Capítulo 3 - Esquecê-la

by: Hitsugaya

Ca'nt Remember To Forget You

Eu admito que já pensei em esquecê-la. Pensei em esquecê-la quando estava totalmente convencido de que Hinamori se mantinha em segurança; protegida e feliz. Tentava sempre me convencer de que ela não precisava de mim; não precisava de minha proteção.

Depois que entrei pro Gotei 13, ficava sempre preocupado com seu bem estar. Tão inocente em certos pontos que acreditava fielmente que não conseguiria seguir em frente com as missões do esquadrão.

Eu me sentava em frente à pilha de papéis para assinar do Shiba e pensava na sorte que ela tinha em ter Aizen como Taichou. Naquela época, ele era um modelo para vários Shinigamis quererem seguir, inclusive para mim. E foi exatamente por isso que comecei a me afastar gradativo e lentamente dela. Foi meio involuntário; não queria deixar de vê-la. Se ela soubesse o que causava em mim com aqueles sorrisos de satisfação no rosto após a resolução de algum problema.

Eu tentei, eu juro que tentei me afastar.

No ano em que o Kurosaki invadiu a Soul Society atrás da Kuchiki, toda aquela vontade de proteger Hinamori floresceu. Isso me levou a cometer erros, dentre eles acusar Ichimaru Gin antes mesmo de me aprofundar no caso; não que ele não tenha participação de todo o ocorrido, mas não era aquele que comandava a "operação".

Foi a partir desse dia que eu me toquei de que nunca deveria ter tentado. Deixei todo o peso para ela, toda a decepção e incertezas em cima de seus ombros sem sequer pensar no quanto isso a abalaria física e emocionalmente.

É por isso que estou sempre treinando, sempre melhorando para extraviar meus erros e poder — de uma vez por todas — protegê-la. Cuidar dela pra sempre; e principalmente evitar suas lágrimas.

— Taichou! — cantarolou Matsumoto da porta me tirando a concentração da papelada, mesmo sem estar prestando muita atenção.

— O que, Matsumoto?

— A Hinamori está te chamando lá fora. — avisou em um tom de voz que suspeito ter sido malicioso, mas vindo dela já me pus a ignorá-los a algum tempo.

Suspirei me levantando e passando a seu lado pela porta da sala.

— Termine essa papelada. — ordenei, ou melhor, tentei já que eu sei muito bem que eu irei chegar e todos os papéis estarão intocados, ou provavelmente a pilha estará maior.

Dei de ombros e segui caminho pelos corredores do esquadrão. Cheguei perto do portão onde Hinamori conversava alegre com o Abarai segurando alguma papelada que possivelmente seria do Hirako para eu — possivelmente — assinar. Ela sorria radiante de alguma conversa que estava tendo.

Me aproximei e chamei-a. Hinamori se virou e sorriu um de seus mais belos risos.

Sim, naquele momento tive certeza de que não poderia esquecê-la. Não enquanto ela carregar parte da minha felicidade naqueles sorrisos costumeiros e radiantes.

Não enquanto carregar parte de minha alma.