Vivendo uma canção escrita por Dessa_Soliman


Capítulo 21
A sua maneira


Notas iniciais do capítulo

Com tanta música que eu adoro do Capítal, bem a que eu menos gosto ç.ç
Enfim, baseado em A sua maneira, Capital Inicial.



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Jack acordou mais preguiçoso que o normal. Aquela pouca sensação de realidade da manhã não lhe alertou nada. O calor de sua cama e o abraço confortável eram convidativos para continuar dormindo.

Só mais um pouco, ele murmurou para seu despertador e então arregalou os olhos.

Calor confortável de sua cama? Ok. Abraço confortável? Nada ok.

Empurrou o braço com pressa e sentou-se na cama, olhando para o lado. Ele não ia dizer que se esquecera da última noite, nada disso, nem havia bebido para tanto. Ele só demorara para se lembrar, com a tontura normal ao acordar de uma boa noite bem dormida.

Passou as mãos nos seus cabelos e encarou ao redor. É claro que não estavam em seu apartamento. Hiccup mudara muito desde a última vez que estivera ali. O quarto estava repleto de desenhos por todas as paredes que não prestou muita atenção, levantando-se, ainda nu da cama, para ir ao banheiro, antigo conhecido seu.

E tomou um banho quente e rápido para relaxar. Não era seu despertador, de qualquer maneira, e o moreno continuara a dormir preguiçosamente.

Que ficasse dessa maneira até sair daquele ambiente.

Voltou para o quarto enrolado na toalha, que encontrara pendurada no box do banheiro, e catou suas roupas pelo quarto. Vestiu-se o mais rápido que pôde, mas agora sabia que era observado e estava um tanto desconfortável com isso.

Sentou-se para enfiar os pés no tênis quando a cama movimentou-se, anunciando que o dono do local estava sentando-se.

— Você não precisa sair como um fugitivo. — Eles não se conversavam. Nunca se conversaram desde que o relacionamento de ambos terminara. E eles eram dois idiotas, porque sempre que se encontravam, seja em festas ou em um barzinho qualquer, eles transavam.

Loucamente, como se nunca o tivessem feito antes.

Mas que fazia Jack se recriminar até que acontecesse novamente.

Eles terminaram quando? Jack gostava de fingir que não se lembrava quanto tempo era, mas ele podia dizer de cabeça. Oito anos, sete meses e alguns poucos dias. Terminaram na metade do terceiro ano do ensino médio, porque Hiccup era um idiota que tinha medo de se assumir.

Ele ainda era um idiota que não queria se assumir.

Isso machucava Jack de uma forma que o outro não tinha noção. Ele faria qualquer coisa pelo moreno. Qualquer. E era facilmente chutado por um par de peitos na primeira oportunidade, porque o seu ex imbecil tinha que afirmar sua heterossexualidade.

— Eu tenho que trabalhar. — Mínimo de diálogo possível. Terminou de amarrar os cadarços e encarou-se no espelho do closet para dar uma leve ajeitada em seus cabelos. Não que ele normalmente fizesse isso, mas o momento pedia.

Foi ai que ele reparou no desenho pendurado ali. Jack reconheceria em qualquer momento. Seu próprio rosto em um sorriso que não conseguia dar naturalmente há anos. Isso é crueldade, Hiccup. Jack não pôde deixar de pensar, com um sorriso triste nos lábios e nos olhos.

— Jack... — Virou-se para o outro e se aproximou, bagunçando seus cabelos.

— Espero que aquela garota te faça feliz. — E não esperou o outro responder, conferindo se a carteira e as chaves de seu próprio apartamento encontravam-se em seus bolsos antes de bater a porta ao sair.

...

Não era que Hiccup não amasse Jack. Ele amava. Como nunca amaria ninguém, nem mesmo sua própria namorada, Astrid. Mas ele tinha algo desde a adolescência que o impedia de continuar com o outro, assim como impedia de dizer para a sociedade, “oi, sou gay”.

Mas ele ainda tinha a sensação de estar abraçado a Jack, como um maldito sonho. Ele sentia falta das risadas do moreno, assim como as suas piadas e brincadeiras sem graça. E também dos carinhos. E da própria companhia dele.

— Hic, está tudo bem? — Ele encarou Astrid. A loira sabia de tudo que passava desde sempre. Ambos tinham uma história muito mais antiga que a dele e Jack. E mesmo assim ela continuava a apoiá-lo naquela loucura toda.

— O que você faria para concertar algo? — A loira cruzou os braços, franzindo as sobrancelhas antes de sorrir daquela forma odiável.

— O quê? Dormiu com Jack de novo? — Encarou um lado qualquer, vendo uma criança brincar com o irmão mais novo, que quase não conseguia pôr-se em pé. Ele sabia que estava corado, como poucas vezes ficava na atualidade. — Primeiro, deixaria de ser um imbecil. Contaria que prefiro o doce sabor de uma rola...

— Astrid. — Ele sentia que a amiga podia passar dos limites se continuasse deixando-a com seu discurso. Ela somente riu da sua cara, e esticou a mão para pegar seu café, tomando-o lentamente.

— Escute, Hiccup. Pare de se torturar. É quase dez anos que vocês continuam nessa de transas casuais cheias de significado. Deixa de ser um idiota e aceita que você é gay, de uma vez por todas. Nem mora mais com teus pais para ficar de bichisse. Vai atrás dele. — A loira terminou de tomar seu café e levantou-se, dando um soco no braço do moreno. — Isso é por ficar se enganando. — Ele esfregou o braço e reclamou de dor. Ela beijou sua testa e sorriu. — Isso é por eu ter terminado com você.

E se afastou, deixando um Hiccup com olhos arregalados para trás. Agora ele não tinha mais desculpas para não conversar com seus pais.

...

— Eu digo para você ser feliz com sua amiga de infância e decide terminar com ela no mesmo dia? — Ele quase nem acreditava que Jack tinha aceito encontrar-se com ele. Deu de ombros, levantando-se do banco que estava sentado e caminhando sem rumo pela praça.

Ele sentira muita falta de um encontro casual como aquele. Não havia muitas palavras, porém, o que deixava o clima entre eles pesado. Quase tenso. De uma forma que apertava o peito de Hiccup.

Era mais de um mês desde a última vez que dormiram juntos. E anos desde que tiveram realmente uma conversa amigável.

— Eu... contei pros meus pais. — Jack parou ao seu lado, segurando seu pulso. Ele lembrava-se que na adolescência o outro era maior, mas agora ficava uns centímetro abaixo dele próprio. Na verdade, o outro não mudara nada com o passar dos anos, ainda parecendo um adolescente.

Jack devia tomar banho em formol.

— Sério? Mesmo? — Assentiu, vendo a incredulidade de Jack tornar-se um sorriso. — Hic, isso é maravilhoso. — Ele não sabia se era tão bom assim, seu pai ainda estava com raiva de si, mas com o tempo ele sabia que Stóico ia aceitar. Valka dera de ombros e não falou mais nada, tentando acalmar o marido. Mas ver aquele sorriso no outro com certeza valia a pena. — Temos que comemorar. Vamos.

Deixou-se ser puxado e não conseguiu deixar de sorrir.

...

Hiccup acordou e tateou um pouco as laterais do colchão, soltando um suspiro. Não demorou muito para sentir um peso sobre o seu corpo e abraçou-o, ouvindo-o rir antes mesmo de abrir os olhos e vê-lo.

— Pensei que já tinha ido, como sempre.

— Você quer que eu vá? — Tinha um pouco de receio naquela pergunta. Ele apertou mais o corpo e virou-se de lado, trazendo-o de volta para a cama.

— Não, fique. — A risada de Jack foi ouvida novamente, e ele abriu os olhos para finalmente olhá-lo. Já estava vestindo a roupa do dia anterior e de banho tomado. Ele teria que domesticar seu sono para conseguir escutar o outro.

— Eu tenho que trabalhar, Hic. Posso vir aqui à noite? — Beijou os lábios dele e sorriu.

— Traga roupas. Fique o tempo que quiser.

Porque ter Jack entre seus braços era a melhor sensação do mundo. E parecido com um sonho, mas ainda assim real.


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Notas finais do capítulo

Sei lá, não ando muito no pique para a escrita. Mas essa foi relativamente fácil. Com toda certeza mais fácil de escrever que ontem.
Então, Beijos e até amanhã.



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