ela sorriu.

— Sente muita falta dele, vovó?

Eu não cheguei a conhecer o meu avô, pois ele morreu antes mesmo do meu nascimento, na Guerra do Golfo, em 1990, quando ocupava o cargo de general do exército britânico.

— Ah, já faz muito tempo, querida — ela tentou desconversar, mas eu sei que ela se sentia sozinha.

— Nunca pensou em encontrar outra pessoa?

— Que bobagem, Louise! Eu sou uma velha de oitenta anos, querida. Não tenho mais idade para isso.

— Não existe idade para amar, vovó!

— Olha! Isso me soou bastante apaixonado da sua parte, querida. Trata-se da pessoa especial que conheceu?

— Não. Que bobagem, vó.

— Bobagem? Não sei não, hein, Louise? Você me parece bem diferente. Mais feliz. Mais serena. Há algum tempo não te via assim.

— É a Universidade, vovó.

— Sei... Mas o seu amigo, muito especial, Thomas não tem nada a ver com isso?

— Como sabe o nome dele, vovó?! — perguntei curiosa.

— Digamos que talvez eu tenha passado por perto quando você estava conversando com ele por telefone.

— A senhora, o quê? — falei rindo e ela sorriu para mim, compreensiva.

— Filha, você merece ser feliz e seja o que for que você sente por Thomas, isso lhe faz bem.

— Eu não sei, vovó. Acho que é muito cedo para dizer alguma coisa. Nós ainda estamos nos conhecendo.

— Entendo, mas, por favor, não deixe que nada te impeça de ser feliz. Eu tenho certeza que Jamie adoraria ver esse sorriso que voltou a habitar o seu rosto, meu anjo.

Senti uma lágrima fujona descer por meu rosto e sorri. Minha avó era fantástica para dar conselhos e parecia entender-me melhor que minha mãe. Sentou-se ao meu lado e me abraçou sorrindo, enquanto eu guardava na cabeça e no coração suas palavras.

{...}

Quando o avião aterrissou em Lincoln eu não podia me sentir mais feliz. Estava ansiosa para ir para casa, dormir na minha cama, ir para minha Universidade e tentar um jeito de recuperar as aulas, e também, estava ansiosa para ver Thomas.

Meus pais e eu fomos para casa, porém, os dois partiram para Liverpool à tarde, deixando-me com minha privacidade novamente. Era domingo e as famílias passeavam animadas com seus filhos, fazendo piqueniques, ou levando o cachorro para passear. Enquanto eu limpava a casa que estava fechada por uma semana.

Entre espirros e vassouradas, ouvi o toque do meu celular e corri para atender. Sorri ao ver o nome de Thomas no display e rapidamente atendi:

— Estou finalmente em casa! — exclamei com uma voz empolgada.

— Aleluia, Senhor! — ele brincou e nós dois gargalhamos — Já não estava aguentando a saudade. Agora, por favor, você pode abrir a porta para mim?

— O quê? Como sabia que eu cheguei?

— Uma senhora muito simpática, que não é a rainha, mas se chama Elizabeth, me ligou avisando que você estaria em casa hoje e que talvez precisasse de ajuda com a faxina.

Vovó! Não acredito no quanto ela é esperta. Fui até a janela e olhei para baixo. Ele estava mesmo lá.

Usava uma blusa regata com o número trinta e seis estampado em preto e vermelho e uma calça de corrida. Ri do jeito que ele estava vestido, realmente preparado para uma faxina. Ou para uma tarde de exercícios no parque.

Desci as escadas ajeitando meus cabelos no espelho. Eu estava totalmente bagunçada, meu Deus! Minha regata azul estava toda empoeirada e o short jeans molhado com água que limpei as janelas.

— Olá! Você está linda! — ele disse gargalhando e levou a mão até meu rosto, limpando a sujeira que estava na minha bochecha.

— Obrigada pela parte que me toca — respondi rindo e abri a porta para que ele entrasse.

— Primeiro, tenho duas coisas a dizer. Uma irrelevante e outra muito importante. Qual você quer primeiro?

— A irrelevante — respondi de pronto.

— Eu morri de tédio durante o tempo que você estava fora.

Eu sorri e nós nos sentamos no sofá.

— E a importante? — perguntei com curiosidade.

— Bom, aqui — ele me mostrou um pequeno pen drive prateado — estão todas as suas aulas da semana. Eu tive um pouco de trabalho para conseguir gravá-las em alta definição, mas não ficou tão ruim.

— Você o quê?! — dei um pulo de felicidade. Eu poderia assistir às aulas e não me atrasaria com o conteúdo! Aquilo era nada menos do que incrível — Obrigada, Thomas!

Voltei ao sofá para abraçá-lo forte. Meu corpo tremeu com o contato e sem pensar duas vezes, o beijei.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Primeiro beijo *o*