– Killua espera! Abre essa porta, vamos conversar! Por favor... - A voz de Gon mostrava claramente o quanto ele estava preocupado com o amigo, ele não fazia ideia do que podia ter feito de errado. - Me diz Killua, o que eu fiz de errado?
O moreno sabia que estava perguntando inutilmente, o menor certamente não iria responder, não tinha a intenção de fazer nada, provavelmente ele estava sentado, se escorando na porta com a cabeça caída, chorando, e imaginar seu amado chorando fazia o coração de Gon doer como se uma faca tivesse o perfurado.
– Vamos Killa, fale algo, me diz o que está acontecendo, quem sabe eu possa...
– Você não pode fazer nada! O problema sou eu, eu sou um completo idiota! - O albino se pronunciou, progresso talvez, mas com uma fala tão cheia de raiva como essa não parecia que tinha sido bom ele ter saído do silêncio.
– Nós não saberemos de nada antes de você me contar! - Gon deu um sorriso sincero, que embora não pudesse ser visto pelo outro, pode ser sentido, e foi tão bom, o menor se sentiu mais calmo, mais seguro. Se ele não falasse, iria apenas continuar sofrendo sozinho não é? Que problemas teria se contasse para ele? Nenhum.
Errado. No mesmo momento que pensou nisso, uma chuva de pensamentos horríveis caíram sobre sua mente, desde Gon rindo da cara dele a ele dizendo que sentia nojo de ser amigo de alguém como ele enquanto o machucava fisicamente. A dor física não o incomodava na verdade, mas ser machucado pelo maior iria causar um tremendo trauma psicológico, além de que se ele usasse seu Nen, faria grandes estragos.
– Aquela mulher... - Killua se pronunciou novamente - Aquela mulher com que você estava antes, ela é o problema.
– Hã? Como assim? Qual o problema de eu estar caminhando com ela? - Gon se encheu de dúvidas, aquilo era confuso demais para ele.
Em segundos, o albino se levantou, abriu a porta, e se jogou sobre o corpo do maior que caiu no chão, enquanto Killua ficava por cima do rapaz. Ambos tinham visões tão diferentes, enquanto o moreno enxergava o seu amor aos prantos - o que fazia Gon se sentir um lixo, que não consegue nem fazer a pessoa que ama sorrir -, o menor observava todos os detalhes dele, os olhos castanhos preocupados, os lábios semiabertos tentando formular alguma frase, tão convidativos, ele já iria fazer a maior burrada de sua vida, qual o problema de aumentar ela um pouquinho mais?
Sem pensar duas vezes, o albino selou os lábios dele com o do seu amigo, ele se arrependeria daqui a alguns segundos, mas como era bom, os lábios de Gon eram tão macios, saborosos, queria saber o gosto que a língua do maior tinha, mas aquilo poderia ser atrevimento demais, no entanto, quando ele foi se separar e gesticular algum pedido de desculpas, ele foi puxado novamente pelo maior, que dessa vez inverteu as posições dos dois, ficando por cima do albino, e pedindo passagem para aprofundar aquele beijo, coisa que foi cedida pelo outro sem hesitação, era maravilhoso, o gosto, o toque, o... amor correspondido?
Quando o ar marcou falta, os dois se separaram, ofegantes, ficaram um tempo em silêncio recuperando o fôlego, e já pensando no que diriam quando seus pulmões permitissem. Eles apenas se olhavam, como se decidissem quem iria começar o dialogo, Gon foi mais rápido e tomou a primeira palavra para si.
– E então? O que aquela mulher fez? Ou o que você fez? Afinal, você disse primeiro que o problema era seu.
– Bem... - Killua jogou seu rosto para o lado, não conseguiria dizer aquilo olhando para ele - Eu te amo! Eu te amo e aquela mulher apareceu na sua vida justamente quando eu estava quase pronto para lhe contar isso! Eu te amo há muito tempo, mas eu sempre acreditei que estar ao seu lado bastaria, mas não deu, eu não aguento mais, eu preciso de você mais do que como amigo, eu preciso de você como namorado!
Gon ficou chocado com a declaração repentina do garoto, seus olhos incrivelmente abertos delatavam isso para o menor, que achou que foi uma revelação muito forte, provavelmente ele nunca mais falaria consigo, mas tudo bem, não é? Não, ficar sem Gon seria o inferno, ele fez um erro grande demais, tinha que consertar imediatamente.
–De-desculpe, e-eu não queria dizer i... - Quando o albino foi tentar falar, foi interrompido pelos lábios do moreno, que o pressionaram pesadamente, não permitindo que ele continuasse. Eles se separaram alguns segundos depois e ele pode se deparar com o Gon sorridente que ele conhecia que ele amava.
–Não seja bobo Killua, eu também te amo! - O albino arregalou os olhos azulados no mesmo instante. Como assim o amor dele era mutuo? E aquela mulher, quem era? Como se pudesse ler mentes, Gon respondeu - Aquela mulher Killua, é lésbica! Eu estava pedindo dicas pra ela de como falar pra você isso! - O maior começou a rir como um idiota e a única coisa que o garoto podia fazer era sorrir, naquele momento, naquele sorriso, naquele beijo, Killua percebeu que Gon nunca o abandonaria, jamais.