O clima naquela cafeteria não era o dos melhores, na verdade, uma aura quase assassina emanava do tal local, fazia as pessoas que passavam por perto se afastarem e os próprios funcionários ficarem amedrontados e quererem sair correndo dali. Ninguém nunca tinha imaginado ver um simples adolescente com uma aura tão maligna e com sede de sangue, o mais surpreendente, é que ele não esboçava um rosto de que iria cortar a garganta do pobre garçom que tivesse a infelicidade de atendê-lo, e sim, uma mistura de espanto, surpresa e sem deixar de manter a compostura, sorrindo para o amigo que certamente tinha lhe contado alguma coisa horrível.
– C-como assim? Pode repetir? - Killua estava obviamente desconcertado depois do que tinha acabado de ouvir saindo dos lábios de Gon, era uma frase que preferia que nunca tivesse sido proferida.
– Eu disse que estou apaixonado por uma garota! - O moreno, infelizmente, esbanjava seu lindo sorriso para o mundo, mostrando a tamanha felicidade que estava sentindo naquele momento, e a quantidade de alegria que ele possuía, era tão grande quanto a profunda tristeza que o albino estava sentindo.
O menor simplesmente não sabia como reagir, queria dar um soco no rosto do amigo, sair correndo até seu apartamento localizado no centro de York Shin, se trancar no quarto e chorar, mas aquilo deixaria Gon preocupado, ele devia desistir de vez da possibilidade dos dois terem alguma coisa juntos e apoiá-lo nessa sua situação, mesmo que isso custasse seus sonhos, afinal, eles eram amigos antes de tudo.
Não. Ele não queria, não podia aceitar isso, embora nunca demonstrasse todos os sentimentos que continham dentro de seu coração, o que Killua queria era viver um verdadeiro romance, dos bem clichês, ao lado de Gon, seu príncipe que nunca teria um cavalo branco. É, o maior combinava mais com um cavaleiro montado em um dragão, ele não tinha nada a ver com cavalos.
Balançou a cabeça para afastar esses pensamentos inoportunos para o momento, ele tinha que tomar atitudes importantes nesse momento, abrir mão da sua felicidade para o bem do amigo, ou ser um egoísta, querer apenas o bem próprio e lutar pela sua estória de amor que sempre sonhou?
– Então Killua? O que eu faço? - Perguntou o moreno inocentemente, ele realmente não fazia ideia dos sentimentos que o menor sentia por ele? - Conto pra ela?
Nesse momento Killua tomou uma decisão, ser egoísta seria ruim, mas ver seu amado ao lado de outra pessoa seria muito pior do que ficar sozinho por nunca ter lutado e tentado ficar junto de Gon, em um impulso de determinação, ele se levantou da cadeira, apoiou os braços sobre a mesa de despejou seus sentimentos.
– Desculpe Gon, mas não posso te ajudar com isso, não posso simplesmente ajudar a pessoa que eu amo a arrumar outro alguém! Sinto muito se isso for um choque para você ou que você nunca mais queira ver meu rosto, então, adeus. - E começou a sair da cafeteria a passos largos e firmes, havia falado, no fim, se sentia muito mais livre, e com muito mais vontade de chorar também.
E então, uma mão conhecida o impediu de seguir em frente, olhou surpreso para os olhos castanhos, que esboçavam um sorriso tão incrível quanto o de sua boca, pego desprevenido, o albino foi abraçado pelo maior, que logo em seguida cruzou seus olhos com os azulados de Killua, e, sem pensar duas vezes, selou os lábios dos dois em um beijo esperado pelos dois há muito tempo.
– Deixa eu te contar uma coisa, o nome da garota começa com Ki, e termina com llua! - O moreno riu da própria piadinha e sorriu novamente, o que deu ao albino uma imensa vontade de sorrir também, que não foi contida, se sentia tão aliviado, seguro, feliz - Killua, você já contou, agora é minha vez, eu preciso te dizer uma coisa, eu te amo!
Os olhos azuis brilharam de tanta emoção, aquilo era perfeito, seu príncipe dizendo que queria viver um conto de fadas ao lado dele, simplesmente perfeito.
– E então, aonde quer ir agora? - Surpreso com a pergunta, Killua puxou o celular de seu bolso, era mais cedo do que imaginava, percebeu, na verdade, que o tempo se arrastava quando estava ao lado de Gon, apenas para poder junto dele.
– Vou aonde você quiser. - Respondeu com um sorriso sincero.
– Então vamos para casa, quero me divertir de uma maneira diferente, se é que você me entende! - Concluiu dando uma atraente piscadinha. Oh céus, talvez Killua devesse ter pensado duas vezes antes de se declarar.