E scusa se ti amo e se ci conosciamo

Da due mesi o poco più

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E sono un imbranato

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–Esqueça, House, não vou fazer - Wilson disse no tom mais firme que conseguiu.

–Por que não? - o grisalho questionou. - Você é o oncologista aqui.

–Por quê? Você ainda tem a coragem de me perguntar o por quê?

–Não é o fim do mundo - House retrucou.

–Não, mas é completamente ante-ético. Dizer que sua paciente tem câncer cerebral quando ela não tem - disse em tom indignado. - Só pra se provar uma teoria idiota.

–Não pediria sua ajuda se não precisasse - tentou. - Eu mesmo faria, mas o Foreman nunca vai acreditar em mim. Não depois que fiz o último cara piorar de propósito.

–Não quero saber. Não vou continuar a incentivar sua insanidade.

Wilson pensou ter encerrado o assunto, mas House continuou ali, em pé em frente a sua mesa. Ele tinha os olhos azuis cerrados e o olhar fixado em Wilson, seu rosto estava meio baixo e uma de suas sobrancelhas estava arqueada, como se House o estivesse analisando de maneira atenta.

–O que foi? - questionou.

–Você costumava ser mais submisso antigamente - disse com a voz rouca carregada de sarcasmo. - Me rodeava como um cachorro carente por atenção.

Wilson engoliu em seco ante a lembrança de si próprio, 13 anos mais jovem.

–Pois é, eu era um garoto bastante estupido naquela época - disse de forma seca.

Fora em 1996. Wilson e House haviam acabado de se conhecer em uma conferencia sobre medicina, mais especificamente, na prisão, quando o mais velho pagara a fiança de Wilson. O moreno tinha em torno dos seus 26 anos e ficara completamente embasbacado com o médico irreverente de 36 anos.

House ainda era "inteiro" naquela época, por assim dizer. Sua perna direita ainda estava intacta e ele não precisava da bengala para se locomover. Não estava sempre sobre o efeito do Vicodin e sua ironia costumeira era irritantemente provocante. Era um homem brilhante e sedutor.

Não demorou, ambos se tornaram bons amigos, saíam juntos sempre que podiam e passavam horas na companhia um do outro. Não demorou, igualmente, Wilson estava completamente preso naquela rispidez charmosa que cercava o mundo do outro. Estava preso, como em uma armadilha, na qual permaneceria em inercia durante todos os próximos anos. Nunca se recuperara do "efeito House" em sua vida.

E poucos meses depois já tinha a certeza que estava apaixonado por aquele homem de personalidade peculiar e de inteligencia absurda.

House era um exímio observador. Wilson sentia sua alma completamente despida na frente daquele homem. Sentia-se tremulo e inseguro, fosse pela ânsia que sentia em tocá-lo ou pela vergonha de se encontrar diante daqueles olhos incrivelmente azuis que pareciam saber de todas as coisas do mundo.

Durante muito tempo evitara aqueles olhos. Tinha medo do que House descobriria se olhasse fundo o suficiente dentro de si. Como ele teria reagido se descobrisse que o mais novo tinha uma paixonite por ele naquela época, em que começavam a se tornar os melhores amigos que viriam a ser durante todos aqueles anos? Tinha medo de descobrir.

Costumava gaguejar sempre que conversavam. Se atrapalhava consigo mesmo e com as próprias palavras. House tirava sarro de si, rindo da forma como Wilson lembrava garotinhas tímidas e inseguras. Se ele soubesse que era exatamente assim que o moreno se sentia.

Os primeiros meses foram os mais difíceis para si. Ainda estava aprendendo a lidar com toda aquela ideia cor de rosa sobre amor - não que nunca houvesse se apaixonado, até mesmo se casara. - House era diferente de tudo o que já lhe havia acontecido. O mais velho era uma pessoa única.

Conforme o tempo foi passando, Wilson deixara o sentimento ser enterrado em seu peito, mesmo que nunca o houvesse esquecido de fato. Acostumara-se com House perto de si. E a vida continuou, para ambos. House se casara. Wilson casara uma segunda vez, separara-se e casara-se uma terceira. House se divorciara de Stacy e Wilson de Julie, sua terceira e última esposa.

E quando Wilson menos esperava, voltara a se atrapalhar com o que sentia. Depois que quase perdera o grisalho para Cuddy. Só então, finalmente, fizera algo do qual não se arrependia por um segundo se quer. Dando vasão a todos aqueles sentimentos confusos, beijou House de forma desajeitada como merecia uma primeira vez.

E então, ali estavam eles, tendo aquela conversa desagradável sobre o passado que haviam construído juntos.

–Como eu disse - Wilson continuou. - Eu era estúpido, jovem e iludido.

–Eu acho que você era só completamente apaixonado por mim - zombou o grisalho.

Wilson fitou os olhos azuis e soube que, apesar da zombaria na voz rouca, ele falava sério sobre a paixonite do moreno.

–É, certo - escarneceu Wilson.

–Eu sempre soube, Jimmy - House continuou. - Na verdade, é possível que todos sempre soubessem. Você não é a pessoa mais discreta do mundo...

Wilson pode sentir as bochechas corarem de forma leve ante aquele olhar azul.

–Na verdade, eu poderia dizer que você era um garoto bastante atrapalhado - House disse em meio a um sorriso sarcástico.