Killua não estava bem, completamente mal. Cheio de anseios, dúvidas e frustrações, precisava dormir, mas não conseguia, já devia estar a umas duas horas deitado naquela cama de solteiro, rolando e se mexendo, trocando de posição constantemente, procurando alguma que lhe desse conforto e permitisse que ele pudesse descansar, mas não conseguia nenhum resultado.

Desistindo da tentativa de dormir, se levantou lentamente do colchão macio e, saindo do seu aposento, se deslocou a passos pequenos em direção a cozinha. Estava com a garganta seca, chegando ao local, abriu a geladeira e pegou uma garrafa de água, abrindo-a com pressa e tomando alguns goles do líquido contido dentro dela que rapidamente lhe deu alívio.

Certamente não iria conseguir dormir, então pensou em ver se tinha alguma coisa interessante na televisão, se dirigiu até a sala onde se encontrava o aparelho eletrônico e se deitou no grande sofá que lá se encontrava. Pegou o controle remoto e apertou o botão para ligar o objeto, estava dando um programa de comédia, quem sabe pudesse dar algumas risadas?

Errado. Meia hora assistindo o seriado e este não conseguiu tirar nenhum sorriso, por mais que mínimo que fosse do albino. Realmente, só havia uma coisa que poderia melhorar o humor dele, Gon. Fazia alguns dias que ele não via o moreno, que estava em uma missão sozinho, sentia muita falta dele.

Talvez ele já tivesse terminado o trabalho não é? Deveria ligar para ele, onde estava o celular? Levantou-se rapidamente do sofá e começou a procurar o pequeno, porém necessitado objeto por toda a casa. No fim, estava na cozinha, último lugar que o albino foi procurar. Estava do lado do fogão, talvez devesse fazer um café, para tirar os resquícios do cansaço causado por um dia inteiro sem dormir.

Pegou uma chaleira e a levou até a torneira, onde colocou água no objeto que depois foi levado até o fogão, girou o botão que fez o fogo sair e começar a esquentar o líquido no interior do objeto de metal. Se direcionou até o armário em que guardava as canecas, tirou uma juntamente com o frasco em que continha o café. Com calma foi preparando a bebida quente, assim que estava pronta, pegou o celular e discou o número do moreno.

Estava chamando, e a cada som que o eletrônico emitia deixava Killua ainda mais ansioso, precisava urgentemente falar com o maior, sentia falta da voz dele, do cheiro forte que emanava do seu corpo, sentia falta de Gon por inteiro.

– Alô? Killua? - Atendeu, a emoção que o albino sentiu quando ouviu aquela voz foi tão grande que ele levou um tempo para voltar a raciocinar como fazia alguns minutos atrás. Precisava falar alguma coisa antes que o moreno desliga-se o aparelho achando que ele não estava na linha.

– Oi Gon, onde você está? Eu estou morrendo de saudades, preciso de você aqui. - Falou com a voz baixa, a cabeça estava abaixada, os olhos marejando - Por favor, venha se puder...

– Killua você está muito mal mesmo, da pra ouvir na sua voz - Estava tão ruim que até do outro lado Gon podia perceber isso, ouviu um barulho, aparentemente o moreno estava sorrindo - Para sua sorte, eu estou aqui na janela da sua casa!

O que? Imediatamente o albino virou o rosto na direção da sala, após a televisão e o sofá se encontrava uma janela muito grande, tapada por uma cortina, podia-se ver uma sombra, bem grande, por trás do tecido, o formato do corpo só podia ser Gon.

Disparou a passos rápidos até a janela, com força e ansiedade puxou a seda para longe e se deparou com a figura do moreno, agachado, com aquele grande sorriso de sempre. O coração de Killua começou a bater em uma velocidade extraordinária comparada à alguns segundos atrás. Ele estava ali, apenas para ele.

– Estou de volta! - Disse pulando da janela e ficando de pé diante do albino, analisou a condição do namorado: os cabelos brancos estavam mais desarrumados do que de costume, as roupas estavam completamente amassadas e ele tinha grandes olheiras se formando em baixo de seus olhos azuis, Killua estava péssimo - Nossa o que aconteceu com você? Está horrível! Ainda bem que eu explodi aquele lugar e vim correndo para cá!

Rapidamente o moreno envolveu o outro em um abraço caloroso e apertado, Killua desconcertado tentou retribuir o ato, e quando conseguiu enlaçar os braços ao redor da cintura do maior, depositou a testa no peito do mesmo e pode sentir profundamente o cheiro que era expelido. Em um instante, seus olhos voltaram a marejar e dessa vez ele não conseguiu segurar o choro.

– Seu idiota! Explodiu o local? Não era pra ser uma missão sigilosa e discreta? Você vai causar polêmica demais! Se você não ficasse fazendo tudo errado, eu não precisaria ficar me preocupando desesperadamente com você, eu estou há quase dois dias sem dormir por sua culpa pra você explodir as coisas que não deveria e ferrar com tudo! - O albino precisou respirar fundo após dizer estas palavras, não conseguiu nem levantar o rosto para olhar nos olhos caramelo do maior para dizer tudo isto, sentiu um alívio, um peso saindo de seu corpo e pode finalmente falar - Obrigado por ter vindo...

– Desculpa desculpa - Respondeu entre risos - Mas agora eu estou aqui, e vou fazer de tudo para tirar essa sua cara de morto, então diga, o que você precisa?

– Será que... Você poderia passar a noite aqui? Só hoje. Só a tua presença vai conseguir me deixar calmo, me fazer feliz, eu estou precisando ouvir sua voz, suas risadas, receber seus carinhos. Tudo bem pra você? - Perguntou timidamente, estava cansado, mas provavelmente só conseguiria dormir em paz se o moreno estivesse ao seu lado.

– É claro que sim! - Respondeu alegremente, então levantou o corpo do menor e o botou nos seus braços para começar a andar em direção ao quarto do albino, chegando lá, depositou o garoto no colchão e em seguida deitou ao seu lado, puxando a cabeça dele para o seu peito, passando a mão sobre os cabelos brancos dele - Boa noite Killua, durma bem, lembre-se que eu vou estar aqui quando você acordar.

Com aquela frase unida do gesto que o moreno estava fazendo, o albino imeditamente sentiu o sono chegando, e quando Gon depositou um leve beijo em sua cabeça, ele simplesmente apagou. No entanto, ele entrou no mundo dos sonhos repleto de alegria, estava ao lado do seu amor, sentindo seu aroma e sua presença. Depois de um bom tempo, Killua pode finalmente, descansar física e psicologicamente satisfeito e muito feliz por estar vivo.