Já fazia quanto tempo que ele estava parado em frente aquela porta? Cinco minutos? Dez? Não sabia ao certo, mas a cada segundo que ele tomava um novo gole de coragem, no segundo seguinte a porta de madeira já parecia mais interessante novamente. Ele queria muito bater na madeira polida, esperar o outro abrir a porta e pedir que eles voltassem, mas simplesmente não conseguia. Sempre que tentava levantar a mão e aproximá-la do seu objetivo sentia como se uma pressão enorme fosse exercida sobre a pele pálida do garoto.
Respirou fundo mais uma vez, aquilo estava muito cansativo, deveria desistir e ir embora talvez, mas esta já seria a quarta vez que estava desistindo de recuperar seu amado, não podia fracassar de novo, cada dia que se passava era maior a probabilidade do outro encontrar outro rapaz interessado, ou pior, uma garota.
Killua mordeu os lábios inferiores com tamanha força que começou a escorrer um filete de sangue por ela. Gon arrumar outro namorado já seria o fim da vida do albino, mas encontrar uma namorada seria pior que o Apocalipse, não que ele deixaria uma piranha dessas ficar viva por mais de um dia dele ter conhecimento desse fato, mas seria tempo o suficiente para o garoto querer cortar o próprio braço fora só para ver se a dor psicológica diminuía.
Bem, que mal teria ele tentar outra vez amanhã? Ele realmente não iria conseguir tocar naquela porta hoje. Então a passos lentos ele se virou de costas para a entrada de madeira e seguiu em direção à saída, com uma dor vergonhosa no peito. Antes que pudesse sair do recinto completamente, um som de maçaneta abrindo foi ouvido. Oh, não me diga que...
– Killua? O que faz aqui?
Droga, era ele. A primeira ideia que veio a mente do albino era a de sair correndo, mas não teria outra chance tão perfeita quanto esta. Era hoje que ele recuperaria seu amado. Em um impulso de determinação o garoto correu e se jogou para cima do maior, que por pouco não caiu quando o peso extra foi depositado sobre ele. Killua sem pensar duas vezes abraçou o outro com muita força, como se não tivesse a intenção de solta-lo. Aspirou o perfume natural do corpo do moreno, como era bom, como ele tinha saudades daquele cheiro que marcava presença em todos os dias de sua vida há anos. Então ele levantou o rosto, os olhos azulados já coberto em lágrimas se cruzaram com os confusos olhos caramelo que se espantaram ao ver o albino chorando.
– G-Gon, por favor, volte. Eu tenho tanta saudade do fogo que brilha em seus olhos, que me aquecem, do seu toque, do seu sorriso, de você. Eu achei que conseguiria te esquecer, mas não dá. O que eu sinto por você é amor de verdade, e eu te peço, volte, volte a dizer que me ama, e se não for verdade, minta, minta pra mim, mas eu preciso ouvir você dizendo isso... Por favor. - Estava feito, Killa havida derramado as palavras em cima do outro, que estava com a camisa branca toda molhada com as lágrimas do outro.
Silêncio. Era tudo o que havida naquele local. Ele não vai dizer nada, foi o que Killua pensou, estava se arrumando para se afastar do moreno e sair correndo para sua casa, mas foi impedido pelo braço do outro que finalmente retribuiu o abraço. O albino se espantou de inicio, mas assim que o maior deu um beijo em sua cabeça, ele não pode fazer nada. Levantou o olhar e se deparou com aquele sorriso que tanto o aconchegava. Não era necessária uma resposta vinda do moreno, já sabia a resposta, e pronunciá-la em voz alta não faria diferença alguma.
– Killua, quer ir ao mercado comigo? Depois podemos voltar para casa e assistir um filme, sabe, como sempre fazemos.
Os olhos do albino brilharam com o convite, ele estava com tanta saudades dessas pequenas coisas que eles faziam juntos, acenou com a cabeça e deu a mão para o moreno, seguiram andando a passos lentos, não tinham pressa, afinal, o amor deles era eterno.