Vivendo uma canção escrita por Dessa_Soliman


Capítulo 22
Right Now


Notas iniciais do capítulo

Baseado em Right Now, de One Direction... Uma banda que eu não gosto, mas ok.
22/09/2014

OBS: Nessa fic eu botei o nome do Hiccup em português, Soluço, porque eu escrevi enquanto estava assistindo A Origem dos Guardiões em PT mesmo. Então ia ficar estranho só o nome do Soluço em inglês.



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— Peraí’... Esse não é, Jack Frost? — Jack segurou seu cajado com firmeza, tentando encontrar a direção que vinha a voz, e a risada. — Desde quando vocês são amiguinhos? — As pessoas sempre iriam assimilá-los dessa forma?

— Não somos. — Ele admitia que estava um pouco receoso com aquela situação. A adrenalina empolgante da viajem com o trenó de Norte já diminuíra, e agora estava...

— Ah, claro. — A voz veio de trás de si. Virou-se, encarando Breu do outro lado. De certa forma... Ele o entendia. — O cara neutro. Então eu vou ignorar você, mas você já deve estar acostumado com isso. — Era oficial, Jack deixou de sentir pena do cara só por entendê-lo. Já não bastava a recente discussão com Coelhão, em que o outro insistira em jogar na sua cara que era um invisível, e agora o próprio Bicho Papão o fazia.

Ele queria deixar aquele lugar e voltar a divertir as crianças. Os guardiões que lidassem com Breu. Ele não aceitara aquele trabalho, de qualquer forma. Quando decidiu chamar o vento e voar para longe, o castelo passou a ruir, em migalhas, e ele não conseguiu deixar a surpresa de lado.

— O que é isso? — Estava com um pouco de medo, admitia. Como o castelo de fada, tão enorme e concreto, passava a ser destruído? Fada tinha uma expressão tão surpresa e assustada que lhe deu pena.

— As crianças estão acordando e reparando que a Fada do Dente não veio. Isso é uma coisinha de nada... Mas para uma criança... — Breu tinha um tom natural de escárnio, que tirava qualquer um do sério.

— O que tá acontecendo? — Virou-se novamente para Fada, deixando de encarar o palácio que se desfazia em pó. Ele tinha que entender a situação.

— Elas... Elas não acreditam mais em mim. — Como assim, deixar de acreditar?

— Eles não te contaram, Jack? — Estava começando a odiar esse cara. — É uma maravilha ser guardião, mas tem um porém... Se as crianças pararem de acreditar em você, tudo que seus amigos protegem... O encanto, a esperança, os sonhos, tudo isso vai embora. E, de pouquinho em pouquinho, você também.

...

Tá, ele admitia. Ele começou a participar daquela de recolher os dentes não somente por causa de suas lembranças – que descobrira estar com Fada todos aqueles anos – mas também porque a empolgação de Norte era contagiante. Isso sem contar que ele não podia deixar que alguém passasse a ser desacreditado.

Ele não queria que alguém tivesse uma existência como a dele.

E agora encontrava-se em Berk. Ele parecia ser o único que podia ir com rapidez para aqueles lugares mais remotos. Sem falar que ele conhecia bem a ilhota e seus moradores. Não era um lugar muito visitado pelos outros guardiões.

Ele não era plenamente desacreditado, e isso ninguém poderia tirar dele.

Porque existia alguém. Uma única criança que o vira desde sempre.

— Soluço? — Cutucou o menino que dormia encolhido na cama, e viu-o esticar-se completamente. Banguela já estava ao seu lado, puxando a barra de seu moletom. — Me dê seu dente. — E não eram todas as crianças que tinham aquela crença, também. Berk era excluída do mundo porque parara no tempo e, bem, os seres mitológicos estavam bem vivos naquela ilha, como os dragões. Mas eram parte da mitologia nórdica, não de qualquer mitologia.

Soluço aprendera algumas coisas consigo, durante os anos. E por isso ele era o único em toda a Berk que botaria os dentes debaixo do travesseiro.

— Jack, você voltou. — Ele ignorou completamente sua ordem e logo os braços finos e quentes o abraçavam. Era uma noite fria, o que não era surpreendente naquela ilha, e mesmo assim o menino era sempre de um calor aconchegante. Mesmo que a temperatura de seus corpos fosse contrastante. — Como você sabe do meu dente? — O menino abriu bem a boca e mostrou que seu último dente de leite havia caído. Ele sempre tivera um crescimento tardio, então não era surpreendente que isso acontecesse mais tarde que as crianças normais. Quatorze anos e Soluço ainda acreditava nele.

— Estou ajudando a Fada. — Soluço tirou o dente de debaixo do travesseiro e entregou para o amigo. — Depois eu te conto tudo. — Antes que ele pudesse ir, Soluço puxou-o pelo pulso, e Jack pôde ver que o menino estava envergonhado. Só não entendeu muito o porquê.

— A Fada sempre deixa algo. — Aquele olhar... Jack aproximou-se e deixou um beijo nos lábios de Soluço, vendo-o sorrir após isso.

— Eu volto logo. — Podia ser o único que o via, mas a relação entre eles era especial.

...

Jack ainda não sabia o que pensar de tudo aquilo. Não passava de muitas horas que deixara Soluço, em Berk, mas ele ficava mais preocupado a cada coisa nova que acontecia. Ele ainda não conseguira tirar o tempo necessário para o luto de Sand. Doía lembrar-se que não conseguira ajudar o amigo.

Ele deixara Sophie em sua cama, e fora então que ouvira a voz o chamando. Agora se encontrava na caverna de Breu e a fadinha insistia para que fossem embora. Como poderia ir-se e deixar aquela voz, que sabia conhecer de algum lugar, para trás? E, é claro, ele ignorara completamente a pequena criatura e agora encontrava-se encurralado entre uma parede e o próprio Bicho Papão.

— Medo? Eu não tenho medo de você. — Ele tinha raiva. Uma raiva primitiva por aquele cara. A morte de Sand fora o estopim para ela. E ver as fadinhas presas e todos aqueles dentes jogados, sem nenhum respeito... Sua raiva somente aumentava.

— Talvez não. Mas eu sei que você tem medo de algo. É o que eu faço, Jack. É a única coisa que eu sei. O medo que as pessoas têm. O seu, Jack Frost, nem é o de que ninguém nunca vá acreditar em você... — Tentou aproximar-se, ainda de forma cautelosa. — O seu é de que ELE deixe de acreditar em você. — Uma sombra cobriu-o, e ele pensou que não podia mais respirar. — E o pior de tudo, ELE vai te deixar, Jack. Ele vai envelhecer, e vai esquecer que você existe. Vai deixar de acreditar. E mais uma vez você vai ficar sozinho, Jack. – Jack caiu, e ele tateou o chão para encontrar seu cajado. Suas mãos suavam frias e ele sentia lágrimas nos olhos. Seu coração batia descompassadamente e sua respiração era curta e forte, como se o ar não chegasse aos seus pulmões. Mesmo que ele não precisasse respirar, realmente. As luzes se apagavam para ele. A escuridão tomava conta de sua mente, e era como se as memórias dele com Soluço fossem se desfazendo. — E ele vai encontrar outra pessoa, melhor que você. Ele não vai mais precisar de você, Jack.

— Não... NÃO. Soluço é diferente... Ele... Ele... — Jack não deixou que Breu terminasse. Ele simplesmente se afastou, e então encontrou a páscoa destruída e os guardiões mandando que fosse embora.

...

Quando voou para Berk, foi para aliviar seu peito, para jogar na cara de Breu, “Você estava errado, Soluço sempre vai acreditar em mim”. Mas então, a primeira cena que viu, assim que pisou no salão em que a única pessoa que o via costumava alimentar-se junto com os outros Vikings, foi a loira, Astrid, puxar seu Soluço e beijá-lo. Seu. O único que tinha direito a fazer isso. E então as palavras de Breu voltaram com força, quase fazendo-o cair ali mesmo.

E ele vai encontrar outra pessoa, melhor que você.”

Talvez Breu tivesse razão.

E ele não ficou para ver o resto, mesmo que soubesse que Soluço o vira.

...

Jack viu o dragão de Soluço pousar próximo dele, e ouviu sua voz o chamando. Ele não tentou fugir, só ficou parado, brincando com um monte de neve.

— Jack. — Soluço parou a sua frente. Ele estava ofegando, e também tinha o nariz vermelho, provavelmente por causa do vento gelado. — O que você...?

— Soluço. — Era como uma ordem para que ficasse quieto, para que deixasse-o pensar. — Você vai... parar de acreditar? — Sua voz falhara. Nunca antes Soluço vira a voz de Jack falhar. Ele se aproximou, segurando o rosto do outro a sua frente, forçando-o a encará-lo.

— Nunca, Jack. Nunca. Eu vou sempre acreditar em você. Sempre. Eu nunca vou te deixar, porque eu te amo, Jack. Eu prometo. — Jack estava emocionado, e um pouco do medo foi embora. Mas não completamente. Ele abraçou o outro e chorou em seu ombro. E então beijaram-se, antes do espírito partir novamente.

Ele ia demorar para voltar dessa vez, mas Soluço já sabia disso. Às vezes Jack demorava para voltar, mesmo que ele sempre afirmasse querer que o viking ficasse sempre com ele. Eles nunca lutaram contra o sentimento, porque, no início, era somente eles dois.

...

Quando Jack finalmente pôde voltar, ele viu Soluço e Astrid voarem, juntos, sobre Banguela. A moça segurava o viking tão forte pela cintura, e de uma forma tão intima que o agora guardião sabia que a relação entre eles evoluíra.

E então o medo, não completamente esquecido, voltou com força.

E ele vai encontrar outra pessoa, melhor que você. Ele não vai mais precisar de você, Jack.”

Quando finalmente encontrou o Viking sozinho, segurou-o fortemente contra seu corpo, feliz por ele ainda acreditar, mas com aquele sentimento doloroso.

— Soluço, é melhor nos separarmos. — As palavras arranharam sua garganta, e ele ainda tentou esconder seu rosto no abraço, mas o viking o empurrou com força, afastando-o do seu corpo.

— Não, Jack. NÃO. Por quê... Não me deixe, Jack... Por favor... — Ele estava quase chorando. Soluço estava desesperado para que o outro ficasse, sentindo tanta dor por aquela despedida...

— É o melhor, para todos. — Ele não tinha coragem o suficiente de encarar o mais novo. Ao mesmo tempo que tentava convencer o outro, também fazia-o para si mesmo. Ele tinha que deixar Soluço crescer. A dor em seu peito parecia consumir o pouco de sua energia.

— NÃO. NÃO É. — Soluço nunca berrara. Encarou-o com os olhos arregalados, vendo o mais novo chorar, mas ainda assim encará-lo com raiva. — POR QUE VOCÊ ESTÁ TENTANDO ME AFASTAR? DO QUE VOCÊ TEM TANTO MEDO?

Ele não ficou para ver o resto. Ele simplesmente chamou o vento e deixou-se ser levado, para longe. As lágrimas cortaram seu rosto e ele se sentiu horrível. Sua última lembrança de Soluço era vê-lo chorando, com raiva dele.

...

Jack nunca demorara tanto para voltar. Ele sabia que tinha ficado tempo demais longe, mas agora ali estava ele, com um sentimento frio no estômago e aquela sensação de ansiedade não muito bem-vinda. Ele viu Soluço voar pelos céus, e então parar bem a sua frente. Sem Banguela. Sozinho. Ele voou sozinho, ao lado do dragão.

E, quando o outro tirou a máscara, Jack já não tinha esperança de ser visto. Por isso ele demorara a voltar. Dera tempo para o outro crescer. Também sabia que havia sido trocado. A relação do outro com Astrid era íntima demais para não ter acontecido algo.

Ele vai envelhecer, e vai esquecer que você existe. Vai deixar de acreditar.

Breu ainda o assombrava. Depois de anos desde a última batalha deles, ele ainda o assombrava. Seu pesadelo estava prestes a cumprir-se.

Jack reparou o quão diferente o viking estava. Forte, alto... crescido. Um homem. Um viking. E ele sentia por ter perdido aquele crescimento, mas ainda achava que fizera o certo.

Soluço arregalou os olhos ao ver o outro a sua frente. E sorriu. Ele sorriu para Jack.

— Você voltou. — Sentiu os braços quentes ao seu redor, e deixou-se cair neles, sentindo todas as forças serem drenadas. — Eu sempre vou acreditar em você, Jack. Sempre. Eu prometi, lembra? Se eu tiver que esperar anos novamente, eu vou esperar. Quanto tempo for necessário para ter você ao meu lado, Jack Frost.


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Notas finais do capítulo

Então, teve um que eu misturei o filme Como treinar o seu dragão com a história do Jack. Agora fiz o contrário. Só não envolvi muito a história do Soluço aqui.
Algumas frases são exatamente as do filme. É, eu fiz assistindo, afinal de contas u.u E como já disse, em PT/BR mesmo...
E modifiquei algumas poucas falas e sequências para se encaixar no contexto.
Também tem partes de um vídeo super lindo HiJack chamado Please Don't Go.
Segue o link para os interessados de plantão: http://www.youtube.com/watch?v=763LKFwx08g
Afinal, nada de plágio nessa porra.
E misturei com a própria música do dia.
Espero que dê para entender :S
Enfim... Até amanhã :D



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